É através das Brigadas que o militante se educa com o povo, ouvindo suas demandas, compreendendo sua consciência, aprendendo a despertar a revolta popular e a capacidade de transmitir da melhor forma o programa do Partido.
Jorge Ferreira | São Paulo
JORNAL – Nos últimos 23 anos o Jornal A Verdade contribuiu com a formação de revolucionários e revolucionárias por todo o país. No início de nossa militância, todos aprendemos e concordamos com a importância de construir a imprensa do Partido. De imediato, cada militante retira sua cota de jornais e pode assim começar a contribuir com a propaganda do socialismo. No entanto, mais do que vender a cota individual, é necessário refletirmos sobre a importância da participação nas Brigadas do Jornal para a formação dos comunistas.
A cada quinzena acontece a Brigada Nacional, momento em que toda a militância se reúne nas praças, terminais de ônibus, portas de empresas, e nos bairros populares para levar as denúncias do nosso Jornal e ouvir a opinião dos trabalhadores. Expressando a indignação de quem vive os mesmos problemas do povo, os comunistas trabalham para esclarecer para a massa oprimida e explorada as razões de tanta miséria e desigualdade, denunciando os fascistas, a burguesia e a desumanidade do sistema capitalista. A agitação política viva e incendiária é uma das principais formas de atuar dos revolucionários para apresentar as ideias do poder popular e do socialismo.
Mas mais do que esclarecer a massa trabalhadora, a atividade de agitação contribui para a formação dos revolucionários. É também através das Brigadas que se educa com o povo, ouvindo suas demandas, compreendendo sua consciência, aprendendo a despertar a revolta popular e a capacidade de transmitir da melhor forma o programa do Partido. É nesse processo, em contato direto com os trabalhadores, que o militante comunista desenvolve as habilidades necessárias para se forjar um quadro dirigente da revolução socialista.
É comum os novos militantes, ainda que convencidos da importância da imprensa do Partido, não priorizarem a participação nas brigadas. Por vezes pode se tratar de camaradas tímidos que temem estarem presentes nas atividades e terem que falar em público. A esses camaradas, os militantes mais experientes devem prestar todo apoio para deixá-los à vontade de falar quando se sentirem preparados. Devemos incentivá-los a participar das brigadas, ainda que não façam agitação, pois podem começar acompanhando outros militantes, ajudando a distribuir os jornais, pegando novos contatos, e fazendo conversas individuais durante a atividade. Lembremos que os trabalhadores, oprimidos pelo sistema capitalista, são ensinados a ficarem calados e a abaixar a cabeça. Em geral, com poucas brigadas, esses militantes querem falar e expor para o povo também sua revolta, na medida que adquirem confiança.
Por outro lado, existem também os militantes que não vão às brigadas, mas não pela timidez, e sim pela baixa compreensão da importância da agitação política. Para superar essa debilidade, não há outro caminho que não seja a luta ideológica e o aprendizado das experiências revolucionárias. É imprescindível colocar o ponto do Jornal nas reuniões do coletivo e aprofundar a discussão. Ler o documento “Plano para o Jornal do Partido”, das edições Manoel Lisboa, é uma forma de iniciar o debate. Aprender com a experiência do Partido Bolchevique e a importância dos pravdistas (os brigadistas do Jornal Pravda) para a Revolução de 1917, é fundamental para elevar a consciência desses camaradas.
Por último, há ainda camaradas com muitos anos de militância que, ainda que tenham compreendido a importância das brigadas, acabam por secundarizar a própria participação nessa atividade. À esses companheiros e companheiras, é necessário reafirmar o que diz a companheira Claudiane Lopes, em seu artigo disponível no site do Jornal com o título “A Necessidade de Renovar a Nossa Militância”. Na verdade, recai sobre os camaradas mais experientes maior responsabilidade de formar, pelo exemplo prático, a nova geração de comunistas revolucionários. E ao abrir mão da participação nas brigadas, além de atrasarem a educação dos novos quadros, não contribuem para a profunda unidade de pensamento e de ação, princípios fundamentais para um partido que verdadeiramente queira fazer a revolução.
Camaradas, o povo brasileiro está cada vez mais consciente da necessidade de acabar com esse sistema que condena milhões de trabalhadores à fome, ao desemprego, ao desalento. Para dar conta de cumprirmos nossas tarefas, devemos acelerar a formação dos novos quadros, capazes de organizar as massas exploradas para a insurreição popular. Para isso, não podemos abrir mão da luta ideológica sobre a importância dos militantes participarem das Brigadas do Jornal, sejam novos ou antigos membros do Partido.