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quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Arthur Lira: sintoma da democracia burguesa

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Arthur Lira (PP), presidente da Câmarados deputados, tem ocupado o palco principal da política institucional nos últimos dias e mostrado com sucesso que o Estado é um verdadeiro balcão de negócios da burguesia

Felipe Gomes | São Paulo


BRASIL – Escândalos envolvendo “kits-robótica” e o orçamento secreto, chantagem para conseguir colocar aliados em ministérios, tomar a Caixa Econômica Federal e perseguição a órgãos de imprensa que ousam denunciar ao povo brasileiro. Arthur Lira é a face dos limites da democracia burguesa.

O presidente da câmara dos deputados, Arthur Lira (Progressistas), tem ocupado o palco principal da política institucional nos últimos dias e mostrado com sucesso que o Estado é um verdadeiro balcão de negócios da burguesia e de seus agentes políticos. O deputado que comanda atualmente o chamado “centrão” tem tido muito sucesso em mobilizar sua ampla base no legislativo para chantagear o governo federal, exigindo cargos e ministérios em troca da aprovação de medidas de interesse do governo Lula.

Dentre os espólios de Lira, se encontra a Caixa Econômica Federal, instituição que – dentre outras coisas – é responsável por financiar políticas públicas em todo o Brasil, com direito também a todas as 12 vice-presidências. A última articulação envolve o ministro do STF, Gilmar Mendes, que arquivou o inquérito sobre os escândalos dos kits de robótica que envolviam assessores de Lira, e inutilizou as provas encontradas pela Polícia Federal (PF), que terá de devolver a aliados do deputado R$ 4 milhões apreendidos em investigação sobre o caso.

Semana após semana, Arthur Lira tem tido muito sucesso em se blindar, perseguir órgãos de imprensa que ousem denunciar suas canalhices e sugar do governo conciliador de frente amplíssima tudo em troca de nada.

Imobilismo

Mas há quem diga: “Com esse congresso, não há muito o que fazer. Enfrentar o Lira é pedir por um impeachment. O povo precisa aprender a votar, então teremos maioria no congresso”. Pura retórica conformista. O campo da esquerda nunca teve a dita “maioria” no parlamento burguês.

Pelo contrário: o centrão (que convenhamos, é na verdade de direita) vem ganhando cada vez mais cadeiras na câmara e no senado. Temos hoje o parlamento mais conservador, mas o mais conservador até agora. Isso porque estamos falando da ala do parlamento que advoga a favor da classe dominante.

Eis como opera a democracia burguesa: são esses mesmos partidos e parlamentares que vão receber milhões em doação dos empresários do agronegócio, das grandes empresas de varejo, dos grandes bancos, para financiar suas campanhas e comprar espaço nos grandes veículos de comunicação. É essa mesma parcela dos políticos a que recebe rios de dinheiro do orçamento secreto e consolidam currais eleitorais em regiões por eles mesmos encarecidas, mas que recebem atenção quando o período eleitoral está chegando.

Desvantagem na correlação de forças não é desculpa para imobilismo. O PT é o partido com maior capacidade de mobilização de massas, mas escolhe converter sua base militante em base eleitoral. Escolhe fazer um jogo “limpo e pacífico” tomando o espaço burocrático como o único possível para se fazer política.

É preciso tomar como exemplo nossos vizinhos na Colômbia. Gustavo Petro, mesmo se considerando um reformista, entendeu que a sua força para governar emana do povo que o elegeu. Temos no Brasil 203 milhões de habitantes. 203 milhões de políticos. Por que se render a poucas centenas de representantes da burguesia?

A doença e a cura

Ontem, tínhamos Eduardo Cunha, hoje Arthur Lira. Amanhã, a classe dominante encontrará outra figura que defenda com afinco o seu interesse na câmara e no senado. São apenas sintomas de um sistema político desenhado para proteger o modo de produção capitalista.

Devemos lutar pela construção de um governo que de fato represente a nossa classe, um governo da classe trabalhadora que construirá uma sociedade que desmontará os aparatos de dominação dos grandes ricos. Uma sociedade verdadeiramente democrática, sem classes, livre da exploração do homem pelo homem. Arthur Lira é apenas mais um sintoma de uma doença chamada capitalismo. Felizmente, essa é uma doença que tem cura, e se chama socialismo.

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