Em que pesem as belas frases e notas oficiais do governo russo, ou a hipócrita defesa da liberdade e da paz feita pelos EUA, as populações e nacionalidades não passam de um peão nessa história. São os interesses imperialistas que estão no comando. O que está em curso é uma luta dos grandes tubarões para devorar a Ucrânia.
Da Redação
INTERNACIONAL – Na madrugada desta quinta (24), em resposta ao avanço da OTAN para o leste europeu, tropas russas cruzaram a fronteira e deram início à ocupação militar do território da Ucrânia. Para disfarçar a invasão e dar ares de ação humanitária, o reacionário presidente russo Vladimir Putin havia anunciado, na última segunda-feira (21), o reconhecimento da independência dos territórios separatistas do Donbass, localizados perto da fronteira com a Rússia, e o envio de militares para a região, para “preservar a paz e a estabilidade em Donetsk e Lugansk”.
Essa jogada foi elogiada por ninguém mais, ninguém menos, que o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Para ele, a decisão de Putin foi “genial”. “Aqui está um cara que é muito habilidoso. Eu o conheço muito bem. Muito, muito bem”, disse o fascista Trump.
As informações, até agora, dão conta de bombardeios em várias cidades do país, como Sumy, Kharkiv, Kherson e Odessa. Um aeroporto militar próximo à capital Kiev também estaria sob ataque.
No discurso em que anunciou a operação militar, Putin disse cinicamente que “o plano da Rússia não inclui ocupar a Ucrânia” e que estava “protegendo” os separatistas. Porém, segundo o próprio Ministério da Defesa da Rússia, “os sistemas de defesa aérea do exército ucraniano foram suprimidos e a infraestrutura das bases aéreas das Forças Armadas da Ucrânia foi desativada”.
Putin também disse que “os eventos de hoje estão ligados não ao desejo de violar os interesses da Ucrânia e do povo ucraniano, eles estão ligados aos interesses da própria Rússia daqueles que fizeram a Ucrânia refém e tentam usá-la contra nosso país e seu povo”. Esse discurso de “defesa da pátria” é muito usado pelos imperialistas para enganar os povos sobre os verdadeiros objetivos das guerras que promovem.
Logo, não nos enganemos: em que pese as belas frases e notas oficiais do governo russo, ou a hipócrita defesa da liberdade e da paz feita pelos EUA, as populações e nacionalidades não passam de um peão nessa história. São os interesses imperialistas que estão no comando. O que está em curso é uma luta dos grandes tubarões para devorar a Ucrânia.
O que importa nesse conflito para os imperialistas não é a liberdade ou a independência do povo ucraniano, muito menos a “desnazificação” da Ucrânia, como disse Putin, mas o controle das áreas de influência e dos lucros dos monopólios capitalistas.
De um lado, o imperialismo norte-americano e seus aliados europeus são os maiores interessados na guerra, pois lutam para expandir a presença militar da OTAN para leste, se apossar das riquezas de mais um país e minar a influência russa; do outro, está o bloco Rússia/China, cujo objetivo é garantir o controle político, militar e econômico do leste europeu, impedir a entrada da Ucrânia na OTAN e proteger os negócios bilionários dos monopólios do setor de gás e energia.
Guerra injusta
Para convencer as massas da justeza de seus propósitos, os Estados Unidos e a União Europeia puseram em movimento, desde o ano passado, sua gigantesca máquina de mentiras e falsificações, os grandes meios de comunicação burgueses, que “denunciam” 24 horas os planos russos de invasão da Ucrânia e defendem o “direito” da antiga república soviética de se ocidentalizar e tornar-se membro da OTAN. Porém, não possuem nenhuma moral para pregar a paz e a democracia, pois têm as mãos sujas de sangue das centenas de guerras, intervenções militares e golpes reacionários promovidos ao longo da História.
A Rússia, por sua vez, explora de forma oportunista o legítimo sentimento antifascista da maioria do povo ucraniano contra o governo neonazista de Kiev, enganando e confundindo muita gente de que Putin, que tem total apoio da oligarquia russa, é progressista ou até mesmo anti-imperialista, e que trata-se de uma guerra justa da Rússia contra o expansionismo da OTAN.
Não há dúvida de que o imperialismo estadunidense é o principal inimigo dos povos em todo o mundo. Mas isso não pode permitir que fechemos os olhos para o regime reacionário e expansionista encabeçado por Putin. A Rússia hoje não faz parte do eixo da resistência anti-imperialista. Trata-se de mais um país imperialista que tem como objetivo fazer oposição à influência global dos EUA, às vezes se aliando a ele parcialmente, como se evidenciou ao longo do governo Trump.
Abaixo o imperialismo
A verdade é que a luta entre as potências imperialistas pelas fontes de matérias-primas e territórios se aprofunda. Como disse Stálin, “esta luta feroz entre os diversos grupos capitalistas é espantosa no sentido de se impor como elemento inevitável das guerras imperialistas, das guerras pela conquista de territórios alheios” (Stálin, “Fundamentos do Leninismo”).
Dessa forma, adotar uma posição anti-imperialista de fato significa ter consciência de que não existe “imperialismo menos pior”, mas que é preciso lutar contra todo e qualquer imperialismo. “A classe operária”, dizia Lênin, “se for consciente, não apoiará nenhum grupo de predadores imperialistas”.
Um revolucionário só permanecerá fiel à classe operária e à revolução se não tiver nenhuma ilusão com a burguesia, se afirmar claramente que, numa guerra imperialista, os dois lados são maus, e que é preciso lutar para derrotar a burguesia em todos os países. O contrário disso é trair o internacionalismo proletário, o marxismo-leninismo e a revolução.
A luta do povo ucraniano é uma só: derrotar o fascismo e qualquer intervenção imperialista em seu país. Os marxista-leninistas devem repudiar e combater toda e qualquer guerra imperialista, exigir a saída imediata das tropas invasoras, o fim das ameaças e sanções econômicas, e uma solução pacífica para a crise na Ucrânia, tendo como base o princípio leninista da autodeterminação dos povos.
Que os trabalhadores ucranianos sejam livres de toda opressão, extorsão, chantagem e violência por parte dos imperialistas! Que nenhuma gota de sangue do povo ucraniano seja derramada para defender os interesses de um ou de outro imperialismo!
Texto muito esclarecedor, obrigado por abrir caminho para a informação de qualidade livre de viés.