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quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Atividades em repúdio aos 60 anos do golpe militar marcam data no Piauí

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Redação Piauí


HISTÓRIA – No dia 1º de abril de 2024, completaram-se 60 anos do golpe militar no Brasil, período que ficou marcado por perseguições, cassações de mandatos de parlamentares, torturas, corrupção e assassinatos. No Piauí, o dia foi marcado por atividades políticas para resgatar a história, contando-a pela ótica da geração que derrubou a ditadura.

Na Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi), ocorreu, pela manhã, uma sessão solene que lotou o plenário. A mesa foi composta por deputados estaduais e representações da CUT, do DCE-UFPI, do PT, da UP e do PCR. Na ocasião, Pedro Laurentino, que é membro do Comitê Memória, Verdade e Justiça do Piauí, falou pela Unidade Popular. “Discutir o golpe de 64 não é discutir o passado. Só existiu a tentativa de golpe em 08 de janeiro de 2023 porque ainda há impunidade aos golpistas de 64. Tenho orgulho de fazer parte da geração que derrubou a ditadura, mas ela ainda precisa ser sepultada. Ainda hoje, a tortura é praticada nas delegacias e a Polícia Militar continua reprimindo os lutadores sociais”, denunciou Laurentino.

Um ponto alto da sessão foi o discurso de Reginaldo Furtado, de 93 anos, um dos fundadores do CMVJ-PI, que denunciou as artimanhas da alta cúpula das Forças Armadas a mando do governo norte-americano e a interferência do capital estrangeiro. Também alertou o plenário para a continuidade da luta por democracia e o repúdio a qualquer tentativa de golpe.

À tarde, as atividades seguiram na UFPI, onde estudantes, professores e servidores lotaram o auditório para a aula pública com Edival Nunes Cajá, ex-preso político, membro do Comitê Memória, Verdade, Justiça e Democracia de Pernambuco e dirigente do PCR. Em diversos momentos, o auditório vibrou com palavras de ordem como “Pela abertura, dos arquivos da ditadura!” e “Nenhum passo atrás, ditadura nunca mais!”.

A coordenadora geral do DCE-UFPI, Thays Dias, lembrou os heróis e heroínas que derrubaram a ditadura militar e atualidade da discussão. “Importante espaços como esse na universidade para sempre lembrarmos os jovens estudantes que combateram esse regime. Lembrar de Honestino Guimarães, Jana Barroso, Iara Iavelberg, é honrar a história de cada um deles para impulsionar as lutas estudantis do presente”, destacou.

Cajá, como fala principal desta mesa de debates, enfatizou o plano golpista e suas consequências: “Neste dia de hoje, completam-se 60 anos do golpe militar fascista. Golpe que implantou a ditadura militar, nascida das entranhas do governo dos EUA, da burguesia monopolista dos EUA e do Brasil e do Alto Comando das Forças Armadas. Este regime sequestrou e matou cerca de 8 mil pessoas dos povos originários. Os dirigentes das Ligas Camponesas foram assassinados. Mataram Manoel Lisboa, Emmanuel Bezerra, Carlos Marighella, Lamarca.  Também muitas companheiras foram estupradas e torturadas”.

Após grande agitação no auditório, ele finalizou: “Até quando vão cassar o direito do povo pobre de se manifestar. Precisamos de uma democracia ampla, onde a classe operária se sinta representada. Democracia onde uns têm muito e outros não têm nada, não é democracia. Que, com a força e a mobilização popular, possamos construir a cada dia a verdadeira democracia, a democracia operária, através do poder popular e do socialismo”.

Matéria publicada na edição nº290 do Jornal A Verdade.

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