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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Manoel Lisboa: 80 anos de imortalidade

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Manoel Lisboa de Moura, fundador e dirigente máximo do Partido Comunista Revolucionário, foi militante desde os tempos de escola, ator e diretor de teatro. Iniciou o curso de medicina na UFAL, mas o abandonou para se dedicar à luta clandestina contra a ditadura militar fascista. Foi exemplo do “Homem Novo” preconizado pelo Comandante Ernesto Che Guevara

Bluma | Redação GO


HERÓIS DO POVO – A luta contra o imperialismo capitalista e a opressão do Estado burguês brasileiro requer estudo, atuação, dedicação, vigilância, disciplina e, acima de tudo, fidelidade aos princípios e práticas do marxismo-leninismo, além de uma vontade férrea de se aprimorar e aprimorar o Partido Comunista Revolucionário. Tal foi a vida e a luta do seu fundador e dirigente máximo, que dedicou seus melhores anos a esse combate: o herói Manoel Lisboa de Moura, que tombou aos 29 anos de idade nos porões da ditadura militar fascista.

Infância e adolescência

Como recontado de forma emocionante no livro A vida e a luta do comunista Manoel Lisboa – Depoimentos, das Edições Manoel Lisboa, nosso herói se dedicou à organização de seus iguais desde cedo. Atuando no movimento estudantil como diretor da União dos Estudantes Secundaristas de Alagoas (UESA), era amante das artes e cultura popular, dirigia e atuava em peças de teatro inspiradas pelo Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) e era apaixonado por futebol. Manoel era “calmo, introspectivo, alegre, avesso à violência pessoal, transmitia confiança e a impressão de estar sempre um pouco adiante de nós“, lembra Valmir Costa, seu colega de juventude e de partido.

O jovem alagoano iniciou sua militância na juventude do Partido Comunista Brasileiro (PCB) aos 16 anos, em 1960. Dois anos depois, percebendo o oportunismo revisionista de direita no PCB, ingressou no Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Porém, não notando uma diferença substancial na prática entre os dois partidos, decide por fundar em 1966, junto de outros camaradas, o Partido Comunista Revolucionário (PCR) a partir do paradigmático documento Carta de 12 Pontos aos Comunistas Revolucionários.

Galego, Celso, Zé, Miguel, Mário: o marxista-leninista

Estudante dedicado, Manoel Lisboa foi aprovado no curso de medicina de primeira, mas não hesitou em abandonar a faculdade para passar à clandestinidade, uma dura necessidade da luta contra a repressão feroz da ditadura. Adotou vários codinomes e se dedicou inteiramente à construção do Partido por todo o Nordeste, comandando desde atividades clandestinas de agitação e propaganda até operações militares como o assalto ao Parque da Aeronáutica de Recife realizando para obtenção de armas em março de 1973, além de cursos de formação e congressos estudantis do PCR.

Apesar de todas as condições adversas, era um jovem alegre e de brincadeiras perspicazes. Das anedotas presentes no livro de Depoimentos, uma destaca essa sua característica:

Numa dessas viagens, discutíamos a chegada do socialismo Zé [Manoel Lisboa], eu [José Nivaldo Júnior] e outro companheiro. Eu argumentava que o socialismo no Brasil era um sonho distante. Zé, então, contou a seguinte fábula, que nunca esqueci e já citei muitas vezes. Ele disse: ‘Imagine, companheiro, os trabalhadores na construção de uma pirâmide, lá no Egito. Tinha um socialista que tentava ganhar companheiros para o partido. Aí, dizia: ‘Companheiro, vem aí o escravismo, logo depois vem o feudalismo, depois o mercantilismo, aí, depois, vem o capitalismo, e aí vem o socialismo’. Realmente, na época das pirâmides o socialismo estava distante. Mas hoje, companheiro, já passou o escravismo, passou o feudalismo, passou o mercantilismo, chegou o capitalismo, o socialismo já existe em ⅓ do mundo e você tá achando longe, companheiro?”

Homem humilde e carinhoso, apenas uma coisa o enraivecia: a opressão e exploração cometidas pela burguesia. E a única coisa que o aborrecia era a falta de atenção e de responsabilidade de companheiros e companheiras.

