UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 15 de agosto de 2025
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Chegou A Verdade quinzenal

Uma vitória da imprensa popular e socialista

EDITORIAL

A primeira edição do jornal A Verdade foi lançada em dezembro de 1999, com a manchete “FHC: o professor que virou um grande fazendeiro”. Foram 1.500 exemplares que circularam em cinco estados. Desde então, as ideias defendidas por A Verdade vêm obtendo cada vez mais apoio. O número de leitores cresceu a cada mês e hoje o jornal circula em 20 estados. A tiragem foi crescendo ano a ano e atingiu, em abril, 18.500 exemplares.

Este crescimento permitiu que, após 22 anos, o jornal A Verdade passasse a ser quinzenal. A partir de agora, serão duas edições por mês.

E há mais novidades: A Verdade ganhou um novo projeto gráfico e seu site www.averdade.org.br, após sofrer ataques dos inimigos da democracia, tem novo visual para facilitar a leitura. Em junho, terá ainda um aplicativo para baixar no celular.

Pode parecer pouco para alguns. Mas não é. Enquanto jornais da burguesia deixam de circular e passam a existir somente na internet, A Verdade lança agora duas edições impressas por mês no Brasil. Ademais, A Verdade é um jornal a serviço da classe explorada e oprimida, a imensa classe operária, as massas trabalhadoras. Suas páginas não são vendidas às grandes corporações internacionais e nacionais nem defendem os interesses do capital financeiro, das mineradoras ou do agronegócio. É um jornal dos trabalhadores que luta pela emancipação dos pobres, pelos direitos das mulheres, pela justiça social, democracia popular e socialismo.

Ergue sua voz contra o racismo e em defesa dos povos indígenas e denuncia todos os crimes cometidos pelo Estado burguês. Os princípios de A Verdade são baseados no marxismo-leninismo, no fim da exploração de classes, na solidariedade e fraternidade entre os irmãos trabalhadores e os povos de todo o mundo.

A Verdade é um jornal que se sente honrado em desafiar e lutar contra os poderosos interesses da classe capitalista e pelo fim da escravidão assalariada. É um jornal socialista no seu conteúdo e na sua forma, pois é feito com base na cooperação de centenas de companheiros e companheiras. Leva à prática os princípios definidos pelo grande revolucionário e criador do socialismo científico, Karl Marx: “A função da imprensa é ser o denunciador incansável dos opressores. (…) O dever da imprensa é tomar a palavra em favor dos oprimidos a sua volta. O primeiro dever da imprensa é minar todas as bases do sistema político existente”.

Mas a vitória de A Verdade se transformar num jornal quinzenal não caiu do céu. Foi fruto de um trabalho coletivo e planejado. Um importante Ativo Nacional de Agitação e Propaganda foi realizado no mês passado com dezenas de militantes, além dos ativos estaduais que se seguiram. Semanalmente, a Redação Nacional se reúne, debate as matérias, distribui entre os editores e prepara a próxima edição.

Como tem apoio entusiasta de seus leitores, A Verdade conta ainda com diversos colaboradores que escrevem textos e mandam fotos. Além disso, A Verdade dispõe de centenas de brigadistas, militantes do PCR, da UP e dos movimentos sociais que garantem que ele chegue às mãos do povo.

A Verdade quinzenal é uma vitória da imprensa popular e socialista, uma vitória de todos que nessa caminhada trabalharam para que este sonho se tornasse realidade, uma vitória principalmente para os oprimidos e explorados que terão um jornal ainda mais incansável na denúncia dos opressores, sempre erguendo a bandeira da revolução e do socialismo.

Com A Verdade quinzenal, semearemos mais e organizaremos mais operários e operárias no exército que construirá uma nova sociedade, na qual não haverá pobreza, nem corrupção, fascismo ou exploração. Apesar do fascista e dos generais, A Verdade quinzenal triunfou. Avante, camaradas!

O dia que o povo vestiu a melhor roupa e ocupou o TSE

Trabalhadores na audiência de julgamento do registro da UP no TSE, em outubro de 2019 – Foto: Jorge Ferreira / Jornal a Verdade

Jorge Ferreira

Era manhã de uma quinta-feira de outubro de 2019 quando os servidores do Tribunal Superior Eleitoral tiveram que lidar com com uma situação incomum: algumas  dezenas de trabalhadores desejavam assistir uma audiência de julgamento. A lotação do plenário  com cerca de duzentas confortáveis cadeiras não era o problema, mas os visitantes não estavam com “vestimentas adequadas” que os permitisse estar diante dos ministros.

Naquele dia, homens e mulheres que diariamente acordam cedo e utilizam transporte público lotado para trabalhar, que pegam no pesado para sobreviver, colocaram suas melhores roupas, seus melhores sapatos, alguns cortaram o cabelo, outros usaram o melhor perfume. Era dia de festa. Após dois longos anos e um milhão e duzentas mil assinaturas recolhidas nos trens, nos bairros populares, nas portas de fábrica, e, apesar das dificuldades, registradas em cartórios de vários estados em todas as regiões do país, havia chegado o dia que iniciaria o julgamento do registro da Unidade Popular pelo Socialismo na mais alta corte eleitoral do Brasil.

Com a emoção transbordando em sorrisos largos, representando todos aqueles abnegados trabalhadores que entregaram suas poucas horas livres para cumprir a tarefa histórica de constituir o partido dos pobres, do povo trabalhador, entraram no prédio do TSE para assistir a audiência que reconheceria  a legitimidade de todo o processo. Entretanto, a poucos metros do plenário principal do Tribunal, a chefe dos seguranças alerta que não será possível que os visitantes adentrem no local por não estarem vestidos adequadamente. “Onde está escrito isso?”, foi o primeiro questionamento do advogado Thiago Santos.

Thiago Santo, advogado da Unidade Popular, intervindo para garantir o acesso dos trabalhadores ao plenário – Foto Jorge Ferreira /  Jornal a Verdade

Daí em diante iniciou-se uma luta contra o tempo. Há poucos minutos de iniciar o julgamento, nem mesmo o presidente do partido, Leonardo Péricles, morador de ocupação, havia conseguido entrar no plenário justamente por estar somente com camisa social, mas sem terno e gravata. “Veja bem, argumentava Thiago Santos, essas pessoas estão justamente com suas melhores roupas, não há ninguém vestido de forma inadequada”. As mulheres que estavam de calça jeans, ao ver o tempo passando e a recusa da chefe dos seguranças, começaram a improvisar saias com cachecóis. Os homens já não mostravam os dentes, uma pequena angústia tomava conta. 

Em meio ao embate jurídico da legalidade da exigência de terno e gravata entre o advogado do partido e os servidores, alguns seguranças sensibilizados prometeram irem até o vestiário verificar se tinham terno reserva para emprestarem ao visitantes, mas já alertaram que não haveria para todos. Pouco antes de iniciar a sessão, o advogado do partido conseguiu que a questão fosse levada até a presidente da Casa, à época ministra Rosa Weber. Alguns instantes antes de iniciar o julgamento a entrada foi autorizada.

Foto Jorge Ferreira / Jornal a Verdade

Nesse dia, o procurador eleitoral Humberto Jacques apresentou parecer favorável, e o relator do processo, ministro Jorge Mussi, proferiu votou favorável ao registro alegando que “não poderia ser diferente, já que o partido cumpriu todas as exigências normativas”, entretanto o julgamento foi suspenso por um pedido de vista de um dos ministros, só sendo retomado, aprovado e registrado em dezembro do mesmo ano. 

Mas foi exatamente naquele dia, 24 de outubro de 2019, que pela primeira vez o plenário do Superior Tribunal Eleitoral foi ocupado por pessoas sem terno e que, como retrata um grande filme, também não usam “Black Tie”.

 Talvez tenha sido duro para os ministros da burguesia olharem de frente homens e mulheres que vivem do próprio suor. Para a Unidade Popular foi um dia histórico, mais um capítulo da emocionante luta pela libertação de milhões de trabalhadores brasileiros.

Foto Jorge Ferreira / Jornal a Verdade


MLB protesta contra despejos e GCM reprime ato em SBC

Foto: Jorge Ferreira / Jornal a Verdade

João Coelho e Jorge Ferreira

MLB São Paulo

Fazia frio na tarde dessa quarta-feira, dia 12 de agosto, quando Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) organizou na cidade de São Bernardo do Campo um ato contra os despejos de famílias pobres durante a pandemia e em defesa do direito à moradia digna. O ato fez parte de uma agenda nacional de mobilizações que levou às ruas centenas de famílias, em diversas cidades brasileiras, levantando a bandeira do Despejo Zero, uma campanha nacional que unifica movimentos sociais e outros apoiadores na luta pelo fim dos despejos durante a crise da Covid-19.

 A manifestação reuniu famílias de vários bairros de São Bernardo do Campo, cidade que sofre com uma política sistemática de despejos por parte do Prefeito Orlando Morando (PSDB), de Diadema, Santo André, Mauá, Francisco Morato, São Matheus e de várias regiões da Capital, além de outros movimentos que se somaram à essa luta, como o Projeto Meninos e Meninas de Rua (PMMR), o Coletivo Democracia Corinthiana, a Torcida Guerreiros do Tigre do São Bernardo F.C., o Movimento de Mulheres Olga Benário, etc. Para Gabriela Mousse, da Democracia Corinthiana: “Eles agem assim [despejos e repressão ao povo pobre] porque se sentem livres para fazer o que querem, não há motivo nenhum para ações desse tipo. Claro, o governo já é fascista e tá rolando uma pandemia, para eles fica mais fácil, por isso temos que ocupar as ruas com mais frequência”.

Foto: Manuelle Coelho / Jornal a Verdade

Alguns trabalhadores vieram de longe, é o caso de Cirilo Conceição, que viajou cerca de 80 quilômetros para poder participar do ato: “Sou de Francisco Morato, uma cidade abandonada pelos governantes. Governantes corruptos e omissos que permitiram que meu filho viesse a falecer. Quem me apoiou não foi nenhum governante, foi o povo, foi o MLB. Convidamos vocês a abraçarem essa causa porque essa é a causa de todos nós trabalhadores, estudantes, que pagamos aluguel, que somos despejados. O governo é o culpado disso, o governo não tá nem aí pra nós, eles querem é matar nossos filhos. Eles abandonam nossos bairros, na minha rua um carro não foi capaz de entrar pra prestar socorro ao meu filho. Eu abracei e vou continuar abraçando o MLB, essa ferramenta dos trabalhadores para lutar por uma moradia digna”.

Foto: Jorge Ferreira / Jornal a Verdade

A marcha, que contou com mais de cem pessoas, ocorreu no fim da tarde e foi da Igreja Matriz, no centro da cidade, até o Paço Municipal, em uma caminhada pacífica de mais de uma hora, mantendo o distanciamento social, o uso de máscaras e todos os cuidados relativos à pandemia da Covid-19 e sem qualquer tipo de conflito, sendo inclusive apoiada pela maior parte da população que transitava pela cidade, de carro, de ônibus ou a pé. Segundo Daniela, que constrói o MLB no bairro Detroit, em São Bernardo: “Essa manifestação é muito importante, estou aqui não só por mim, mas pelas minhas filhas e pela minha comunidade. Aprendi com o MLB que nós precisamos lutar, assim como fizeram os escravos, que se revoltaram e hoje são libertos. Mas ainda existe uma escravidão pra gente vencer e por isso estamos na luta”.

A organização do ato realizou um acordo com a Guarda Civil Municipal (GCM) e com a Polícia Militar, para que a manifestação fosse encerrada no Paço Municipal com uma assembleia das famílias que cobravam o seus direitos. No entanto assim que os primeiros militantes do movimento entraram no Paço, carregando uma faixa com os dizeres “Despejo Zero, Morar é um Direito”, a GCM descumpriu o acordo e atacou covardemente três Coordenadoras do MLB que carregavam a faixa, desferindo empurrões, socos e utilizando spray de pimenta sobre as mulheres; rapidamente um conjunto de famílias se aproximou, afastou os políciais e organizou um cordão de isolamento para impedir novas agressões.

Ao todo foram mobilizadas cerca de 30 viaturas entre GCM e Polícia Militar com o objetivo de impedir a continuação do ato através de uma ação agressiva e completamente desproporcional, descumprindo um acordo feito minutos antes, alegando que o movimento estava proibido de adentrar o Paço Municipal carregando qualquer tipo de bandeira ou faixa e demonstrando o caráter repressivo do Estado contra os trabalhadores, os pobres e os lutadores sociais que cada dia fica mais intenso no Brasil. As famílias conseguiram assegurar o direito de realizar sua assembleia no local e em alguns minutos de diálogo e de muita agitação política contra as injustiças do sistema capitalista, o sistema dos ricos que durante a pandemia promove o crescimento do patrimônio dos bilionários exploradores e o empobrecimento geral daqueles que vivem do próprio trabalho, decidiram encerrar a manifestação, prometendo que voltarão às suas cidades e bairros e organizarão ainda mais pessoas para lutar pela Reforma Urbana e pelo Socialismo. Segundo Thais Gasparini, uma das Coordenadoras Estaduais do MLB agredidas pela GCM: “Essa repressão, esse uso da violência para calar quem se manifesta é um espelho do que acontece na periferia, em que essa mesma GCM é utilizada pra derrubar as casas do povo pobre. Isso precisa acabar, por isso nos manteremos firmes na luta, cada dia maiores, combatendo a exploração, a especulação imobiliária e a política dos ricos, dos latifundiários e dos banqueiros”.

Para Arnor, membro do MLB do bairro do Divinéia, em São Bernardo: “O ato foi muito bom, muito bonito, temos que seguir lutando. Já precisamos marcar a próxima passeata”.

Exército Vermelho salvou humanidade do nazismo

bandeira URSS no reichstag

No capitalismo, as guerras são fruto da concorrência entre as classes dominantes de diferentes nações pelo domínio do planeta. Na Primeira Guerra Mundial, formaram-se dois blocos imperialistas opostos: Tríplice Aliança (Impérios Alemão, Austro-Húngaro e Turco-Otomano) e a Tríplice Entente (Impérios Inglês, Francês e Russo).

O sol nasce vermelho

Algo novo, entretanto, surgiu durante a Primeira Guerra Mundial: a revolução socialista de outubro de 1917, na Rússia; nova cisão ocorria no mundo, agora dividido em dois sistemas adversos: o capitalismo e o socialismo.

Os dois blocos capitalistas passaram a ter um objetivo comum: a destruição do primeiro Estado operário-camponês da história, em vista da restauração do capitalismo em escala global. Foi com este propósito que o bloco vencedor investiu na economia alemã 15 bilhões de marcos em seis anos (1924-1929).

Quando o nazismo se apossa da Alemanha e explicita seu intento de domínio mundial, as potências capitalistas dominantes não tratam de combatê-lo. Ao contrário, fecham os olhos às suas agressões e até incentivam o monstro nazista a direcionar seu ataque contra a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

Em 1939, a URSS propôs à Inglaterra e França um pacto para ações militares conjuntas se os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), bloco nazifascista, iniciassem a guerra na Europa. Não houve rejeição formal, mas nenhum passo foi dado por parte dos países capitalistas para concretizar o pacto. Ao contrário, França e Inglaterra firmaram com Alemanha e Japão acordos de não-agressão. Deixada sozinha, em agosto de 1939, a URSS assinou com a Alemanha um tratado de não-agressão. Os dirigentes sabiam que, mais cedo ou mais, tarde Hitler romperia o acordo, mas conseguiram ganhar um tempo valioso para transferir parte de suas indústrias para o leste do grande território soviético, bem como reforçar sua capacidade de defesa militar.

De 1938 a 1941, Hitler ocupou Áustria, Checoslováquia, Polônia, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Noruega, Grécia, Iugoslávia e finalmente a própria França. Na Europa central e oriental, a Alemanha adquiriu imensa quantidade de material de combate, meios de transporte, matérias-primas, materiais estratégicos e força de trabalho, tornando-se forte o suficiente para atacar a URSS.

Hitler, no livro MeinKampf(Minha Luta), proclamou: “…tratando-se de obter novos territórios na Europa, deve-se adquiri-los principalmente à custa da Rússia”.

dia da vitória na bulgária 09 05 1945

A invasão hitlerista foi impiedosa. “Fuzilavam em massa as pessoas (mulheres, crianças, idosos, montavam campos de morte, deportavam para trabalho forçado na Alemanha. Por onde passavam, não deixavam pedra sobre pedra”. Era a política do extermínio. “Eu tenho o direito de destruir milhões de homens de raça inferior que se multiplicam como vermes” (Hitler).

Em resposta, o governo, o Partido Bolchevique e o povo soviético lançaram a palavra de ordem: “Morte aos invasores fascistas, tudo para a frente! Tudo para a vitória!”. Às fileiras do Exército Vermelho se integraram milhões de homens. Criaram-se também inúmeros regimentos de milícia popular, contando com dois milhões de combatentes.

Formou-se ainda na retaguarda uma força guerrilheira massiva. A dedicação e bravura do povo soviético comoveram o mundo e foram decisivas para quebrar a resistência capitalista (EUA, Inglaterra, França). Formou-se finalmente o bloco aliado, antifascista, a frente única dos povos pela democracia.

Caíra por terra a ideia de Hitler de que a ocupação da URSS seria um passeio uma “guerra relâmpago”. Os nazistas não imaginavam a resistência que encontrariam nas principais cidades: Leningrado, Stalingrado, Kiev e Moscou, entre tantas. Homens, mulheres, idosos e crianças se ergueram como muralha inexpugnável.

