O Jornal A Verdade denunciou o ataque criminoso realizado contra estudantes e trabalhadores negros da Unicamp, agora relatamos o ato de repúdio à intolerância racial.
Patricia Kawaguchi
Campinas (SP) – Homens vestindo coletes de um moto clube e símbolos nazistas realizaram um grave ataque nazista e racista no dia 06 de maio, no Bar do Ademir, localizado na frente da moradia estudantil da Unicamp e frequentado pelos estudantes mais pobres.
Foram feitas provocações racistas aos trabalhadores do bar – em sua maioria negros. Os donos do bar, também negros, tentaram intervir e foram agredidos. Apesar de não haver reação às agressões, um dos homens atirou para cima com uma arma que portava e fugiu com os demais.
Dois homens foram presos em Paulínia, cidade próxima de Campinas onde continuaram as agressões, mas já foram soltos.
O conjunto de estudantes da Unicamp ficou estarrecido com esses acontecimentos – logo após surgirem pichações nazistas no IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas) – e viu a necessidade de mostrar apoio e resistência. Assim, em uma semana, o DCE organizou uma reunião emergencial para discutir o que aconteceu e medidas a serem tomadas.
Os coletivos negros da Unicamp se reuniram para planejar um ato anti-nazifascista que foi realizado no dia 13 de maio. Estudantes se reuniram no PB (Prédio Básico ou Ciclo Básico II) e caminharam da Unicamp até a moradia estudantil, onde encerraram com uma atividade cultural de roda de samba.
A presença do Movimento de Mulheres Olga Benario, Movimento Correnteza, a União da Juventude Rebelião e a Unidade Popular, com muita agitação, ajudou a mostrar nas ruas de Barão Geraldo que não seremos intimidados por esses ataques.
É importante ressaltar que o dia 13 de maio é um dia importante para o movimento negro, em que é denunciada a falsa abolição da escravidão. O povo negro continua sendo oprimido, morto e encarcerado pelo Estado por um lado e ameaçado pelos fascistas e racistas por outro. Denunciar essa farsa e fortalecer a luta antirracista é um dever de todas e todos.
Tornou-se comum junto com falas racistas, misóginas, xenofóbicas, LGBTfóbicas, o uso de apitos de cachorro. É um gesto com simbologia oculta como, por exemplo, o copo de leite que é usado por supremacistas brancos.
Precisamos também denunciar como a ascensão da extrema direita e os discursos do presidente Jair Bolsonaro e seus aliados dão legitimidade e respaldo aos grupos nazifascistas. Não à toa investigações apontam que nos últimos três anos os grupos neonazistas tiveram um crescimento de 270% no Brasil.
Combater o nazifascismo é combater o governo Bolsonaro, exigindo a sua prisão e de seus aliados. Não basta lutar para derrotar o governo nas urnas, ele precisa ser derrotado nas ruas com a organização do povo para construir um novo futuro!
É preciso organizar a revolta estudantil para construir ações concretas dentro e fora da universidade!