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sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Povo derrota golpe militar na Bolívia

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Golpe militar na Bolívia fracassou devido à força da mobilização popular nas ruas da capital La Paz. Depois da convocação de uma greve geral e de manifestações pela maior central sindical do país, a tentativa fascista de acabar com a democracia foi derrotada

Guilherme Arruda | Redação


Nesta quarta-feira (26/6), o povo boliviano derrotou com sua mobilização uma tentativa de golpe de Estado. Durante a tarde, o comandante do Exército da Bolívia, general Juan José Zuñiga, liderou tropas que ocuparam pontos da capital La Paz e utilizaram um tanque para invadir o Palacio Quemado, sede do governo.

Pouco depois, a Central Obrera Boliviana (COB), maior central sindical do país, convocou seus milhões de membros a se mobilizarem contra o golpismo por meio de uma greve geral. O presidente do país, Lucho Arce, também denunciou a “movimentação irregular” de tropas. O mesmo foi feito pelo ex-presidente Evo Morales, que afirmou: “Não permitiremos que as Forças Armadas violentem a democracia e amedrontem o povo”.

Milhares de trabalhadores se dirigiram à praça e ao palácio onde estavam reunidos os golpistas e a situação começou a se tornar claramente desfavorável para os militares. Nenhum outro batalhão das Forças Armadas se levantou. Na sequência da demonstração de força do movimento popular, os governos da América Latina e mesmo os partidos burgueses da Bolívia condenaram a tentativa de golpe.

No Brasil, o presidente da Unidade Popular (UP), Léo Péricles, também denunciou a situação. “Toda solidariedade ao povo que resiste aos ataques fascistas”, ele comentou em uma rede social.

Antes do fim da noite da quarta-feira, devido a seu completo isolamento político, o general Zuñiga já havia sido preso e a tentativa de golpe militar se mostrou um fracasso.

O golpista Zuñiga

Na terça-feira (25/6), esse mesmo general havia dado uma entrevista na televisão, onde afirmou que prenderia Evo Morales para impedir uma possível volta do ex-presidente ao governo nas eleições de 2025. O atual mandatário Lucho Arce, considerando que o oficial havia desrespeitado a democracia, ordenou que ele fosse destituído de seu cargo de Comandante do Exército.

No dia seguinte, Zuñiga deflagrou a tentativa de golpe de Estado. Aos jornais, ele afirmou que estava “restaurando a democracia” na Bolívia. O povo, sabendo que sua verdadeira intenção era de instaurar um governo fascista como o que se impôs naquele país depois do golpe de 2019, se levantou para impedi-lo de alcançar o poder.

Porém, esta não é a primeira vez que o general se envolve com ilegalidades. Como revela um documento do Senado da Bolívia, Zuñiga foi preso por 7 dias em 2012 por suspeita de ter desviado recursos de um programa social voltado para idosos de baixa renda em regiões rurais. O caso de corrupção envolveria valores equivalentes a 2,1 milhões de reais, em moeda brasileira.

Preso mais uma vez após a tentativa de golpe, o general agora terá que responder às acusações de terrorismo e levante armado imediatamente feitas pela Procuradoria Geral do Estado (PGE) da Bolívia.

Imperialismo à espreita

Devido ao fato de ser um dos países com uma das maiores riquezas minerais do mundo, a Bolívia foi muitas vezes vítima de golpes de Estado alinhados com interesses imperialistas. Esse foi o caso em 1964, quando subiu ao poder o general René Barrientos, responsável pela morte de Che Guevara. Depois, em 1971, ascendeu o general Hugo Banzer, ligado ao tráfico de cocaína.

Mais recentemente, em 2019, o governo de Evo Morales foi derrubado por um novo golpe militar na Bolívia, que foi estimulado pelo interesse estrangeiro na exploração das reservas de lítio, um dos minérios mais valiosos da atualidade. No país, os recursos minerais são nacionalizados desde 2009, para que sirvam ao povo e não ao lucro dos capitalistas.

Para perpetrar o golpe, policiais cometeram naquele ano os massacres de Senkata e Sacaba, onde dezenas de trabalhadores mineiros que se manifestavam junto a seus sindicatos contra os golpistas foram assassinados.

Apesar da violência das ditaduras pró-imperialistas, os trabalhadores bolivianos sempre defenderam sua soberania nacional, o controle dos recursos naturais e a democracia popular. Pouco menos de um ano após o golpe de 2019, a presidente ilegítima Jeanine Áñez foi derrubada pela luta de massas. Ela e os líderes golpistas bolivianos estão todos presos, à diferença dos generais e empresários fascistas que planejaram o 8 de janeiro no Brasil.

Na noite de hoje, o presidente Lucho Arce destituiu toda a cúpula das Forças Armadas da Bolívia por sua participação nas ações contra o governo.

As lideranças populares do país seguem mobilizadas, mas ao que tudo indica, a última tentativa de golpe militar na Bolívia foi derrotada. A presença massiva do povo nas ruas, além da punição rápida aos golpistas, foram decisivas para o fracasso do plano militar.

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