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terça-feira, 16 de julho de 2024

Nossas florestas não podem ser substituídas por eucalipto

Gigantes da celulose disputam território para consolidar monopólios derrubando florestas para plantar eucalipto.

Carlito Junior e Thales Caramante


MOGI DAS CRUZES (SP) — Foi com covardia que as gigantes envolvidas no ramo da celulose se aproveitaram da estrutura fundiária extremamente desigual que se mantém, desde os tempos da colônia, consolidando assim um dos maiores monopólios do mundo em monoculturas, cortando do Cerrado à Floresta Atlântica. Empresas como a Suzano S/A e a Veracel Celulose enredam discursos “conservacionistas” enquanto dilaceram os pequenos trechos de florestas que nos sobraram.

A Mata Atlântica, segunda maior floresta tropical do continente, é o lar de mais de 70% da população brasileira. A floresta coexistiu por gerações com povos indígenas e outras comunidades tradicionais. A população da maioria das cidades que estão na Mata Atlântica possui água somente por conta dos retalhos de florestas que ainda resistem de pé.

A integridade e fertilidade dos solos, a imensa proteção dos mananciais e os polinizadores que os agricultores precisam para suas lavouras só são possíveis graças à floresta.

O pouco que nos resta de Mata Atlântica está se afogando em centenas de milhares de hectares de monoculturas de eucalipto que o Ministério do Meio Ambiente do Brasil há muito reconhece como uma das principais causas do empobrecimento do solo.

A líder que é reconhecida como um dos principais vetores do desmatamento — a Suzano S/A —, como todas as outras grandes companhias rentes ao agronegócio brasileiro, também exploram seus trabalhadores até os ossos. Um caso recente mostrou que a empresa arrendava terra de trabalho escravo, na fazenda São Sebastião, em Cidelândia, no Maranhão.

Entre 2019 e 2021, a Família Feffer recebeu US$14,03 bilhões de bancos e fundos de investimento globais e, junto com investimento de dinheiro público por meio do BNDES, a Suzano pôde consolidar um enorme monopólio privado que segue explorando milhares de trabalhadores e substituindo nossas florestas.

A Família Feffer também está diretamente ligada como uma das principais apoiadoras do IPA (Instituto Pensar Agro), o principal gabinete estratégico do agronegócio brasileiro — também chamado de Think-Tank. Responsável por todas tentativas de desmontes de leis ambientais, o IPA se firma na política por meio do neoliberalismo, um cadáver moribundo que se apossou do estado brasileiro.

O lobismo é mantido reprimindo qualquer iniciativa de busca de direitos. As disputas fundiárias com povos originários e comunidades tradicionais são reprimidas com o auxílio do estado burguês. Em 2014, a CPT no Maranhão tornou públicas as operações criminosas da empresa Suzano Papel e Celulose S/A. Incêndios provocados pela companhia, muitas vezes avança sobre as plantações do campesinato.

A compra de terras — que são frutos de grilagem — é algo comum também, como a Fazenda Canabrava I, desde que foi comparada pela Suzano em 2009, a fazenda foi antro de diversos crimes ambientais e violações de direitos com os povos originários. Além do processo de invasão perpetrado pelo lobismo, o ritmo de exploração sobre territórios indígenas também é brutal. A sede chega para as comunidades como é o caso da TI Pataxó Comexatibá, eles denunciam que a fazenda, que atualmente produz eucalipto em parceria com a Suzano Celulose, faz uso intensivo de agrotóxicos que afetam diretamente as ocupações indígenas e qualidade dos cursos d’água, onde o povo fez a retomada da área queimando os eucaliptos residuais.

A Suzano S.A., que afirma ser uma “referência global no uso sustentável de recursos naturais”, é responsável por uma escala de produção que culminou em mais de um milhão de hectares de plantações de eucalipto.

Esse é um fenômeno que vem sendo cada vez mais conhecido, onde grandes empresas privadas se vendem como “verdes”, basicamente se autodeclarando como “parte da solução”, quando na verdade são objetivamente responsáveis pelos problemas, pelos danos irreparáveis e pela destruição generalizada de nossas florestas, rios, fauna, tudo em nome de seus interesses.

Para a Suzano e outras empresas, as florestas representam capital natural que pode gerar mais lucro, que se dará com base na exploração do povo trabalhador. Dessa forma, somente a classe trabalhadora (sujeito histórico de transformação) e sua organização podem gerar resultados que retardam a degradação das nossas florestas, cabe à classe trabalhadora fazer pressão ao ponto da burguesia e do Estado burguês se sentirem coagidos.

Lembremos que foi a Suzano que, em 2018, seria uma das empresas a se beneficiar da tentativa de Salles em alterar de maneira irregular o Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental (APA), Várzea do Rio Tietê.

A tarefa histórica da classe trabalhadora, assim, é preservar, cuidar e ampliar as florestas, rios e faunas hoje ameaçadas. A revolução socialista entra na equação como uma solução já que somente quando a classe trabalhadora estiver no poder é que poderemos retardar os danos causados às nossas florestas.

A classe burguesa, nesse sistema, tem plena certeza de sua impunidade para matar, destruir, saquear. É necessário reverter essa situação, é necessária uma profunda revolução, intensificar a luta de classes e fazer com que a burguesia passe agora a ter certeza da punição, pois serão os trabalhadores que sujeitarão essa classe parasita ao desaparecimento. Das suas covas estarão erguidas as nossas florestas.

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