Os feitos do povo soviético repercutiram no mundo inteiro, levando um jornal burguês como o STAR, de Washington, a publicar: “Os sucessos da Rússia na luta contra a Alemanha hitleriana revestem-se de grande importância não só para Moscou e o povo russo, como também para Washington, para o futuro dos Estados Unidos. A história renderá homenagens aos russos por terem suspendido a guerra relâmpago, pondo em fuga o adversário”.

Em junho de 1942, os invasores avançam, mas encontram uma barreira instransponível em Stalingrado. Durante sete meses de combate, os invasores perderam 700.000 soldados e oficiais, mais de mil tanques, dois mil canhões e morteiros, 1.400 aviões. Os invasores eram tecnicamente superiores, mas, em novembro de 1942, os números já se invertiam em favor dos soviéticos. Os alemães estavam com 6.200.000 soldados, os soviéticos com 6.600.000; 5.000 tanques invasores contra 7.000 soviéticos; 51.000 peças e morteiros contra 77.000.

Na derrota do Stalingrado, os nazistas perderam 1,5 milhões de soldados e oficiais. “… Do ponto de vista moral, a catástrofe que o exército alemão sofreu nos acessos de Stalingrado teve um efeito sob o peso do qual ele não pôde mais reerguer-se”. (A segunda guerra mundial, B.Lideel Hart)

Depois, ocorreu a vitória do Cáucaso e se iniciou processo de expulsão em massa dos ocupantes nazistas. “A União Soviética pode orgulhar-se das suas heroicas vitórias”, escreveu o presidente dos EUA, Franklin Roosevelt, acrescentando: “…os russos matam mais soldados inimigos e destroem mais armamentos do que os outros 25 estados das Nações Unidas no conjunto”.

O final de 1943 marca a virada na frente soviética e na Segunda Guerra em geral. O movimento contra o nazifascismo se consolidou e se ampliou em todo o planeta.

Em junho de 1944, com o exército alemão batido em todas as regiões da URSS, as tropas anglo-americanas desembarcaram no Norte da França, dando início à frente ocidental proposta pelo governo soviético desde o início da invasão.

Pode-se dizer que a essa altura a guerra estava decidida, diante da derrota alemã na Rússia. O próprio Winston Churchil, primeiro-ministro britânico, reconhece o papel fundamental dos soviéticos, no discurso pronunciado na Câmara dos Comuns, em julho de 1944: “….Considero meu dever reconhecer que a Rússia mobiliza e bate forças muitíssimas maiores que as enfrentadas pelos aliados no Ocidente, que, há longos anos, ao preço de imensas perdas, ela suporta o principal fardo da luta em terra”.

Um exército libertador

Apesar de imensas perdas, o Exército Vermelho avançou no encalço dos alemães pela Europa Oriental adentro, fustigando os nazistas e auxiliando as forças populares da resistência a derrotarem os ocupantes e seus colaboradores internos. Repúblicas democrático-populares foram instaladas com os partidos comunistas à frente na Polônia, Hungria, Iugoslávia, Checoslováquia, Romênia e Bulgária.

“Para Berlim!” era a palavra de ordem do exército libertador. Não foi um passeio. A resistência nazista, embora enfraquecida, produzia encarniçados e sangrentos combates. Os russos vitoriosos não mataram, não pilharam, não se vingaram dos crimes cometidos pelo exército alemão no solo soviético. Ao contrário, alimentaram os famintos, organizaram a assistência médica, o funcionamento dos transportes, a distribuição de água e de energia elétrica. A 2 de maio de 1945, o Comando Supremo alemão assinou o ato de capitulação incondicional das forças armadas, com a bandeira da URSS tremulando no alto do parlamento alemão, em Berlim. No dia 09 de maio, houve um imenso ato em Moscou em comemoração ao fim da Grande Guerra Patriótica (como os soviéticos denominaram sua participação na Segunda Guerra Mundial) e, desde então, até hoje, celebra-se na Rússia esta data como o Dia da Vitória.

Sob novos céus

Terminada a guerra na Europa, era preciso voltar-se para a Ásia. O Japão, aliado dos nazistas dominava milhões de pessoas na China, na Coreia, nas Filipinas. Apesar de as forças armadas dos EUA e da Inglaterra virem imprimindo sucessivas derrotas, as forças japonesas ainda eram numerosas e fortes. De vez em quando, elas atacavam as fronteiras da URSS e torpedeavam navios soviéticos em alto-mar.

No dia 8 de agosto de 1945, a União Soviética declarou guerra ao Japão e começou a ofensiva. Nesse mesmo dia, o primeiro-ministro japonês, Teiichi Suzuki afirmou: “…A entrada da URSS na guerra hoje de manhã põe-nos definitivamente numa situação sem saída e torna impossível continuar a guerra” . Estava certo. No final do mês, o Exército nipônico havia perdido 677 mil soldados e oficiais: 84 mil mortos e 593 mil prisioneiros.

Ao contrário do que muitos pensam, e a historiografia burguesa busca difundir, não foram as bombas estadunidenses lançadas no início de agosto contra Hiroshima e Nagasaki que provocaram a capitulação japonesa. A guerra continuou normalmente depois do ataque bárbaro e covarde. A rendição resultou do destroçamento do exército nipônico pelas tropas soviéticas.

Se alguém duvida, leia o testemunho do general Chenault, que chefiou as forças dos EUA na China: “…A entrada da URSS na guerra contra o Japão foi o fator decisivo para o fim da guerra no Pacífico, o que sucederia mesmo sem o emprego de bombas atômicas. O rápido golpe desferido pelo Exército Vermelho sobre o Japão fechou o cerco que pôs finalmente o Japão de joelhos”.

O Exército Vermelho contribuiu ainda para a expulsão dos nazistas da China e da Coreia. O sacrifício do povo soviético foi inestimável. Mas valeu a pena porque livrou a Humanidade da besta nazista. Foi também a vitória do socialismo que saiu da Segunda Guerra triunfante em toda a Europa Oriental e na China.

Por todos, valeu a carta de agradecimento enviada pelo povo coreano a Josef Stalin, comandante supremo das forças soviéticas: “… Os combatentes soviéticos chegaram não como conquistadores, mas como libertadores. Emancipada da escravidão, a nossa pátria respirou livremente. O céu apareceu-nos radioso. A nossa terra floresceu. Jorraram canções de liberdade e felicidade…”.

José Levino, historiador

Fonte de pesquisa: O Grande Feito do Povo Soviético e do Seu Exército. VassiliRiábov, Edições Progresso, Moscou,1983.

Bolsonaristas defendem volta da tortura e fim das eleições diretas

Da Redação

Enquanto milhões de brasileiros estão em isolamento ou distanciamento social devido à pandemia da Covid-19, o capitão reformado Jair Bolsonaro e seus puxa-sacos vivem um imenso isolamento político. A reprovação a seu governo já alcança quase 70%, suas Medidas Provisórias, sem apoio, caducam no Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que não é função do presidente desrespeitar governadores e prefeitos. Nos embates que travou com o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ficou em minoria nas reuniões do seu Ministério. Teve que levar um de seus filhos para dentro do Palácio Planalto para poder conseguir ouvir diariamente: “Pai, você é o rei”.

E os fatos mostram uma dura realidade: após quase um ano e meio no governo, o capitão reformado, apesar de controlar um Orçamento Federal de R$ 4 trilhões, não construiu nenhum hospital público nem universidade. Tampouco ampliou o acesso da população ao saneamento ou construiu casas populares. O desemprego e o número de famílias vivendo na extrema pobreza cresceram enormemente no seu desgoverno. Usou todo o dinheiro público para enriquecer os especuladores, os banqueiros e permitir a remessa de bilhões de dólares do Brasil para os EUA.

O povo brasileiro, vendo que o capitão reformado é incompetente, antidemocrático e totalmente subserviente ao EUA, passou a reprovar seu governo em todas as regiões. Segundo o Instituto Datafolha, 17% de seus eleitores se arrependeram de ter votado nele.

Diante dessa crescente rejeição da população, o capitão reformado e seus filhos resolveram apelar para a velha política: recorrer às Forças Armadas, em particular ao Exército, para impor um regime ditatorial no país.

Assim, foram marcadas as carreatas e atos para o dia 19 de abril, dia que é considerado Dia do Exército. O Exército, seu comandante geral e o Alto Comando sabiam do ato e deram total permissão para que Bolsonaro e seus puxa-sacos o realizassem com dezenas de faixas encomendadas e com dezenas de assessores de deputados e de pessoas que ocupam cargos de confiança no governo, os conhecidos “aspones”.

No entanto, os atos foram um fracasso. Em São Paulo, dezenas de carros luxuosos, acompanhados de várias motos, algumas delas que custam mais de R$ 50 mil reais, foram verdadeiramente “ovacionadas”, isto é, receberam ovos e tomates dos prédios por onde passavam. Em Brasília, apenas algumas centenas de pessoas atenderam ao chamado de Bolsonaro e, se retirarmos os assessores da conta, fica uma ridícula minoria. Pior: após o ato, nove pessoas deram entrada em hospitais de Brasília com suspeita de Covid-19.

Pois bem, com o repúdio nacional à fala de Bolsonaro em frente ao Quartel General do Exército em Brasília, os generais passaram a dizer em off a jornalistas que não concordavam com aquele discurso defendendo um golpe militar e a volta do AI-5 e pediram ao capitão para “baixar o tom”. Na manhã desta segunda-feira, 20 de abril, um irritado e nervoso presidente, com suas mãos trêmulas (lembrando Hitler no filme A Queda), tentou desdizer o que tinha dito. Mas, revelando sua natureza fascista, parafraseou o rei Luís XIV, e declarou: “Eu sou a Constituição”.

Os fascistas e a grande a burguesia nacional e internacional olham a história do Brasil, observam os inúmeros golpes militares que aconteceram e acham que é fácil dar um golpe militar em nosso país e impor a censura à imprensa, torturar os que discordam, assassinar e esconder os corpos dos patriotas e democratas ou jogá-los no mar. Pensam que assim terão a paz dos cemitérios dizendo que o “Brasil vai pra frente, ame-o ou deixe-o” e que a ditadura militar é o melhor regime para governar um povo rebelde, como é o brasileiro.

Mas, senhores e senhoras fascistas, ensina a filosofia dialética que, se houve tantos golpes militares assim no Brasil é porque nenhum conseguiu se manter eternamente. Ou melhor, todos foram derrotados nas ruas pelos trabalhadores, pelas mulheres, pelos jovens, pelo povo brasileiro. Duvidam? Então terão que ouvir novamente nosso povo nas ruas desfilando e cantando: “Amanhã vai ser outro dia!” ou “Você não gosta de mim, mas sua filha gosta!”.

Nossa luta para derrotar o governo fascista em meio ao avanço das contradições interimperialistas

Passeata em São Paulo contra a Reforma da Previdência. Foto: A Verdade

Por Wanderson Pinheiro e Leonardo Péricles

1 – O Brasil e a questão internacional

O chamado neoliberalismo se aprofundou no Brasil nos anos 1990, primeiro no Governo Collor e depois durante os dois governos de Fernando Henrique Cardoso. Na verdade, tratou-se de uma maior submissão das economias nacionais com abertura dos mercados, iniciada no Chile e na Argentina, diante de um crescimento da exportação de capitais e maior domínio do capital financeiro internacional sobre as economias nacionais latino-americanas. Foi um período de ampla hegemonia dos EUA, encoberto sob o discurso da globalização.

A queda brusca dos impostos de importação e exportação, o fim do controle de capital e a isenção de impostos para a sua movimentação, a adoção de uma política cambial ancorada no dólar, o achatamento salarial dos trabalhadores e a privatização das principais empresas estatais foram as medidas centrais que tiveram consequências estruturais perversas para a economia nacional.

No entanto, o que se desenvolve de fato são as características do imperialismo capitalista, com o aprofundamento da financeirização do capital monopolista e uma gigantesca exportação de capitais por diversas vias. O capital se expande permanentemente, destruindo as economias nacionais, promovendo o desemprego e a redução salarial, para extrair mais-valia extraordinária e, assim, buscar manter sua taxa de lucro. Neste sentido, falar apenas contra o neoliberalismo e aceitar o capitalismo é propor aceitar a exploração dos trabalhadores, a manutenção da escravidão assalariada e sua expressão política, a democracia burguesa.

Além da política neoliberal praticada pelo imperialismo dos EUA, sofremos uma ação neocolonialista brutal, com a “elite nacional” sendo subornada e praticando a corrupção. Este fato foi evidenciado no processo de privatização, tendo boa parte dos recursos sido desviada para o “caixa 2” das campanhas eleitorais de 1998, mantendo FHC no governo.

Outro objeto de controle da nação foi a dívida pública. Com o aumento dos juros para conter a inflação, os novos financiamentos recebidos do FMI aumentaram em muito as dívidas externa e interna, ampliando a dependência do Brasil ao capital financeiro dos EUA. A abertura financeira ocasionou ainda o aumento da dívida interna, pois era extremamente favorável para o capital financeiro especular com a alta de juros (a taxa Selic atingiu 45,67% ao ano, em 1997), com controle do câmbio e livre movimentação de capitais.

Resumindo: ocorria uma espoliação financeira terrível devido à política de total submissão às ordens do dito “Consenso de Washington” praticada pelo governo brasileiro.

Essa abertura gerou também a quebra de milhares de empresas nacionais. As pequenas e médias empresas foram as mais atingidas, mas também grandes empresas foram à falência, iniciando o processo de desindustrialização nacional. Porém, um setor com maior acúmulo de capital, a grande burguesia interna, que fez o acordo com a burguesia estadunidense, teve lucros crescentes e caminhou para expandir seus negócios para o exterior. Setores como o do agronegócio, da construção civil e dos frigoríficos, tornaram-se grandes empresas internacionais e, a partir desse acordo, passaram a expandir-se para a região do Mercosul.

Outros setores foram se associando ao capital estrangeiro, seja na aquisição das importantes empresas estatais que foram privatizadas (setores de minério, siderúrgico, energia, etc.) ou de indústrias e serviços privados para o investimento dos capitais internacionais. Tornaram-se, assim, um setor submisso ao capital internacional e aos ditames da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Entre os anos de 2003 a 2010, vivenciamos o Governo Lula e, de 2011 a meados de 2016, o Governo Dilma. Foi um período de hegemonia petista, considerado por alguns como desenvolvimentista ou neodesenvolvimentista, mas teve como base a diversificação da dependência nacional, principalmente em relação ao crescimento das exportações para a China, pautado também pelo investimento público feito nas empresas públicas e privadas, e pela ampliação do consumo da população com base numa grande oferta de crédito.

Esse processo de consumo levou a um relativo desenvolvimento da indústria naval, da construção civil, do agronegócio e da pecuária, propiciando o crescimento do lucro da grande burguesia e do capital financeiro. Porém, sendo um desenvolvimento com base no crescente endividamento e submetido aos interesses da grande burguesia nacional e mundial, terminou por esgotar-se com o aprofundamento da crise do capitalismo mundial.

Na verdade, o governo praticou uma política neodesenvolvimentista, mas manteve a hegemonia do capital financeiro, aprovando leis em seu benefício, como a lei de garantia de empréstimos com descontos em folha. A “Carta aos Brasileiros”, no início do primeiro mandato de Lula, foi, no fundamental, uma mensagem ao mercado financeiro internacional em que o presidente se comprometia a manter todos os acordos anteriores, não mexer no processo das privatizações, manter o controle da inflação, garantir o pagamento da dívida pública com altos juros e ampliar seus benefícios. Isso significou, na prática, a manutenção da política neoliberal.

Além de não ter revogado nenhuma das corruptas privatizações do Governo FHC, o PT realizou novas: privatizou portos, aeroportos e rodovias, além de fazer leilões de campos de petróleo para empresas estrangeiras. Porém, com o pré-sal (considerado o bilhete premiado), alterou o regime de exploração, mantendo os leilões em outros termos. Assim, a Petrobras foi um poderoso instrumento para desenvolver a política neodesenvolvimentista, promovendo investimentos em refinarias e alavancando a indústria naval brasileira e a construção civil. No entanto, o PT não reverteu a abertura de capital da Petrobras e esta permaneceu influenciada pesadamente pelos acionistas internacionais e pelo mercado.

A crise da era petista se iniciou em 2014, no final do primeiro Governo Dilma. A crise econômica chegou ao Brasil e ficou evidente que a política neodesenvolvimentista não conseguiu resolver os problemas estruturais do país, principalmente por não suspender o pagamento dos juros da dívida pública e manter a espoliação do capital financeiro e a dependência em relação ao agronegócio. Por outro lado, a relação com a China, que trouxe a ampliação da venda de commodities a níveis altos e a abertura para importação de produtos de toda ordem, gerou uma maior desindustrialização e dependência do setor externo. Essa troca desigual trouxe enormes benefícios para a grande burguesia do agronegócio, da mineração, da pecuária, da construção civil, etc., mas, como sempre, bastou uma oscilação do mercado internacional para tudo ir abaixo.

Realmente, a crise mundial se aprofundou com reduções seguidas de crescimento da economia chinesa. A China, mesmo possuindo enormes monopólios e rivalizando o comércio internacional com os EUA, não ficou de fora da nova crise de superprodução relativa que dificultou a realização de seu capital mundialmente. É importante notar que essa crise e a disputa de mercados continuam a se desenvolver, ameaçando agora entrar num período mais profundo, como afirmou recentemente a OMC. Sem ter como exportar mais mercadorias e com o superacúmulo de capital, a China avança a financeirização da sua economia.

Vejamos o que se sucedeu de 2007 a 2015. A China chegou a crescer 13%, em 2007, e o mercado de commodities brasileiro teve uma alta considerável. Em 2010, a China teve mais uma queda no seu PIB para 10,4%. Em 2015, relatório do FMI dizia que a China diminuiria o crescimento para 6,8%, a menor taxa anual do país dos últimos 25 anos. A queda da economia brasileira foi quase automática. Dilma Rousseff, que tomou posse para o segundo mandato no dia 1º de janeiro de 2015, permaneceu no posto apenas um ano e meio.

