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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Milhares de professores começam o ano desempregados em São Paulo

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Professores contratados e candidatos à contração (professores temporários) do estado de São Paulo estão, desde o fim do ano, sendo prejudicados com o processo injusto e desorganizado de atribuição de aulas.

Thais Gasparini | MLC


SÃO PAULO  – Já é um outro ano, mas as mesmas preocupações do ano que passou continuam.

Sem concurso público há 10 anos, o número de professores temporários já ultrapassa o de efetivos, segundo o DIEESE.

O processo de atribuição de aulas para professores da rede estadual paulista acontece primeiro para os efetivos e estáveis de cargo e, posteriormente para os temporários – chamados “categoria O” – e os candidatos à contratação (Cadastrados no Banco de Talentos).

De acordo com nova decisão do governo estadual, a preferência para atribuição de aulas não é mais com base na pontuação dos professores, mas sim com a carga horária escolhida por estes. Isso quer dizer que, os educadores que escolheram carga horária completa (32 horas semanais) escolhem primeiro daqueles que escolheram reduzida (20 horas semanais). Ou seja, muitos professores que estão na rede há anos, estão sem aula por optarem por carga reduzida. Cada vez os professores possuem menos opções de escolha.

Ana, professora da rede em Ribeirão Pires, disse “estou há mais de 10 anos no estado, escolhi manter a carga reduzida pois tenho outros afazeres, e agora estou sem aulas. Isso vai me prejudicar demais, significa que estou sem salário”.

Este não é o único motivo, muitos professores relatam falta de transparência no processo de atribuição. Márcia, professora do interior de São Paulo diz que “esse processo está sendo feito sem qualquer transparência. Nós vemos qual a nossa classificação para atribuir determinada aula, e mesmo eu sendo a primeira colocada, não consigo atribuir. Nós questionamos, mas ninguém sabe explicar o motivo”.

Larissa, recém-formada e com o desejo de lecionar, se inscreveu para dar aula na rede estadual e relata a dificuldade de abertura de contrato: “me inscrevi para dar aula, e só abro contrato a partir do momento que atribuo aula em alguma escola. Mas como exerço minha profissão com esse processo injusto de atribuição?”. Essa é a realidade de muitos professores, como se estivesse sobrando educadores habilitados para dar aula.

Por conta desta situação, a categoria decidiu se mobilizar para que o problema da atribuição seja resolvido urgentemente. Já são algumas semanas em que os professores, principalmente os temporários, vão até a Secretaria de Educação se manifestar pelo cancelamento da atribuição injusta.

Professores de várias regiões do estado estão sentindo na pele o descaso do governo com a educação pública.

Gustavo, professor de São Bernardo do Campo e da coordenação de professores do Movimento Luta de Classes, participou das manifestações e relata sobre o projeto que está sendo implementado na educação há alguns anos: “se tivesse interesse, o problema seria resolvido rapidamente. A questão é que essa atribuição, assim como vários problemas que existem na educação pública, é fruto de um projeto de precarização. O que solucionaria os nossos problemas é mais investimento, e não menos. A nossa luta hoje é por uma atribuição justa, mas o que irá resolver é o concurso público para os mais de 90 mil professores contratados”.

Mesmo durante o recesso escolar, os professores continuam em mobilização em defesa de seus empregos. O problema da atribuição ainda não foi resolvido e muitos estão sem atribuir suas aulas, portanto, sem contar com seus salários no próximo mês. São mães, chefes de família, trabalhadoras que estão tendo seu direito de trabalhar negado.

A categoria segue mobilizada para resolver o problema de agora, mas com a consciência de que é necessário investimento maior na educação, como a abertura imediata de concurso público para que os professores não passem mais por este sufoco.

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