Ocupação em defesa da vida das mulheres, mesmo diante de uma série de dificuldades, segue lutando e cumprindo o dever de acolher, referenciar e ser um espaço para as mulheres de Mauá.
Foto: Movimento de Mulheres Olga BenárioPRIMEIRA OCUPAÇÃO Em 2017, o Movimento de Mulheres Olga Benario realizou a primeira ocupação em Mauá para atender mulheres vítimas de violência.
No dia 25 de julho de 2017, Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, nasceu a ocupação Helenira Preta, inaugurada pelo Movimento de Mulheres Olga Benário no centro de Mauá, cidade localizada na região metropolitana do ABC paulista.
Foto: Jorge Ferreira/Jornal A Verdade
25.07.2017 – Primeira Ocupação Helenira Preta.
A reivindicação tem como intuito pressionar o Estado a responder com políticas públicas os dados alarmantes que expressam a situação das trabalhadoras da região: em 2018, ocorreram 499 casos de violência contra a mulher denunciados, e a taxa de feminicídio cresceu em 33% em 2019.
Foto: Jorge Ferreira/Jornal A VerdadeURGENTE ocorreram, na região do ABC, nove feminicídios durante os primeiros seis meses do ano.
Com a primeira ocupação, as mulheres foram responsáveis por limparem tudo, organizarem um espaço abandonado e dar vida à eles apesar de dificuldades enfrentadas resultantes da negligência da prefeitura à luta das mulheres: água foi negada e energia elétrica não foi concedida às militantes.
Fotos: Jorge Ferreira/Jornal A Verdade
ORGANIZAÇÃO A limpeza, organização e construção da casa ocorre de forma coletiva entre as militantes.
Apesar de suas integrantes submetidas à condições inseguras e precárias da estrutura da primeira casa ocupada, o Movimento de Mulheres Olga Benário resistiu e conquistou uma carta-compromisso após alguns dias de ocupação e tentativa de reintegração de posse. No documento, constava a prefeitura como responsável por dar suporte e as condições materiais necessárias para que esse centro especializado existisse.
Fotos: Movimento de Mulheres Olga Benário
MOBILIZAÇÃO o Movimento de Mulheres Olga Benário chamou atos organizados para pressionar o cumprimento das promessas da prefeitura da cidade, quatro meses após a ocupação.
Após meses de omissão governamental, as mulheres decidiram se reorganizar e construir esse espaço de acolhimento para vítimas por si mesmas: o terreno escolhido para continuarem seu trabalho foi uma escola antiga, sugerida pela própria prefeitura no documento deferido com a promessa de uma casa de referência. O terreno, abandonado há mais de cinco anos, hoje conta com o trabalho de profissionais que atendem e acolhem as vítimas mesmo não sendo remuneradas, e é sede de diversas atividades geradoras de renda para vítimas em situação de vulnerabilidade financeira.
Fotos: Movimento de Mulheres Olga BenárioREOCUPAÇÃO Fachada da segunda ocupação realizada após descaso do prefeito impeachmado para construção da Casa de Referência Helenira Preta.
30.09.2018 – Fachada da segunda ocupação realizada pelo Movimento Olga Benário para construção da Casa de Referência Helenira Preta.
Fotos: Jady Oliveira/Jornal A Verdade10.06.2018 – Plenária de Mulheres na ocupação Helenira Preta.
Com a agenda mensal administrada pensando em atrair mais mulheres da cidade, a Casa Helenira Preta promove diversas atividades, como shows, oficinas de artesanato, produção artística de grafite, rodas de conversas literárias, batalhas femininas de rap, tudo para integrar o Centro de Referência à comunidade local, promover debates políticos com a população e valorizar a cultura popular. Realizam-se saraus todo segundo sábado do mês, e é quando artistas plásticos, músicos, dançarinos e poetas do ABC são recebidos nesse foco de resistência.
Fotos: Movimento de Mulheres Olga Benário
18.05.2019 – Sarau da Preta, de realização mensal.
26.11.2018 – Capoeira durante o Sarau da Preta.
09.10.2019 – Atividade de pintura e expressão artística.
DEBATES A Casa de Referência da Mulher Helenira Preta também foi um espaço importante de debates e plenárias de diversos movimentos sociais.
09.06.2019 – Atividade de Grafite e roda de conversa sobre o “Protagonismo das Mulheres Negras no Grafite.”
GESTANTES EM RODA Roda de conversa com Doulas.
RENDA Confecção de bolsas de couro para geração de renda.
ATRAÇÕES CULTURAIS Oficinas de artesanato e rodas de diversas temáticas são realizadas na Casa para as mulheres. Acima, curso de confecção de embalagens ecológicas.
LAÇOS INTENSIFICADOS projeto Teia, iniciativa que visa debater temas referentes à vida das mulheres, participa da ocupação num evento sobre o sagrado feminino.
Atualmente, a Casa Helenira Preta cumpre o papel de refúgio e fortalecimento das mulheres da região metropolitana paulista. Apesar da falta de água e recursos, consequência da desconsideração da prefeitura de Mauá e do Consórcio Intermunicipal do ABC, atende e encaminha casos de violência psicológica e física que seriam ignorados pelo Estado burguês e apenas parte das estatísticas assustadoramente sub-notificadas.
A Casa Helenira Preta, fruto da luta das mulheres, mantém-se salvando vidas a partir da ação voluntária de diversas profissionais e ativistas revoltadas com o cenário de morte e agressão que está posto. A disposição de mudar a conjuntura e o mundo nos une! Seja um(a) apoiador(a) da casa e venha para a confraternização celebrar os dois anos de existência da ocupação!
Amanda Bispo, Jady Oliveira, Gabriela Torres
Movimento de Mulheres Olga Benário