Carolina Matos
SÃO PAULO – Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgados pelo IBGE na última quarta-feira (10), indicam um recorde no nível médio de desocupação observado no país em 2020. O índice de desocupados no período atingiu 13,5%, o maior na série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.
No período em questão, a população brasileira ocupada (que teve remuneração tanto no mercado de trabalho formal quanto informal) foi de 86,1 milhões, correspondendo a 49,4%. Ou seja, pela primeira vez na série histórica do IBGE, menos da metade da população em idade para trabalhar está ocupada no país. Em Alagoas e no Rio de Janeiro, o nível de ocupação em 2020 foi ainda menor que a taxa média nacional, com apenas 35,9% e 45,4% da população, respectivamente.
Ainda segundo a PNAD, a taxa média de informalidade passou de 41,1% em 2019 para 38,7% em 2020. Em todo o país, os informais somam 39,9 milhões de pessoas. No Pará, trabalhadores nesta condição são ampla maioria, correspondendo a 59,6% da população ocupada. Segundo analistas do IBGE, longe de indicar um aumento em empregos formais, a queda na informalidade está relacionada ao fato dos informais terem perdido sua ocupação ao longo de 2020, diante da pandemia.
Em 2020, o alto nível de desocupação foi mais evidente na Bahia (19,8%), em Alagoas (18,6%), Sergipe (18,4%) e no Rio de Janeiro (17,4%). Sabendo que o IBGE classifica como “desocupados” as pessoas sem trabalho que tomaram alguma providência efetiva para consegui-lo no período de referência de 30 dias, pode-se afirmar que os reais níveis de desemprego, contando com os desiludidos com a procura de trabalho, são ainda mais alarmantes e indicam um agravamento na situação social dos brasileiros quanto ao acesso a bens básicos, uma vez que lhes falta renda.
Desocupação foi maior entre mulheres, pretos e jovens
Entre outubro e dezembro de 2020, a PNAD Contínua mostrou que o nível de desemprego é mais acentuado quando se toma a perspectiva de gênero e raça. A taxa de desocupação no período foi de 11,9% entre os homens e de 16,4% entre as mulheres. Entre as pessoas brancas, a taxa foi de 11,5%; a de pardos foi de 15,8% e a de pretos, 17,2%, proporção maior que a média nacional.
A juventude é uma parcela da população também bastante afetada pelo atual estado de desemprego. Também no último trimestre de 2020, 29,8% das pessoas de 18 a 24 anos de idade encontravam-se sem qualquer meio de trabalho para obter renda.