A crise ocasionada pela redução da produção da China fez cair enormemente o preço das commodities e reduziu os lucros da grande burguesia. Sendo pragmática, a burguesia, que há pouco havia colocado o gorro “comunista” na cabeça para adular o imperialismo chinês, pulou do barco e abandonou Dilma, definitivamente afastada do cargo em agosto de 2016.

O impeachment de Dilma teve ainda um elemento geopolítico. Os EUA usaram todo o seu poder para manter o país como sua área de influência, pois, mesmo sabendo que o PT atendia ao capital financeiro e pagava religiosamente a dívida pública, o avanço da crise do capitalismo mundial exigia ainda mais submissão. Vale salientar que a UP, ao mesmo tempo em que estava em processo de construção, esteve nas ruas lutando e denunciando este golpe.

Da mesma maneira, resistindo à quebra da sua hegemonia em nível internacional, os EUA lançaram o Tratado Transpacífico (TPP), que tinha como objetivo enfraquecer a China. Porém, após a eleição de Trump, os EUA se retiraram do TPP e adotaram como tática acordos bilaterais. Depois, abriram uma guerra comercial direta com a China, levantando barreiras às mercadorias chinesas, o que dura até hoje.

Assim, os EUA intervieram no Brasil com o objetivo de retirar o PT do governo para garantirem no poder um aliado subserviente. Financiaram e corromperam o judiciário brasileiro, apoiaram a fabricação da “Operação Lava-Jato”, que levou Lula à cadeia e promoveu a eleição de Bolsonaro. Da mesma maneira, os EUA disputam a Venezuela, com ações de bloqueio econômico e ameaça de invasão, e a Bolívia, onde promoveram um golpe fascista. Aparentemente, existe uma disputa entre forças reformistas liberais e o neoliberalismo fascista no continente, que tem como pano de fundo as disputas entre as duas propostas para conduzir o mundo capitalista.

Também era importante para os EUA ter o Brasil, principal país da América do Sul, como sua área de influência estratégica. Tendo como objetivo central na América Latina a derrubada do Governo Maduro e não obtendo sucesso pela via “pacífica”, intensificou o bloqueio econômico e buscou envolver o Brasil e a Colômbia numa aventura imperialista contra a Venezuela. Trata-se claramente de uma estratégia neocolonialista, que visa a usar tropas de outros países, mas mantendo o objetivo de conquista e ainda lucrando com a guerra.

A China é hoje a segunda potência econômica mundial e busca acumular forças na disputa pela hegemonia no planeta, fato que leva ao acirramento de contradições interimperialistas. Antes apenas exportadora de manufaturas, a China está alcançando o mais elevado grau de tecnologia, uma enorme acumulação de capital e intensificando a fase de exportação de capitais. No momento, essa exportação ocorre por meio do financiamento de infraestrutura nos países em desenvolvimento, investimentos financeiros, compra de títulos do Tesouro estadunidense, empréstimos e investimento direto.

O processo de exportação de capitais parece ser a ponte para uma defesa militar das áreas de influência econômica. Por isso, a China tem hoje o segundo maior gasto militar do planeta e já instala bases militares internacionais, sendo que a primeira foi estabelecida na África. Na América Latina, a China tem grandes investimentos, sendo o principal parceiro comercial de diversos países, inclusive do Brasil. Por isso, investem pesadamente em grandes porta-aviões, jatos, armas nucleares, e já superam os Estados Unidos em alguns aspectos tecnológicos.

Para termos uma noção, o país asiático investiu no Brasil, do ano de 2007 a 2018, US$ 57,9 bilhões em 145 projetos voltados principalmente para o setor de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Os investimentos, no último ano, foram especialmente diretos, sendo 50% realizados em empresas construídas a partir do zero. Mas 42% foram investimentos em fusões e aquisições. Segundo o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, a China está aumentando a abertura do setor financeiro, de serviços, da agricultura, mineração e manufatura. Estima-se que o investimento chinês no próximo ano ultrapasse os US$ 10 bilhões.

A China mantém os investimentos mesmo no Governo Bolsonaro e, embora reaja às declarações do filho dele de forma dura, o pragmatismo do capitalismo chinês projeta grandes investimentos nas áreas de a) energia, da ordem de R$ 24,7 bilhões em quatro projetos (hidroelétrica, termonuclear e transmissão); b) ferrovias, R$ 29,1 bilhões em quatro projetos (2.800 km); c) óleo e gás, R$ 117,5 bilhões em quatro projetos; d) portos, com R$ 5,9 bilhões em 16 projetos; e) aeroportos, R$ 2,1 bilhões em dois projetos.

Por outro lado, embora Trump afirme que apoia Bolsonaro e ambos troquem elogios ideológicos em público, os EUA não fazem nada do ponto de vista financeiro para apoiar o governo brasileiro. O investimento dos EUA no Brasil foi pequeno em 2019: o valor foi de US$ 2,2 bilhões, menor que o de 2017, quando o montante correspondeu a US$ 2,9 bilhões. Os compromissos firmados se restringiram a acordos antinacionais e militares, como a entrega da Base Espacial de Alcântara, no Maranhão, e um acordo que transforma o Brasil numa força auxiliar do Comando Sul dos EUA, tornando-se um aliado extrarregional da OTAN. Ou seja, um acordo militar subserviente, que coloca o Brasil como mais uma base de operação militar dos EUA na região.

Como vemos, Bolsonaro segue cegamente o imperialismo norte-americano, pois, como fascista que é, em um país de economia altamente dependente e submissa como é o Brasil, seguirá a linha fascista de Trump para apoiar-se internacionalmente no império dos EUA. Bolsonaro é um representante da grande burguesia[1] e dos militares fascistas, que se declaram abertamente submissos ao capital estadunidense, não possuindo sequer um verniz de nacionalismo.

2 – Desenvolver a consciência das massas populares, aumentar o isolamento de Bolsonaro e criar as condições para derrubar o governo

O 8 de março foi a última grande manifestação nacional antes da pandemia. Foto: A Verdade

Diante da crise do coronavírus e da projeção de uma crise econômica mais profunda nos próximos meses, setores da própria burguesia (como evidenciou editorial recente do Financial Times) falam que os governos devem ajudar a economia promovendo investimentos e renda para os mais pobres, ou seja, praticar uma política antiliberal para ajudar a cobrir os prejuízos da própria burguesia. Bolsonaro, no entanto, insiste em manter o arrocho salarial, cortar salário dos servidores e seguir a retirada de direitos a ferro e fogo. Assim, quer ser mais realista que o rei e promover a política neoliberal dos banqueiros e do capital financeiro estadunidense a todo custo.

Por tudo que fez desde o início do governo, como retirada de direitos dos trabalhadores, congelamento dos salários, desemprego e venda do patrimônio público, Bolsonaro tem um enorme desgaste, que tende a crescer com o aprofundamento da crise do coronavírus e a demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde. As mortes que se multiplicam evidenciam que a retirada dos recursos públicos da saúde foi um crime de lesa-humanidade. Também a insistência de Bolsonaro contra o isolamento social e de que a Covid-19 é apenas um “resfriadinho” trarão consequências desastrosas para a população. Hoje já temos quase 70% da população contra esse governo.

Porém, não vivemos em uma democracia popular, em que a maioria do povo é que decide. Vivemos debaixo de um governo de fascistas que tem como principais ministros generais da ativa e da reserva. Também é um governo que representa os interesses da grande burguesia, que é uma ínfima minoria da sociedade e, por isso, teme o movimento operário e popular e tende ao fascismo, principalmente em momentos de crise.

Portanto, não devemos subestimar a possibilidade de o atual governo, sob o pretexto de o país viver uma calamidade pública, promover um golpe e decretar um estado de sítio. Para isso, os fascistas não precisam de apoio da maioria da população, basta contar com apoio das Forças Armadas e de uma parcela reduzida da população disposta a ir às ruas nos seus luxuosos carros. Lembremos ainda que o governo dos EUA, aliado de Bolsonaro, pratica uma política fascista que impulsiona correntes desta natureza na Europa e na América Latina.

Em almoço realizado na sede da FIESP, no último dia 03 de fevereiro, para os 250 maiores industriais de São Paulo, com a presença de Bolsonaro, o presidente da entidade, Paulo Skaf, afirmou que “O Brasil não está dando certo. O Brasil já deu certo”, declarando, assim, o apoio da grande burguesia ao fascista. Este apoio é firmado especialmente na política de Paulo Guedes, que promoveu a reforma trabalhista, a reforma da Previdência e dá continuidade, em meio à crise do coronavírus, a propostas como a Carteira de Trabalho Verde e Amarela e a retirada de direitos dos servidores públicos. Assim, o apoio ao fascista está condicionado à agenda de retirada de direitos que assegure a maior extração de mais-valia dos trabalhadores.

O fascista também tem o apoio da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), representada por João Martins, que também é parte da minoria dos exploradores e representa a grande burguesia agrária. Em setembro de 2019, momento em que Bolsonaro fez um ridículo discurso na ONU exaltando a ditadura militar de 1964, Martins afirmou que Bolsonaro o representou, fazendo excelente discurso: “Defendeu a soberania nacional, esclareceu equívocos sobre a Amazônia e ressaltou o importante papel do Brasil na produção mundial de alimentos e na preservação do meio ambiente. Também afastou a tese de que o governo está colocando o mundo contra o agro brasileiro, defendendo não apenas o setor, mas toda a nação”.

Vale lembrar que esse foi o momento em que a Amazônia estava em chamas e que o agronegócio foi um dos principais responsáveis por este crime contra a natureza. Mas vejamos que, apesar da reafirmação do apoio da grande burguesia, os meses vão se passando e fica evidente a cada dia que o governo Bolsonaro vem se enfraquecendo e perdendo apoio popular. Porém, será defendido para que fique no poder por essa minoria enquanto for útil para a grande burguesia.

Nesse momento, apresentam-se algumas propostas políticas para retirada de Bolsonaro da presidência. O impeachment é uma delas. No entanto, com um Congresso Nacional altamente reacionário e antipopular como o atual, a única forma de forçar o impeachment seria a realização de grandes manifestações nas ruas. Mas, no momento, devido ao crescimento do número de mortes pela Covid-19, esta possibilidade não é viável. Desse modo, apostar que um Congresso Nacional que aprova leis contra os trabalhadores vai aprovar o impeachment sem o povo nas ruas é ignorar o papel das massas na luta política e propagar ilusões parlamentaristas.

Outra proposta apresentada é apelar para que Bolsonaro, que faz planos para governar 20 anos, renuncie. É como pedir para o diabo virar anjo. Alguns desses setores chegam até mesmo a afirmar que o general Mourão seria um “mal menor”. Esse é o caso do governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB: “Claro que Mourão não é do meu campo ideológico. Mas, se Bolsonaro entregar o governo para ele, o Brasil chegará em 2022 em melhores condições”.

Trata-se de um ledo engano e demonstra uma gigantesca ilusão de classes, uma total traição ao povo e sua história. Mourão é um general, representante ainda mais direto dos interesses do setor ultraconservador e fascista das Forças Armadas. Como Bolsonaro, Mourão defende a tortura, tenta falsificar a história escondendo os crimes cometidos pelas Forças Armadas e pela grande burguesia durante a Ditadura Militar, sendo, portanto, um defensor do aumento da repressão contra o povo e a classe trabalhadora.

Dessa maneira, nossa tática de aprofundar o desgaste deste governo, manter e impulsionar a palavra de ordem “FORA BOLSONARO! POR UM GOVERNO POPULAR!” é, sem dúvida, a mais correta. Primeiro, porque é a palavra de ordem que está na boca do povo. Foi gritada por milhares de mulheres de todas as correntes políticas no 8 de março, sendo esta a última manifestação nacional contra o fascismo. Segundo, taticamente, no momento de avanço da pandemia do coronavírus em que nos encontramos, devemos ter como principal atuação a solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras para enfrentar essa barbárie nas periferias e denunciar o caráter antidemocrático e antipopular do governo. Terceiro, devemos ampliar os panelaços nas periferias, sendo esta uma forma de protesto importante, criada no fogo da batalha e capaz de desgastar o governo, dialogando com a consciência da classe trabalhadora, dizendo que o governo com sua política aumenta a fome e a miséria e só governa em prol da classe rica e dos EUA.

Assim, prepararemos o terreno para derrubar o Governo Bolsonaro pelas mãos do povo e fortaleceremos uma alternativa popular para o desfecho dessa crise, qual seja, a construção de um poder popular e do socialismo, única saída verdadeira para termos um país livre e independente. Da mesma forma, romperemos com as ilusões do reformismo e da pequena burguesia de que derrotarão o fascismo no âmbito institucional promovendo um impeachment ou mesmo pedindo, por favor, para que Bolsonaro renuncie.

3 – Derrotar o imperialismo capitalista é uma tarefa fundamental

Solidariedade internacionalista a Cuba e à Venezuela. Foto: G1

Precisamos ter a consciência de que enfrentamos o fascismo internacionalmente. Por isso, a classe trabalhadora, em nível mundial, é nossa principal aliada na luta contra os imperialismos e pelo socialismo. Não basta levantar a bandeira contra a política neoliberal e passar a defender o neodesenvolvimentismo, pois o capitalismo é brutal em todas suas formas e tem como único objetivo despejar a crise nas costas da classe trabalhadora.

O capitalismo desenvolvimentista não é alternativa ao neoliberalismo, pois ambos são exploradores da mais-valia dos trabalhadores. Nosso objetivo deve ser destruir o capitalismo, e não apenas a política neoliberal dos EUA. Os neodesenvolvimentistas cumprem o papel de abrir caminho ao fascismo e são a outra face da moeda do capitalismo.

Prova disso foi o que ocorreu na Segunda Guerra Mundial, quando os EUA e a Inglaterra, tidos como democratas naquele período, deixaram a chama nazifascista bater-se contra a pátria socialista, só dando apoio na Frente Oriental depois de perceberem que a URSS sairia vitoriosa, e com grande chance de que seriam também vítimas do nazismo.

Quem é socialista e comunista tem como principal obrigação defender a classe trabalhadora e defender seus interesses presentes e futuros. Portanto, devemos trabalhar em nível internacional para que a classe trabalhadora não seja levada a uma luta interimperialista, mas que lute por sua libertação, pois, como internacionalistas que somos, fazemos parte do mesmo exército do mundial do proletariado.

Os trabalhadores e o povo da Venezuela estão na linha de tiro do imperialismo estadunidense, portanto, nossa solidariedade aos venezuelanos e nossas ações principais devem ser no sentido de derrotar esse imperialismo fascista e expulsá-lo da América Latina. Apoiamos, como internacionalistas, a classe trabalhadora que luta contra o imperialismo, mas que também luta pelo socialismo. Defendemos que esta classe possa, no processo revolucionário em curso, tomar consciência e declarar o caráter socialista da revolução. Não podemos aceitar sermos instrumento nem do imperialismo dos EUA, nem do imperialismo chinês e russo, uma vez que estes investem financeiramente na Venezuela, visando a mantê-la como área de influência econômica e geopolítica, gerando, de fato, igual dependência e exploração para os trabalhadores.

A revolução socialista é a única forma de derrotar definitivamente o imperialismo e a exploração dos trabalhadores. Essa luta é a luta do presente, atual e estratégica para a classe trabalhadora. Quem pensa o contrário, não faz mais que defender a manutenção da exploração do homem ou considerar este objetivo algo utópico. Para que os trabalhadores possam decidir seu destino e sua autodeterminação é fundamental fazer uma revolução proletária.

Trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo, uni-vos!

Wanderson Pinheiro e Leonardo Péricles,
membros do Diretório Nacional da Unidade Popular (UP)


[1] Apesar das visíveis disputas políticas de Bolsonaro com outros representantes da grande burguesia, como Dória e a Globo, no fundamental, não divergem quando se trata de aumentar a exploração sobre a classe trabalhadora e a retirada de direitos – como vimos no caso da Reforma da Previdência, da PEC dos Gastos e no Pagamento da Dívida Pública, dentre outras medidas antipopulares.

AGITAÇÃO E LUTA NO NOVEMBRO NEGRO REVOLUCIONÁRIO

São Mateus tem colagem lembrando nomes e referências na luta do Povo Negro no Brasil e no Mundo

Foi realizado no bairro do Vila Flávia, São Mateus, Zona Leste de São Paulo, na semana do 20 de Novembro uma ação de colagem de nomes e referências negras na história da luta do povo negro e referências da periferia. Jovens do bairro espalharam nomes de homens e mulheres da luta antiracista como Luis Gama, Marielle Franco, Luisa Mahin, da luta anticapitalista como Angela Davis, Carlos Marighella, além de muitas referências como Emicida, Negotinho, Mano Brown, Mestre Moa, e homenagem a crianças mortas pelo Estado como a menina Ágatha Félix, de 8 anos, morta pela PM do RJ, e do menino Lucas Eduardo, de 14 anos, morto em Santo André pela PM de SP.


O mês de Novembro é um mês de agitação e propaganda sobre a luta do povo negro mas também de reforçar a importância da organização para enfrentar um sistema e um governo que tem aprovado medidas para aumentar o genocídio diretamente, autorizando ainda mais a impunidade da PM, ou indiretamente, privatizando o SUS, que atende em maior parte a população negra, precarizando o trabalho, feito em maior parte pela população negra. Esses e outros fatores que fortalecem ainda mais o racismo estrutural, ferramenta de submissão econômica e cultural do sistema capitalista. Para fazer frente de forma efetiva a quem nos mata e proteger nossa população e juventude negra de forma efetiva, precisamos lembrar nesse mês de Novembro de nos organizar em um movimento popular de porte nacional, mantida pelas forças e recursos do povo e movido pelos interesses da luta da classe trabalhadora no Brasil.

