UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quarta-feira, 20 de agosto de 2025
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Assédio moral e abusos corporativos em empresa de tecnologia em Campinas

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Trabalhadores de empresa em Campinas denunciam ao Jornal A Verdade que sofrem assédio moral, perseguição e abusos corporativos por parte de uma gestão comissionada pela prefeitura, que pretende demitir para recontratar por meio de contratos terceirizados e com salários menores.

Daniel Hadad | Campinas (SP)


SOCIEDADE – Trabalhadores da IMA (Informática de Municípios Associados) – empresa de economia mista da prefeitura de Campinas e responsável pelos sistemas digitais de vários serviços públicos do município – vêm sofrendo há anos assédio moral por parte de uma gestão comissionada pela prefeitura e que goza de salários até dez vezes maiores que os funcionários concursados.

Os trabalhadores relataram que a empresa se utiliza de mecanismos corporativos para infligir medo e forçar que aceitem condições de trabalho degradantes. Entre esses mecanismos destaca-se a chamada “avaliação de desempenho”, que é aplicada sem levar em conta os fatores que existem na prática em cada função. Em denúncia ao Jornal A Verdade, Reinaldo (nome fictício) contou: “toda equipe de digitalização recebe notas em cima de critérios que simplesmente não existem em nosso setor, como, por exemplo, ‘foco no cliente’. 90% do setor não tem contato nenhum com cliente. Além disso, é um setor completamente engessado, apenas digitalizamos e interagimos com sistemas limitados e ultrapassados, dificultando muitas vezes a migração para outros setores somente com as habilidades que adquirimos na empresa”.

Outra funcionária, Elisabete (também nome fictício) revelou ao Jornal, “cheguei a ouvir de uma supervisora que ‘cada uma está onde merece estar’. Não existe mobilidade na IMA”. De acordo com Elisabete, os dirigentes da IMA querem que a empresa demita a maior parte de seus atuais funcionários e venha a fazer apenas gestão de contratos – para isso, vêm impondo aos funcionários PDVs, ou “pedidos de demissão voluntária”, para que a empresa possa assumir licitações em contratos terceirizados e não precise criar, gerir e manter os sistemas ela mesma. Os funcionários forçados a aceitar esses PDVs, além de enfrentar dificuldades de recolocação no mercado após anos de serviço “com sistemas limitados e ultrapassados”, como pontuara Reinaldo, podem acabar contratados por salários ainda menores nas empresas para as quais os serviços da IMA serão terceirizados.

Assédio e violência: instrumentos de dominação de classe

Isso não é uma situação particular à IMA: é apenas mais uma prova de que os ricos deste país – que já controlam as empresas e os meios de produção necessários à nossa sobrevivência, além de rebaixarem as prefeituras e instituições públicas ao nível de seu “balcão de negócios” – têm interesse apenas em financeirizar seus ganhos, aprofundando a crise da desindustrialização e baixa produtividade do país, ao passo que mantém os salários dos trabalhadores baixíssimos para que os lucros venham de contratos superfaturados e em que os investimentos públicos são desviados a cada degrau de terceirização que se acumula entre os servidores e as gestões.

A perseguição, o assédio por parte dos gestores, e os abusos corporativos são, senão, mecanismos para disciplinar a classe trabalhadora e silenciar suas queixas, forçando-nos a aceitar condições cada vez piores de trabalho para que os lucros dos patrões sejam maximizados. Prova disso é que, conforme nos revelaram as denúncias, a empresa transfere funcionários que tenham se queixado abertamente para locais distantes e de difícil acesso, com o intuito de desmoralizar e punir. Soma-se a isso o agravante de que a opção por trabalho home office é negada àqueles mesmos funcionários, sem justificativa. Houve também quem tivesse sido incumbido de fazer trabalho em bairros de altos índices de violência e à noite.

O sindicato reaparece após anos ignorando a situação

Recentemente, o Sindpd, sindicato que assiste parte dos trabalhadores da IMA, veio ao Ministério do Trabalho para indiciar a empresa por essas e outras faltas, entre as quais se destaca a prática antissindical – isto é, a IMA vinha deliberadamente coagindo os funcionários a se desfiliarem do sindicato e abrirem mão do direito à luta garantido por lei. Neste mês de abril o processo deu seus primeiros passos para que os trabalhadores consigam reaver seus direitos, mas ainda é necessário ampla mobilização para assegurar que pautas mais aprofundadas possam ser garantidas, tanto o mais porque, conforme publicou o Sindpd em sua página no dia 19 de março, a empresa chegou até mesmo a usar sua Comissão de Empregados para tentar desacreditar o sindicato: “a IMA aciona sua Comissão para tentar justificar o injustificável: diante das denúncias e da multa aplicada pelo Sindpd por prática antissindical, a IMA, em vez de corrigir suas condutas, acionou sua Comissão de Empregados para tentar desacreditar o sindicato e minimizar a gravidade da interferência da empresa na organização sindical dos trabalhadores.”

Para se combater efetivamente as perseguições e assédios que empresas como a IMA vêm infligindo impunes aos seus trabalhadores, a única opção é a organização de frentes combativas. O sindicato é um instrumento de que os trabalhadores dispõem nessa luta. Organizados junto ao MLC (Movimento Luta de Classes), funcionários da IMA ano passado tentaram formar uma chapa para concorrer às eleições do Sindpd e impor-se à gestão atual que, apesar da sua recente atuação, tem se mostrado pouco combativa. Ainda que essa chapa não tenha sido vitoriosa, a escolha recente do Sindpd em fazer frente à IMA pode ser explicada como uma resposta à pressão criada por esses trabalhadores, demonstrando que a luta e a organização, mesmo quando os resultados não são imediatamente visíveis, sempre fortalecem e avançam o movimento operário.

Trabalhadores dos EUA se revoltam contra deportações de imigrantes

Governo Trump prende centenas de manifestantes em protestos contra a deportação de imigrantes e coloca militares nas ruas de Los Angeles (EUA).

Raul Bittencourt | Rio de Janeiro


INTERNACIONAL – Los Angeles tornou-se o epicentro de uma batalha contra as políticas racistas do governo Donald Trump, cujas imagens de resistência tem estimulado protestos em várias cidades outras cidades dos EUA, como Charlotte, Atlanta, Louisville, Memphis, Chicago, Detroit and Oklahoma City.

