UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

O erro do discurso do “Eu avisei”

Outros Artigos

Mesma na quarentena povo quer lutar contra o presidente fascista. Foto: Reprodução

Matheus Costa
Minas Gerais

Com o acirramento das consequências da crise para a população pobre do país, devido as medidas de Jair Bolsonaro na contramão das recomendações internacionais no período da pandemia, passou a ser mais comum a tomada de um preocupante discurso por grande parte das pessoas: o discurso do “Eu Avisei”. Precisamos nos alertar sobre o quão grave é assumir essa postura e discurso em um país em que tem a frente um presidente fascista e sem respeito nenhum nem pela própria democracia na qual foi eleito e que é um admirador de torturadores.

Vivemos em um país capitalista, extremamente escasso para a classe pobre do país (que é sua maioria) e com Bolsonaro a frente do governo. Mesmo em momentos de crise de saúde pública, o presidente fascista insiste manter o arrocho salarial, cortar salários dos servidores e seguir a retirada de direitos.

Vejamos, por exemplo, a dificuldade da população em ter em mãos o auxílio emergencial, garantido pela pressão dos setores progressistas, com diversos impeditivos que atrapalham o acesso a essa ajuda financeira, e consequentemente a alimentação do povo. E mesmo sobre esse contexto atual, havíamos alertado sobre os riscos do comando do país tendo Bolsonaro a frente.

Havíamos avisado porque sabíamos dos riscos evidentes em seu projeto de governo e no quanto isso só representava o projeto capitalista internacional contra o povo. Ainda que seu discurso fosse pela família e pelo Brasil, sabíamos que não era. Tínhamos conhecimento do quanto esse governo representava a defesa de somente uma parcela do povo, os banqueiros, burgueses e grandes empresas do capital internacional e que tem um objetivo evidente de cortar verbas da saúde para financiar bancos e monopólios capitalistas, como denunciou o Jornal A Verdade.

Apesar disso tudo, não é viável que assumamos o discurso do “Eu Avisei”, por evidentemente já termos avisado. Porque assumir esse discurso nesse momento significa negligenciar a luta de muitas e muitos pelo direito de moradia, saúde de qualidade e pública, alimentação, educação, emprego, contra o genocídio da população negra, jovem e pobre, LGBT dentre outros.

É preocupante porque parece que assumir essa postura significa que “fizemos tudo que podíamos” e nos resta somente assumir qual foi a parcela que estava contra e que agora “avisa”. É preocupante porque enquanto assumimos essa postura, milhares de pessoas continuam sem ter o que comer, sem moradia, serviços básicos de saneamento e esgoto, educação sucateada. Não obstante, casos de violência doméstica aumentam durante quarentena, tornando essa situação mais uma das preocupantes nesse momento.

O caminho é a luta para derrotar o fascismo

E mesmo com o atual contexto nacional, há movimentos destacados como Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) que lutam incessantemente pela garantia de alimentação e moradia da população em meio à pandemia. Esses movimentos representam de fato a postura que deveríamos todos ter nesse momento. Paralelo a isso, o país não recebe as ações necessárias que um líder de governo deveria ter. Bolsonaro, pelo contrário, opta por dizer que a Covid-19 é uma gripezinha, “E daí?”, que 70% da população vai se contaminar mesmo, entre outros ataques a vida das pessoas.

Há um aumento significativo na criminalização dos movimentos sociais e quem se manifesta nas ruas, de quem realmente está do lado do povo. É contra esses que lutam todos os dias que o discurso do “Eu avisei” também afeta, porque escolhem por assumir uma postura do lugar de plateia assistindo do celular tudo sucumbir sem assumir a defesa do povo.

É preciso lembrar que o papel político necessário nesse momento é o de denunciar as injustiças, a violência, a crueldade que se espalha e toma esse país, pois quando esvazia-se o sentido político do atual momento na forma de “Eu avisei”, colabora-se para que as reais pessoas que defendem os povos não sejam levadas a sério e sejam assassinadas.

Não é difícil lembrar, por exemplo, que o Brasil foi o 4º país que mais matou ativistas de direitos humanos em 2019. Ou seja, enquanto há quem assume esse discurso, tem gente morrendo por defender nossos direitos e por não possuir o mínimo para se viver. Assim como avisamos, quem votou em Bolsonaro em sua ampla maioria foi enganado. Está na hora de mostrarmos a essa população de que estavam errados e de trazer todos eles e o time do “Eu avisei” para o lado da luta, do povo trabalhador que ainda que explorado opta pelo lugar de mudança e transformação do país por meio da luta, pois somente este é capaz de dar ao povo tudo que sonham.

Conheça os livros das edições Manoel Lisboa

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes