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segunda-feira, 6 de maio de 2024

Sarah, sua luta continua! Por justiça, igualdade e socialismo!

Redação RS


No último dia 23 de janeiro, fomos surpreendidos pelo brutal assassinato da companheira Sarah Silva Domingues, em Porto Alegre, baleada enquanto tirava fotos para seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), em que denunciava as enchentes na Ilha das Flores, bairro periférico da capital gaúcha.

Jovem de apenas 28 anos, Sarah lutou incansavelmente pelos direitos da juventude, por educação de qualidade, por moradia digna e pelo fim do capitalismo. Durante sua curta vida, abraçou com todas as suas forças o sonho de viver numa sociedade com justiça social, uma sociedade socialista.

Militante da União da Juventude Rebelião (UJR), estudante de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e ex-diretora da UNE.

A notícia revoltou a todos os conhecidos e sua morte teve repercussão nacional. Centenas de entidades estudantis, sindicatos, partidos políticos, organizações de juventude do Brasil e do mundo prestaram homenagens e clamaram por justiça.

Seu velório, ocorrido no auditório da Faculdade de Arquitetura, transformou-se num grande ato por justiça. Segundo seu companheiro de vida e militância, Vinícius Stone, Sarah era um grande exemplo para todos. “É uma dor impossível de descrever. Sarah foi a pessoa mais sensível e autêntica que eu conheci em toda minha vida. Tenho certeza que me transformou num homem e, principalmente, num comunista melhor. A única coisa maior do que a dor de perder alguém tão importante é a necessidade de construirmos uma sociedade em que ninguém vai chorar essa dor, a sociedade socialista. Hoje, Sarah está ao lado de tantos heróis que tombaram na luta por uma sociedade mais justa, e estará para sempre em nossos corações. A ela dedicaremos a vitória final”.

Sua mãe, Marta da Silva Domingues, foi recrutada por Sarah para o Partido e também comoveu a todos os presentes no velório. “Mesmo estando tão longe uma da outra, nós lutamos pelo mesmo objetivo, e isso nos mantinha ligadas. Ela tinha pressa da revolução, do mundo socialista, por isso lutava tanto e chamava todo mundo pro Partido. Ela tinha convicção de que era urgente construir um mundo novo, onde ela e todos tivessem o direito de viver e ser feliz”, disse.

Exemplo de revolucionária

Após o velório, o corpo de Sarah foi levado para a cidade de Campo Limpo Paulista (SP), onde vive sua mãe, e foi realizado outro ato em homenagem a sua vida e luta. Além de familiares, amigos e companheiros de militância, populares estiveram no velório, e a história e o exemplo de Sarah continuaram comovendo e recrutando para o Partido.

Robson, trabalhador da funerária, após acompanhar as homenagens realizadas à companheira, aproximou-se da equipe do jornal A Verdade, que cobria o ato e, com os olhos cheios d’água, no momento que se preparava para levar o corpo da Sarah, expressou sua comoção. “Eu trabalho aqui há muitos anos e nunca vi nada parecido com o que vocês fizeram hoje. Muitos discordam do que vocês fazem, mas eu vi que é sério”.

Já Dona Francisca, trabalhadora vizinha de nossa companheira Sarah, que a viu crescer, confessou. “Eu cresci ouvindo horrores sobre os comunistas. Mas o que vocês falaram aqui é muito certo: ‘Se você se indigna frente a qualquer injustiça, em qualquer parte do mundo, somos companheiros’. Isso é muito certo! A gente, que trabalha na rua, vê muita injustiça e coisa errada o tempo todo”.

Todos que conviveram com Sarah vão guardar a memória de uma jovem abnegada, estudiosa e determinada. Ela não tinha medo de assumir desafios e estava sempre acessível para ajudar. “Quando houve uma grande enchente em Eldorado do Sul, onde eu morava, vi meus vizinhos perdendo tudo. Quem me trouxe esperança e solidariedade foram os camaradas, entre eles, a Sarah. Lembro como ela, sem pestanejar, entrou na água e me ajudou a carregar meu cachorro, acalmando a mim e a minha mãe. Depois, nos levou a um local seguro e, com um abraço, me mostrou o verdadeiro significado da palavra ‘camarada’. Sarah foi camarada até o fim”, lembra Gustavo Ramos, militante do MLB.

