Apesar de realizarem um serviço essencial à população e continuarem, mesmo com a pandemia, nas ruas se expondo ao vírus e lidando com lixo contaminado, os trabalhadores da limpeza urbana do Rio de Janeiro não foram inseridos no grupo prioritário de vacinação.
Karol Lima | Redação Rio
TRABALHADOR UNIDO – Nesta terça (6), trabalhadores e trabalhadoras da COMLURB, empresa municipal de limpeza urbana, realizaram protesto em frente à Prefeitura do Rio de Janeiro para denunciar os impactos da Reforma Administrativa para os trabalhadores do município, cobrar o andamento da negociação do acordo coletivo de trabalho da categoria e reforçar a necessidade de garantia da vacinação para os agentes de limpeza.
Apesar de realizarem um serviço essencial à população e continuarem, mesmo com a pandemia, nas ruas se expondo ao vírus e lidando com lixo contaminado, os trabalhadores da limpeza urbana do Rio de Janeiro não foram inseridos no grupo prioritário de vacinação. No último sábado (3), após semanas de luta da categoria e de uma série de movimentações, como um abaixo-assinado que coletou quase 25 mil assinaturas de apoio, o prefeito Eduardo Paes (DEM) se comprometeu com a inclusão desses trabalhadores no grupo prioritário.
Perdas salariais na pandemia
A manifestação de ontem tinha como sua principal pauta a cobrança pelo andamento da negociação do acordo coletivo de trabalho (ACT) deste ano. Em ofício enviado ao sindicato, o presidente da COMLURB, Flávio Lopes, informou que “até a definitiva assinatura do novo Acordo 2021/2020 as disposições e direitos previstos no atual ACT serão integralmente preservados”. A luta dos garis se dá, agora, para garantir que o novo acordo mantenha o mesmo compromisso do anterior, além da recomposição de perdas inflacionárias.
O aumento do custo de vida e a carestia impactaram de forma brutal a vida e a renda dos trabalhadores brasileiros, especialmente no Rio de Janeiro. Ao todo, 745 mil novas pessoas foram levadas à pobreza no último ano, um aumento de 4,25%. A cesta básica, que aumentou em todas as capitais, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aumentou 20,15% na capital fluminense , chegando a R$ 621,09, mais da metade do salário mínimo. Isso significa que se os trabalhadores não têm um aumento correspondente, estão sendo diretamente prejudicados, com uma verdadeira redução do salário.
Contra a Reforma Administrativa
A categoria também denunciou a proposta de Reforma Administrativa, que impacta diretamente os trabalhadores e trabalhadoras da COMLURB, já que a empresa é de economia mista. Entre os pontos vedados à concessão, caso seja aprovada a reforma em curso, estão, por exemplo, as férias em período superior a trinta dias pelo período aquisitivo de um ano, progressão ou promoção baseada exclusivamente em tempo de serviço e parcelas indenizatórias sem previsão de requisitos e valores em lei, exceto para os empregados de empresas estatais, ou sem a caracterização de despesa diretamente decorrente do desempenho de atividades.
A militância do Movimento Luta de Classes (MLC) e da Unidade Popular Pelo Socialismo (UP) esteve presente na mobilização em apoio aos garis. Valdemir, agente de limpeza e militante da UP, explicou que “retirar direitos nossos, como quer a reforma administrativa que está lá em Brasília sendo preparada, vai nos afetar aqui no município”. Dessa forma, é central que se aumente ainda mais as mobilizações de denúncia contra essa reforma criminosa do governo Bolsonaro.
Mesmo em meio à maior pandemia já vista no mundo, não há piedade nem compaixão da burguesia, que continua explorando os trabalhadores e obrigando-os a se expor todos os dias ao vírus da covid. A luta não pode parar.