União Secundarista dos Estudantes de Alagoas é refundada e enfrenta tentativa do governo alagoano de interferir na organização dos grêmios estudantis.
Patrik Lira | Maceió
JUVENTUDE – No começo desse ano os estudantes de Alagoas decidiram reativar uma entidade histórica do Estado, a União Secundarista dos Estudantes de Alagoas (USEA). No dia 22 de fevereiro, reuniram-se estudantes da rede estadual e federal de ensino para debater a organização dos estudantes e a necessidade de uma entidade ativa. Na ocasião, a reativação foi dedicada em homenagem ao estudante alagoano, fundador da antiga UESA, assassinado no período da ditadura militar, Manoel Lisboa de Moura.
A reativação dessa entidade vem num momento de grande importância para a reconstrução de um movimento estudantil autônomo no Estado. Hoje, lamentavelmente o governo estadual tem uma política de cooptação dos grêmios estudantis através dos programas “avança grêmio” e “grêmio que cria”, programas que destinam dinheiro da rede estadual para os gremistas.
Essa política é um entrave à autonomia dessas entidades e na prática desmobiliza a luta, pois, gestores das escolas e professores acabam ditando o que os grêmios e gremistas devem ou não fazer e não se vê uma luta para cobrar do estado suas obrigações com a educação.
Um grupo de estudantes em torno da tese “Rebele-se na UBES”, abraçou essa luta e tem traçado esse debate da autonomia com os estudantes, debate que se consolida com a reativação da USEA.
O estudante Denisson, da escola estadual Drª. Eunice Lemos Campos, demonstrou sua indignação. “A SEDUC indica um professor para orientar o grêmio, mas o que acontece na prática é que o professor quer obrigar o grêmio a seguir seu comando. Me senti silenciado em uma reunião com uma ‘orientadora’ do nosso grêmio, pois ela indicou pessoas ao grêmio sem conversar com a gestão e sem ter tido novas eleições, além de não ouvir as atividades que propomos, só manda fazer as atividades que ela quer, expressando um autoritarismo.”, afirma.
Diante dessa afronta a USEA lançou a campanha “Tira a mão do meu Grêmio” reivindicando o respeito à lei do grêmio livre. A comissão gestora provisória eleita em assembleia denuncia esses problemas e de vários outros da educação de Alagoas, como as reformas das escolas e a revogação do “novo” ensino médio. Grêmio estudantil é dos estudantes e é pra lutar. Dessa forma, a entidade refundada realizará, no próximo período, grandes lutas e um vitorioso congresso para gestão dos próximos anos.