Desde sexta-feira (6 de junho), milhares de manifestantes ocupam as ruas em resposta às operações brutais do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega) em bairros latinos. O que começou como protestos contra deportações desumanas transformou-se em resistência organizada frente à escalada militar ordenada por Donald Trump, que mandou militares da Guarda Nacional para reprimir a população.

Enquanto a Casa Branca justifica a ação como “restauração da ordem”, nada mais é do que um ataque sistemático contra a liberdade de manifestação e as comunidades imigrantes, cujo trabalho em condições de exploração extrema sustentam a economia capitalista da “liberal” Califórnia.

Os protestos de rua eclodiram após batidas do ICE, sempre marcadas por violência brutal, com agressões e gás lacrimogêneo contra pessoas desarmadas, famílias separadas e 121 detenções arbitrárias em 48 horas. Em Paramount, trabalhadores sem documentos refugiaram-se em comércios locais, aterrorizados. “Nossa comunidade está sendo atacada. Eles são pais, mães, trabalhadores”, declarou Angélica Salas, líder da Coalizão pelos Direitos dos Imigrantes, conforme divulgou o sítio da BBC.

Contra a ação racista, a resposta popular foi imediata e uma multidão tomou as ruas para exigir o fim das deportações em massa. Diversos sindicatos se somaram aos protestos e tiveram dirigentes presos, como David Huerta, presidente do Service Employees International Union California (Sindicato Internacional dos Empregados em Serviços da Califórnia).

A Militarização da repressão a quem é contra a política imigratória dos EUA foi a forma de Trump lidar com os protestos. Mais de 4.100 soldados da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais foram enviados para sufocar os protestos. Militares posicionam-se agora em frente aos campos de prisioneiros, enquanto helicópteros sobrevoam bairros residenciais para intimidar a população civil. 

A violência da repressão é indiscriminada e atinge até mesmo a grande imprensa estadunidense. A reporter Lauren Tomasi, de uma afiliada da CNN, foi atingida nas costas por uma bala de borracha disparada por policiais que estavam observando a cobertura da imprensa, no domingo passado (8/6). O vídeo transmitido ao vivo afasta qualquer dúvida quanto a intencionalidade. O policial olha para a repórter, aponta e atira sem qualquer motivo. 

A ação do governo Trump só reforça o seu caráter fascista, marcado pela xenofobia, estigmatizando imigrantes como “inimigos” a serem abatidos e estimulando o pânico moral contra eles, facilitando, em aliança com grande grupos econômicos, a exploração destes trabalhadores. Fora isso, se vale de uma concepção autoritária de “lei e ordem” para criminalizar protestos e defender o status quo. Igualmente, criminaliza a pobreza e, através do combate aos pobres, afirma buscar um passado fantasioso de glória, que Trump afirma buscar resgatar, com o slogan “Make America Great Again”, que ecoa as promessas de Hitler de restaurar a grandeza da Alemanha, resultando na II Guerra Mundial. 

O fato é que, enquanto a imprensa continua a defender os EUA como “farol da democracia no mundo”, relatos da extrema brutalidade dos agentes de repressão do “regime” Trump, acontecidos longe das câmeras, lotam as redes sociais. A situação de Los Angeles apenas exemplifica o caráter fascista do atual presidente dos EUA e o de classe da impressa burguesa, criminalizado a justa revolta popular.

Basta de feminicídio! Gabriela Mariel vive!

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Por que eu não posso ver a minha mãe? Eu quero me despedir da minha mãe”, essas foram as últimas palavras de uma filha para sua mãe prestes a ser enterrada.

Movimento de Mulheres Olga Benario


MULHERES| No dia 2 de junho, Gabriela Mariel Silvério, 33 anos, uma das principais lideranças do Movimento de Mulheres Olga Benario e militante da Unidade Popular pelo Socialismo (UP), foi vítima de feminicídio, brutalmente assassinada por seu marido na cidade de Mauá, na região do ABC Paulista, no estado de São Paulo.

Mãe solo, trabalhadora da escala 6×1 no shopping de São Caetano, outra cidade da região do ABC e PCD. Gabi deixou sua filha de 9 anos, também Pessoa Com Deficiência.

O crime aconteceu na manhã de segunda-feira (02) e foi notificado somente na terça-feira, durante a tarde. Então, no dia 03 de junho, uma parte da militância se reuniu e foi aprovado com unanimidade uma manifestação cobrando justiça por Gabriela às 05 horas da manhã do dia seguinte (04) em frente à estação de trem, região central da cidade.

Ato por Justiça para Gabriela Mariel (Foto: JAV/SP)

A manifestação contou com a participação de mais de 160 pessoas em um ato simbólico com falas emocionantes, intervenções culturais e velas espalhadas pelo local. Inúmeras trabalhadoras e trabalhadores que passaram por ali se solidarizaram, das quais algumas relataram ser amigas e conhecidas de Gabriela. Em seguida, o ato percorreu uma caminhada até o Cemitério Municipal Santa Lídia, onde ocorreu o velório e o sepultamento com caixão lacrado, com o final marcado pelo grito aguerrido de seus camaradas: “GABRIELA MARIEL PRESENTE AGORA E SEMPRE!”.

Por que eu não posso ver a minha mãe? Eu quero me despedir da minha mãe”, essas foram as últimas palavras de uma filha para sua mãe prestes a ser enterrada. Ela tem, entretanto, a memória de uma Gabriela forte e guerreira, que nunca desistiu de lutar, mesmo em meio a uma realidade cruel imposta por este sistema, onde as mulheres desde novas são obrigadas a cuidar da casa e assumir grandes responsabilidades como o cuidado das crianças e dos idosos, e, que há 6 meses, tomou a decisão de não mais individualizar sua luta diária, mas dedicar sua vida para destruir o capitalismo e construir uma nova sociedade, a sociedade socialista:

As mulheres, elas são as mais afetadas pelo capitalismo e pelas suas contradições, né, as mulheres são as que mais sofrem com locomoção… E com uma revolução socialista as mulheres têm um papel fundamental, começam a participar devidamente da sociedade, não sendo menosprezada dentro da sociedade. A gente tem uma equivalência dentro da sociedade com os homens e nós temos os nossos direitos garantidos dentro de uma sociedade socialista” relatou Gabi em uma entrevista dada no dia 22 de Março de 2025, durante o ato do 8 de Março na região do ABC.

