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terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Mulheres ocupam casa abandonada no Centro de Curitiba para criar Centro de Referência

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A ocupação foi organizada em um espaço abandonado há quase dez anos e que não cumpria função social, e é a 22ª casa construída pelo movimento no país.

Redação


O Movimento de Mulheres Olga Benario realizou uma nova ocupação na capital paranaense, fundando a Casa de Referência da Mulher Rose Nunes. Localizada no Centro de Curitiba, o objetivo do movimento é construir um centro de referência para atender mulheres em situação de violência.

A ocupação foi organizada em um espaço abandonado há quase dez anos e que não cumpria função social, e é a 22ª casa construída pelo movimento no país. Inaugurada no dia 27 de março, a atividade abre a agenda de lutas do movimento em abril, em memória às mulheres assassinadas pela ditadura militar fascista, que completa 60 anos de sua consolidação em 2024.

O estado do Paraná, segundo dados do Laboratório de Estudos de Feminicídio da UEL (Lesfem) é o terceiro estado em números de feminicídios no país. Essa realidade de opressão não é combatida de forma eficaz através de políticas públicas. Para Emily Kaiser, coordenadora nacional do movimento, os serviços existentes ficam disponíveis apenas em horário comercial, em alguns dias menos. A Delegacia de Curitiba, única no estado com atendimento 24 horas, funciona com serviços reduzidos, a depender do horário em que a vítima for. O atendimento da CMB se restringe aos residentes da cidade de Curitiba, e só existe acolhimento em risco de morte iminente.”

Roseli Celeste Nunes da Silva; ou Rose, como era conhecida; foi uma dirigente do Movimento Sem Terra (MST). Defensora do direito das mulheres, trabalhadora da agricultura e mãe de três filhos, Rose organizou a ocupação da Fazenda Annoni, consolidada por mais de 7 mil famílias sem terra no norte do Rio Grande do Sul, a maior ocupação da história do estado. 

Originária de Rondinha, um pequeno município gaúcho, se organizou e se tornou uma militante pela vida dura que viveu desde cedo: “Ela dizia que na cidade passava fome e que na luta pela terra, ao menos, teria onde plantar alimentos para sobreviver. Na hora de fazer a segurança ela sempre estava lá, nunca arredava o pé do acampamento. Sempre sorrindo, era positiva e para frente, nada a puxava para trás. Rose defendia os direitos das mulheres, falava que não podíamos nos acomodar e que tínhamos que lutar ao lado dos homens” relata Juraci Lima, assentada do MST que conheceu a revolucionária.

O Movimento de Mulheres Olga Benario atua nacionalmente organizando as mulheres no enfrentamento à violência e pela construção do socialismo. O Brasil é o 5º país que mais assassina mulheres no mundo, por isso o movimento realiza ocupações e realiza o acolhimento às vítimas de violência através de uma rede de profissionais voluntárias; advogadas, psicólogas, assistentes sociais, etc., com o objetivo de apresentar uma alternativa à realidade de violência e miséria que hoje as mulheres se encontram.

A Ocupação Rose Nunes nasce para denunciar a insuficiência das políticas públicas de enfrentamento à violência de gênero, atender as vítimas e organizar as mulheres por um mundo novo livre de opressão!
Rose Nunes vive!

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