15 cidades, de 11 estados, receberam ações de panfletagem, festas e blocos feministas, antirracistas, antifascistas, antitransfóbicos, organizados pelo Movimento Olga Benario, mostrando que, para além da diversão, podemos tocar, reger e organizar o Carnaval, ocupando as ruas com nossas cores, brilhos e força.
Luiza Fegadolli | São Paulo
MULHERES – O Carnaval é uma festa típica brasileira marcada por muita música, dança, cultura popular, amor e muita alegria. Ao mesmo tempo em que, muitas vezes, reforça a objetificação das mulheres, tratadas como mercadorias, e reflete o machismo por meio do incentivo ao turismo sexual. Essas violências limitam a capacidade criativa das mulheres e o seu protagonismo nessa importante festa popular.
São inúmeros os casos de assédio e outras violências vivenciados pelas mulheres nas festas de Carnaval. Em 2020, durante os quatro dias de festa, foram registradas 50% de notificações a mais de ocorrências de estupro de mulheres por dia do que a média diária do ano, que é de um estupro a cada dois minutos.
O Movimento de Mulheres Olga Benario, desde o seu surgimento, em 2011, organiza uma série de ações e lutas com objetivo de construir espaços seguros para as mulheres. E, nesse sentido, para dar enfretamento ao sexismo presente no Carnaval, o Movimento realiza a campanha “Carnaval Sem Assédio”.
Em 2017, na primeira ocupação do Movimento, a Casa Tina Martins, em Belo Horizonte, nasceu o bloco de rua “ClandesTinas”, que, naquele ano, desfilou em parceria com outros blocos feministas e levou para as ruas as pautas contra a violência e o assédio. Desde então, as mulheres preenchem o Carnaval de BH e de diversos outros estados do Brasil, relembrando que o Carnaval possui um caráter de luta. Vários movimentos sociais e ativistas levantam pautas políticas em seus repertórios, marchinhas, palavras de ordem e nas demais manifestações culturais. Isso se dá a partir do momento em que entendemos que todo espaço é político e deve ser acessível a todo o povo.
Em 2024, 15 cidades, de 11 estados, receberam ações de panfletagem, festas e blocos feministas, antirracistas, antifascistas, antitransfóbicos, organizados pelo Movimento Olga Benario, mostrando que, para além da diversão, podemos tocar, reger e organizar o Carnaval, ocupando as ruas com nossas cores, brilhos e força.