Gabriela foi coordenadora da Ocupação da Mulher Operária Alceri Maria Gomes da Silva em São Caetano (SP) e esteve na linha de frente na luta pela Delegacia da Mulher 24 horas em Mauá, pelos serviços de atendimento às vítimas de violências e pelo direito das mulheres e das crianças.

Esse foi o 6° feminicídio notificado na região do ABC Paulista apenas no primeiro semestre de 2025 – 50% a mais do que em comparação com o ano inteiro de 2024. O que matou Gabriela Mariel foi a violência doméstica, mas principalmente a violência e a ausência do Estado, que tantas vezes se omite frente a realidade brutal que vivem as mulheres trabalhadoras.

Segundo o IBGE, no Brasil 1 em cada 5 pessoas moram de aluguel. Gabriela era uma das pessoas da lista para ser beneficiada no programa Minha Casa, Minha Vida Entidades, que foi conquistado pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas através das ocupações Manoel Aleixo e Antônio Conselheiro, realizadas na cidade.

Acontece que durante o período em que Gabi se inseriu na luta até o seu assassinato, foi impedida de acessar sua moradia conquistada, graças a burocratização do Governo Federal e da prefeitura com o processo de documentação para viabilizar a construção das casas, mais um fator que poderia ter impedido este assassinato.

Ato por Justiça por Gabriela Mariel é recebido na porta da prefeitura com GCM, ROMU e ROTAM. (Foto: JAV/SP)

Na sexta-feira (06), dando continuidade ao calendário de lutas, foi realizado um grande ato partindo da estação de trem rumo ao teatro da cidade de Mauá, localizado ao lado da prefeitura, onde mais cedo 5 companheiras, ao cobrar respostas do então prefeito Marcelo Oliveira (PT), foram recebidas com repressão da Guarda Civil Municipal na prefeitura que possui os escritos “A Casa do Povo”.

No teatro acontecia o evento “Plano Plurianual Participativo”, que em teoria deveria envolver a participação da sociedade na definição de prioridades e diretrizes do governo para um período de quatro anos. Na prática, os portões do teatro estavam fechados com cadeado e à sua frente haviam inúmeras viaturas da GCM e da Romu na tentativa de amedrontar as mulheres e impedir que os manifestantes acessassem ao teatro para falar com o prefeito.

No sábado (07), dia de Brigada Nacional do Jornal A Verdade, o clima de lutas garantiu uma banquinha na estação de trem de Mauá com a venda de 110 jornais, sendo 10 a mais que a meta, em homenagem à companheira Gabriela. “Gabi se destacava como brigadista do Jornal A Verdade, sempre que pegava um uber, esperava o ônibus, apresentava as ideias do Jornal e sempre vendia. Ela não tinha defensivas e falava com o povo sobre o socialismo sempre!”, afirma Maria Clara, coordenadora do Olga em Mauá e também companheira de luta da Gabriela.

Todo o conjunto da militância se encontra em profundo luto e tristeza. Gabriela Mariel foi vítima desse sistema capitalista, em que milhões de mulheres trabalham numa escala de trabalho desumana para receber salários miseráveis que não permitem pagar o aluguel, se alimentar, sustentar suas filhas e filhos e por isso, precisam morar com seus agressores para dividir as contas.

Apesar disso, no último domingo, realizaram uma assembleia com toda a militância do Olga e da UP para debater os próximos passos da luta. O clima é de combatividade e muita disposição para encontrar mais mulheres e travar uma luta ainda mais consequente, para que cada vez mais se avance rumo à destruição do capitalismo, essa sociedade que não permite que as mulheres vivam. Estar viva e passando fome; desempregada; morando ao lado de esgoto a céu aberto; vendo seus filhos serem assassinados pela polícia; sofrendo violência doméstica; tendo medo de ficar sem casa a cada gota que cai do céu, não é viver, é sobreviver.

Assim, o Movimento de Mulheres Olga Benario no estado de São Paulo lançou a campanha “Basta de feminicídio! Nenhuma a Menos! Justiça por Gabriela Mariel!” para que cada núcleo organize atos denunciando os casos de feminicídio nas regiões do estado e chame mais mulheres para a luta pelo fim dos feminicídios e pelo socialismo.

Para que as mulheres e crianças possam viver com dignidade, com educação, livre da violência e da exploração: somente na sociedade socialista! Gabriela sabia disso e agora, fruto de sua luta e memória, muitas mais saberão!

O Movimento de Mulheres Olga Benario, a Unidade Popular pelo Socialismo, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas e o Partido Comunista Revolucionário se despedem de Gabriela em vida, mas dando a certeza de que suas ideias e pensamentos jamais morrerão e de que sua luta terá como consequência final uma grande revolução que colocará a classe trabalhadora no poder deste país e futuramente de todo o mundo!

VIVA A LUTA DAS MULHERES COMUNISTAS!
GABRIELA MARIEL PRESENTE AGORA E SEMPRE!

Em mais um crime de guerra, Israel sequestra barco com ajuda humanitária para Gaza

Voluntários da embarcação Madleen, da Flotilha da Liberdade, são sequestrados por Israel por tentar levar ajuda humanitária a Gaza.  

Redação 


INTERNACIONAL – No último domingo (8), o exército israelense sequestrou o barco Madleen, embarcação da Coalizão Flotilha de Liberdade, que busca criar um corredor marítimo de ajuda humanitária em Gaza e romper o cerco. A bordo deste navio estavam 12 civis de diferentes nações, entre eles a parlamentar franco-palestina Rima Hassan, o brasileiro Thiago Ávila e a militante sueca Greta Thumberg. Com eles, levavam remédios, leite, comida e outros suprimentos. Há 80 dias israel impede a entrada de comida e ajuda humanitária em Gaza.

“Eu instrui o exército para que impeça a chegada do ‘Madleen’ a Gaza. À Greta [Thunberg], a antisemita, e aos seus companheiros porta vozes do Hamas, digo claramente: voltem, pois não chegarão à Gaza”, disse ministro da defesa de israel em nota oficial. Na manhã de domingo, os militares nazi-sionistas preparavam um novo crime de guerra. 