Lucas Nascimento Coordenador Nacional do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas / MLB SP

Trabalhadores do setor de transporte declaram greve na cidade de Mauá

Foto: Bastidor Político

Durante a manhã dessa sexta-feira (22), Mauá, município do ABC paulista, amanheceu com os ônibus na garagem, e manifestações no terminal central: trabalhadores da Suzantur, transportadora turística privada responsável pelas linhas de ônibus da cidade, declararam greve contra a revogação contínua de direitos.

P. O.*, trabalhador da Suzantur e integrante do turno da tarde, alegou que a mobilização entre os trabalhadores começou quando um motorista não recebeu o depósito do vale salarial, benefício garantido pelo contrato. Contudo, esse fato foi apenas o estopim: os motoristas da Suzantur sofrem com a falta de pagamento dos salários, assédio moral, horas extras compulsórias e expedientes sem pausa para o banheiro no cumprimento das dezenas linhas que a cidade de Mauá possui.

Além da falta de pagamento de salários, recusa do depósito de benefícios, M. Q.*, trabalhador do turno da manhã, declarou ao Jornal A Verdade que as condições de trabalho pioram diante das jornadas extensas. “Cheguei a trabalhar durante vinte dias seguidos. Aqui não tem respeito”.

Apesar do posicionamento da empresa, que caracterizou a paralisação como “indevida”, a greve foi vitoriosa, e garantiu que o depósito do vale salarial ocorresse. Os ônibus voltaram a circular a partir das 14h.

*Os nomes dos trabalhadores que concederam depoimentos ao Jornal A Verdade foram alterados.

Gabriela Torres – Movimento de Mulheres Olga Benário

Bolivianos residentes no Brasil rechaçam golpe de Estado

SÃO PAULO – Neste domingo, 17, milhares de pessoas foram à avenida Paulista, no centro de São Paulo, em solidariedade ao povo boliviano e contra o golpe de Estado sofrido por Evo Morales. O ato foi chamado pelo Comitê Brasileiro de Solidariedade ao Povo Boliviano Contra o Golpe, e contou com a presença de crianças, estudantes e trabalhadores da comunidade boliviana residente, além do apoio de muitos brasileiros.

As bandeiras boliviana e Whipala, símbolo da plurinacionalidade do país e da cidadania dos povos originários, foram firmemente tremuladas por todo o ato. Palavras de ordem também marcaram a manifestação, destacando o repúdio ao golpe de Estado, a resistência popular pela democracia, e denunciando o fascismo promovido por figuras da extrema direita do país, como a senadora (autoproclamada presidente) Jeanine Áñez e o empresário multimilionário Luis Fernando Camacho.

Através de um manifesto, distribuído no ato, o Comitê Brasileiro de Solidariedade ao Povo Boliviano Contra o Golpe afirma: “A luta do povo boliviano contra o golpe, contra Camacho, contra o fascismo, contra o racismo e a extrema direita, é uma luta que deve receber a solidariedade de todas as pessoas e da classe trabalhadora de todo o mundo que defendem as liberdades democráticas.” O manifesto também pontua: “Não reconhecemos como presidente da Bolívia a autoproclamada Jeanine Áñez, uma fraude, assim como Juan Guaidó, o autoproclamado presidente da Venezuela.”

O golpe na Bolívia representa uma ofensiva de setores extrema direita, aliada do imperialismo dos EUA e de grandes grupos empresariais e especuladores do mercado financeiro. Os diversos povos bolivianos que se erguem em defesa da democracia resistem ao golpe há semanas, como os lutadores do Chile, Equador e Haiti, que rechaçam ataques das elites do poder econômico. Com os últimos acontecimentos, desmancham-se as ilusões com o imperialismo, com a conciliação com grandes ricos e exploradores da classe trabalhadora. A real saída para a América Latina, cada vez mais, aponta para o poder popular.

Carol Matos – Movimento Luta de Classes

Grito dos Excluídos leva centenas de pessoas às ruas do ABC paulista

Foto Reinilson Câmara

Na manhã desse sábado, 14, centenas de pessoas tomaram o centro de Santo André para conclamar o Grito dos Excluídos e Excluídas do ABCDMR. O ato começou com um café da manhã coletivo, uma caminhada pela rua principal da cidade terminando com uma homenagem a brasileiros que deram a vida por uma nação mais justa e igualitária. O ato contou com adesão e organização de diversos movimentos sociais, ambientalistas, partidos de esquerda, movimentos populares do campo e da cidade, movimento estudantil, de mulheres, pastorais sociais e religiosas de diferentes matrizes e entidades sindicais.

O Grito dos Excluídos e Excluídas acontece há 25 anos e esse ano ecoou em mais de 200 cidades e em todas as capitais do Brasil. Esse movimento nasceu da necessidade de dar voz ao povo, às minorias e à população historicamente excluída pelo Estado burguês, que segue interesses de banqueiros lucrando com a miséria do nosso povo, deixando em segundo plano direitos básicos como:  saúde, moradia, transporte, trabalho, informação e vida digna.  

Foto Reinilson Câmara

“A vida em primeiro lugar! Este sistema não vale: LUTAMOS POR JUSTIÇA, DIREITOS E LIBERDADE” foi o lema do 25º grito dos excluídos. A marcha em defesa de direitos sociais e da luta contra o desemprego, levantou vários problemas estruturais como encarceramento em massa, genocidio da população negra, feminicídio, transfobia,  lgbtfobia, cortes na educação e a “reforma” da Previdência, promovido pelo governo fascista de Jair Bolsonaro.

Também foi pauta do ato a questão do meio ambiente, por conta do aumento das queimadas, do avanço do desmatamento na Amazônia, dos crimes da Vale em Brumadinho e Mariana, em Minas Gerais. Além disso, foi erguido a bandeira contra o projeto do centro logístico de Paranapiacaba, proposto pelo prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSBD), que ameaça uma área de proteção ambiental com importantíssimo valor histórico nacional, turístico, paisagístico e de serviços ambientais como provisão de águas para a Represa Billings.

Por fim, o ato do ABCDMR terminou com homenagens aos verdadeiros heróis da pátria, que lutaram por um país mais justo e igual, por meio de uma intervensão cultural com fotos e palavras de ordem. Nomes como Marielle Franco, índio Galdino , Zumbi dos Palmares, Dandara dos Santos, Milton Santos, Elenira Resende, Carlos Mariguella, Chico Mendes, Carolina Maria de Jesus e Manoel Aleixo foram lembrados e homenageados.

Foto Cadu Machado
Foto Reinilson Câmara

Reinilson Câmara Filho – Unidade Popular pelo Socialismo

147 famílias são despejadas com truculência em Arraial do Cabo – RJ

Foto: Marcela Couri

Na última quinta-feira (15) cerca de 147 famílias foram despejadas numa ação truculenta e violenta promovida pela Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro com ordens do governo estadual em Monte Alto, bairro do segundo distrito de Arraial do Cabo na Região dos Lagos. O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB esteve presente no local no dia seguinte junto ao Jornal A Verdade para acompanhar a situação das famílias e prestar solidariedade e apoio.
“Foram momentos de terror, eram mais de 40 viaturas, trator, helicóptero, drone, canhão de água, centenas de policiais encapuzados e armados até os dentes. Parecia que estávamos em guerra.” contou uma moradora. Outro morador continuou: “quando os policiais chegaram por volta das 5 horas da manhã, dissemos que tínhamos uma liminar da justiça garantindo que poderíamos ficar ali até que a prefeitura apresentasse uma outra solução de um local decente para essas famílias morarem. O comandante da operação se recusou a ver o nosso documento e tampouco nos deixou ver o documento que ordenava a realização daquela operação. Dali em diante começou o terror, jogaram bomba de gás lacrimogêneo, spray de pimenta, bala de borracha em todos, acertando inclusive grávidas, crianças e idosos sem a menor capacidade de resistência dos moradores. Daí em diante, destruíram nosso sonho. Passaram o trator por cima das 147 casas construídas com muito esforço coletivo por todos nós”.

Foto: Marcela Couri

A justificativa do governo para promover tal barbaridade, é de que aquela área pertence ao Parque Estadual da Costa do Sol e seria área de preservação ambiental. “Aqui só tem trabalhador, não tem bandido não. A gente não invadiu a terra não porque queremos destruir o meio ambiente. Só estamos aqui porque não temos outra opção.” disse uma moradora. Em áreas ao redor do “projeto” (como foi apelidado o local pelas famílias) existe um condomínio enorme, garagem náutica e um outro terreno de milhares de metros quadrados que pertencem à construtora Volendam, que tem carta branca para fazer o que quiser, sem se preocupar com as questões ambientais. “É necessário compatibilizar a preservação ambiental com o direito social do uso da terra. A dignidade da vida humana está prevista na legislação ambiental, e o direito à moradia digna foi reconhecido e implantado como pressuposto para a dignidade da pessoa humana, desde 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e consta na Constituição Federal de 1988”, disse Ana Paula, conselheira do parque e militante da Unidade Popular pelo Socialismo.
Essa é a realidade de cerca de 7,7 milhões de famílias em todo o Brasil, que compõe déficit habitacional em nosso país. São milhões de pessoas que moram em situações precárias, de favor, não tem mais condições de pagar aluguel e se encontram em situação desesperadora. Por outro lado, vemos milhões de imóveis e terrenos que não cumprem nenhuma função social, servindo apenas à especulação para gerar lucro para os ricos donos das grandes construtoras. O grande questionamento que ficamos nesse caso é: por que a Volendam pode explorar e degradar o meio ambiente em grandes proporções no terreno ao lado para obter fabulosos lucros, mas quando as famílias buscam um local pra morar são tratadas com violência pelo estado?

Foto: Marcela Couri

O estado do Rio de Janeiro tem a polícia que mais mata e que mais morre, é onde 5 jovens negros e pobres foram assassinados na última semana sem enquanto iam para a escola, para o trabalho ou apenas se divertir com os amigos. Enquanto nosso sangue escorre pelo chão da favela, o governador anda de helicóptero mirando sua arma na gente. Esse caso é reflexo da política genocida promovida pelo Estado Capitalista, de guerra aos pobres, guerra aos negros e negras.
No “projeto restinga” os moradores respiram resistência, luta e esperança. Muitos dos que não tem pra onde ir, seguem tentando reerguer as construções e sobrevivendo através da solidariedade dos moradores da região que fornecem abrigo em suas próprias casas, doam roupas, alimentos e ajuda. A decisão dos moradores do projeto é de que só vão sair de lá se a prefeitura apresentar uma alternativa digna, “todos aqui tínhamos a nossa casinha, humilde, mas conquistada com muito suor e luta! Não vamos aceitar menos do que isso!” disse um morador durante assembléia realizada.

Foto: Marcela Couri

O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB segue acompanhando e prestando apoio a essas famílias. Acreditamos que morar dignamente é um direito humano e que se o Estado Capitalista prioriza os lucros acima da vida, queremos destruir esse Estado e construir no seu lugar um Estado dos trabalhadores, onde prioridade seja a vida digna, com emprego, moradia, educação, saúde, etc. Enquanto morar for um privilégio, seguiremos lutando pela reforma urbana e o socialismo!

Fotos: Marcela Couri

Galeria: combatividade e unidade da oposição marcam Conune 2019

Foto: João Marcio Dias
Foto Jorge Ferreira
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Foto Jorge Ferreira
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João Marcio Dias

Trabalhadores da Educação aprovam Greve Nacional

Foto: Jorge Ferreira/Jornal A Verdade


A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) realizou a 9º Conferência Nacional de Educação Paulo Freire com o tema “Educação Libertária e Democrática: construindo o movimento pedagógico Latino-Americano” entre os dias 26 a 28 de junho em Curitiba. O objetivo do encontro foi debater os desafios e rumos da educação brasileira, sendo estabelecida greve nacional no dia 13 de agosto contra os retrocessos do governo atual.

Dentre as pautas discutidas, os educadores se debruçaram sobre o Plano Nacional da Educação (PNE), sancionado em 2014 e com validade de 10 anos, com o propósito de direcionar esforços e investimentos para a melhoria do quadro educacional brasileiro. O Plano é composto por 20 metas contemplando todos os níveis educacionais que, apesar de muito promissoras, apenas uma foi cumprida de acordo com o Inep.

Destaca-se a meta 1, que diz respeito a universalização e democratização do ensino básico tendo como finalidade atender 100% das crianças de 4 a 5 anos matriculadas na pré-escola até 2016, além de garantir 50% das crianças de 0 a 3 anos em creche até 2024. Segundo dados do Pnad, apenas 90% das crianças de 4 a 5 anos foram atendidas e somente 1/3 estão em situação de creche. Essa defasagem é vivenciada principalmente nas periferias, onde as filas de espera por vaga nas creches podem levar anos colaborando com a desigualdade enfrentada pelas mulheres na participação no mercado de trabalho.

A estagnação e não cumprimento das metas são resultados dos ataques que o sistema educacional brasileiro sofre constantemente. Prova disso é a emenda constitucional nº 95 implementada pelo governo Temer que congela, durante 20 anos, investimentos públicos direcionados a saúde e educação. Além do corte de 30% das verbas destinadas às universidades e institutos federais, anunciado recentemente pelo ministro da educação. As duas ações fazem parte de um projeto que confronta diretamente as diretrizes do PNE, uma vez que a falta de recurso penaliza o avanço das melhorias no ensino público.

Além disso, a militarização das escolas incentivada por Jair Bolsonaro, visa instituir um sistema onde a censura é peça chave, ferindo a efetivação da gestão democrática de educação proposta pela meta 19 do Plano.  Na mesma linha, o descumprimento se fez presente quando aprovadas as mudanças no “Novo Ensino Médio” pelo Conselho Nacional de Educação, órgão vinculado ao MEC, que libera o ensino a distância totalizando 20 e 30% de carga horária, respectivamente no período diurno e noturno, acentuando ainda mais a defasagem no ensino público.

Essas ações com embasamentos apenas voltados aos interesses capitalistas, sem considerar a realidade do povo brasileiro, são responsáveis por colocar a situação educacional do país em risco. O desleixo com que se é tratado o ensino público foi demonstrado nos últimos dados coletados pelo IBGE, provando que a educação ainda não é para todos. Cerca de 40% da população com mais de 25 anos não chegaram a concluir o ensino básico, e daqueles que concluíram, o maior percentual está entre os brancos (55,5%) ao passo que entre os negros, o número cai substancialmente (40,4%). Considerando que a maior parte da população brasileira é negra, o acesso a educação no Brasil ainda é limitado e desigual pela negligência do governo em promover políticas públicas que incentivem o acesso à todos.

Analisando todo este quadro, os educadores presentes da 9ª Conferência apresentaram um manifesto repudiando as sucessivas contra-reformas liberais no setor educacional e o desmonte das políticas educacionais e sociais que atacam os direitos da população, especialmente da população mais marginalizada (mulheres, negros, índios e LGBTs). Além disso, também criticaram a proposta da Reforma da Previdência e as conseqüências que irá trazer principalmente para as professoras de rede pública, aumentando 10 anos a idade mínima para aposentadoria. Ao final do manifesto, os profissionais conclamam a luta incessante e o compromisso para com a educação, convocando todas as instituições de ensino para uma grande greve geral no dia 13 de agosto.

Diante dessa conjuntura, se fazem necessárias as críticas, a mobilização e organização dos estudantes, trabalhadores e servidores públicos em defesa do ensino de qualidade no país e contra a destruição da aposentadoria, como foram feito nos dias 15 e 30 de maio pela educação, e no dia 14 de junho na Greve Geral que mobilizou categorias ao redor do país e que foram responsáveis pelo fechamento de diversos pontos estratégicos das cidades.

Thais Gasparini
Unidade Popular pelo Socialismo


Seis ex-ministros assinam carta em defesa da Educação: “no atual governo, ela é apresentada como ameaça”

Foto: Jorge Ferreira/Jornal A Verdade

Numa palavra, a educação se tornou a grande esperança, a grande promessa da nacionalidade e da democracia. Com espanto, porém, vemos que, no atual governo, ela é apresentada como ameaça.” – afirmam ex-ministros em carta contra as políticas educacionais do governo Bolsonaro.


Inimigo da Educação, o governo Bolsonaro vem promovendo um verdadeiro sucateamento do ensino público no país. Em abril, através de sua conta no twitter o atual presidente fascista insinuou que os cursos de ciências humanas não mereciam investimentos, adiantando a pretensão de seu governo de cortar verbas do ensino superior. Mesmo com a revolta da população diante de tais alegações, pouco tempo depois, o governo através de seu Ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou o corte de 30% nas verbas das universidades sem diálogo prévio com a comunidade acadêmica, impactando diretamente o funcionamento dos institutos federais. Na ocasião, o governo alegou que os cortes no ensino superior eram necessários para garantir o investimento na educação básica. Contudo, isso se mostrou como mais uma de suas mentiras contra a população mais pobre, ao estender o corte orçamentário para toda a pasta de educação, incluindo os programas de ensino infantil ao médio.

Frente a essa situação de completo desmonte das políticas educacionais do país, seis ex-ministros de governos anteriores se reuniram em um evento promovido pela Universidade Estadual de São Paulo (USP) e redigiram uma carta aberta em oposição às medidas do governo Bolsonaro. Na carta, José Goldemberg (1991-1992), Murílio Hingel (1992-1995), Cristovam Buarque (2003-2004), Fernando Haddad (2005-2012), Aloizio Mercadante (2012-2014) e Renato Janine Ribeiro (2015), expressaram sua preocupação com “as políticas para a educação adotadas na atual administração”, enfatizando que a magnitude dos cortes promovidos no último período “podem ter efeitos irreversíveis e até fatais”.

