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terça-feira, 30 de abril de 2024

Cinema levanta pauta da representatividade no Sertão Pernambucano

O Sertão Pernambucano, tem sido um espaço de produção cultural e de uma enorme efervescência na música, teatro, cinema e literatura. A jornada de Leonam no Sertão Pernambucano é um testemunho da resistência e paixão pela arte. Em meio a uma paisagem muitas vezes pintada com as cores da seca e do conservadorismo, Leonam e outros artistas transformam o cenário cultural com diversidade.  

Clóvis Maia | Redação PE


CULTURA – Para falar um pouco sobre essa cena e seu trabalho o Jornal A Verdade entrevistou Leonam, multiartista e militante da causa LGBTIA+ no sertão e acaba de lançar o curta metragem Rosa dos Ventos, produção feita no sertão e que aborda questões como liberdade e representatividade.

Leonam, artista e produtor cultural. Foto: Reprodução.

A Verdade – Pode nos falar um pouco sobre você e de seu trabalho. Como se deu esse trabalho com Cinema, Música, Teatro?

Leonan Eu me chamo Mannoel Lima (Leonam) sou artista e professor de linguagens. Atualmente trabalho em uma escola estadual e sigo fazendo arte de forma independente, principalmente música e cinema. Iniciei minha vida artística em 2009 no teatro em Bodocó junto ao SESC e me profissionalizei nos palcos de Serra Talhada junto ao Centro Dramático Pajeú (CDP) também no teatro. Desde então, tenho passeado pelas diversas linguagens artísticas com muita curiosidade. Minha última peça foi “A flor da pele” e meus trabalhos mais recentes são os EPs “Nezin” (parte 1 e 2) e curta-metragem Rosa dos ventos. Todos disponíveis no meu canal LEONAM no YouTube e em outras plataformas.

Existe uma cena cultural muito forte hoje no sertão pernambucano. Festivais de música, o espetáculo sobre a morte de Lampião, mostras de cinema, dança… Como se deu esse fortalecimento e criação dessa cena? E como você se encaixou nela, visto que teu trabalho dialoga com várias linhas artísticas?

Para entender um pouquinho dessa nossa cena cultural aqui em Serra Talhada e região eu indico o documentário “Pra derrubar a Serra” (disponível no YouTube) que produzi junto ao Coletivo Berro e fala um pouco de como a chegada da universidade pública foi importante para cultura independente por aqui. Em 2006 a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) inaugurou uma unidade sua em Serra Talhada, tornando-se um divisor de águas para a região e um impulso econômico e cultural para toda a região.

Em A Rosa dos Ventos nós vemos uma mensagem contra às opressões e também de muita resistência. Como é levantar essa pauta LGBTIA+ no sertão pernambucano, lugar infelizmente ainda muito conservador?

A bandeira LGBTIA+ é sempre desafiadora, mas precisamos falar de nós já que a cena tradicional, inclusive no cinema não vai abordar. A gente resiste… no teatro, na música, no cinema…  

Há uma produção muito excelente em A Rosa dos Ventos. Os programas de incentivo e fomento à cultura, mesmo apesar de toda perseguição nos últimos anos a tudo que é popular, atrai o olhar para aquilo produzido por mais e mais artistas. Como tu enxerga essa questão da produção e difusão da arte desde os últimos anos do golpista Michel Temer, passando pelo governo Bolsonaro? Como você enxerga essa movimentação hoje com o novo governo? 

Dentro do epicentro pandêmico a Lei Aldir Blanc foi um respiro para gente. Proposto e aprovado com a força da esquerda. Que agora no poder precisa brigar pela desburocratização que infelizmente ainda impede muitas pessoas de pleitear recursos públicos. É muito difícil fazer arte no Sertão. Trata-se de uma arte pouco valorizada pela falta de visibilidade e investimento, mas hoje tô cansado de reclamar e acho massa que a pressão da indústria não paire sobre minha cabeça.

Quais teus projetos futuros e a perspectivas para essa cena tão efervescente do sertão pernambucano?

Pretendo organizar os EPs “Nezin” em um único álbum. Para tanto estou produzindo uma nova música e lançar junto as que já estão disponíveis nas plataformas digitais. Confesso que meu sonho seria não fazer mais nada relacionado a artes, por conta do esforço que exige e não ter retorno material. Mas nem tudo está à venda. E arte é uma necessidade vital para mim.

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