“Acabamos de receber algumas notícias muito estranhas. De acordo com nosso rastreador, nós não estamos mais a 162 milhas náuticas de Gaza, que é onde estamos, mas no aeroporto da Jordânia. Nós sabemos o que isso significa. Quando eles começam a bloquear a nossa comunicação, quando eles começam a mexer como nossos dispositivos, isso significa que eles estão se preparando para uma interceptação”, relatou Thiago Ávila em publicação nas redes digitais. 

Na mesma noite, soldados do exército invadiram a embarcação e a conexão com os ativistas foi perdida. Logo após, o governo sionista noticiou que havia prendido os voluntários.

Em nota, a Federação Árabe Palestina do Brasil também de manifestou repudiando o ataque aos voluntários e denunciando a Solução Final imposta por Israel aos palestinos. (Confira a nota completa no fim da reportagem). 

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil se manifestou nessa segunda, e de  limitou a afirmar que “acompanha com atenção” o sequestro dos voluntários e a pedir para que Israel os liberte.

Genocídio gera lucros para a burguesia

O genocídio em Gaza ultrapassa os 600 dias, e já alcança a faixa dos 54 mil palestinos assassinados pelo estado sionista de israel. Em comunicado oficial sobre a interceptação do Madleen, israel afirma que a organização “Fundação Humanitária de Gaza” realizou a distribuição de suprimentos com mais de 1200 caminhões. O que Netanyahu cruelmente esconde é que esta é uma organização fantasma, utilizada pelo exército como armadilha para assassinar seres humanos famintos em busca de comida. 

Tamanha crueldade é reflexo dos interesses daqueles à quem se beneficiam dessa carnificina: a burguesia. A classe burguesa no mundo lucra bilhões através da indústria de guerra (fabricação e venda de armas, bombas, tanques etc.), sobretudo a burguesia estadunidense, que financia diretamente o genocídio ao povo palestino. Anualmente, o Governo dos EUA financia armas para Israel no equivalente a 3,8 bilhões de dólares. Para a classe burguesa, não importa quem seja assassinado, desde que continuem a ser os donos do capital. A burguesia vê em cada palestino que resiste ao genocídio uma oportunidade de aumentar seus cifrões. 

NOTA DA FEDERAÇÃO ÁRABE PALESTINA DO BRASIL 

Ataque à Flotilha da Liberdade é parte da solução final de “israel” na Palestina

O regime sionista de “israel”, forma social e estatal degenerada que supera até mesmo o nazismo, que se faz enquanto experimento social genocida na Palestina há 77 anos e que leva a cabo o maior extermínio humano da história em Gaza, em 611 dias ininterruptos e televisionados, acaba de atacar com violência a Flotilha da Liberdade, integrada por 11 tripulantes, dentre eles a ativista Greta Thunberg, o brasileiro Thiago Ávila e a parlamentar palestino-francesa Rima Hassan, cuja missão era furar o bloqueio “israelense” e entregar comida e medicamentos à população palestina, submetida à fome como arma de guerra na pretendia solução final perseguida pelo sionismo e seus aliados ocidentais. 

O Medleen é uma embarcação que não leva armas ou militares; leva apenas ajuda humanitária, a que “israel” e seu dono, os EUA, negam aos palestinos desde o início do extermínio em Gaza, em 7 de outubro de 2023. Se os ativistas não representam nenhum perigo militar ou de “segurança”, por que atacá-los com tamanha violência? Por que impedir que cheguem às costas de Gaza?

A resposta é simples: porque a ajuda humanitária não pode chegar aos civis de Gaza, às mulheres, crianças, anciãos, presos neste campo de concentração para serem exterminados, o objetivo final de “israel”, agora abertamente confessado por seus dirigentes e pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Além disso, “israel” não pode permitir que estes ativistas testemunhem a solução final em curso em Gaza e a informem ao mundo, in loco e ao vivo. A razão é a mesma da maior matança de jornalistas da história (219 contra 69 na 2ª Guerra Mundial): esconder do mundo o extermínio sionista em Gaza.

Atacar os ativistas da Flotilha da Liberdade tem as mesmas motivações dos maiores assassinatos da história de profissionais de saúde (1.411), de funcionários da ONU (203), de profissionais da defesa civil (113), professores (800): tornar inabitável Gaza e levar à morte massiva do povo palestino que habita Gaza.

Foram essas ações que levaram à maior matança de crianças de todos os tempos (9.997 por milhão de habitantes, 3,55 vezes mais que no período nazista, quando foram mortas 2.813 por milhão de habitantes da Europa da 2ª Guerra). Tudo isso tem a ver com a busca da eliminação dos 2,3 milhões de habitantes palestinos de Gaza, integral limpeza étnica.

É evidente que a ajuda humanitária da Flotilha da Liberdade é fundamental, mas é menor frente ao que os ativistas estão mostrando ao mundo: “israel” não tolerará as ações de solidariedade que impeçam o extermínio do povo palestino. Se ainda faltavam, não há máscaras que possam esconder as reais intenções sionistas em Gaza.

Diante de mais esta ação criminosa de lesa-humanidade do regime degenerado de “israel”, este precisa finalmente ser isolado e penalizado, seja com sanções, boicote e desinvestimento, seja com bloqueio militar, inclusive implacável ataque bélico, que vise proteger o povo palestino do maior desastre humano da história. 

Se a humanidade parou a Alemanha nazista e destruiu seu regime, é nosso dever histórico parar o “israel” sionista e destruir seu regime. Termos feito isso fez bem à humanidade e ao povo alemão. Parar “israel” hoje trará segurança para a humanidade e salvará palestinos e israelenses da ideologia fascista sionista e de seu regime genocidário. 

Nossas mais irrestritas solidariedade e gratidão aos 11 ativistas da Flotilha da Liberdade. 

Por fim, o Brasil tem o dever legal, político, ético e moral de romper todas as relações com este regime análogo ao nazista que atende pelo nome fantasia “israel”, até que este pare o genocídio em Gaza e cumpra todos os ditames do Direito Internacional e das Resoluções da ONU para a Palestina. 