De acordo com eles, nessa gestão, a educação deixou de ser vista como prioridade nacional e passou a ser tida como uma ameaça, enfatizando a postura do governo em ignorar especialistas da área atuando de “forma sectária, sem se preocupar com a melhoria da qualidade e da equidade do sistema, para assegurar a igualdade de oportunidade”. Em outras palavras, a carta converge com as denúncias realizadas pelos movimentos sociais e estudantis frente aos ataques de Bolsonaro. Para Beatriz Baria, militante do Movimento Correnteza de São Paulo: “cortar investimentos dos institutos federais e da educação básica, determinar o fim das bolsas para pesquisadores, é mais uma forma desse desgoverno vergonhoso de atacar nosso povo. Somos nós, a juventude pobre, que vai ser impedida de ter uma educação de qualidade, pra encher os bolsos dos grandes grupos privados, que fazem da educação mercadoria, como a Kroton Educacional”.

A carta denuncia ainda a perseguição e a censura impostas pelos governos aos docentes, ressaltando a importância do “respeito à profissão docente, que não pode ser submetida a nenhuma perseguição ideológica […] Convidar os alunos a filmarem os professores, para puni-los, é uma medida que apenas piora a educação, submetendo-a a uma censura inaceitável”. Em outro trecho, reforçam: “a autonomia universitária é uma conquista que deve ser mantida para garantir a liberdade e qualidade na pesquisa, formação e extensão”. 

Ao fim do texto, os ex-ministros propõem a “formação de uma ampla frente em defesa da educação” e anunciam a criação de um “Observatório da Educação Brasileira dos ex-ministros da Educação, que se coloca à disposição para dialogar com a comunidade acadêmica e científica, sociedade e entidades representativas da educação, com parlamentares e gestores, sempre na perspectiva de aprimorar a qualidade da política educacional”.

Jady Oliveira
União da Juventude Rebelião


[1] Kroton Educacional: a maior empresa privada do mundo no ramo da educação, um conglomerado que monopoliza e atua em função da privatização do ensino privado, em detrimento da educação pública, gratuita e acessível.

Deputada Talíria Petrone é ameaçada de morte e tem a proteção negada pelo governador do Rio

Foto: Ricardo Albertini


RIO DE JANEIRO Um ano após a execução da Vereadora Marielle Franco pela milícia, a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) – assim como Marielle uma política negra, de periferia e LGBT – teve a solicitação de escolta negligenciada pela omissão do Governador Wilson Witzel, do Partido Social Cristão, ao negar o pedido de proteção à vida da deputada que foi realizados após receber ameaças de morte.

Talíria recebe ameaças de morte desde 2016 quando foi eleita vereadora em Niterói/RJ. As ameaças vêm pelas redes sociais ou até por telefonemas feitos à deputada ou a sede de seu partido. A pouco mais de dois meses a polícia federal alertou ter encontrado na dark web informações sobre o planejamento de um atentado à vida da deputada.

Graças à investigação da PF, Talíria está sendo escoltada em Brasília, mas nas vezes em que retorna a Niterói, cidade na qual foi eleita e também onde recebeu as ameaças, anda desprotegida pois a solicitação enviada pelo presidente da Câmara dos deputados, Rodrigo Maia (DEM), foi negada pelo Governador Witzel, que nem sequer enviou uma resposta a Câmara.

Em abril deste ano a deputada foi chamada de “verme” pelo líder da bancada ruralista, Alceu Moreira (MDB-RS), durante uma audiência pública após reações da parlamentar às declarações do também deputado. Recentemente, após as denúncias de ameaças de morte, o filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), debochou em seu twitter dizendo que Talíria era hipócrita por se declarar desarmamentista e pedir escolta, alegando que a deputada deveria pedir “iluminação”.

A história da Professora Talíria em muito se confunde com a história de Marielle Franco. Ambas ameaçadas de morte e odiadas pelos conservadores, falsos moralistas e pelos milicianos. O que acontece é que em um país que possui cotas para que as mulheres enfim consigam ocupar o espaço político que é ocupado majoritariamente por homens brancos, héteros e ricos, existir duas mulheres negras, periféricas e LGBTs, que foram eleitas como as vereadoras mais votadas em suas respectivas cidades na primeira eleição que concorreram, é inaceitável.

É um atentado à democracia o estado do RJ não exercer seu papel e zelar pela vida de uma deputada que é ameaçada apenas por lutar pelos direitos das mulheres, dos negros, dos pobres e dos LGBTs. Sabemos as causas da omissão do governador reacionário Wilson Witzel, também sabemos de qual lado está o filho do presidente e amigo da milícia, Eduardo Bolsonaro, que ironiza as ameaças contra Taliria assim como ironizava as denúncias feitas por Marielle.

Mas não podemos esperar a morte de ninguém mais, muito menos de alguém que luta para defender o direito à vida de milhões de pessoas abandonadas pelo estado e massacradas pelo sistema capitalista.


Michel Castro
União da Juventude Rebelião

Projeto Anticrime de Moro é um tribunal de rua do fascismo

Entre as principais mudanças apresentadas pelo governo Jair Bolsonaro para a segurança publica do país, está o projeto de Lei Anticrime divulgado pelo Ministro de Justiça e Segurança Publica Sérgio Moro.

Exército brasileiro assassina jovens negros inocentes na intervenção do RJ

O projeto que prevê alterações de 14 artigos do Código Penal e do Código Eleitoral não demonstra nenhuma novidade sobre as causas dos crimes, muito pelo contrário, coloca no centro da política de segurança pública o método da punição, única e exclusivamente como forma de redução da criminalidade.

Hoje já existe uma diferenciação dos procedimentos de casos de homicídios envolvendo policiais em serviço. Por exemplo: quando um policial comete um homicídio e alega legitima defesa, o crime é juridicamente justificado como “morte por intervenção de agente de Estado”. Esse procedimento hoje é conhecido como “Autos de Resistência”, e é responsável por ser o principal argumento legal para justificar os assassinatos produzidos pela policia, quase sempre sendo o processo arquivado. Porém, caso uma pessoa comum mate e alegue legítima defesa, haverá um inquérito policial para apuração do homicídio, que na maior parte dos casos termina em reclusão, ou seja, pena de seis a vinte anos de prisão.

Nesse sentido, um dos principais eixos do pacote apresentado está a excludente de ilicitude, nesse caso, mesmo que o agente policial tenha praticado um homicídio, ele não será considerado um criminoso, excluindo o ato ilícito. O Código Penal prevê três situações em que se aplica a excludente de ilicitude: estado de necessidade, legitima defesa e o estrito cumprimento do dever legal. Uma das propostas que está no pacote de Sergio Moro é de flexibilização e ampliação da excludente de ilicitude em favor de policiais.

Em situações em que a polícia precisa executar uma prisão em flagrante, o ordenamento jurídico brasileiro autoriza o policial em ação á exercer o estrito cumprimento do dever legal que é prender. Atualmente no Brasil, não existe o dever legal de matar. Não se justifica seguir atirando até causar a morte. Com a mudança proposta pelo pacote, o texto de lei deixa claro: caso os policiais durante o trabalho estiverem em situações de medo, surpresa ou violenta emoção, e vierem a matar ou ferir alguém não poderão serem punidos. Utilizando do pretexto da legitima defesa, o projeto formaliza e amplia a violência e  os assassinatos praticados pela policia.

Um levantamento feito pelo Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostrou que houve um aumento de 18% de pessoas mortas por policiais de 2017 para 2018 (5.225 para 6.160 mortes ao ano), ressaltando que essas mortes são as que estão registradas no balanço anual. O ultimo relatório produzido pela Anistia Internacional demonstrou que as forças policiais brasileiras são as que mais matam no mundo.

A redução da violência urbana foi destaque nas eleições de 2018, demonstrando uma enorme preocupação da população com a segurança publica. Lembrando que essa era uma das principais promessas e bandeiras das campanhas de candidatos, como Bolsonaro, João Dória, Wilson Witzel. E com razão o povo, principalmente mais pobre tem clamado por justiça e segurança. Os princípios constitucionais, em especial a dignidade humana, têm sido violados e o brasileiro sofre no seu cotidiano.

Herança da ditadura

“Força auxiliar e reserva do Exército” a Polícia Militar foi criada em 1969 sob decreto-lei em pleno período de ditadura. Desde então e mesmo após a democratização do Brasil em 1988, esse braço violento do Estado continua atuando como há mais de 50 anos. Mesmo sendo hoje uma força à disposição do Estado, a submissão é ao Exército autoritário brasileiro. Surge uma antinomia, pois ao mesmo tempo em que polícia vem de polis, do grego, cidadão, cidadania,militar vem do latim miles, milícia. Entende-se inclusive porque a militarização vê no indivíduo civil um inimigo. O modo operante despreparado da polícia dá-se através do excesso de violência, truculência e arbitrariedades. A tortura, por exemplo, é uma prática cotidiana, comum e normal nas ações policiais na periferia adentro.

Com o projeto de lei de Moro haverá um aumento de forças paramilitares. Esse cenário aprofunda a impunidade policial e é a semente para o nascimento de milícias, que no atualmente é o grupo que mais oferece risco a segurança e vida do povo brasileiro, inclusive com comprovações já apresentadas pela investigação do envolvimento direto desse grupo de extermínio com o brutal assassinato da ex vereadora e militante Marielle Franco. 

            O Conselho de Direitos Humanos da ONU solicitou que o Brasil despendesse maiores esforços para combater a violência e projetar um fim à Polícia Militar, responsável por milhares de assassinatos. Tudo isso fica muito claro quando vemos policiais formarem grupos de extermínios e esquadrões da morte (criados no regime militar), carregados de  discurso de ódio, agindo de forma criminosa, truculenta e autoritária. É urgente e necessário por fim a militarização da polícia, e pensarmos um outro modelo de segurança pública para não mais vivermos o cotidiano da barbárie e da escravidão, pois os chicotes de ontem são as balas dos fuzis dos opressores de hoje!

Lucas J Barbosa, MLB – São Paulo

O racismo como ideologia de dominação e os 80 tiros em nós

O fuzilamento de Evaldo dos Santos, músico, num bairro periférico do Rio de Janeiro enquanto passeava com sua família na tarde de um domingo, representa o avanço do estado fascista que já não se importa em manter a aparência de um estado democrático de direito.

Ato na paulista em homenagem a Evaldo, músico assassinado pelo exército com 80 tiros. Foto: Jorge Ferreira

Com indignação o povo assistiu o presidente da república, 6 dias após o assassinato, vir à público se manifestar sobre o caso, limitando-se a defender a instituição que disparou 80 tiros e ceifou não só a vida de Evaldo, mas também de Luciano Macedo, catador de recicláveis,  que tentou ajudar a família a sair do veículo no momento da ação criminosa. Segundo o presidente: “O exército não matou ninguém!” Entretanto, é equivocado pensar que essa barbárie é consequência exclusiva da chegada da extrema direita ao Poder, muito menos apenas de resquícios da ditadura militar. Na verdade o estado policialesco nunca deixou de estar presente nas periferias do Brasil.

No mundo, o 1% da população mais rica tem mais riqueza que os outros 99% somados. Os 6 homens mais ricos do mundo tem mais posses do que a metade mais pobre, mais de 3,5 bilhões de pessoas. Esse abismo social é também a realidade do Brasil, que tem uma das maiores desigualdades do mundo. Neese contexto, ao povo negro é reservado apenas os piores postos de trabalho, os piores salários e os barracos das grandes favelas. A imensa maioria da população negra é extremamente pobre e vive sob todas as formas de vulnerabilidade.

O desemprego é enorme e o varejo do tráfico termina sendo um desses postos de trabalho reservados especialmente para a juventude negra das periferias. Mesmo cumprindo uma tarefa desse negócio que gera enormes lucros para a burguesia, que utiliza seus bancospra lavar esse dinheiro, e por estar na ponta, mais visível e sustentando fuzis nas mãos, os jovens negros são vítimas de um discurso de criminalização e de uma política repressiva e genocida que assassina 66 mil pessoas por ano no Brasil, um verdadeiro índice de guerra civil. 78% desses jovens são assassinados por conta da sua cor da pele, por serem negros.

É que cada tempo histórico tem suas perguntas sobre o passado, pois cada conjuntura produz uma história para justificar o seu presente.” É assim que Marielle Franco começa a demonstrar em sua tese de mestrado a importância de compreendermos nosso passado recente  e o processo de implementação do neoliberalismo que o Brasil passou nas últimas décadas. Apesar do estudo da vereadora assassinada se concentrar na política de segurança pública do estado do Rio de Janeiro através das Unidade de Polícia Pacificadora, traz também importantes esclarecimentos sobre as causas do genocídio de negros e negras no país todo.

É verdade que desde a formação do estado brasileiro há uma política de extermínio daqueles que foram escravizados,  e desde então diferentes  ideologias foram utilizadas para perpetuar o poder na mão de uma minoria enquanto o povo dispõe de uma vida miserável. Mas também é urgente compreender as engrenagens da fase atual do capitalismo para traçarmos estratégias para a sua destruição. Nesse sentido que Marielle desmascara o estado penal vigente nas periferias como estrutura central do neoliberalismo no Brasil.

Nessa fase da crise do capitalismo, onde a elite econômica tenta enfiar goela abaixo reformas para aumentar seus lucros, mesmo que às custas da retirada de direitos trabalhistas e sociais, é necessário uma escalada no estado penal para conter aqueles que se encontram “excluídos” dessa sociedade. É por isso que na medida que os governantes avançam na destruição de direitos sociais,  aumenta-se a repressão nas periferias, pois esses são os territórios tidos como inimigos do estado, que serve exclusivamente aos interesses da classe dominante.

A administração pública por sua vez, concentra  esforços em passar a impressão  que esse modelo de segurança pública, que invade casas, mata e tortura, se legitima em nome da proteção de toda sociedade. Essa é a tática da “guerra às drogas”, justificar o genocídio e o encarceramento em massa como necessário para manter a ordem.

Para tanto, o estado exerce papel crucial na manutenção do projeto de dominação. Se nos bairros ditos “nobres”, o estado se faz presente nas ruas bem asfaltadas, nos parques bem arborizados, e em todo conjunto de políticas que promovem o acesso à cidade, nas periferias esse mesmo estado se faz presente exclusivamente através das forças militares, seja pela polícia, pelo exército, ou mesmo por grupos milicianos.

Essa guerra aos pobres, transvestida de pacificação,  não se justifica apenas com o sadismo de uma elite branca, mas sim por interesses econômicos. O estado, representante da burguesia, não contente com as reformas neoliberais, também está comprometido com o lucro dos megatraficantes, dos milicianos, da indústria armamentista, da especulação imobiliária, etc.

Justamente por incomodar aqueles que lucram com o extermínio da população negra e escancarar a as engrenagens desse sistema que Marielle Franco foi brutalmente assassinada.

Um ano depois de sua morte, os 80 tiros disparados pelo exército no carro de Evaldo e sua família nos traz à tona a urgência de apontar as raízes desse projeto genocida. Trata-se do modus operandi de um estado neoliberal, que manteve as mesmas práticas inclusive nos governos ditos progressistas,  período em que o encarceramento mais do que dobrou. Se no Brasil o capitalismo é forjado no extermínio da população da periferia, que na sua maioria são negros e negras, o fim desse extermínio também depende da superação desse sistema perverso.

O RACISMO COMO IDEOLOGIA DE DOMINAÇÃO

Segundo Clóvis Moura, “o racismo não é uma conclusão tirada dos dados da ciência, de acordo com pesquisas de laboratório que comprovem a superioridade de um grupo étnico sobre outro. O racismo é uma ideologia deliberadamente montada para justificar a dominação de um grupo sobre outro. É, portanto, uuma ideologia de dominação.

Acontece que após a abolição da escravidão no Brasil, a elite do país determinada a manter seu projeto de domínio, costurou outras roupagens para sustentar o novo regime econômico. Nesse momento ganha destaque a  concepção eugênica que correspondia a uma política de embranquecimento da população e a uma teorização sobre características de personalidade inerentes às raças.

Dentre elas, se destaca o papel do direito penal na formação do imaginário popular do negro como figura naturalmente criminosa. Ainda no período da primeira república, o código penal tipificava como crime o que ficou conhecido como lei da vadiagem. Num contexto de séculos de escravidão, foi como prender as pessoas simplesmente por elas serem negras. Essa política foi aprimorada ao longos das décadas, mas sem nunca perder o viés ideológico de dominação sobre os corpos marginalizados.

A Liga de Higiene Mental, por exemplo, braço do nazismo e do arianismo no Brasil, se destacou como defensora “científica” dessa tese e defendia, entre outras bandeiras, salários eugênicos (quanto mais clara a cor da pele, maior deveria ser o salário), recompensa para famílias que procriassem seres “superiores”, punição para os “inferiores”.

O higienismo social presente na segregação territorial até os dias de hoje, é oriundo das políticas da burguesia desde a formação da nação brasileira. A verdade é que esse país foi constituído sob uma ideologia burguesa e racista, que nega ao povo sua própria história, como estratégia política para perpetuar uma estrutura excludente.

Sendo assim, torna-se uma ingenuidade combater o racismo apenas através do viés acadêmico ou estritamente científico, muito embora não possamos de maneira nenhuma, negar o combate também nesse terreno.  Mas a verdade é que a boa e velha luta de classes ainda é a forma mais eficiente de enfrentar o racismo no Brasil. Como afirma Clóvis Moura, “a questão racial é essencialmente política e não apenas científica.”