“Vencer as torturas é dever de todo revolucionário”

Desde antes da vida clandestina, Manoel já havia enfrentado a repressão e o cárcere. A primeira foi aos 20 anos de idade, em 1965, “por vender livros e revistas em uma pequena livraria”. Sua última prisão ocorreu em 15 de agosto de 1973, ao anoitecer, quando foi surpreendido por dezenas de agentes da ditadura na Praça Ian Fleming, em Recife. Por cerca de duas semanas, Manoel Lisboa sofreu as mais brutais torturas que as mentes fascistas dos militares, muitíssimo bem treinados na Escola Superior de Guerra sob comando da CIA, poderiam conjurar.

Espancado por todo o corpo, submetido a choques elétricos e queimaduras, violentado física e psicologicamente de todas as formas, acabou perdendo a sensibilidade dos membros inferiores e chegando ao estado de semi-paralisia. Porém, sua vontade era inquebrantável. Sua firmeza, uma verdadeira fortaleza bolchevique. Munido da mais profunda teoria revolucionária, Manoel Lisboa de Moura incorporou verdadeiramente um dos princípios fundamentais do PCR: “Delação é traição, e traição é pior do que a morte”. Assim, transformando a teoria em profunda e invencível força material, a estrutura do Partido permaneceu intacta e os fascistas foram verdadeiramente derrotados no mais sombrio e adverso campo de batalha da luta de classes.

Nascido em 21 de fevereiro de 1944 no bairro do Farol em Maceió, no estado de Alagoas, Manoel Lisboa brilhou por toda a sua vida e militância revolucionárias. Suas últimas semanas foram de um brilho tão intenso de fidelidade ao marxismo-leninismo, ao Partido e ao povo trabalhador oprimido do Brasil, que os brutais torturadores jamais o esqueceriam, assim como todos e todas que o conheceram. Em 4 de setembro de 1973, com menos de 30 anos, Manoel passou para a imortalidade, se transformando em um verdadeiro farol para a luta revolucionária contra o fascismo e pelo socialismo, ao regar com o próprio sangue a semente para o amanhã de liberdade.

Continuar o trabalho do partido

Em cada atividade e tarefa, em cada brigada, panfletagem, pedágio, conversa, reunião de estudo e planejamento, passagem em sala, eleição estudantil e sindical, seguimos e devemos seguir o exemplo de Manoel Lisboa. A sociedade capitalista emprega de todas as formas sua mais obstinada campanha contra a organização da classe trabalhadora, pois sabe sobre e teme a maior arma que a História já apresentou contra a sua existência: o Partido Comunista Revolucionário, instrumento dos trabalhadores e das massas exploradas e oprimidas pelo regime da propriedade privada dos meios de produção.

Sustentados pelo imperialismo, propagandeados pela mídia burguesa e seus aliados da direita, os falsários da social-democracia arrancam o povo da vida política com sua proposta estritamente parlamentar e eleitoreira. Desmobilizando e imobilizando a luta de classes, estes traidores da classe trabalhadora buscam a manutenção do status quo do Estado capitalista, agora já em altos cargos de funcionários do governo. Porém, o povo brasileiro sente na pele a miséria e os crimes cometidos por este modo de produção podre e putrefato: a violência policial, a violência no campo, os baixos salários, o machismo, o racismo, a LGBTfobia, o desemprego, o aumento de preços, a incapacidade de se ter uma vida digna.

Portanto, é nosso dever honroso e histórico seguir os princípios do marxismo-leninismo pela verdadeira e consequente luta contra a opressão e exploração. Para a pergunta dos policiais que invadiram a casa de sua irmã em uma certa madrugada (“Como um rapaz tão inteligente se mete em comunismo?”), nós respondemos com as palavras do nosso herói: “Essa burguesia tem que acabar“. E faremos exatamente isso. Com fervor e ardor, renovados a cada pequena vitória, com apoio e camaradagem em todos os momentos, com estudo da teoria e aprimoramento das práticas e ações revolucionárias, levaremos a cabo seu pedido final de continuar o trabalho do Partido.

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