Palestina Livre a partir do Brasil, 8 de junho de 2025, 78° ano da Nakba.

Veja a nota no site da FEPAL neste link.

Grupo Meta censura página do Jornal A Verdade no Instagram

Grupo Meta baniu perfil com 100 mil seguidores do Jornal A Verdade no Instagram. Sem argumentos, afirma que “pode estar associada a outra que não seguiu nossas regras”.

Redação


JORNAL – Em mais um ataque à imprensa dos trabalhadores, o monopólio capitalista Meta, controlador do Instagram, tirou do ar a conta do Jornal A Verdade. O ataque à liberdade de imprensa ocorreu na tarde desta quinta-feira (05), com a suspensão da página, e foi consumado na manhã deste dia 06 com o anúncio do banimento.

A página do Jornal A Verdade no Instagram era uma das principais da imprensa independente e de esquerda no Brasil. Com 100 mil seguidores, o perfil reproduzia as matérias publicadas no jornal impresso, as notícias do site, além de material exclusivo de audiovisual.

Nossa página se destacou em coberturas de lutas importantes do povo trabalhador, como a tentativa de despejo da Favela do Moinho, em São Paulo, a luta contra as privatizações, as ocupações urbanas e contra a fome organizadas pelo MLB, as greves de várias categorias e a luta dos estudantes. Também somos uma voz ativa na denúncia contra o genocídio do povo palestino.

No fim, a decisão do monopólio imperialista Meta é um ataque à iberdade de imprensa e uma censura de todos esses conteúdos dos quais nosso Jornal é uma referência hoje.

Meta e big techs controlam todas as redes digitais no Brasil

Ao contrário do que os políticos fascistas e os donos das chamadas Big Techs dizem, a internet no capitalismo não é um espaço de liberdade de expressão. Na realidade, é um espaço de controle de informação, no qual quem defende o socialismo tem alcance reprimido, ao passo de que quem defende posições de direita ou fascistas tem alcance ampliado.

Isso se dá pelo fato de essas grandes empresas donas das redes digitais terem controle dos algoritmos que determinam quantas pessoas e em quais lugares vão ver uma determinada publicação. Para piorar, no caso do Instagram, a rede é controlada por uma empresa estadunidense que também é dona do WhatsApp e do Facebook, as três redes digitais mais acessadas no Brasil. Ou seja, os principais meios de comunicação digital do nosso país são controlados por um monopólio estrangeiro.

O banimento da página do Jornal A Verdade é mais um capítulo no ataque dessas companhias a quem defende a classe trabalhadora e um programa socialista na sociedade.

Apesar disto, nosso Jornal continua em movimento em todo país. Neste sábado, nossas brigadas nacionais levarão o Jornal a bairros, fábricas e transportes públicos de centenas de cidades pelo país.

A Verdade é o jornal independente que mais cresce no Brasil, ultrapassando a marca dos 40 mil exemplares por edição, e assim seguiremos com nossa linha política e editorial, como “um jornal dos trabalhadores na luta pelo socialismo”.

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Trabalhadores organizam ocupação de fábrica em Diadema para garantir seus direitos

Redação SP


Desde o início de 2025, trabalhadores da Movent, empresa metalúrgica localizada na cidade de Diadema (SP), realizam vigílias e acampamentos na porta da fábrica para impedir que os proprietários vendam o maquinário, que deveria ser leiloado para garantir o pagamento dos direitos trabalhistas após suas demissões.

Segundo relatos dos trabalhadores, no início de 2023, a empresa contava com cerca de 440 funcionários. Em abril daquele ano, a diretoria iniciou um processo de demissões em massa de metalúrgicos. Ainda em 2023, mais de 300 trabalhadores foram demitidos sem receber verbas rescisórias ou outros direitos trabalhistas.

Também em 2023, a empresa de autopeças entrou com um pedido de recuperação judicial e paralisou completamente suas atividades no início de 2025, deixando mais de 400 trabalhadores sem qualquer tipo de pagamento ou direito garantido.

Diante dessa situação, os trabalhadores decidiram ocupar a entrada da fábrica para impedir que os donos retirem o pouco maquinário que restou, com a esperança de que os equipamentos possam ser leiloados para quitar os débitos trabalhistas.

O Movimento Luta de Classes e o jornal A Verdade têm acompanhado a luta dos operários nas vigílias e conversado com os companheiros que permanecem diariamente na porta da empresa. Roberto, que trabalha há 20 anos na Movent, relatou: “Dediquei minha vida a essa empresa. Já tive que fazer duas cirurgias por doenças causadas pelo trabalho e, agora, somos tratados assim”. Ele continua: “Apesar da situação difícil, tenho certeza de que, se os trabalhadores se unirem, conseguiremos garantir nossos direitos”.

Outro trabalhador, com mais de 30 anos de casa, que preferiu não se identificar, afirmou: “Na minha opinião, a empresa deveria ser ocupada. Só existe direito para os ricos. O negócio é ocupar para, pelo menos, a gente ficar com as máquinas”.

Matéria publicada na edição 313 do Jornal A Verdade.

Ato do 1º de Maio impulsiona greve em fábrica de SC

Luiza Wolff | Joinville (SC)


TRABALHADOR UNIDO – No 1º de Maio deste ano, o Movimento Luta de Classes (MLC) e a Unidade Popular (UP) organizaram um ato político em frente à metalúrgica Tupy, em Joinville (SC). A empresa, além da unidade catarinense, possui fábricas em Mauá (SP) e em Coahuila, no México, contando com cerca de 13 mil trabalhadores.

Durante o ato, houve panfletagens e denúncias sobre a situação dos operários da fábrica, que enfrentam baixos salários, aumento no custo dos alimentos, alugueis altos e jornadas exaustivas. O protesto mobilizou trabalhadores de outras regiões do estado, resgatou a história de lutas do 1º de Maio e contou com o canto d’A Internacional, hino mundial da classe trabalhadora.

Apesar de ser feriado, os trabalhadores da Tupy teriam expediente normal. No entanto, impactados pela força do ato, pela experiência de luta apresentada e pela indignação com suas condições, os operários decidiram realizar uma paralisação e declararam estado de greve. As principais reivindicações são a valorização salarial e melhores condições de trabalho, em um momento em que a carestia dos alimentos e dos alugueis consome quase todo o salário de uma família trabalhadora.