Para superarmos o sistema político existente, o capitalismo, será necessário travarmos as lutas pelos interesses imediatos da classe trabalhadora, composta na sua maioria por mulheres e negros. Mas isso não bastará. Será necessário, e esse é o nosso desafio, apresentar outro modelo de sociedade que seja capaz de substituir a engrenagem capitalista.

Um sistema político e social que dê conta de distribuir toda a riqueza socialmente produzida, pondo fim à propriedade privada dos meios de produção e a todas as desigualdades sociais existentes na atualidade. Esse sistema, essa sociedade, tem nome e chama-se Socialismo.

Jorge Ferreira e Queops Damasceno, São Paulo

Tentativa de golpe militar na Venezuela é patrocinado pelos EUA

População venezuelana vai às ruas e impede o golpe orquestrado pelos EUA

Uma tentativa de golpe militar foi realizada na Venezuela na manhã desta terça feira, 30/04, como o intento de derrubar o governo legítimo de Nícolas Maduro. Esta ação contou com o apoio incondicional dos EUA que propicia todo auxílio aos golpistas que são, na verdade, subservientes do imperialismo e realizam um discurso de apoio à “Liberdade” no país, mas com o intuito de fazer o roubo das riquezas nacionais.

Logo pela manhã Juan Guaidó, o promotor principal do golpe, realizou pronunciamentos anunciando a tomada de uma base militar localizada na região leste de Caracas, a Base Aérea La Carlota. Também propalava a obtenção de apoio militar das forças armadas, buscando causar um levantamento em outras bases militares.  Guaidó pronunciou-se ao lado de Leopoldo Lopez que estava preso desde 6 de agosto de 2017, cumprindo pena de quase 14 anos, por praticar atos violentos.  O “Autoproclamado” presidente, com apoio dos EUA, busca usurpar o poder sem possuir o voto democrático do povo, por meio de uma ação violenta contra a maioria dos venezuelanos.

No entanto, oficialmente, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte Diosdado Cabello, desmentiu a tomada da Base Aérea e disse que apenas um reduzido grupo militar se sublevou para promover um golpe de Estado. “Não foi vulnerabilizada nenhuma instalação militar no país, eles estão nas ruas no Distribuidor Altamira e nós estamos dirigindo as operações desde a Base Aérea La Carlota”, afirmou.

Maduro também se pronunciou nas redes sociais afirmando que conta com o apoio e lealdade do comando do exército, que diz está comprometido com a constituição e a soberania nacional. Precisa no entanto estar mais preocupado com o apoio popular permanente nesse processo, visto que as ações da direita tentam alterar a correlação de forças também nas massas, mas ao que tudo indica sem sucesso até o presente momento.

Mike Pompeo, o secretário de Estado norte-americano, afirmou em um comunicado “hoje, o presidente [autoproclamado] interino Juan Guaidó anunciou o início da Operação Liberdade. O governo dos Estados Unidos apoia integralmente o povo da Venezuela em sua busca pela liberdade e pela democracia. A democracia não pode ser derrotada”. Destila assim seu apoio incondicional as ações militares para derrubar o governo e mostra disposição de intervir nos assuntos internos da Venezuela.

Ernesto Araújo, ministro de relações exteriores do Brasil, se reuniu em Washington, no dia 29, com Mike Pompeo e demonstrou uma total submissão ao governo dos EUA fazendo coro a politica norte-americana “O Brasil apoia o processo de transição democrática e espera que os militares venezuelanos sejam parte desse processo de transição democrática”, declarou. Logo Bolsonaro também se pronunciou no Twitter “O Brasil está ao lado do povo da Venezuela, do presidente Juan Guaidó e da liberdade dos venezuelanos”. É uma vergonha como copiam a linguagem da farsa americana sem o mínimo de pudor tratando a palavra “liberdade” como um mantra para encobrir a tentativa de um golpe militar absurdo.

As declarações conjuntas do Brasil com os EUA nesse processo devem ser repudiadas pelo povo brasileiro, pois não podemos ser bucha de canhão para o imperialismo. Os interesses do Brasil estão muito mais ligados a uma política de relações internacionais pacíficas, de integração latino americana baseada na colaboração entre os países iguais, na solidariedade e no internacionalismo proletário. O povo brasileiro sempre foi a favou da soberania das nações e o princípio da auto-determinação, onde cabe a cada povo decidir seus destinos.

Todo apoio ao povo venezuelano! Abaixo o imperialismo!

Wanderson Pinheiro, São Paulo

“A Unidade Popular veio para ficar”

A Unidade Popular (UP), partido político em formação, é fruto da iniciativa de centenas de ativistas dos movimentos populares, militantes comunistas, estudantes e professores e da necessidade de construir uma alternativa de esquerda revolucionária ao atual cenário nacional.  Após um ano e meio de muito trabalho, a campanha pela legalização da UP entra em sua reta final. Para falar sobre as novas tarefas da militância, A Verdade entrevistou Leonardo Péricles e Fernanda Lopes, membros da Direção Nacional da UP, que afirmam que para o país sair desta crise, precisa passar por uma profunda transformação econômica e social que dê vida digna para o nosso povo, e, por isso “a UP luta pelo poder popular e pelo socialismo”.

Da Redação

 

A Verdade – Por que a UP foi criada?

Leonardo Péricles – Houve, nos últimos anos, um verdadeiro esgotamento dos atuais partidos ditos de esquerda. Alguns foram cooptados, tomando o caminho de aliança com as grandes empresas, bancos e empreiteiras. Outros, tentando fazer frente a esta traição, não conseguiram dialogar com a classe trabalhadora. De tão estreitos que são, não conseguem se apresentar como alternativa. O resultado é que, hoje, poucos empunham a bandeira de luta por mudanças estruturais, ou seja, a luta revolucionária contra o capitalismo, que passa pela mobilização de amplos setores populares, de milhões e milhões de trabalhadores, mulheres e homens, negras e negros, LGBTs, jovens, indígenas, comunidades tradicionais, enfim, a luta da imensa maioria do povo brasileiro.

Esta é uma luta por quebrar os enormes privilégios dos super-ricos, da burguesia brasileira. É, portanto, uma luta muito dura e nós, da UP, não consideramos que ela possa ser feita por um iluminado ou de forma isolada, mas sim no campo da luta de massas, na vida política partidária, dos movimentos, e lideranças que se reúnem em torno das ideias populares. Daí o próprio nome Unidade Popular. Acreditamos que, a partir de um chamado decidido e pautado na força do movimento popular, se incorporarão a este projeto milhões de lutadoras e lutadores. Foi para fazer este chamado que nasceu a UP.

 

Como vocês veem a atual situação do País? Qual a saída para a crise do Brasil?

Fernanda Lopes – O Brasil vive uma grave crise econômica e política que se agrava a cada dia, com vários retrocessos democráticos, perdas de direitos e uma calamidade social. O desemprego já atinge cerca de 24 milhões de pessoas. Hospitais, postos de saúde, escolas e universidades estão abandonados. A violência aumenta e o povo teme por sua vida todos os dias, especialmente as mulheres. O ilegítimo governo de Michel Temer, que só tem olhos para as classes ricas, aprovou a chamada “PEC dos Gastos”, congelando por 20 anos os investimentos públicos em saúde, educação e moradia. Aprovou, em agosto de 2017, a Reforma Trabalhista, que retirou direitos históricos dos trabalhadores conquistados em décadas de luta, e ainda quer aprovar a Reforma da Previdência para que trabalhadores e trabalhadoras não se aposentem mais. Para sair desta crise, o País precisa passar por profundas mudanças. Somente uma profunda transformação econômica e social que dê vida digna para o nosso povo, emprego, saúde e educação de qualidade, moradia, transporte e terra para os camponeses resolverá os problemas atuais vividos pelo povo. Por isso a UP luta pelo poder popular e pelo socialismo.

Leonardo Péricles – Devemos lembrar também que vivemos uma das mais profundas crises econômicas da história do capitalismo, desde 2008, e que se manifestou com mais força no Brasil a partir de 2013. A solução para esta crise é pôr fim a um sistema que protege uma minoria de ricos. E o programa para isso já é conhecido: taxar as grandes fortunas; impedir a especulação imobiliária e garantir a função social do solo; suspender o pagamento da dívida pública, que nos suga quase metade do orçamento federal; exigir o pagamento dos devedores da dívida ativa dos municípios e estados; impedir a sonegação de impostos pelas grandes empresas, inclusive dos devedores da Previdência; reduzir a jornada de trabalho sem redução do salário para gerar mais empregos. Desta forma, bilhões de reais serão arrecadados e serão suficientes para resolver os graves problemas sociais que nosso país vive. Mas, ao lado de todas estas lutas, não devemos deixar de disputar a maioria da população para um projeto ainda mais profundo de transformações sociais, que é a derrubada do capitalismo e a implantação do socialismo, em que os meios de produção das riquezas estejam nas mãos da classe trabalhadora e possam servir para a vida, e não para o lucro.

Nenhum dos atuais partidos defende essas propostas?

Fernanda – A maioria dos atuais partidos está pautada pela institucionalidade, por um respeito sagrado aos limites impostos pela burguesia, ao invés de se pautar pela necessidade de superação do capitalismo. E isso exige muito enfrentamento, rupturas, uma verdadeira revolução política. Um dos papéis que a UP se propõe a fazer é demonstrar que os partidos dos ricos enganam o povo a todo momento. Procuramos demonstrar pelo discurso e pela prática que nem todos os que fazem política são iguais, que há uma política corrupta e burguesa, mas que existem também políticos revolucionários e uma política proletária. Não se trata de moralismo, mas sim de colocar as coisas no seu devido lugar.

Por que o socialismo é superior ao capitalismo?

Leonardo – Em um país riquíssimo como o Brasil, o socialismo daria condições para todas as pessoas se apropriarem dos bens e serviços de que necessitem para viver. Já debaixo do capitalismo, somos um país subdesenvolvido, com uma economia comandada pelos EUA e com uma desigualdade social que aumenta a cada ano. Hoje a realidade é que as cinco pessoas mais ricas do País detêm a mesma riqueza da metade mais pobre da população. O socialismo também permite que a tecnologia desenvolvida seja aplicada para melhorar a vida do conjunto da população, e não para aumentar os lucros dos capitalistas. Só o socialismo garante acesso universal à educação, saúde, moradia, segurança, lazer. Isto já foi provado por décadas na União Soviética e em outras experiências socialistas. Uma nova onda de grandes transformações sociais virá neste século 21, pois são insustentáveis as contradições do capitalismo. Só no ano passado, por exemplo, 82% da riqueza produzida no mundo foi apropriada por apenas 1% das pessoas! A maioria dos trabalhadores ainda não tem a consciência de que este mundo novo de felicidade é possível, mas o socialismo está no sonho de todo trabalhador e trabalhadora consciente. Ao socialismo interessa socializar a riqueza das grandes propriedades, aquela que pode resolver o problema da moradia nas grandes cidades, pois no capitalismo há mais casas e prédios abandonados do que gente sem habitação. Já as grandes fábricas e empresas, as grandes extensões de terra, estarão à disposição do Estado, dirigido pela classe trabalhadora para que esta decida a prioridade e a função social de cada coisa.

Como veem as declarações de membros do Alto Comando do Exército defendendo um golpe militar?

Fernanda – Nessa conjuntura em que a luta de classes se encontra bastante acirrada, vemos manifestações das diferentes classes sociais e agrupamentos sobre as possíveis saídas para a crise. Dentro da falta de perspectivas de parte da população, setores do alto comando do Exército a serviço do setor mais reacionário da burguesia, dos fascistas, tentam também se apresentar como alternativa. Lembremos que todo este espaço para que generais possam se pronunciar sobre golpes de Estado, contrariando a própria Constituição sem sofrerem nenhuma punição, é algo muito grave e que não podemos aceitar. É preciso levar a cabo as recomendações da Comissão Nacional da Verdade para que se punam os torturadores e assassinos da época da ditadura militar. Como disse a grande companheira Amelinha Teles, em entrevista publicada na última edição do Jornal A Verdade: “Não há democracia com corpos insepultos”. Sabemos que a impunidade do passado leva à impunidade do presente, pois hoje milhares de jovens negros e pobres continuam sendo torturados e mortos nas periferias de todo o Brasil nas mãos de agentes estatais, principalmente das polícias militares.

Qual o balanço da campanha pela legalização da UP?

Leonardo – Estamos há 15 meses colocando em prática um ousado plano de legalização de um partido político revolucionário que almeja o poder. Para coletarmos as 600 mil assinaturas que conquistamos neste período, fomos a praças, bairros, vilas, favelas, ruas, empresas, fábricas, escolas, universidades e seguramente falamos para mais de dois milhões de pessoas que foram abordadas ou que escutaram nossas agitações. Nosso discurso, aliás, não é só para pedir uma assinatura, mas para politizar, para denunciar os crimes das elites contra o povo e convocá-lo para a luta.

Neste último período, conseguimos perceber como poucos o sentimento de nosso povo, seu desejo por mudanças no Brasil e, neste sentido, tivemos ainda mais certeza de que nossa decisão de criar a UP foi acertada. E fizemos isso sem depender de um centavo da Odebrecht ou de qualquer outra grande empresa, banco etc. Sem depender também de nenhum figurão da política tradicional burguesa, dependendo apenas de nossa militância e de apoiadoras e apoiadores que têm os mesmos propósitos que nós.

Chegamos agora a um momento decisivo, pois temos pouco mais de seis meses para cumprir nosso objetivo, já que a legislação impõe um prazo máximo de dois anos. Apesar de enfrentarmos regras extremamente antidemocráticas para a legalização de novos partidos, durante este período, que estamos chamando de período especial, nossa militância decidiu se dedicar integralmente à realização desta grandiosa tarefa. Chegaremos até o final de maio com pelo menos 800 mil assinaturas coletadas no total e já demos passos importantes no cadastramento das fichas de apoio no sistema online do TSE e nos cartórios eleitorais. Em três estados a UP já alcançou o número mínimo de apoiamentos exigido e já podemos constituir seus diretórios estaduais provisórios. Estamos trabalhando para que nos próximos meses cheguemos a pelo menos nove diretórios estaduais legalizados, que é outra exigência. Além disso, temos recebido adesões de muitos ex-militantes de outros partidos e organizações políticas, e até de grupos políticos que não se sentiam mais representados pelos demais partidos existentes.

O que falta para a UP conquistar a legalização?

Fernanda – Tudo o que fizemos até aqui, apesar de muito importante, não basta, pois precisamos validar 487 mil assinaturas nos cartórios eleitorais de todo o Brasil. Neste sentido, entramos no sistema do TSE com cerca de 150 mil fichas nestes últimos meses e nossa campanha continua até a legalização. Para termos êxito, estamos fazendo também uma campanha de arrecadação de finanças, pedindo contribuição às pessoas que acreditam em nossa causa para que possamos ter um caixa que permita arcarmos com os gastos desta reta final. Precisamos da ajuda de todas e todos para que possamos concluir esta campanha de dois anos. Estamos muito confiantes de que venceremos!

Um convite à leitura do livro ‘Sobre o Movimento Estudantil’

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Lançado clandestinamente em 1968, ‘Sobre o Movimento Estudantil’ faz uma análise da conjuntura política do Brasil, que vivia quatro anos da ditadura militar, e traçava os caminhos que a luta dos estudantes deveriam tomar em relação ao país naquela época, dentro de um processo de acirramento da luta de classes. 

Luiz Henrique | Recife (PE)


JUVENTUDE – Não é absurdo dizer que o livro “Sobre o movimento estudantil” deve exercer papel semelhante ao ‘Que fazer?’ de Lênin, no contexto histórico das lutas estudantis no Brasil. Publicado clandestinamente em 1968 pelo editorial “A Luta”, pelo Partido Comunista Revolucionário (PCR), contendo sua análise do movimento estudantil daquela época, seu caráter de classe e quais as principais tarefas e características, desse que é um dos seguimentos mais importantes dos movimentos sociais. A segunda edição, lançada em 2005, praticamente esgotada, precisava de uma atualização, especialmente próximo aos 30 anos da União da Juventude Rebelião (UJR) nesse ano de 2025.

Essa obra, semelhante ao brilhante livro do grande líder da Revolução Russa, Lênin, é também um ‘guia para a ação’ nesse espaço de luta tão importante que é o movimento estudantil. Os exemplos são muitos! A começar pelo papel designado ao movimento estudantil nos dias atuais: “desmascarar a ditadura do capital, a exploração e a opressão capitalista-imperialista e forjar quadros para a revolução socialista”. Para os estudantes que viveram numa ditadura aberta e formal, tal como foi a Ditadura militar fascista de 1964, o livro, produzido nesse contexto, responde igualmente bem ao problema da tarefa do movimento estudantil: “desgastar a ditadura, e formar quadros para a revolução”. Hoje, apesar de estarmos em outro contexto político, as observações dessa obra ainda trazem consigo enorme serventia.

Podemos afirmar que o texto vai além, ao discutir não só a importância das lutas reivindicatórias como o entendimento também da unidade dialética existente daquelas com as lutas políticas: “(…) nenhuma luta de massas é simplesmente reivindicatória ou simplesmente política. Expressando a dialética do complexo social, toda reivindicação (luta por restaurantes gratuitos) é, ao mesmo tempo, uma luta política (luta contra a política educacional do governo que objetiva privatizar o ensino, transformá-lo em fonte de lucros) e, inversamente, toda luta política (luta contra a política educacional do governo) é uma luta reivindicatória (luta por mais vagas, ensino gratuito, etc.).”.

Desse modo, entendemos que as lutas reivindicatórias são a base sobre a qual nascem as lutas estudantis, o desprezo a estas é uma das maneiras de levar ao isolamento o movimento de grande maioria dos estudantes, contribuindo para a decadência acelerada da educação no país, dado que os maiores interessados nela não estão fortes e organizados para responder aos incessantes levantes da burguesia contra os filhos da classe trabalhadora.

