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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Quem ganha com o mercado da saúde privada?

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Claudiane Lopes | Redação


SAÚDE – Com quase dois anos de pandemia no Brasil, o acesso à saúde virou artigo de luxo para maioria das famílias brasileiras, pois, com o descaso dos governos com o Sistema Único de Saúde (SUS), muitas pessoas buscam os planos de saúde privada para possuir atendimento, tratamento, exames e equipamentos de maneira mais rápida e acessível.

Um serviço que é um direito constitucional torna-se, cada vez mais, um mercado bilionário em nosso país. É o que demonstra a fortuna do Sr. Cândido Pinheiro Koren de Lima, dono da Hapvida, que saltou de US$ 4 bilhões para US$ 8,8 bilhões em menos de um ano, tendo um amento de 145% em seus lucros. Outra que teve sua a fortuna impulsionada foi a Rede D’Or, do cardiologista e fundador da empresa, Jorge Moll Filho, que saltou de US$ 2 bilhões em abril de 2020 para US$ 13 bilhões em fevereiro de 2022. Como resultado da abertura de capital robusta, Moll Filho pulou da 16ª posição do ranking de bilionários da Forbes para a terceira, fechando o top 3 com Jorge Paulo Lemann e Eduardo Saverin.

O salto na fortuna de Moll Filho, dono da Rede D’Or, é resultado da abertura de capital da companhia na bolsa de valores. Com ações a R$ 57,92, os papéis da companhia dispararam e fecharam em alta de 7,73%, cotados a R$ 62,40, o que movimentou R$ 11,39 bilhões (US$ 2,12 bilhões) no momento. Hoje a rede é uma das líderes no mercado hospitalar no Brasil, com 8% de participação, atendendo cerca de quatro milhões de pacientes anualmente. A empresa está atrás apenas do Banco Santander e da BB Seguridade.

O fermento para aumentar exponencialmente os lucros dessas poucas famílias foi a expansão e a atuação médica na crise sanitária causada pela pandemia de Covid-19. Pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que 70% dos brasileiros não possuem plano de saúde particular – seja individual ou empresarial.

Atualmente, estima-se que 30% da população brasileira possui planos privados de saúde. O número tende a crescer, já que cerca de 86% considera o serviço essencial, sendo que o desejo de contratar perde apenas para investimento em educação e na casa própria. O Estado de São Paulo é o que acumula o maior número de clientes de planos de saúde, representando 36% de todos os beneficiários brasileiros. Em seguida, estão os Estados do Rio de Janeiro, com 11%, e Minas Gerais, com 10,7%. Enquanto a maior concentração está no Sudeste, a menor está no Norte do país.

Mas nem tudo são flores! Os planos e seguros privados ampliaram substancialmente o número de clientes, que buscam uma alternativa às debilidades do sistema público. Ao invés de satisfazerem as necessidades dos usuários, os planos e seguradoras de saúde se tornaram mais um motivo de preocupação: práticas como a limitação de internações e consultas, negativa de procedimentos e reajuste abusivo das mensalidades são reclamações comuns nos Procons e até no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Se o SUS fosse, de fato, universal e de qualidade, todo esse poderio já tinha se ruído. A criação do Sistema Único de Saúde (SUS), pela Constituição Federal de 1988, com cobertura universal e integral para toda a população, não se mostrou suficiente para garantir o direito de acesso à saúde. Com o sucateamento crescente do SUS, faz com que tudo que o capitalismo toca torna-se uma mercadoria e com as doenças e a morte dos seres humanos não é diferente. Assim, o lucro sempre estará para as operadoras de saúde acima da vida das pessoas.

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