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domingo, 24 de novembro de 2024

Violência de gênero contra as mulheres na universidade

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Seguindo um calendário de lutas, a gestão “É Tudo pra Ontem” do DCE Livre da USP convidou estudantes a participarem de uma plenária sobre a violência de gênero, tendo em vista o papel do movimento estudantil em pautar a política em defesa da vida e permanência das mulheres dentro e fora da universidade.

Bianca Caroline e Beatriz Caroline – Estudantes da USP


SÃO PAULO – Neste último mês, o governo Bolsonaro cortou 90% do orçamento em políticas públicas para o enfrentamento da violência contra a mulher, o que tem refletido no aprofundamento da violência em todos os âmbitos, e também dentro da universidade.

A USP, uma das maiores universidades públicas da América Latina, com imenso fundo orçamentário, ainda registra assustadoras ocorrências de assédio, estupro, perseguição e agressão contra alunes nos arredores da universidade.

A falta de luz no campus, o debate sobre a segurança e desmilitarização, o papel que tem cumprido a guarda universitária na revitimização das mulheres – são todos denominadores da falta de estrutura que não só coloca em risco estudantes, mas também ainda hoje não contém garantias de proteção contra um agressor pelo próprio regimento universitário.

Esta é uma luta nacional, também colocada para outras universidades, haja vista a continuidade da violação do direito das mulheres pelos agressores, protegidos pela inexecução de medidas protetivas nos campi; o que passa também pela inexistência de canais eficientes que encaminhem e levem adiante as denúncias feitas.

Nesse sentido, as reuniões estão acontecendo para que, coletivamente, com o conjunto da comunidade e até mesmo das estudantes que foram violentadas mas que hoje veem que é necessário se organizar e ir à luta pra que isso não venha a acontecer com mais alunas, a gente consiga construir propostas efetivas – como, por exemplo, a construção de um projeto de pesquisa e extensão para a criação de um centro de referência dentro da universidade, entendendo que isso não resolve o problema, mas vai oferecer um local de acolhimento e atendimento de equipe técnica.

Para Dany Oliveira, diretora de mulheres pelo DCE, e militante do Movimento Correnteza: “Surgiu a necessidade da gente articular essa luta. Eu e mais diretoras temos colocado nosso contato à disposição, o que é insuficiente para essa demanda, mas a USP tem que se responsabilizar!”.

Estiveram presentes coletivos feministas e setores do movimento estudantil, além da coordenadora das Casas de Referência do Movimento de Mulheres Olga Benario, Luísa Fegadolli – que também é estudante de Políticas Públicas na UFABC e pôde compartilhar a experiência de luta das mulheres dentro do espaço universitário, além de trazer para o debate o acúmulo desse movimento combativo e experiente no enfrentamento à violência, de como a organização feminina, ocupando as entidades estudantis, é fundamental para a defesa dos nossos direitos.

A partir das falas das companheiras foi criado um plano de mobilizações gerais: foi decidida a construção de um ato em defesa das mulheres no dia 25 de novembro (no dia internacional de combate à violência contra a mulher) com a apresentação de uma carta com as reivindicações das estudantes surgidas no debate, um calendário de passagens em sala divulgando essas mobilizações e chamando mais mulheres à luta, além do estudo da Cartilha Verde, de combate à violência contra as mulheres – produzida pelas militantes do Movimento de Mulheres Olga Benario em parceria com a UFABC -, e a construção de uma cartilha para divulgação na USP (conhecer para combater!).

Para dar conta da proporção e urgência que a situação de permanência e segurança feminina tomou dentro dos campi, seguimos com a organização das mulheres negras, mães, trans, professoras e funcionárias da nossa universidade: nenhuma a menos por descaso da USP! Pela vida das mulheres!

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