Neste dia 1° de Abril, ocorreu o marco de 60 anos do golpe militar fascista de 1964. Em decorrência dessa importante data na luta por Memória, Verdade, Justiça e Reparação, tiveram atos em diversas cidades e foi realizada a Marcha da Democracia, que buscava refazer – de forma inversa – o caminho dos generais golpistas e visitar importantes locais de memória do golpe.
Igor Marques | Redação RJ
Na última segunda-feira (01), em decorrência dos 60 anos do golpe militar fascista de 1964, foi realizada, a partir do Rio de Janeiro, a Marcha da Democracia, evento que contou com caravanas dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Essa marcha buscava resgatar a memória histórica da Ditadura e denunciar os crimes cometidos pelos militares, que têm impunidade até os dias de hoje.
A marcha teve como destino o município de Juiz de Fora, cidade na qual o General fascista Olímpio Mourão Filho iniciou o golpe. Com isso, a Marcha busca refazer – de maneira inversa – o trajeto realizado pelas tropas golpistas de 1964.
O evento contou com a participação de diversos partidos e movimentos sociais da luta por Memória, Verdade e Justiça, além de ex-presos políticos e familiares de desaparecidos.
Marcha visita importantes Lugares de Memória do Golpe
Nessa data fundamental da luta por Memória, Verdade, Justiça e Reparação, a Marcha da Democracia passou por importantes Lugares de Memória do Golpe. Esses locais são pontos simbólicos essenciais para a nossa história, em que a memória coletiva se expressa de diferentes formas.
A marcha teve como primeira parada a cidade de Petrópolis (RJ), local que contou com diversos centros de repressão do regime, como a notória Casa da Morte, onde dezenas de militantes foram torturados e mortos.
A caravana seguiu, então, para o município de Levy Gasparian, onde foi realizado um ato político. Foi próximo a essa cidade, localizada na divisa dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais – separados apenas por uma ponte –, que as tropas mineiras estacionaram esperando o apoio de outros estados para o golpe.
A ponte é um desses Lugares de Memória. Durante o avanço das tropas golpistas foi, inclusive, colocado dinamites em suas colunas, caso houvesse reação do exército do Rio de Janeiro. Pensando nisso, foi realizado na ponte um ato simbólico, com o encontro das delegações de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.
Após isso, a Marcha da Democracia seguiu para o destino final: Juiz de Fora. Nessa cidade, onde teve o início da movimentação golpista, foi realizado, com apoio da prefeitura local, um ato político em homenagem aos mortos e Desaparecidos durante a repressão e a necessidade da luta por Memória, Verdade, Justiça e Reparação.
Rio de Janeiro: Ato na frente do DOPS contou com 1000 pessoas
Na cidade do Rio de Janeiro, também foi realizado um importante ato. Com concentração em frente à antiga sede do DOPS, na Lapa, o ato contou com a participação de cerca de 1000 pessoas. A programação contou com falas dos movimentos sociais, partidos políticos e entidades sindicais e estudantis.
O ato percorreu trajeto até a Faculdade Nacional de Direito, no centro da cidade, importante local de resistência à Ditadura Militar fascista. A FND foi importante ponto da resistência estudantil e democrática à Ditadura e foi, em diversos momentos, alvo da repressão do regime.
Entre as denúncias realizadas, estava aquela feita pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que dizia: “A Ditadura matou quem lutava contra a fome”. Essa frase busca mostrar a perseguição às lideranças populares nesse regime fascista de repressão, mas também a exploração e a miséria do nosso povo no período. O movimento esteve presente com mais de 100 pessoas no ato.
Por Memória, Verdade, Justiça e Reparação!
Neste 1° de abril, os atos de descomemoração da Ditadura rememoram as violências e a repressão sofridas durante o período da ditadura. Entre suas diversas pautas está a necessidade de reabertura da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos e o cumprimento das recomendações da Comissão Nacional da Verdade.
Além disso, a transformação do antigo DOPS do Rio de Janeiro, que foi sede de centros de repressão nas ditaduras do Estado Novo (1937-45) e dos militares (1964-1985), em um espaço de memória também foi pauta na manifestação da cidade.
Também, foi denunciado que, ainda hoje, houve revisão à Lei de Anistia, que perdoou os crimes de militares golpistas e torturadores. Os atos desse dia 1° são fundamentais para demonstrar que os reais inimigos da população se mantém, deixando claro a necessidade de punição aos generais fascistas que ameaçam a Democracia e o povo brasileiro até os dias de hoje.
Em Memória de todas as vítimas da Ditadura, seguimos na luta pela abertura dos arquivos, pela revisão da lei de anistia e pela punição de todos os golpistas e torturadores, de ontem e de hoje.
Ditadura Nunca Mais!