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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

106 anos da revolução que provou que os povos do mundo podem ser livres

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No dia em que a Grande Revolução Socialista Soviética completou 106 anos, a classe trabalhadora de todo o mundo se vê na necessidade de derrubar o poder capitalista mundial e construir o socialismo. 

Felipe Annunziata | Redação


HISTÓRIA – Foi num dia de outono, que a classe operária e o campesinato do antigo Império Russo mudou completamente a história da humanidade. Em 7 de novembro de 1917, milhões de trabalhadores, liderados por Vladimir Ilyich Lênin e o Partido Bolchevique, se libertavam do jugo do capital.

Em seus primeiros dias, o Poder Soviético – o poder popular dos povos da Rússia – já mostrou a que veio. Nacionalizou as terras, os bancos, as empresas, declarou oposição a guerra mundial imperialista em curso e garantiu todos os direitos à autodeterminação as mais de 150 nacionalidades que viviam na Rússia daquela época.

“De pé, ó vítimas da servidão!”*

Os povos da Rússia estavam sob uma imensa exploração em 1917. Lutando na I Guerra Mundial, que já havia tomado a vida de 4 milhões de russos, trabalhadores e camponeses estavam submetidos a uma realidade de fome e miséria.

Nas cidades, a classe operária era submetida a jornadas de trabalho de 10, 12 ou 14 horas. Os salários eram baixos e o desemprego era enorme, mulheres e crianças eram submetidas a salários ainda menores. Elas também estavam sob o jugo patriarcal patrocinado pelo regime autocrático dos Czares e a Igreja Ortodoxa Russa.

No campo, o povo era submetido à ditadura dos latifundiários. Sem acesso à terra, os camponeses eram forçados trabalhar para antigos aristocratas. Com a guerra mundial, era comum os recrutamentos forçados, a mão de obra camponesa era cada vez mais escassa, as colheitas falhavam porque não tinha quem trabalhasse nelas.

Fome, exploração, guerra e ditadura autocrática. Era essa a conjuntura dos povos da Rússia em 1917. Essa situação insuportável levou a esses trabalhadores a se levantarem. Primeiro, derrubaram o regime czarista. A dinastia dos Romanov, liderada pelo Czar Nicolau II, foi derrubada ainda em março de 1917, dando lugar à uma república burguesa liderada pelos setores reformistas e liberais da sociedade russa.

Reunião do Soviete de Petrogrado em 1917. O poder soviético era a expressão do poder popular na Revolução de Outubro. Foto: Arquivo

“Alcançaremos a libertação com nossas próprias mãos”

O governo provisório não mudou em nada a situação do povo trabalhador. Ele manteve todos os acordos com as potências imperialistas aliadas na I Guerra Mundial e continuou a participação na I Guerra Mundial. Os camponeses continuaram sem terra e os operários continuaram a serem explorados nas fábricas.

Mês após mês, as promessas de mais direitos e espaço para os trabalhadores eram descumpridas. Ao mesmo tempo, a classe operária, os soldados e os camponeses construíram uma nova forma de poder: o Poder Soviético.

Os sovietes eram conselhos compostos por representantes de cada segmento da classe trabalhadora e dos camponeses, eleitos nas fábricas, vilas, bairros e regimentos militares. A cada dia daquele ano de 1917, a classe trabalhadora percebia que poderia se governar pelos sovietes e que o governo provisório era uma inutilidade burguesa.

Foi nesse contexto que a Revolução de Outubro aconteceu. Em 25 de outubro (ou 7 de novembro, no nosso calendário), o Partido Bolchevique, junto ao Soviete de Petrogrado, lideraram a insurreição. Trabalhadores armados tomaram a sede dos correios, dos telégrafos e os principais quartéis de Petrogrado, depois tomaram de assalto o Palácio de Inverno, símbolo do antigo poder monárquico e sede do governo provisório, liderado pelo reformista Alexander Kerensky.

Soldados marcham em Petrogrado saudando a Revolução Socialista. Na faixa se lê em russo a palavra “Comunismo”. Foto: Arquivo

“Somente nós, operários do Grande Exército Mundial do Trabalho / podemos governar o mundo”

A a instauração da República Soviética no lugar da república burguesa abriu um novo capítulo da história da luta dos povos do mundo. A Revolução Russa, em todos os seus aspectos: operária, camponesa, anticolonial, antirracista, antipatriarcal, deixou um legado imensurável ao mundo. Mesmo hoje, após a criminosa restauração do capitalismo na antiga URSS, podemos ver os efeitos dessa revolução.

Os povos da Rússia mostraram que apenas a união internacional dos trabalhadores poderia garantir a própria libertação. Aquele ensinamento botamos hoje em prática com a solidariedade internacional que milhões de pessoas demonstram nas ruas a favor do povo palestino.

Hoje, nenhuma pessoa trabalhadora aceita longas jornadas extenuantes de trabalho. Mesmo que o capital tente sempre acabar com algum direito trabalhista, as greves, as lutas e a revolta contra a opressão dos trabalhadores sempre acontece.

A luta antirracista tomou um grande impulso no mundo após a vitória soviética e o estabelecimento das primeiras leis antirracistas do mundo. A luta das mulheres passou a ter uma referência de sociedade com a libertação das mulheres trabalhadoras pelo poder soviético.

Todos essas lutas, e muitas outras que aqui não há como resumir, carregam no seu DNA o espírito do Outubro revolucionário. O poder soviético, primeira experiência bem sucedida de poder popular, mostrou que a classe trabalhadora pode dirigir a sociedade.

O Grande Exército Mundial do Trabalho, cantado nos versos da versão russa do hino da classe trabalhadora “A Internacional”, continua até os dias de hoje na luta contra a exploração. A Revolução de Outubro mostra que a luta pelo socialismo é a única capaz de acabar com a fome, a miséria e as guerras do mundo.

*Em cada subtítulo desta matéria utilizamos versos traduzidos direto da versão russa do hino “A Internacional Comunista”, que durante a Revolução Russa se tornou uma canção popular, cantada nas ruas, fábricas, praças e assembleias de trabalhadores.

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