A mobilização dos operários da Tupy é um exemplo para todo o país. Mostra que os trabalhadores estão, sim, dispostos a lutar, ao contrário do que afirmam setores dos movimentos sociais que abandonaram suas bases e culpam a classe pela falta de mobilização.

Só a luta da classe operária pode conquistar melhores salários, o fim das jornadas exaustivas e abrir caminho para uma nova sociedade, a sociedade socialista.

Todo apoio aos trabalhadores da Tupy!

Retomar o 1º de Maio classista e revolucionário

Enquanto as centrais sindicais se dedicam a fazer shows despolitizados, churrascos, sorteios de carros e afins, tentando frear a luta dos milhões de explorados no Brasil, o MLC apontou para que o Dia Internacional da Classe Trabalhadora fosse marcado como uma data de lutas e reivindicações.

Vanieverton Albuquerque | Coord. Nacional do MLC


TRABALHADOR UNIDO – O 1º de Maio é uma data histórica da classe trabalhadora, arrancada pelos heróis de Chicago assassinados pelo governo dos EUA, em 1886, numa greve pela redução da jornada de trabalho.

O Movimento Luta de Classes (MLC), a Unidade Popular (UP), o Partido Comunista Revolucionário (PCR), a União da Juventude Rebelião (UJR), o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), o Movimento de Mulheres Olga Benario e a Frente Negra Revolucionária (FNR) realizaram atos construindo um 1º de Maio combativo, classista e revolucionário.

Atos em todo país

De Norte a Sul do Brasil, trabalhadores, estudantes, mulheres, moradores dos bairros populares, ocuparam ruas para denunciar o injusto sistema capitalista e chamar a população para lutar pelo fim da escala 6×1, defendendo a imediata redução no preço dos alimentos e o aumento de 100% do salário mínimo. Ergueram bem alto a bandeira do socialismo, fazendo tremular o estandarte da libertação dos oprimidos e oprimidas.

Em Joinville (SC) (ver matéria abaixo), após ato realizado na manhã do dia 1º de maio, os operários metalúrgicos da Tupy decidiram entrar em estado de greve e reivindicar o fim da escala 6×1 e aumento real dos salários. No Rio de Janeiro e em São Paulo, centenas de lutadores e lutadoras ocuparam as ruas em passeata.

Em João Pessoa (PB), trabalhadores da limpeza urbana cruzaram os braços por horas, enquanto debatiam os rumos da sua campanha salarial. Em Recife (PE), ocuparam mercados públicos conclamando os trabalhadores a retomarem seu dia de luta contra os patrões e os governos de plantão que servem aos interesses dos ricos.

Também houve manifestações, panfletagens e agitação em mais de 40 cidades que denunciaram os crimes cometidos pela ditadura militar e os golpistas de ontem e de hoje. 

Agitação socialista

Enquanto as centrais sindicais se dedicam a fazer shows despolitizados, churrascos, sorteios de carros e afins, tentando frear a luta dos milhões de explorados no Brasil, o MLC apontou para que o Dia Internacional da Classe Trabalhadora fosse marcado como uma data de lutas e reivindicações. Em todos os atos, a militância priorizou a agitação socialista, defendendo a necessidade da superação deste sistema baseado na exploração da classe trabalhadora.

Assim tem sido em vários países do mundo, inclusive com enfrentamentos contra as forças de repressão policial. Aqui no Brasil, não nos deteremos enquanto não retomarmos o nosso 1º de Maio com atos por todas cidades, exigindo que toda a riqueza produzida pela classe operária seja usada para garantir o direito a uma vida justa, digna e feliz, que só será plenamente realizada na sociedade socialista.

Matéria publicada na edição 313 do Jornal A Verdade.

Privatização da Sabesp retira direitos dos trabalhadores e amplia regalias dos diretores

Privatização da Sabesp tem gerado ataques aos direitos dos trabalhadores e aos serviços prestados à população.

Mikael Marcondes e Redação SP


BRASIL – Em dezembro de 2023, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou a privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) a partir de uma violenta repressão política contra militantes dos movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda que se manifestavam contrários. Na “Batalha da Alesp”, militantes da Unidade Popular (UP) foram presos, e a privatização da Sabesp foi aprovada em meio a bombas de gás lacrimogêneo, que transformaram o plenário em uma câmara de gás. Tudo isso porque um plebiscito popular reuniu quase 900 mil votos contrários à privatização e demonstrou que a população não concordava com a privatização.

Atualmente, a empresa está sob controle da Equatorial Energia, que busca maximizar lucros às custas da perda de direitos e do agravamento das condições de trabalho dos funcionários.

Desde então, a privatização tem gerado ataques aos direitos dos trabalhadores e aos serviços prestados à população. De um lado, os funcionários enfrentam o desgaste psicológico da instabilidade, sob o risco constante de demissão. Além disso, sofrem com a redução salarial, piora nos convênios médicos, aumento da jornada de trabalho e cortes no vale-refeição e no pagamento de horas-extras. Por outro lado, os moradores das periferias convivem com a falta d’água, mau cheiro da água e aumentos abusivos nas contas, sem qualquer explicação. A verdade é que a privatização significa lucros para os ricos e sofrimento para o povo.

Cortes de direitos

A Equatorial já demitiu mais de 500 trabalhadores com o mentiroso Plano de Demissão Voluntária (PDV) e mais outros 1.500 estão na fila da demissão. A empresa pressiona os trabalhadores ameaçando com novas demissões, e o clima é de insegurança diante de tanta instabilidade.

A nova gestão da Sabesp também ampliou a exploração dos trabalhadores e os privilégios da diretoria: o número de diretores aumentou de nove para onze, e seus salários saltaram de R$ 50 mil para R$ 200 mil mensais.

O convênio médico, que antes era igual para todos, agora é dividido por hierarquia: os altos cargos têm plano de elite, enquanto a base perdeu até o direito a quarto de internação e ainda paga parte do valor. O vale-refeição, que antes era pago a cada duas horas-extras, também mudou e será administrado por uma empresa aceita em menos lugares, e ainda foi imposto um teto de R$ 1.000 para o pagamento de valores atrasados, deixando os trabalhadores sem receber o que a empresa os deve. As medidas atingem ainda mais os trabalhadores operacionais, que fazem plantões, horas-extras e viajam prestando serviços. Com tantos ataques, muitos funcionários aderiram ao PDV e tentam se aposentar com menos do que o teto do INSS.

