Em assembleia realizada na Universidade Federal da Bahia (UFBA), cerca de 400 professores estiveram presentes para debater a luta da categoria pela recomposição salarial e adesão à greve nacional das universidades federais. A ampla maioria presente decidiu pela deflagração da greve na universidade a partir do dia 29 de abril.
Isabella Tanajura | Salvador
EDUCAÇÃO – Nesta quinta-feira (25), os professores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) decidiram pela adesão à greve nacional em assembleia geral realizada no Auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia (UFBA). As principais pautas da greve são o reajuste salarial, reestruturação da carreira e recomposição orçamentária das Universidades e Institutos Federais.
O comando nacional de greve foi instaurado pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) a partir do dia 15 de abril e, desde então, 34 universidades federais aderiram à greve de professores. Na última semana 10 mil servidores públicos federais e estudantes participaram de um ato em Brasília para pressionar o governo nas negociações estabelecidas.
Em assembleia realizada no dia 12 de março, o Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (Apub Sindicato) decretou um estado de mobilização permanente da categoria dos professores na UFBA. Desde então as negociações com o governo federal não avançaram e a proposta continua de 0% de reajuste salarial para 2024, bem como nenhuma proposta significativa para o plano de carreira da categoria e recomposição orçamentária das universidades e institutos federais.
“O governo federal justifica que não há recursos por conta do arcabouço fiscal, mas 22% de reajuste foi dado para Polícia Federal, 60% da Polícia Penal Federal. 0% de reajuste para educação e a saúde é inaceitável!”, afirma Graça Druck, professora da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH), durante defesa pela deflagração da greve.
Votaram a favor da proposta de deflagração da greve 210 professores, enquanto 129 votos foram dados à proposta de estado de greve com consulta via plebiscito à toda comunidade docente da UFBA.
Segundo a Apub Sindicato, estavam presentes cerca de 400 professores da UFBA. Entre estes 280 são filiados ao sindicato e 120 são não-filiados. De acordo com o relatório UFBA em números publicado em 2022, a universidade conta com um quadro de 2.876 professores, incluindo os substitutos e visitantes.
“A educação precisa ser valorizada no nosso país. Infelizmente, o que vemos é o agronegócio sendo valorizado. Nós vemos o sistema da dívida sendo prioridade nesse governo, que é o pagamento do juros da dívida pública, juros de amortização, ou seja, se esse recurso vem pra educação, nós temos a educação de qualidade do nosso país” declara Aroldo Félix, diretor do ANDES-SN e membro da coordenação nacional do Movimento Luta de Classes (MLC).
O comando de greve, composto pela diretoria da APUB Sindicato, conselho de representantes sindicais e professores que se voluntariaram a participar, se reunirá na próxima segunda-feira (29) para iniciar de fato a greve na Universidade.
Cenário das greves federais na Bahia
Os técnicos-administrativos da UFBA representados pelo Sindicato dos Trabalhadores Técnicos-administrativos da Universidade Federal da Bahia (ASSUFBA) já estão em greve desde 11 de março. Assim como a categoria dos professores, os TAEs pautam o reajuste salarial e reestruturação da carreira. Segundo a FASUBRA, federação nacional que representa a categoria, os trabalhadores técnicos-administrativos têm a pior remuneração dentro do serviço público federal.
Na Bahia, a UFBA e a Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) são as primeiras a aderirem à greve docente nacional. A próxima assembleia a ser realizada será na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) no dia 6 de maio.
“Essa greve interessa a todos nós, porque a greve defende a universidade, a greve ocupa a universidade, a greve pressiona o governo. Não temos que ter vergonha de dizer que nós, em oposição ao governo anterior, defendemos a democracia. Não estamos aqui para derrubar governo nenhum, nós estamos aqui para defender a universidade” afirma Zacarias de Sena Junior, professor do Instituto de História da UFBA. “Defender a universidade é também fazer luta, ocupar a universidade com inteligência, energia e disposição como estamos vendo com a categoria e estudantes que estão aqui”, completa o professor.
O movimento grevista dentro do serviço público federal tem crescido, especialmente na área da educação. Isso é consequência direta da desvalorização da categoria mesmo durante o governo atual que iniciou 2024 com um corte de R$ 310 milhões no orçamento para educação superior pública.