Na faculdade, a passagem de Sarah marcou todos que a conheceram. Um de seus professores, Fernando Freitas Fuão, lembra que a conheceu na ocupação Ksa Rosa, um centro cultural para recicladores na cracolândia de Porto Alegre. “Trabalhamos na Escola Porto Alegre (EPA), voltada para moradores de rua. Gostava de ver a Sarah chegar de bicicleta, com seus cabelos pintados de azul. O pessoal em situação de rua a adorava. Ela passou a ser uma grande amiga. Conversávamos sobre muitas coisas. Nos últimos anos, ela falava do seu desejo de terminar o curso e seguir a carreira política dentro da Unidade Popular, decisão essa que achei maravilhosa. Foi Sarah quem me filiou à UP”, relatou.

Sarah vive!

Sarah nasceu em 08 de janeiro de 1996, em Cotia, Região Metropolitana de São Paulo. Chegou em Porto Alegre em 2015, após passar no vestibular para a Faculdade de Arquitetura da UFRGS. Era aluna cotista e logo percebeu que muitos estudantes passavam por dificuldades para permanecer na universidade.

Ela se aproximou da luta através de ações de solidariedade à Ocupação Lanceiros Negros e à Casa de Referência Mulheres Mirabal. Na UJR, Sarah começou a organizar estudantes do curso de Arquitetura e, rapidamente, se tornou liderança estudantil na universidade. Em 2019, foi eleita coordenadora geral do DCE da UFRGS e diretora da UNE.

Uma semana após seu assassinato, a militância da UJR realizou em todo país plenárias e pichações nos muros das cidades com os dizeres “Queremos Justiça! Sarah Vive!”. Em Porto Alegre, uma manifestação saiu da UFRGS e percorreu as ruas do Centro da cidade com cartazes pedindo justiça. O Diretório Acadêmico da Faculdade de Arquitetura foi rebatizado com seu nome e várias universidades aprovaram moção por justiça em seus conselhos superiores. Em Belém, a militância da UJR fundou o grêmio Sarah Domingues na Escola Barão de Igarape Mirim. Em Salvador, a UJR aprovou uma nova campanha de recrutamento em homenagem a Sarah.

A repercussão do caso e a pressão por justiça teve resultados. No dia 06 de fevereiro, a Polícia Civil identificou e prendeu cinco suspeitos de envolvimento no assassinato de Sarah. “Sabemos que prender os culpados não traz Sarah de volta. A justiça que ela merece vai muito além de punir os responsáveis. Queremos o fim da violência e do capitalismo, que todos os dias tira a vida do nosso povo. Essa era a luta da Sarah”, afirmou Claudiane Lopes, dirigente do PCR no Rio Grande do Sul.

Sarah era uma jovem cheia de vida e de sonhos. Uma companheira firme, combativa, corajosa e revolucionária. Era um orgulho para a UJR e para o Partido. Sua morte deixará um vazio impossível de ser preenchido e uma saudade que será eterna. Levaremos sempre conosco a lembrança dos sorrisos, do destemor, das palavras de incentivo e da camaradagem que sempre marcaram nossa querida e amada companheira. Lutaremos mais e melhor, por ela e por todos que dedicaram suas vidas ao que há de bom, de justo e de melhor no mundo: a revolução e o socialismo.

No próximo dia 23 de fevereiro, dia que marca um mês do assassinato de Sarah, estão programados atos por todo o país em memória a sua vida e homenagem a sua luta. O jornal A Verdade também convoca todos os seus brigadistas a realizarem uma brigada nacional no dia 24 em homenagem a nossa companheira Sarah, continuando sua luta por justiça, igualdade e pelo socialismo!

Sarah, presente agora e sempre! 

Sua luta continua!

Matéria publicada na edição nº 286 do Jornal A Verdade

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