Cerca de 60% do total de eleitores não votaram no candidato fascista Javier Milei. Apoiado pela direita tradicional e empresários milionários, Milei defende a venda de órgãos e o fim da educação e saúde públicas na Argentina.
Felipe Annunziata | Redação
INTERNACIONAL – Cerca de 35 milhões de argentinos foram convocados às urnas hoje (19) para participar do 2º turno das eleições presidenciais. Disputaram o cargo o peronista Sergio Massa e o fascista Javier Milei. Marcado por uma participação baixa, em torno de 77% do eleitorado, o fascista saiu com mais votos.
Estas são as eleições com uma das participações mais baixas desde que a democracia foi restabelecida na Argentina, há 40 anos. O povo argentino vive hoje sob uma conjuntura de grande dificuldade econômica, com inflação anual de mais de 140%, além de um grande desemprego e uma dívida com o FMI que impôs ao governo condições draconianas de pagamento.
O movimento peronista, que reúne políticos sociais-democratas e conservadores, esteve no governo com Alberto Fernandez nos últimos 4 anos e não conseguiu dar resposta a esses problemas. Ao mesmo tempo, durante a campanha o candidato peronista apostou ainda mais na conciliação de classes e não apresentou uma alternativa de ruptura com a situação imposta aos argentinos pelos credores internacionais.
O candidato fascista tampouco apresentou qualquer resposta decente à situação. Milei propõe privatizar o sistema de saúde, de educação e dolarizar a economia, isto é, acabar com a moeda nacional e o Banco Central Argentino e colocar o dólar estadunidense no lugar, entregando a economia do país completamente aos EUA,
Milei também defende as visões mais autoritárias do neoliberalismo e tem entre seus coligados saudosistas da Ditadura Militar Fascista argentina (1976-1983), que deixou mais de 30 mil mortos.
Aos argentinos se impõe agora um novo período de lutas, onde é preciso romper de vez com a conciliação de classes proposta pelo peronismo e construir uma alternativa revolucionária, que tenha condições de melhorar de forma real as condições de vida do povo trabalhador daquele país. Aos demais povos latino-americanos, especialmente nós brasileiros, será necessário uma ampla rede de solidariedade ao povo argentino dando apoio aos enfrentamentos aos futuros crimes que o futuro presidente fascista com certeza cometerá.
Há algo muito claro na eleição do Milei.
A tentativa desesperada da direita de todo o mundo e também da burguesia, diante do avanço da miséria e problemas climáticos de se perpetuar nos seus ninhos mais conhecidos tanto na América Latina, quanto na Europa, no exemplo de Portugal, vamos ver o acirramento de relações entre o Brasil e seus aliados históricos.
Uni-vos, camaradas!