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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Poema – Cotidiano de Luta

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Cotidiano de luta

Beatriz Caroline – São Paulo


Estudo com o meu povo:

a realidade.

Leio-a

dentro do circular lotado,

nas filas dos bandejões,

na sala de aula às altas horas da noite,

no exaustivo caminho a pé,

que o único itinerário que chega no ponto aqui é a luta.

Quando a frota de ônibus não dá conta

e nem garantia nenhuma pro estudante que mora longe,

a grande maioria fica sem acesso.

Se nem pra casa o circular tá levando,

ficar parado é seguro?

É desgastante.

Como vêm falar em retorno?

A universidade voltou pra quem é filho da classe dominante –

pra essa minoria que viveu a pandemia no recesso,

que tá voltando pra casa de carro e dizendo “espera…”

que vai ficar melhor no futuro.

Pra quem é da base,

enfrentar esse caminho é bem diferente:

A gente encontra saindo da aula,

e vai passando por dentro da universidade,

até romper os seus limites

Aí do lado de fora – segue na rua!

Não é bem só pra chegar no Metrô Butantã.

A gente não sobrevive no dia a dia pra morrer na praia.

Se não tem como essa universidade ser popular

tem movimento pra organizar com a comunidade

fazendo o que já tá na nossa prática,

nas brigadas do A Verdade!

A gente é a continuidade

dos alunos e professores que hoje têm um memorial na praça do relógio.

E se seguimos aqui,

depois de anos de tortura,

depois da perseguição,

depois do ensino remoto,

e do vírus – que levou os nossos,

é pra avançar ainda mais passos;

Pela nossa política de ação,

de provar cotidianamente – em cada universidade,

a verdade da afirmação

sobre o movimento de massas:

que ainda existe luta estudantil organizada,

as palavras convencem

mas o exemplo arrasta!

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