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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Ato em defesa das vidas negras ocupa as ruas do Rio de Janeiro

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Ato ocorreu em frente a sede do governo do RJ. Foto: A Verdade

Por Leonardo Laurindo

RIO DE JANEIRO – Movimentos e coletivos negros realizaram a manifestação hoje (31) “Vidas Negras Importam” para denunciar a violência policial. Nos últimos quinze dias, a capital fluminense enterrou João Pedro Matos, 14 anos, e Matheus Oliveira, 23 anos, ambos vítima de violência policial.

A manifestação segue a onda mundial de revolta e combate ao genocídio da população negra, que atingiu estopim essa semana após o assassinato à sangue frio de George Floyd nos Estados Unidos sufocado por um policial branco.

O protesto começou às 15h, em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo estadual. A convocação instruiu que todos os manifestantes usassem máscaras e respeitassem um distanciamento de dois metros entre cada um, além de recomendar que pessoas do grupo de risco não comparecessem.

A manifestação pacífica foi marcada por palavras de ordem que denunciavam o arbítrio e a violência policial nas favelas e periferias. Durante a concentração, foram feitas homenagens a diversas vítimas assassinadas pela polícia. Por muitas vezes os manifestantes lembravam que a PM ainda “não acabou, e tem que acabar”.

Em outro momento, Mell Pereira, militante do Movimento Perifa Zumbi, lembra que a prática violenta da polícia militar ganhou novos contornos após a ditadura militar que se instaurou no país em 1964. A PM, que sempre foi uma instituição de repressão do povo, passa a se profissionalizar em técnicas de tortura, execução, adulteração de cenas de crime e ocultação de cadáver.

“Eles são filhotes da ditadura. Eles estão aqui para caçar o povo preto, mas nós estamos aqui para dizer que, quando eles sobem atirando, quando passam com helicóptero atirando nas favelas e tiram as vidas de nossos irmãos, não vai ficar por isso mesmo. Está correndo em nossas veias o sangue da revolta,” afirma Mell. (veja no vídeo acima)

Ao final do ato pacífico, quando começou a dispersão, os manifestantes relatam que a polícia iniciou ataques com gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha. Também foi relatada a prisão de um dos manifestantes transmitida ao vivo na TV. A polícia alega que ele carregava entorpecentes. Porém, nas imagens apenas se vê a truculência dos policiais, que apontavam fuzis para um jovem desarmado e de braços abertos, indefeso.

Foto: A Verdade

Polícia não faz quarentena

João Pedro brincava em sua casa, no dia 18 de maio, no Complexo do Alemão, quando agentes da polícia civil e da polícia federal lhe atravessaram uma bala. Na sequência, colocaram seu corpo num helicóptero, vindo a anunciar à família seu óbito por meio de uma ligação 16 horas após o ocorrido. O caso do menino, que chocou o Brasil, se soma às evidências de que as balas atingem mesmo os que procuram enfrentar as noites de tiroteio abrigados em casa.

Matheus Oliveira morreu baleado com um tiro na cabeça na Rua Doutor Catrambi, um dos acessos ao Morro do Borel, no dia 30 de maio. A vítima estava passando de moto quando policiais uniformizados “se assustaram” e atiraram para matar, “confundindo-o” com um traficante. Matheus era motorista de Uber, barbeiro e moto-taxista. Morreu no local.

A cada quatro horas, um óbito decorrente de ação policial ocorreu no estado do Rio de Janeiro no mês passado. Mesmo durante a pandemia, as mortes causadas por policiais aumentaram em 43%, na contramão dos crimes, que diminuíram, segundo números divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).

As operações policiais constantes dificultam, ainda, o funcionamento das unidades de saúde e a entrega de doações às comunidades periféricas, realizadas pelas campanhas de solidariedade. Ambas são fundamentais para o combate à pandemia da Covid-19.

Veja abaixo mais um vídeo do ocorrido no Rio hoje.

 

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