Com o apoio da ARES-ABC (Associação Regional dos Estudantes Secundaristas do Grande ABC) os alunos encontraram uma maneira de construir um espaço escolar justo e saudável para quem o frequenta, combatendo as opressões e realizando atividades culturais que promovam, inclusive, o lazer.
Ana Leite, Isabelle Vaz e Kiara Malange
MAUÁ (SP) – Educação de qualidade no Brasil nunca foi para todos. Nasceu para os mais ricos e segue até hoje privatizada: só tem acesso quem tem dinheiro – o que se torna claro, por exemplo, com as claras tentativas de precarização da educação pública por parte do governo de Bolsonaro, os generais do exército e os empresários do centrão, que até os últimos dias de mandato perseguem o orçamento público destinado à educação pública.
Apesar das constantes investidas do governo Bolsonaro para, cada vez mais, elitizar a educação, esse não é um problema exclusivo da atualidade, mas um projeto estrutural construído por aqueles cujo objetivo é continuar a reproduzir a desigualdade social. Essas questões, apesar de se evidenciarem agora, são tradições do capitalismo.
Ainda assim, há uma luz no fim do túnel! Os estudantes formam maioria nesse cenário de resistência, e têm em suas mãos uma ferramenta chave para mudar os rumos dessa história: O movimento estudantil rebelde e combativo, sua organização em associações e entidades como grêmios é decisiva no avanço da luta pela educação pública de qualidade e pela transformação da sociedade.
Grêmio Estudantil Edson Luís vive!
Para entender melhor o poder de organização dos estudantes, podemos levar como exemplo de luta o Grêmio Estudantil Edson Luís, dos estudantes do Colégio Elite na cidade de Mauá, ABC Paulista. Com o apoio da ARES-ABC (Associação Regional dos Estudantes Secundaristas do Grande ABC) os alunos encontraram uma maneira de construir um espaço escolar justo e saudável para quem o frequenta, combatendo as opressões e realizando atividades culturais que promovam, inclusive, o lazer.
Fundado no segundo semestre de 2021, teve sua primeira chapa eleita no início desse ano letivo, defendendo a atuação da entidade tanto no ambiente restrito ao colégio, quanto no cenário de lutas no estado de São Paulo. O Grêmio não fez menos: Construiu como principal liderança e organizador, festas de confraternização como Halloween e Festa Junina, rodas de leitura, cindebates, o projeto “O que te mantém vivo?” no Setembro Amarelo, mobilizações antirracistas dentro do Colégio, roda de cultura e sarau artístico. Registrou, também, sua participação em importantes espaços do movimento estudantil da ARES-ABC.
Reconhecendo a necessidade de ter consigo movimentos parceiros, realizou diversas atividades na Casa de Referência a Mulher Helenira Preta do Movimento de Mulheres Olga Benário e dentro da escola como rodas de debate e palestras sobre pobreza menstrual, contra os assédios e machismo dentro e fora da escola, a distribuição de absorventes nos banheiros, promovendo uma rede de apoio e denúncia entre as mulheres. Para além do movimento de mulheres, os estudantes lutaram ao lado do movimento de moradia MLB, apoiando na construção das ocupações Manoel Aleixo e Antônio Conselheiro localizadas na cidade de Mauá.
O Grêmio Edson Luis, garantiu a presença em todos os atos de rua ao lado da ARES-ABC pelo fora Bolsonaro e contra as tentivas de golpe fascista, contra os constantes cortes na educação. Construíram ativamente assembleias e reuniões abertas da diretoria da entidade para deliberar ações do grêmio e discutir sobre a conjuntura do país e da educação.
Ainda no primeiro semestre promoveram a construção para participação do 44º Congresso da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas em Brasília, a venda de carteiras estudantis da ARES-ABC e a filiação à entidade. Para além de alimentar uma ampla e constante rede de comunicação com todo o meio escolar através da ativa rede virtual do grêmio, a página @gremio.em no Instagram.
Entendemos a importância de construir outras entidades para formação política dos estudantes: Só lutando coletivamente poderemos alcançar maiores conquistas, quanto mais alunos revoltados encontrarem o movimento estudantil, com mais força poderemos lutar por uma educação pública e de qualidade para todos, pelas mudanças estruturais que desejamos.
Com apenas 1 ano de seu nascimento, o Grêmio se forja cada vez mais enquanto um espaço que traz voz e decisão para os alunos – foi dessa forma que, levantando a discussão sobre racismo no colégio após receber diversas queixas, os gremistas conquistaram a expulsão de um professor racista. Grêmios independentes podem sonhar alto e (através da luta) conquistar ainda mais.