Além disso, há um clima de perseguição aos trabalhadores sindicalizados na empresa. Funcionários, que pediram para não serem identificados, falaram como nossa reportagem: “A gente se vê sem valor nenhum, independentemente de realizarmos um bom trabalho. A empresa impõe tudo que ela quer e, a cada dia que passa, temos menos motivação, a gente trabalha desanimado”. Outro funcionário denuncia a sobrecarga de trabalho: “Tenho muito mais serviço agora. O que fazíamos em quatro, agora somos dois”.

Greve pela reestatização

Muitos trabalhadores afirmam que hoje têm o sentimento de que mais poderia ter sido feito para barrar a privatização em 2024. “Se o sindicato tivesse convocado uma greve, haveria ampla adesão”, dizem. Mas a falta de confiança na base para construir a mobilização, que poderia derrotar os planos do governador fascista Tarcísio de Freitas, cobrou um preço alto: hoje, a Equatorial proíbe o sindicato de se reunir com os trabalhadores nos locais de trabalho, e as negociações são restritas à diretoria sindical, em reuniões fechadas com a empresa.

Em diversos países, a privatização da água e do saneamento levou ao aumento das tarifas, piora dos serviços, falta de transparência e retirada de direitos dos trabalhadores. Países como Alemanha, Estados Unidos e França têm reestatizado empresas do setor, diante do fracasso da gestão privada. Segundo o banco de dados “Futuro Público”, do Transnational Institute (TNI), desde o início dos anos 2000, 367 empresas do setor de água, esgoto e gestão hídrica foram reestatizadas.

A reestatização da Sabesp é uma luta central para garantir que a água, um recurso estratégico e fundamental à vida, esteja sob o controle do povo brasileiro. Para que isso aconteça, será necessário um movimento de pressão popular organizado, em articulação com as categorias profissionais envolvidas. Portanto, é de extrema importância fortalecermos o sindicato, disputarmos sua direção política e construirmos verdadeiras trincheiras de luta em cada base.

Somente com muita organização, setoriais fortes, delegados sindicais combativos e liberdade de crítica poderemos corrigir os erros e avançar. Só assim conseguiremos pautar a estabilidade dos contratos; o fim das terceirizações (com a regularização dos trabalhadores terceirizados); a valorização do plano de cargos e salários; entre outras pautas essenciais.

Construir a uma grande greve combativa é nossa tarefa maior para reverteremos a privatização da Sapesp!

Trabalhador, organize-se, crie núcleos do MLC com seus companheiros de trabalho e vamos às ruas em defesa de uma Sabesp pública e de qualidade!

Matéria publicada na edição 313 do Jornal A Verdade.

ViaMobilidade lucra cada vez mais, enquanto povo de SP sofre e morre

Desde a privatização de linhas do metrô de SP população enfrenta atrasos diários, ar-condicionado desligado, obras inacabadas e falhas frequentes.

Ana Clara e Sergio Henrique | São Paulo 


BRASIL – Desde 2018, com a privatização da Linha 5 – Lilás, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), o Governo de São Paulo intensificou a entrega do transporte público à iniciativa privada. Em 2021, as Linhas 8 – Diamante e 9 – Esmeralda também foram concedidas à empresa ViaMobilidade por um valor muito menor do que elas realmente valem.

A ViaMobilidade, do grupo CCR, também administra a futura Linha 17 – Ouro opera a Linha 4 – Amarela por meio da concessionária ViaQuatro. A empresa é um grande monopólio de infraestrutura, com concessões no Brasil e no mundo, incluindo rodovias e aeroportos. Com um patrimônio superior a R$ 7 bilhões, a CCR está ligada à empreiteira Camargo Corrêa, condenada por corrupção e crimes relacionados.

Desde a privatização, a população enfrenta atrasos diários, ar-condicionado desligado, obras inacabadas e falhas frequentes. A Linha 8, por exemplo, tem 14 vezes mais falhas do que todas as linhas operadas pela CPTM, e, até dezembro de 2024, as multas por irregularidades somavam mais de R$ 966 milhões. No entanto, o Governo do Estado abriu mão desse valor, permitindo que a empresa, em troca, realizasse obras sem prazo para conclusão. A realidade é que utilizar essas linhas são uma humilhação diária para a população.

Morte por descaso

Nas últimas semanas, o resultado das privatizações chegou a um ponto ainda mais absurdo, matando um trabalhador na Linha 5 – Lilás. Lourivaldo Nepomuceno, pai de três filhos e que faria 36 anos no dia 11 de maio, morreu tragicamente, no último dia 05, ao ficar preso entre a porta do trem e a plataforma. Este fato só aconteceu porque a concessionária, desde a privatização da linha, em 2018, não realizou os investimentos necessários para garantir a segurança dos passageiros e trabalhadores. Enquanto as estações administradas pelo Metrô São Paulo receberam a instalação de sensores de presença, a Linha 5, que deveria ter recebido a mesma atenção, foi negligenciada, sem qualquer atualização ou melhoria significativa.

No dia seguinte (06/05), manifestantes e movimentos sociais se reuniram na estação do Campo Limpo, onde a morte ocorreu, para denunciar as privatizações. “Quem é cidadão e morador aqui do Capão Redondo e do Campo Limpo não tem como não se indignar com uma situação como essa. O que aconteceu com esse rapaz, que tem família, que é um trabalhador, é um crime. Não pode passar impune”, cobrou Nilton, professor da rede municipal que passava pelo local.

A ViaMobilidade não investiu um centavo na manutenção da Linha 5 desde sua privatização, e a responsabilidade por essa morte é, portanto, da concessionária e de quem entregou a operação da linha a uma empresa privada que só visa ao lucro, e não à segurança e à integridade dos trabalhadores e passageiros.

Por isso, é hora de transformarmos a indignação em mobilização. Só a luta popular pode barrar esse projeto de destruição do transporte público. A reestatização das linhas de trem e metrô em São Paulo é uma necessidade urgente, não apenas uma bandeira.