Por outro lado, achar que as lutas políticas são secundárias ou até prejudiciais ao movimento estudantil é puro reformismo: acreditar que é possível construir uma educação pública de qualidade sem luta política (disputa pelo orçamento das escolas e das universidades, combater um Estado que se nega a conceder os avanços concretos que exigem os estudantes e educadores) é ignorar a história brasileira e de todos aqueles que tentaram até hoje, no Brasil, país dependente e espoliado no sistema capitalista-imperialista, instituir uma educação de qualidade.

O movimento estudantil hoje

A União Nacional dos Estudantes (UNE), dirigida majoritariamente pela Juventude do PCdoB (UJS) há mais de 40 anos, e que, não só abandonou as reivindicações mais básicas dos estudantes, como também põem panos quentes todas as vezes que o atual Governo Federal despendem cortes aos recursos da educação pública, seja por intermédio de reduções orçamentárias ou de verbas para permanência e assistência estudantil, como vem ocorrendo intensamente desde 2024 quando entrou em vigência a violenta política de austeridade fiscal do Governo Lula 3, que conseguiu agradar até o golpista Michel Temer, autor da PEC da morte, que disse: “É um bom projeto, eu acho que  cortar gastos é uma coisa sempre útil. (…) O Haddad, nesse sentido, é uma agradável surpresa.” …

Além de nos alertar contra o reformismo e o voluntarismo aventureiro, nos orientar no dia a dia da luta sobre as diferentes formas de luta nesse espaço, “Sobre o movimento estudantil”, ao cristalizar um longo período de lutas do M.E. brasileiro (sob uma linha política acertada), sempre inseridas na totalidade das lutas populares, além de apontar como horizonte que só será possível uma educação realmente humanista, comprometida com a ciência e a resolução dos grandes problemas da humanidade, com a transformação radical dessa mesma sociedade. Ou seja, com a Revolução e a construção do Socialismo. É com esse espírito e disposição que a UJR vem construindo o movimento Correnteza, que nesse último congresso da UNE se consolidou como a maior força de oposição ao campo majoritário, justamente por seguir esses ensinamentos, e não fazer a luta de forma isolada, como que falando sozinho e distante dos estudantes.

Em um momento no qual a luta por Memória, Verdade e Justiça se aprofunda cada vez mais, “Sobre o M.E.” é um documento histórico valiosíssimo para todos aqueles que querem manter a Imortalidade de nossos Heróis que foram martirizados durante a Ditadura Militar Fascista e impedir, novamente, outra “anistia” para todos os golpistas do 8 de Janeiro, sejam burgueses, militares ou o genocida Jair Messias Bolsonaro. O movimento estudantil cumpre um papel importante na atual conjuntura em que vivemos, mas apenas com uma boa formação política e teórica, aprofundando os conhecimentos de nossa história é que poderemos ser exitosos nessa tão honrosa tarefa.

Às Portas de Moscou nos ajuda a combater o inimigo de classe diariamente

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Apesar de se tratar de um romance histórico, Às Portas de Moscou traz diversos ensinamentos que nos ajudam no dia a dia da militância. No capitalismo estamos em uma constante batalha ideológica contra o individualismo e contra o comodismo. Assim, a leitura desse livro me inspirou e me inspira a combater mais arduamente esse inimigo no dia a dia.

Cassiano Bezerra | Recife – PE


CARTA – Ao saber do lançamento de “Às Portas de Moscou”, fiquei intrigado para ler o livro. Não sou muito chegado na história das grandes guerras que aconteceram no século XX, mas entendo que elas cumpriram um papel importante para a forma como a sociedade se encontra hoje. Afinal, foram guerras estouradas pela disputa dos países imperialistas pelo território e pela riqueza dos países explorados. Mas o que mais me chamou atenção foi a descrição cotidiana de uma guerra, o dia a dia dos soldados e a disciplina.

Aleksandr Bek, autor dessa obra, nasceu em 21 de dezembro de 1902 em Saratov, na Rússia, filho de um médico imperial. Após a revolução russa de 1917, Bek se alistou no Exército Vermelho para defender a URSS da reação. Defendeu, durante toda a sua vida, a moral comunista para a formação das novas pessoas e edificação do socialismo, elementos tratados nas suas obras. Durante a 2ª Grande Guerra (ou Guerra Patriótica para os soviéticos), o autor atuou como correspondente de guerra. A heroica atuação do Exército Vermelho contra os nazistas o inspirou a escrever “Às Portas de Moscou” (no título original: A Estrada de Volokolamsk).

O livro é um relato-romance que mostra como Baurdjan Momych-Uli, um oficial do Cazaquistão (na época uma das Repúblicas Socialistas Soviéticas), que tem a missão de defender a cidade de Moscou da invasão nazista. Entretanto, o seu comando é formado por voluntários que nunca serviram no exército. O comandante precisa lidar com tarefas diárias de formar soldados, coesionar a tropa, discipliná-los e ensinar o poder do coletivo para o grupo.

Apesar de se tratar de um romance histórico, o livro mostra diversos ensinamentos que nos ajudam no dia a dia da militância. Não estamos em guerra aberta contra um inimigo como os nazistas, mas no capitalismo estamos em uma constante batalha ideológica contra o individualismo e contra o comodismo. O nosso inimigo de classe, a burguesia, está, através de todos meios (escola, comunicação, internet e livros), espalhando a ideologia dominante e garantindo a sua hegemonia. Assim, a leitura e o estudo individual de um militante comunista são muito importantes para combater esses inimigos e fortalecer nossa militância. Esse livro me inspirou e me inspira a combater mais arduamente esse inimigo.

A luta pela disciplina e contra o individualismo

Uma das lições da obra é o fortalecimento da disciplina e atenção a todos os detalhes. Em um dos capítulos, Momych-Uli mostra ao seu batalhão que é preciso disciplina para cumprir com o dever e para vivermos. Ele exemplifica ao mostrar que as imperfeições nas trincheiras construídas pelos soldados, pela falta de disciplina, poderiam levá-los à morte. Também é assim na nossa militância, quando perdemos o horário ou descumprimos uma proposta, perdemos a possibilidade de realizar mais debates ou fazer uma luta.

Também chama a atenção a luta contra o individualismo e pela prioridade que o coletivo tem. Durante a história, Momych-Uli faz o máximo para manter os soldados cuidando uns dos outros e vivendo coletivamente. Em uma passagem do livro, um soldado foge do combate com medo da desvantagem, abandonando os camaradas do destacamento, Momych-Uli o crítica e o expulsa, justificando que essa é uma atitude individualista, portanto, inaceitável, uma mostra de como é preciso praticar a crítica e autocrítica, combater a autossuficiência para construir um trabalho mais sólido.

Estudar e lutar!

O livro é uma representação das lutas que enfrentamos na nossa militância. Aleksandr Bek viu a batalha aberta contra o nazismo e pela derrubada global do capitalismo, mas também os inimigos ideológicos. Lutar contra esses inimigos é fundamental para nos formarmos como quadros da revolução e melhor servirmos ao partido e ao povo.

A leitura nos inspira diariamente a combater esses inimigos que atuam no nosso psicológico. Sempre estamos sendo disputados e é preciso uma resistência diária. Não faltar às reuniões, ter a leitura individual em dia, cumprir e acompanhar as propostas aprovadas em coletivo,

Como disse o general Panfilov em uma passagem: “De nada servirá um comando genial se a preparação do soldado é insuficiente”. Isso reforça a nossa formação comunista e revolucionária. Nos lembra cotidianamente da tarefa que temos diante de nós: derrubar o sistema que hoje é responsável pela falta de moradia, pelas guerras e genocídios e pela fome no Brasil e no mundo. Para isso, é preciso abnegação e senso de coletividade. A leitura é uma das formas de adquirirmos essas características, e Às Portas de Moscou é um lembrete de que a luta de classes existe em todos os terrenos. Sua leitura é imprescindível.

4º Encontro Estadual do Movimento de Mulheres Olga Benario ocorre em Pernambuco

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Com muita combatividade, o Movimento de Mulheres Olga Benario realizou dia 9 de agosto, no Recife, seu 4º Encontro Estadual, que foi um momento de reafirmação das bandeiras de luta do movimento e preparo para os próximos períodos em um dos estados mais violentos contra as mulheres.

Evelyn Dionízio | Recife – PE


MULHERES – No dia 9 de agosto de 2025, o Movimento de Mulheres Olga Benario do estado de Pernambuco realizou seu 4º Encontro Estadual para debater a conjuntura internacional e a organização das mulheres frente a crescente violência de gênero em nosso estado.

A mesa de abertura contou com a presença de Maria Santos, presidente da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP), Sandra Ramos, do Movimento Luta de Classes MLC), Ludmila Outtes, presidente do Sindicato dos Enfermeiros de Pernambuco, Vitória Ohara e Guita Marli, da Coordenação Nacional do Movimento de Mulheres Olga Benario, Camila Falcão, do Diretório Estadual da Unidade Popular (UP), Natalia Lucia, da Coordenação Estadual do MLB e Luciana Barroso, da Frente Negra Revolucionária.

As falas levantaram os dados da violência em nosso estado, bem como a conjuntura social que tem se colocado necessidades e tarefas para a organização feminina nas próximas lutas em nosso país. Entre os dados destacados estão a 5ª edição do boletim Elas vivem: um caminho de luta, da Rede de Observatórios da Segurança, divulgado em março deste ano. O boletim coloca o estado de Pernambuco como o estado em que mais matou mulheres no nordeste em 2023, além do aumento de 33,5% nas ligações para o 180 em comparação ao ano passado, um alerta de que é preciso mais políticas de combate ao feminicídio em nosso estado e muita mobilização popular contra essa violência.

Após a mesa de abertura, as participantes, que lotaram o auditório do Ginásio Pernambucano da Cruz Cabugá, centro do Recife, se dividiram em grupos de trabalho para estudar e debater temas como o fim da escala 6×1, a fome e a carestia, acesso a políticas públicas e a relação entre fascismo e o feminicídio. O Encontro ficou marcado por muita combatividade e vontade de lutar por uma nova sociedade onde as mulheres não sejam subjugadas pelo capitalismo.

“Estou muito feliz de estar aqui, porque aqui eu renovo minhas forças pra continuar na luta. A gente reencontra as companheiras, troca experiências, estuda junto. Um momento como esse é fundamental”, relatou Vera Luzes, moradora da ocupação Selma Bandeira, em Jaboatão dos Guararapes, onde constrói um núcleo do Olga Bernario e participa do MLB.

O trabalho da creche

Para garantir a participação nos debates e reforçar a importância da discussão política das mulheres mães, foi feita uma creche para o encontro, como deve ser em todas as nossas atividades. Visando, assim, ter efetivada a presença de todas as mulheres nos espaços.

Para isso, a UJR (União da Juventude Rebelião) e o MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) foram essenciais para a atividade, onde as crianças conseguiram coletivizar as brincadeiras, com música e desenhos para as crianças, que iam desde bebês aos 10 anos.

Mesmas tarefas, novas forças

Para tocar as propostas apresentadas pelos Grupos de Trabalho, uma nova coordenação estadual foi eleita. O espírito da coordenação continua a ser o fortalecimento nos núcleos do movimento, do combate ao feminicídio no estado de Pernambuco e pelo socialismo. Com o acirramento da luta de classes, precisamos renovar a convicção das companheiras para o nosso trabalho e crescer mais ainda o Movimento no estado.

Uma tarefa digna do nome de nosso movimento, como afirmou a resolução final do encontro com as tarefas de retomar da Ocupação Soledad Barrett, crescer os núcleos territoriais do movimento e fortalecer, a partir da construção coletiva nossa atuação, mantendo assim viva a luta de Soledad, de Gabriela Mariel, Sarah Domingues, Ranúsia Alves, Valdete Guerra e tantas outras companheiras que foram exemplos de luta e nos inspiram até hoje por seus exemplos.

Trump quer impor tarifas e mandar no Brasil

Os Estados Unidos anunciaram a taxação de 50% sobre produtos brasileiros exportados ao país. Além de pressionar o governo Lula a conceder anistia a aliados políticos no Brasil, Trump ameaçou processar um ministro do Supremo Tribunal Federal em cortes norte-americanas.

Wanderson Pinheiro | São Paulo (SP)


INTERNACIONAL – A taxação em 50% dos produtos brasileiros exportados aos EUA – muito além de uma retaliação à aliança do Brasil com a China e ao bloco de países Brics – é uma grande intromissão estrangeira nos assuntos internos do Brasil e representa um ataque a nossa soberania. Com essa medida, o presidente estadunidense Donald Trump quer ditar as relações internacionais do Brasil e ainda justificou suas ações declarando apoio escancarado à tentativa de golpe militar fascista de 08 de janeiro de 2023.

Trump cobra anistia para seus pau-mandados no Brasil (Bolsonaro e militares golpistas) e ameaça levar a julgamento nas cortes de seu país um ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil.

O imperialismo estadunidense pretende, com tudo isso, desestabilizar a economia brasileira, abrindo espaço para o avanço da extrema-direita, inclusive, para novas tentativas de golpe.

Os EUA querem estabelecer uma dominação política e demonstrar que o nosso país deve se comportar como sua área de influência de maneira servil. Para isso, precisa impor no governo brasileiro elementos da extrema-direita corrompida para cumprir o papel de capachos.

O fascista Trump apresentou também uma ameaça de investigar práticas comerciais do Brasil. Um grande grupo de lobby financiado pelas Big Techs Google, Meta, Microsoft, Amazon, Uber, Apple, Pinterest e E-Bay produziu um relatório e o entregou ao governo norte-americano pedindo retaliações ao Brasil por algumas decisões recentes do STF. É citada a suspensão do “X” (rede digital de Elon Musk, homem mais rico do mundo) por não manter representante no Brasil.

O STF decidiu ainda, no último dia 26 de junho, que as plataformas que operam as redes digitais devem ser responsabilizadas diretamente pelas postagens ilegais feitas por seus usuários. Todos os magnatas desses monopólios digitais apoiam irrestritamente o governo de Donald Trump.

Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Em 2024, o Brasil vendeu cerca de US$ 80 bilhões em mercadorias aos EUA e importou US$ 250 bilhões. Nos últimos 15 anos, as empresas estadunidenses tiveram um saldo positivo de mais de US$ 400 bilhões em relação às empresas brasileiras. Combustíveis, aço, café, soja, minério de ferro, açúcar, carne bovina café, suco de laranja e aeronaves estão entre os principais itens exportados pelo Brasil, representando 15% do total das exportações brasileiras.

Disse o presidente Lula: “Eu pretendo reunir todos os empresários que têm exportação para os Estados Unidos, sobretudo aqueles que têm maior volume de exportações. Conversar, ver qual é a situação deles, tentar todo o processo de negociação que for possível”. Ora, quem dera se a mesma agilidade e atenção fosse dada aos trabalhadores quando tentam apresentar alguma reivindicação ao Governo, tais como recomposição salarial dos servidores públicos federais, aumento do salário mínimo, redução da jornada de trabalho e fim da escala 6×1.

E essa ameaça de Trump se torna ainda mais grave justamente porque o Governo Federal tem uma política econômica incapaz de atender aos interesses do povo brasileiro. Reduz o orçamento da saúde e da educação, segue pagando R$ 2 trilhões com juros e amortizações da dívida pública e gastando R$ 800 bilhões com isenção fiscal ao agronegócio. Essa política não garante um salário mínimo digno à imensa maioria da classe trabalhadora, nem moradia para milhões de famílias.

O Governo Lula pretende sustentar essa política aumentando a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e fazendo discursos pela taxação de grandes milionários. Porém, tais medidas são completamente insuficientes para manter o pagamento de juros aos banqueiros, sem sacrificar o orçamento do setor público.

Imperialismo no mundo

A ação do fascista Donald Trump contra o Brasil não pode estar dissociada do avanço das guerras no Oriente Médio, da guerra na Ucrânia e dos demais conflitos no mundo. O imperialismo estadunidense não quer perder mais espaço para a China do que já perdeu e, para isso, utiliza as relações comerciais e taxações como armas de guerra.

Inúmeros fatos demonstram que Trump desenvolve uma economia voltada para a guerra e se prepara para um confronto militar decisivo contra a China e a Rússia, buscando, inclusive acelerar esse caminho, que é o caminho para uma 3ª Guerra Mundial. Vejamos:

Os ataques indiscriminados dos neonazistas de Israel, que promovem um verdadeiro genocídio ao povo palestino, são claramente orquestrados e financiados pelos EUA, que pretendem expulsar o povo palestino de Gaza e da Cisjordânia com o objetivo de obter os recursos naturais do território e ocupar uma região estratégica para a guerra. Israel é a ponta-de-lança dos EUA no Oriente Médio.

Outro fato concreto é a exigência dos EUA aos países da Otan para ampliarem seu orçamento militar para 5% do PIB. É uma exigência que vai para além dos investimentos financeiros que atenderão aos interesses dos lucros da indústria bélica norte-americana, mas que também significa uma efetiva preparação desta aliança militar para uma possível guerra mundial.

No outro campo, estão os imperialismos chinês e russo, que buscam acumular forças. A Rússia deu início à ampliação de suas fronteiras, ocupando a Ucrânia. Mas se, de um lado, isso representa uma saída do cerco promovido pela Otan no Leste Europeu, representou, concretamente, o início de uma nova redivisão do mundo. Divisão esta que China e Rússia só podem alterar na proporção de seus capitais e demonstrando a nova correlação de forças na prática.

