A extrema direita brasileira, com o apoio do Judiciário e da grande mídia privada, desencadeou uma grande ofensiva política e midiática com o intuito de retirar do governo a presidenta Dilma Rousseff. Dirigido pelo corrupto Eduardo Cunha, dono de contas secretas na Suíça e envolvido nos desvios da Petrobras, o atual processo de impeachment é uma ação coordenada da grande burguesia nacional e internacional para passar por cima da Constituição brasileira e atacar a limitada democracia existente em nosso país.
Cunha e a oposição de direita – PSDB, DEM, PPS e PMDB – não têm moral para falar de corrupção. A maioria de seus parlamentares está envolvida até o pescoço nos mais diversos escândalos. Um exemplo é o candidato derrotado a presidente, o senador Aécio Neves, que já foi citado seis vezes nas delações da Operação Lava Jato e ainda é suspeito de envolvimento com o caso do helicóptero apreendido com centenas de quilos de cocaína em Minas Gerais. Outro é o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, envolvido no caso do cartel que fraudava as licitações do Metrô de São Paulo e no roubo da merenda escolar.
Não podemos permitir que a bandeira contra a corrupção seja usada de forma seletiva e direcionada, sem escrúpulos e por um processo jurídico viciado e coordenado por agentes públicos e políticos que visam unicamente a favorecer partidos que, quando estiveram no poder, privatizaram o patrimônio público e arrocharam o salário dos trabalhadores.
Em outras palavras, todos os envolvidos no golpe em curso não estão interessados na melhoria de vida do povo. O que querem é um governo que ataque ainda mais os direitos dos trabalhadores e entregue a preço de banana o que restou do patrimônio público e das nossas reservas naturais aos monopólios nacionais e internacionais.
Para isso, não terão dúvida em implantar um Estado policial que criminalize ainda mais a luta popular e os movimentos sociais. Prova disso é a brutal repressão da PM em São Paulo e no Paraná, estados governados pelo PSDB, onde promoveram o massacre do Pinheirinho, agrediram estudantes secundaristas e reprimiram violentamente as greves dos professores.
Por outro lado, não podemos esquecer que o governo do PT, em vez de realizar a reforma agrária, reestatizar as estatais privatizadas, acabar com a privatização da saúde e da educação, rendeu-se à grande burguesia, ao capital financeiro e ao agronegócio. De fato, nestes 13 anos, quem mais lucrou no Brasil foram os donos dos bancos, o agronegócio e as grandes empreiteiras. Já o povo teve que se contentar com alguns programas sociais que agora são ameaçados pelo chamado ajuste fiscal. Além disso, o governo se recusou a realizar uma auditoria da dívida pública, continuou pagando bilhões aos donos dos títulos da dívida, não puniu nenhum torturador da ditadura militar e ainda sancionou a lei antiterrorismo, que agride os direitos humanos e criminaliza os movimentos sociais.
Porém, o impeachment não significará nenhum avanço democrático ou econômico para o nosso povo. Pelo contrário, será um retrocesso, um golpe contra os direitos do povo. De fato, um governo Temer será ainda mais conservador, entreguista e corrupto e jogará a crise nas costas dos trabalhadores com o objetivo de tornar os ricos cada vez mais ricos.
Nesse quadro, acreditamos que a única maneira de impedir o retrocesso será com o povo nas ruas lutando pela liberdade e contra o golpe, realizando mobilizações nos bairros populares e greves contra a retirada de direitos.
Sabemos que os mais afetados e reprimidos num governo de extrema-direita serão o povo pobre, as mulheres e a juventude, ou seja, o verdadeiro golpe que se aproxima não é principalmente contra Dilma ou Lula, mas contra os trabalhadores, que terão seus direitos roubados, e os movimentos sociais, que sofrerão as piores perseguições e violências por parte do Estado opressor.
Por isso, a Unidade Popular pelo Socialismo (UP) convoca todos os lutadores e lutadoras para organizar a resistência em cada bairro e favela, fábrica, escola e universidade. Somente o povo nas ruas pode impedir o retrocesso e defender a democracia.
Não ao ajuste fiscal e ao impeachment!
Suspensão imediata dos pagamentos dos juros da dívida! Auditoria já!
Pelo poder popular e pelo socialismo!
São Paulo, março de 2016
UNIDADE POPULAR PELO SOCIALISMO