70 dias após o início da greve, governo continua sem atender às demandas dos Técnicos Administrativos das instituições federais de ensino. Servidores manterão a luta pela recomposição salarial e do orçamento da Educação.
Esteban Crescente | Rio de Janeiro
TRABALHADOR UNIDO – No dia 21 de maio, ocorreu a 5ª mesa de negociação nacional das entidades representativas da categoria dos Trabalhadores Técnicos Administrativos em Educação (TAE) das universidades e institutos federais, que estão em greve. A reunião contou com a participação da Fasubra e do Sinasefe, representando os servidores públicos, e do Ministério de Gestão e Inovação (MGI), que respondia pelo Governo Federal.
Na discussão, a proposta apresentada pelo governo teve ampliação de apenas 1,5% no índice linear de reajuste no vencimento básico da categoria. Na mesa anterior, de 19 de abril, o governo havia indicado 0% de reajuste em 2024, 9% em 2025 e 3,5% em 2026. Com a nova proposta, o percentual de 2026 muda para 5%. A situação indignou os milhares de trabalhadoras e trabalhadores presentes na marcha unificada de TAEs que acompanhou a mesa de negociação.
Após mais de um mês de espera, o governo não mudou quase nada no orçamento destinado à reestruturação da Carreira dos TAEs, mantendo o reajuste zero em 2024. O objetivo do governo é evitar a todo custo o reajuste dos salários dos servidores neste ano para poder gastar mais dinheiro com o pagamento dos juros da dívida pública, que financia banqueiros do Brasil e do exterior.
Para piorar o quadro, durante a negociação, o mediador do MGI disse que esta seria a última proposta e solicitou que as lideranças sindicais presentes desligassem seus celulares na reunião. Frente à primeira afirmação, a bancada dos trabalhadores afirmou que não aceita ultimatos e que negociará sob comando das bases em greve. Além disso, os sindicalistas não aceitaram a imposição sobre seus aparelhos pessoais.
A revolta da categoria se dá pelo alto grau de desvalorização salarial e endividamento destes trabalhadores. Os técnicos administrativos em educação amargaram 7 anos de congelamento salarial durante os governos Temer e Bolsonaro e já acumulam perdas de 52% em relação à inflação nos salários desde 2010.
A urgência de um reajuste em 2024 frente à piora das condições de vida da categoria levou os TAEs a reafirmarem de forma contundente a continuidade da greve. Uma das demandas das entidades na negociação é que o Presidente Lula se manifeste sobre os pleitos da base, considerando que esta é a maior categoria do serviço público.
Além da forte mobilização em Brasília dirigida pela Fasubra e o Sinasefe, um potente protesto com fechamento da pista de chegada ao aeroporto ocorreu em Maceió, liderado pelo Sintietfal (sindicato que representa o Instituto Federal de Alagoas), com pneus na estrada e apoio dos estudantes.
Greve de 70 dias é exemplo de mobilização
Com mais de dois meses de greve, a categoria que conta com mais de 200 mil membros entre ativos e aposentados faz um grande movimento nacional que impacta a conjuntura e inspira a classe trabalhadora, arrastando para a luta de rua outras dezenas de categorias de servidores federais. Em conjunto com os professores dos Institutos e Universidades federais (representados pelo sindicato Andes-SN), que também estão em greve há mais de um mês, os TAEs expõem os problemas da valorização de uma categoria fundamental para o acesso da população aos direitos sociais e também a necessidade de recomposição do orçamento das instituições de ensino federais.
A greve já contou com alguns ganhos: entre eles, os reajustes de 51% nos auxílios alimentação, creche e saúde. Apesar disso, a maior parte destes reajustes somente se aplicou aos servidores da ativa. A luta dos trabalhadores também forçou o governo a recompor R$ 342 milhões do orçamento dos institutos e universidades, o que é pouco frente ao necessário, mas só ocorreu devido a greve. Além disso, alguns itens da carreira foram acatados.
Nas próximas semanas, as entidades representativas da categoria farão uma contraproposta ao governo e pretendem intensificar os atos e mobilizações de rua.
Para Clodoaldo Gomes, Coordenador de Educação da Fasubra e dirigente do Movimento Luta de Classes (MLC), “é necessário buscar ao menos a reposição da inflação em 2024, porque é um absurdo um trabalhador alcançar zero de reajuste. O governo precisa respeitar os TAEs, oferecendo pelo menos o mesmo montante de orçamento da proposta apresentada para os professores universitários na negociação.”
Já Yuri Buarque, Presidente do Sintietifal, diz que “existe uma estratégia de divisão da parte do governo de tentar um acordo com a categoria docente de forma isolada, para encerrar a greve e não ceder mais na disputa orçamentária”. Contudo, ele também revela que “a unidade das categorias está firme e os sindicatos de TAEs e Docentes firmaram a campanha conjunta ‘Sem TAEs não tem acordo!’, expressando a importância da solidariedade de classe”.
“Além disso, vemos como fundamental a reposição do orçamento para garantia do funcionamento das instituições de ensino para a população”, conclui Yuri.
Eu , como mãe de uma acadêmica,estou muito triste com o que está acontecendo com a educação, não estou aqui pra apontar quem tá certo e quem tá errado,eu só queria vê a minha filha numa faculdade, mais estou vendo esse sonho indo embora, só sei que alguém está destruindo os meus sonhos, que um dia eu sonhei em vê minha filha numa faculdade!!! Desculpem o meu desabafo, é só uma mãe triste!!!