A PUSP-RP vem fazendo uma péssima gestão, ineficaz para resolver os problemas quanto a manutenção das moradias, contratação de transporte para o campus, vigilância do RU, ampliação da vivência.
Diogo Martinez | Ribeirão Preto
EDUCAÇÃO – Há quase um ano atrás a chapa “É Tudo Pra Ontem” foi eleita para o DCE da USP. Em Ribeirão Preto, desde então, o DCE se tornou um instrumento de luta, saiu das reuniões nos bastidores e passou a organizar mais assembleias, atos e denúncias, passando nas salas e politizando o espaço acadêmico.
A situação era de completa desmobilização, não é à toa que tantos problemas se acumularam: falta de circulares, situação do bandejão, bolsas, a base milionária que a PM ganhou no campus.
Nas diversas lutas feitas tivemos importantes conquistas como espaços de vivência, novos restaurantes para dar conta da demanda do campus, mais reuniões com a prefeitura e diretorias e conseguimos trazer a perspectiva de luta novamente para o cotidiano da universidade. Nada seria possível sem a participação dos estudantes, sem uma entidade construída para a luta ao invés de acordos tácitos.
A pedra no caminho
Contudo, apareceu uma pedra no caminho, uma resistência (não tão surpreendente) da própria USP, Prefeitura da USP-RP (PUSP-RP), PRIP e Reitoria. Eles sim não querem resolver os principais problemas da universidade e veem no DCE, no movimento estudantil e nos estudantes os seus maiores inimigos. O que a USP preza, acima de tudo, é manter o elitismo na Universidade. Foi a última a aderir às cotas, sem amplo apoio dos docentes que achavam que “abaixaria o nível da USP”. Por conta do aumento da entrada de estudantes negros, indígenas e pobres, a USP adotou outros métodos de exclusão.
Agora que o jovem trabalhador conseguiu entrar na universidade, precisa permanecer e concluir seu curso. Para grande parte do nosso povo, é inconcebível passar um único mês sem trabalhar, uma vez que precisa pagar seu aluguel, cesta básica, itens de higiene e etc., sendo impossível, portanto, fazer isso por quatro anos ou mais, uma vez que grande parte dos cursos é integral e os estágios não são remunerados.
Para se formar, o estudante precisa receber auxílio, porém, a USP se recusa a oferecer uma política de permanência séria. Ao contrário, oferece ônibus, guarda, iluminação e restaurante insuficientes, não abrem espaço para diálogo com os estudantes, obras sem previsão, promovem as instituições racistas como a PM que ganhou uma base com custo milionário, PM que já acumula casos de enquadrar estudantes negros, afirmando que “não tem cara de estudante da USP”, não presta manutenção nas moradias, deixando estudantes viverem em casas cheias de infiltração, mofo e infestação de pombos. Estes jovens que estudam, estagiam sem receber e fazem pesquisas são aqueles que constroem a universidade e que a USP vê como inimigos.
Mais impressionante foi neste ano que a USP enganou os estudantes bolsistas, afirmando compromisso com a ampliação do programa de permanência, mas, na prática, estrangulou os estudantes pobres, demorando mais de um mês para iniciar os pagamentos das bolsas, além de limitar o acesso sem motivo.
Em Ribeirão, O DCE, junto aos CA’s e estudantes, realizou no dia 12 de abril um ato de denúncia em frente a PUSP-RP, dando ênfase às reclamações sobre o restaurante universitário, falta de bolsas, casos de fome e infraestrutura. A exemplo da questão do RU, havia queixas da qualidade, demora das filas, falta das opções do cardápio, e higiene, chegando ao ápice de encontrarem um rato morto a alguns metros da porta do refeitório.
A prefeita, contudo, ao invés de buscar solucionar os problemas que afligem os estudantes, riu das nossas demandas, o que sempre foi comum do seu comportamento nas reuniões, e, neste dia, quando um estudante propôs a criação de um GT para se debater o fim da terceirização do serviço, os docentes ali presentes não só riram, desmoralizam o representante discente como também a Sra. Prefeita disse para ele, um estudante negro, “não sabe como é difícil fazer as coisas dentro da Lei”, ele logo se levantou e tomou a palavra para denunciar o racismo de sua fala. Os casos de racismo e as atitudes eugenistas na USP Ribeirão Preto merecem toda uma matéria para serem expostos.
Em nota feita pelo DCE após a reunião em questão é denunciado essas e outras demonstrações do trabalho “profícuo” da prefeitura: “São constantes as interrupções de falas, a elevação do tom de voz, o deboche e o desrespeito. Muitos Diretores e/ou Vice-diretores também tem tido atitudes desrespeitosas com os representantes discentes e com os funcionários, como exemplo: em outra reunião da Prefeitura, ao trazermos os questionamentos e demandas estudantis para a pauta da reunião, um diretor em meio ao informe questionou, discretamente, em tom deboche e impaciência: ‘Têm mais?!’.”
A PUSP-RP vem fazendo uma péssima gestão, ineficaz para resolver os problemas quanto a manutenção das moradias, contratação de transporte para o campus, vigilância do RU, ampliação da vivência, com reclamações feitas até pela Superintendência de Gestão Ambiental que tem feito apelos já que estão sendo ignorados.
O caminho dos estudantes
Em vista desta grande pedra no caminho, o que fazer? O Movimento estudantil e as entidades estudantis como o DCE e CA’s têm se mobilizado e as lutas não param. Está claro que não ganharemos nada pela bondade de docentes preconceituosos, autoritários e anti-povo. Sem a luta massiva dos estudantes, não conseguiremos melhorar nossa situação, não nos ouvem nas reuniões e não nos querem na universidade.
Construir cada assembleia, cada ato, participar do movimento estudantil e convencer nossos colegas da importância da mobilização é essencial para mudarmos isso e não sofremos mais diariamente com uma universidade caindo aos pedaços.