O festival SambAERJ, organizado pela Associação dos Estudantes Secundaristas do Estado do Rio de Janeiro (AERJ), reuniu milhares de estudantes secundaristas nos dias 2, 3, 9 e 10 de dezembro. Ao todo, foram mais de 2 mil pessoas envolvidas no SambAERJ, que aconteceu nas cidades de Cabo Frio, Duque de Caxias e Rio de Janeiro.
Gabriel Puga | Rio de Janeiro
O início do projeto
A AERJ foi fundada em 2002 e, desde então, representa os estudantes das escolas do Rio de Janeiro na luta por uma educação de qualidade, acesso ao transporte, lazer, esporte e cultura. A entidade se organiza junto aos grêmios estudantis de todo o estado e, cada vez mais, além das lutas específicas e reivindicatórias, organiza atividades culturais. Em 2021, os estudantes organizaram a comissão de arte e cultura da AERJ, responsável por organizar passeios culturais, slams, saraus e outras atividades, como o CarnAERJ e o SambAERJ.
O sonho do SambAERJ começou quando centenas de estudantes se mobilizaram para participar do Encontro de Emendas Participativas do deputado Glauber Braga (PSOL) em setembro de 2021. Naquele encontro, ficou aprovado com mais de 500 votos que a AERJ receberia um milhão de reais para tocar um projeto. Depois de mais de um ano de planejamento, o projeto saiu do papel.
Fruto de muita divulgação em cada escola, em agosto de 2023, começou a primeira fase do SambAERJ: as aulas de dança e percussão gratuitas para estudantes de escolas públicas.
Durante quatro meses, toda terça e quinta ocorriam as aulas de dança e nas quartas e sábados aconteciam as aulas de percussão. Dezenas de estudantes participaram das aulas cotidianamente, e vários deles receberam bolsas-incentivo para conseguir frequentar as aulas.
“Vários de nós não conseguiríamos continuar a perseguir nosso sonho de tocar um instrumento ou aprender a dançar se não fosse todo o apoio que a AERJ deu”, conta Gabriel Campanhão, que frequentou as aulas de percussão e agora coordena a equipe de bateria da AERJ, presente em todos os atos de rua.
O festival
No início de dezembro, começou o Festival SambAERJ. O objetivo do festival era garantir com que principalmente os estudantes pobres e das periferias pudessem ter acesso a um evento cultural sem precisar pagar passagens e ingressos com preços inacessíveis.
No dia 2 (sábado), Dia Nacional do Samba, rolou o primeiro dia do festival, na Morada do Samba, na cidade de Cabo Frio. O evento durou 10 horas e contou com Gira Vinil, Beat Livre, Encontro de Terça e Família Batuq como atrações, além dos alunos de dança e percussão da AERJ, que se apresentaram em todos os dias. O SambAERJ Cabo Frio reuniu mais de mil pessoas, entre estudantes e amantes do samba. Além disso, foram arrecadados dezenas de quilos de alimentos para a campanha Natal Sem Fome do MLB.
O dia seguinte também foi dia de SambAERJ, mas, dessa vez, na Lira de Ouro, em Duque de Caxias. A cidade fica na Baixada Fluminense, que é distante dos principais centros culturais. Ônibus saíram de vários municípios da região para levar os estudantes para o evento, que ficou lotado durante todo o dia. Além disso, o SambAERJ foi importante para fortalecer a relação da AERJ e das entidades estudantis municipais com os sindicatos e movimentos sociais, que também foram convidados.
Os últimos dois dias do festival foram no último final de semana (9 e 10), na Fundição Progresso, na Lapa. Tradicionalmente, lá se apresentam grandes artistas da música nacional e internacional, quando vão ao Rio de Janeiro. Casuarina, Renata Santiago, Rodrigo Drade, DJ Morena e Samba da Alvorada foram alguns dos nomes que se apresentaram.
Mais uma vez, ônibus saíram de todos os cantos da Região Metropolitana para levar os secundaristas para o festival, a partir da divulgação feita em parceria com os grêmios estudantis.
A luta continua!
Yasmin Farias, atual presidente da AERJ, afirmou que “esse evento é fruto de muita luta e representa para a gente a vitória na luta pelo acesso à cultura e lazer para os estudantes do estado do Rio de Janeiro”. Rafael Figueira, ex-presidente da associação, relatou que “Na minha época a AERJ não tinha nem sede. Agora já tem até festival de samba! O Movimento Estudantil vai longe!”, demonstrando o histórico de luta da entidade.
O SambAERJ só foi possível graças ao esforço da AERJ de disputar projetos ousados. Já para o próximo período, a entidade conquistou uma emenda de 3 milhões de reais para organizar um reforço escolar em parceria com o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas.
O evento revigorou os ânimos de toda a militância secundarista e gerou um grande reconhecimento da AERJ no estado, que ganhou vários novos integrantes e aliados a partir do Festival.