Matéria publicada na edição 313 do Jornal A Verdade.

Crise orçamentária na educação expõe contradições do Governo Lula

A severa restrição orçamentária imposta às universidades contradiz frontalmente o discurso de valorização da educação que marcou a campanha e o início do terceiro mandato do presidente Lula.

Thaís Rachel Zacharia | Vice-presidente da UNE


EDUCAÇÃO – O ensino superior brasileiro vem enfrentando uma grave crise orçamentária ao longo dos últimos anos. Enquanto universidades suspenderam serviços essenciais e alertam para a impossibilidade de manter seu funcionamento já a partir deste mês de maio, o Governo Federal mantém generosos recursos para o agronegócio e prioriza o pagamento da dívida pública, revelando contradições em sua política econômica.

No dia 30 de abril de 2025, o Governo publicou o Decreto nº 12.448, que estabelece a programação orçamentária e financeira para o exercício de 2025. O documento se tornou o centro de uma crise nas instituições federais de ensino superior. O decreto limita drasticamente os recursos disponíveis para as universidades, permitindo o empenho de apenas 1/18 do valor previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA) até novembro deste ano. Na prática, isso representa um contingenciamento superior a 30% no orçamento das instituições federais.

Estado de Emergência

“No momento, não temos limite nenhum de orçamento para funcionar no mês de maio”, declarou a Pró-Reitoria de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças (PR-3) da UFRJ durante sessão do Conselho Universitário realizada no dia 8 de maio. A declaração ilustra a gravidade da situação enfrentada pela maior universidade federal do país.

A Administração Central da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) determinou, em nota oficial no último dia 7, a suspensão imediata, em caráter emergencial, de todas as despesas relacionadas a combustíveis, manutenção da frota veicular e aquisição de material de consumo. Apenas serviços considerados de extrema necessidade, como segurança, saúde e transporte interno dos estudantes, continuam autorizados.

Situação semelhante ocorre na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que enfrenta um corte de R$ 8 milhões em relação à estimativa inicial de R$ 170 milhões, que já era considerada insuficiente. Segundo o reitor Irineu Manoel de Souza, a universidade acumulou uma dívida de R$ 17 milhões no ano passado e precisou utilizar parte do orçamento de 2025 para quitá-la, agravando ainda mais a situação financeira da instituição.

O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), reitor José Daniel Diniz Melo, alertou que “as universidades federais não conseguem fechar as contas já neste mês de maio”.

Já a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) contará com menos de 70% dos recursos necessários para funcionar em 2025. O orçamento caiu de R$ 143,1 milhões para R$ 74,6 milhões. A reitora Maria José de Sena alerta que a instituição está em colapso, com dívidas acumuladas e risco de interrupção total dos serviços essenciais até agosto. “Temos um orçamento que está aprovado, sancionado, mas esse orçamento não nos permite trabalhar na universidade até dezembro. Nos primeiros cinco meses deste ano, a gente já usou 41% dos recursos disponíveis para o ano inteiro. O que estamos preocupados é com o abandono orçamentário das universidades. O orçamento só cobre oito meses de despesas da UFRPE. E isso não vai mudar se o governo não mudar as suas prioridades”, declarou.

Prioridades do Governo

A severa restrição orçamentária imposta às universidades contradiz frontalmente o discurso de valorização da educação que marcou a campanha e o início do terceiro mandato do presidente Lula. A priorização do pagamento da dívida pública e dos investimentos no agronegócio, em detrimento das instituições federais de ensino, revela as verdadeiras prioridades da política econômica do governo.

Enquanto as universidades enfrentam um estrangulamento financeiro, o Governo Federal mantém e amplia investimentos bilionários no agronegócio. O Plano Safra 2024/2025 disponibilizou R$ 400 bilhões para a agricultura empresarial, um aumento de 10% em relação à safra anterior. Para o próximo ciclo, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) já solicitou R$ 594 bilhões em recursos financeiros para o Plano Safra 2025/26, um aumento de 24,64%.

Mais alarmante ainda é a comparação com os recursos destinados ao pagamento da dívida pública. Do orçamento total de R$ 5,7 trilhões para 2025, impressionantes 44,14% (equivalente a R$ 2,5 trilhões) serão destinados ao pagamento de juros e amortização da dívida pública. Este valor é 56% maior que o total combinado destinado à Educação, Saúde, Previdência Social e Bolsa Família, que somam R$ 1,6 trilhão. Especificamente para a educação pública, o orçamento prevê apenas R$226 bilhões, menos de 10% do valor destinado ao serviço da dívida.

Educação de qualidade

Sem uma reversão imediata do contingenciamento orçamentário, as universidades federais enfrentarão dificuldades crescentes para manter seu funcionamento ao longo de 2025. A situação é especialmente grave porque o contingenciamento atinge recursos destinados ao funcionamento básico das instituições, excluindo apenas a folha de pagamento. Isso significa que atividades essenciais de ensino, pesquisa e extensão estão diretamente ameaçadas.

A gestão econômica do Governo Lula tem privilegiado uma política fiscal de austeridade, buscando atender às expectativas do mercado financeiro em detrimento dos investimentos em áreas sociais essenciais, como a educação. O decreto de contingenciamento reflete uma diretriz de “adequar o ritmo de execução de despesas ao avanço do exercício e ciclo de avaliação e gestão fiscal do orçamento”, como justificado pelo próprio governo.

Esta orientação, que coloca o ajuste fiscal e o pagamento da dívida como prioridades absolutas, compromete não apenas o presente das instituições federais de ensino superior, mas também seu futuro e sua capacidade de contribuir para o desenvolvimento científico, tecnológico e social do país.

Diante desse cenário, a mobilização do setor da educação tem sido indispensável. Estudantes e trabalhadores têm se organizado em atos nacionais para denunciar os cortes e exigir recomposição orçamentária. Essas manifestações precisam seguir ocupando as ruas em todo o país denunciando o risco de desmonte das universidades públicas e a importância de defender o ensino superior gratuito e de qualidade.

Sem orçamento, não há educação de qualidade! Somente a mobilização coletiva pode garantir que a educação volte a ser prioridade no orçamento brasileiro!

Matéria publicada na edição 313 do Jornal A Verdade.