A Rússia anunciou a implantação da sua indústria bélica na Venezuela, sendo parte importante na corrida armamentista, financiando e lucrando com a produção de armas na região. A Rússia ainda atua para atrair imigrantes pobres indianos para serem utilizados como mão de obra barata e bucha de canhão na guerra com a Ucrânia.

A China lidera o bloco de países Brics, acelerando a criação de uma nova moeda para circular no interior do bloco, ameaçando, assim, o poder internacional do dólar. A China tem ainda fortalecido a Organização para Cooperação de Xangai (OCX), um bloco de países criado em 2001 no Oriente para expandir sua influência econômica e militar na região.

Esse grupo de países inclui Paquistão, Irã, Índia, Rússia e várias ex-repúblicas soviéticas, ricos em petróleo e gás natural, e contam com suporte de capitais chineses. A China tem ainda o Irã como seu aliado estratégico no Oriente Médio, que recebe financiamento para desenvolvimento energético de US$ 400 bilhões, em um acordo que durará 25 anos. Todas essas alianças têm adquirido cada vez mais conotações estratégicas e militares.

Soberania nacional

O Brasil está no meio dessa luta entre potências capitalistas e deve tomar uma posição clara, qual seja, romper com qualquer dependência dos países imperialistas, em vez de “diversificar” sua dependência a mais de uma potência mundial. Para isso, é necessário o rompimento com os interesses da grande burguesia, como banqueiros e o agronegócio, que são setores que se acomodam com o desenvolvimento associado ao imperialismo.

Também não podemos, num cenário de guerra, aceitar ser parte de um bloco de nações capitalistas em detrimento dos verdadeiros interesses da classe trabalhadora que luta pelo direito de usufruir os frutos do seu próprio trabalho.

Lutar pela soberania, denunciar as agressões aos povos e às nações oprimidas, não significa ter que escolher entre um dos blocos imperialistas. Uma escolha como esta significa, ao fim e ao cabo, a defesa do desenvolvimento dos monopólios capitalistas que lutam para ampliar seus lucros, sugar recursos naturais dos países dependentes e explorar os povos como mão de obra barata.

Trata-se de um grande erro o Governo tentar conciliar os interesses da classe trabalhadora com os da grande burguesia, pois estas classes têm interesses completamente opostos. A burguesia brasileira aceita perfeitamente ser parte da linha de produção imperialista, produzindo produtos de menor valor agregado para atender aos interesses dos capitalistas estrangeiros. Estes setores da burguesia dependente obtêm lucros mesmo se submetendo aos capitais externos, graças à cruel exploração dos trabalhadores brasileiros, que não ganham sequer o mínimo para sobreviver.

É obvio que não conseguiremos sair dessa crise, nem vencer a extrema-direita, continuando o financiamento do agronegócio e pagando exorbitantes taxas de juros de 15% ao capital financeiro. O atual governo do Brasil finge agir pela soberania com uma narrativa anti-Trump, mas mantém todos os acordos e uma política de dependência externa das principais potências mundiais. Além disso, defende a Palestina em palavras, mas mantém o envio de minérios, petróleo e libera a compra de armas de Israel.

Existe sim uma saída para a crise em que vivemos, mas essa saída não está no Parlamento, nem nos governos reformistas da social-democracia. A saída para defender a soberania do nosso país, barrarmos a intromissão do imperialismo e a guerra que se avizinha é nos organizarmos e unirmos o conjunto da classe trabalhadora para lutar por uma revolução socialista.

Na construção desse processo, é preciso lutar pelos reais interesses do povo pobre, revertendo as privatizações e retomando os recursos estratégicos do país. Lutar para impedir a sangria de recursos da União, com o pagamento de juros da dívida pública aos banqueiros, que representa um desvio de quase 50% do orçamento do Governo Federal. Também colocar todos os fascistas no banco dos réus. Julgar exemplarmente os torturadores de ontem e de hoje como criminosos de lesa-humanidade.

Em uma guerra, não podemos ter medo. A classe trabalhadora tem força e precisa trilhar seu próprio caminho.

Matéria publicada na edição impressa  nº317 do jornal A Verdade

Palestinos resistem a genocídio de Israel financiado pelos EUA

O genocídio na Faixa de Gaza deixou mais de 55 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde local, que divulgou lista nominal das vítimas. A ONU estima quase 600 mortos e mais de 4,2 mil feridos em filas para receber alimentos.

Felipe Annunziata e Redação


MUNDO – A escalada dos conflitos em outras partes do Oriente Médio não alterou a realidade diária do povo da Faixa de Gaza. Israel e seu exército nazi-sionista continua a campanha de extermínio da população palestina.

Nas últimas edições, temos denunciado as atrocidades cometidas pela “Fundação Humanitária de Gaza” (GHF), empresa laranja criada pelos EUA e por Israel para supostamente distribuir ajuda humanitária. Na realidade, a empresa é responsável por organizar campos de concentração para que mercenários estadunidenses e soldados israelenses matem palestinos a sangue frio com tiros de metralhadoras.

De acordo com a ONU, já são quase 600 pessoas mortas na “fila da fome”, além mais de 4.200 feridos.

“Onde estão nossas crianças? Estamos exaustos! Não temos mais irmãos e irmãs! Sem tendas, sem casas! Ninguém nem ao menos pergunta sobre nós. Sem dinheiro, sem roupas, sem comida! Eu sou do povo oprimido, a juventude, bonita como as rosas, [está] se esfacelando”, afirmou uma idosa palestina a um jornalista após perder toda sua família em um bombardeio israelense.

A crueldade dos nazi-sionistas não termina aí. O governo de Benjamin Netanyahu agora está financiando uma milícia de colaboracionistas ligados aos fundamentalistas do Estado Islâmico. Esta milícia tem atacado palestinos e roubado a ajuda humanitária de famílias famintas.

“Qual o problema disso? Salva vida de soldados israelenses”, afirmou o ditador sionista nas redes digitais admitindo que financia grupos armados terroristas.

Lista de mortos

No dia 23 de junho, o Ministério da Saúde na Faixa de Gaza publicou uma lista atualizada das vítimas da guerra: um documento em árabe de 1.227 páginas, organizado dos mais jovens aos mais velhos. A lista inclui o nome completo da pessoa falecida, o nome do pai e do avô, data de nascimento e número de identificação.

Diferente de listas anteriores, esta especifica a idade exata das crianças com menos de um ano quando foram mortas. Oito crianças morreram no mesmo dia em que nasceram. Outras quatro foram mortas no dia seguinte ao nascimento, e cinco viveram por dois dias. Só a partir da página 11, após 486 nomes, aparece a primeira criança que tinha mais de seis meses de idade ao ser morta.

Do total de 55.202 mortos citados nominalmente, 9.126 eram mulheres e 17.121, menores de 18 anos.

Ainda de acordo com o Ministério, mais de 62 mil palestinos foram assassinados ou desaparecidos por Israel. No entanto, um estudo do professor israelense Yaakov Garb sobre os centros de distribuição humanitária da GHF apontou para a possibilidade de pelo menos 377 mil mortos ou desaparecidos.

De acordo com o estudo, publicado na “Harvard Dataverse”, a partir de informações do próprio exército nazi-sionista, os palestinos hoje se concentram em três centros populacionais: Cidade de Gaza (Norte), com 1 milhão de palestinos; Gaza Central, com 350 mil habitantes; e Mawasi (Sul), com cerca de 500 mil pessoas.

No estudo, o pesquisador aponta também que os tais “centros de distribuição de ajuda” são desenhados para matar palestinos.

“A estrutura interna destes complexos [de ajuda humanitária], parecem carregar a marca profunda do contexto e visão militar. Sua arquitetura é o inverso dos princípios aceitos e bem fundamentados de distribuição de comida em áreas de conflito ou desastre, capaz de causar episódios recorrentes de caos e violência”, afirma Garb em seu artigo.

A realidade é que não se sabe até agora o número total dos mortos em Gaza. Com 90% dos edifícios destruídos, é possível que dezenas de milhares de pessoas estejam debaixo dos escombros. O Ministério da Saúde de Gaza, por sua vez, só consegue contabilizar os corpos que chegam às poucas estruturas hospitalares ainda de pé.

Palestinos resistem

Apesar de toda a destruição e morte, o povo palestino segue inabalável na sua luta pela liberdade. À medida que se aproxima o segundo ano de genocídio, a resistência palestina continua a conduzir ações contra o exército de ocupação sionista.

Combatentes têm conduzido operações contra tanques, armamentos e soldados israelenses em várias partes de toda Faixa de Gaza. Mesmo apelando para o extermínio total dos palestinos, até hoje, Israel não conseguiu estabelecer um controle integral sobre todas as partes do enclave palestino.

Prova disso é a última operação bem sucedida das organizações de resistência que garantiram a entrada de dez caminhões de ajuda humanitária em Rafah, no sul, sem que fossem saqueados pelo Estado Islâmico ou por Israel. Com apoio dos trabalhadores locais, os caminhões chegaram em segurança a um armazém da ONU na Cidade de Gaza, na parte norte da Faixa. Israel tem proibido a ONU de distribuir ajuda humanitária.

Cabe agora intensificar a pressão em cima dos governos capitalistas do mundo contra o genocídio e pelo isolamento e bloqueio econômico total de Israel. No Brasil e no mundo, os trabalhadores tem intensificado mobilizações contra o genocídio. Entre os dias 01 e 02 de julho, em São Paulo, foi realizada uma grande vigília de solidariedade ao povo palestino e pelo fim do genocídio em Gaza.

Matéria publicada na edição impressa  nº316 do jornal A Verdade

Israel assassina jornalistas que denunciavam genocídio em Gaza

O ataque foi direcionado a uma tenda que abrigava jornalistas na entrada do Hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza. Anas al-Sharif, Mohammed Qreiqeh, Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa foram mortos. 

Wildally Souza – São Paulo (SP)


INTERNACIONAL – Na noite de domingo (10), Israel protagonizou mais um ataque feroz contra a imprensa que documenta os crimes do estado sionista cometidos em Gaza.

Em um ataque com bomba, Israel ceifou a vida de pelo menos sete pessoas, incluindo Anas Al-Sharif, correspondente da Al Jazeera Média Netwoork, e Mohamed Qreiqea, outro dos poucos jornalistas que ainda resistem na Faixa de Gaza. O ataque foi direcionado a uma tenda que abrigava jornalistas na entrada do Hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza.

A tenda era usada como local de trabalho, uma vez que nesses 22 meses de genocídio, os jornalistas em Gaza se reúnem em hospitais para buscar melhores conexões de eletricidade e internet.

Quem são os jornalistas mortos por Israel?

Anas al-Sharif – correspondente da Al Jazeera: Al-Sharif tinha 28 anos, foi um dos rostos mais reconhecidos entre os jornalistas que resistem em Gaza. Por 22 meses, documentou de forma recorrente o genocídio do povo palestino e foi o responsável por evidenciar e mudar o tom em que a mídia ocidental estava noticiando o genocídio do povo palestino. Nasceu no campo de refugiados de Jabalia e se formou em comunicação e jornalismo na Universidade de Al-Aqsa. Seu pai foi morto por Israel em um ataque aéreo na casa da família em dezembro de 2023. Anas al-Sharif deixa dois filhos.

Mohammed Qreiqeh – correspondente da Al Jazeera: 33 anos, fez sua última reportagem ao vivo no ar apenas pouco antes de seu assassinato, denunciando emocionado, os crimes de Israel contra o povo palestino. Qreiqeh nasceu na cidade de Gaza em 1992 e viveu no bairro de Shujayea. Ele se formou em jornalismo e mídia na Universidade Islâmica de Gaza. Israel matou seu irmão, Karim, em março em um ataque aéreo na cidade de Gaza.

Ibrahim Zaher – cinegrafista da Al Jazeera:  25 anos, era do campo de refugiados de Jabalia, no norte de Gaza.

Mohammed Noufal – assistente de câmera da Al Jazeera: 29 anos, também era de Jabalia. Ele perdeu sua mãe e um irmão em ataques israelenses no começo de 2025. Era irmão de Ibrahim Zaher, assassinado no mesmo ataque.

Moamem Aliwa – Fotojornalista: 23 anos, palestino que esteve na linha de frente em Gaza, documentando o genocídio com suas lentes e ajudando a mostrar ao mundo a verdade que Israel quis silenciar com esse ataque.

Um sexto jornalista, Mohammad al-Khaldi, um repórter freelancer local, também foi morto no ataque aéreo. Repórteres Sem Fronteiras disse que mais três jornalistas foram feridos no mesmo ataque.

Ataque direcionado

Israel não só admitiu o assassinato dos 5 jornalistas, como justificou, que foi direcionado para Anas al-Sharif. Israel ainda alegou falsamente e sem evidências, que o jornalista era um comandante armado do Hamas que se fingia de jornalista. Minutos antes de sua morte, o jornalista publicou em suas redes: “Bombardeios ininterruptos… se intensifica a agressão israelense contra a cidade de Gaza”.

Al-Sharif foi o rosto da Al Jazeera em Gaza e  liderança dos jornalistas que denunciam diariamente o genocídio de Israel contra o povo palestino. Além disso, o jornalista noticiou momentos importantes enquanto relatava as atrocidades de Israel no enclave sitiado e bombardeado.

De acordo com a equipe da Al Jazeera, por meses, autoridades israelenses o ameaçaram, exigindo que ele parasse de denunciar, mas ele recusou, prometendo permanecer no norte de Gaza e continuar sua cobertura. Numerosos grupos de direitos humanos e grupos de liberdade de imprensa pediram a proteção de al-Sharif depois que ele foi diretamente ameaçado por Israel.

Israel aumentou uma campanha de difamação em al-Sharif nos últimos meses, com o porta-voz do exército Avichay Adraee chamando al-Sharif pelo nome em um vídeo no X no mês passado, acusando-o falsamente de fazer parte da ala militar do Hamas.

Com a morte de al-Sharif, Israel tentou silenciar a denuncia dos seus crimes contra o povo palestino, financiado pelo imperialismo norte-americano, mas evidenciou sua sede de sangue e expansão de seus territórios custe o que custar.

Coletes de imprensa são alvos de Israel

De acordo com dados da ONU, desse o começo do genocídio, em outubro de 2023, pelo menos 270  jornalistas morreram na Faixa, e mais de 400 ficaram feridos. Gaza se tornou o lugar mais perigoso do mundo para os jornalistas. Os coletes de imprensa, longe de proteger, parecem se tornar alvos.“ Nossos coletes estão nos transformando em alvos. É uma sentença de morte”, denunciou a repórter libanesa Christina Assi, que perdeu uma perna em um ataque semelhante em outubro de 2023.

Os jornalistas ainda denunciam que além dos ataques com balas e bombas, são submetidos a extrema fome e miséria, assim como os civis palestinos. E compartilham a angústia de ter que documentar esse que é o maior genocídio televisionado da história moderna.

A comunidade internacional emitiu notas de repúdio contra a morte dos 5 jornalistas do Al Jazerra, mas não falaram em interromper ou fazer algo concreto sobre os ataques. Países como Grã-Bretanha, França e Grécia e até mesmo o Brasil, em Nota à Imprensa, emitida pelo Ministério das Relações Exteriores nesta segunda-feira (11), criticaram a expansão da ofensiva israelense, mas sem sanções reais ao estado de Israel e sua máquina de morte.

Confira na íntegra, a nota da Al Jazeera Média Netwoork sobre a morte de seus jornalistas: 

A Al Jazeera Media Network condena veementemente o assassinato seletivo de seus correspondentes Anas Al Sharif e Mohammed Qraiqea, juntamente com os fotógrafos Ibrahim Al Thaher e Mohamed Nofal, pelas forças de ocupação israelenses, em mais um ataque flagrante e premeditado à liberdade de imprensa. 

Em um comunicado da força de ocupação israelense, admitindo seus crimes, os jornalistas foram alvo de um ataque direcionado à tenda onde estavam alocados em frente ao Complexo Médico Al-Shifa, em Gaza, onde foram martirizados. 

Este ataque ocorre em meio às consequências catastróficas do genocídio israelense em curso em Gaza, que resultou no massacre implacável de civis, na fome forçada e na destruição de comunidades inteiras. 

A ordem para assassinar Anas Al Sharif, um dos jornalistas mais corajosos de Gaza, e seus colegas é uma tentativa desesperada de silenciar as vozes que expõem a iminente tomada e ocupação de Gaza [pelos israelenses]. 

Ao se despedir de mais um grupo de seus melhores jornalistas, que com ousadia e coragem documentaram a difícil situação de Gaza e de seu povo desde o início do genocídio, a Al Jazeera Media Network responsabiliza as forças de ocupação israelenses e o governo por alvejarem e assassinarem deliberadamente seus jornalistas. 

Isso ocorre após repetidas incitações e apelos de diversas autoridades e porta-vozes israelenses para que o destemido jornalista Anas Al Sharif e seus colegas fossem alvos. Anas e seus colegas estavam entre as últimas vozes remanescentes de Gaza, oferecendo ao mundo uma cobertura local e sem filtros das realidades devastadoras sofridas por seu povo. 

Enquanto a mídia internacional foi impedida de entrar, jornalistas da Al Jazeera permaneceram na Faixa de Gaza sitiada, vivenciando a fome e o sofrimento que documentaram através de suas lentes. 

Por meio de uma cobertura ao vivo contínua e corajosa, eles forneceram relatos contundentes de testemunhas oculares dos horrores desencadeados ao longo de 22 meses de bombardeios e destruição implacáveis.

 Apesar de perder vários jornalistas para ataques deliberados e trabalhar sob constante ameaça, Anas Al Sharif, Mohammed Qaiqea e seus colegas persistiram na Faixa para garantir que o mundo visse a verdade angustiante vivenciada pela população de Gaza. 

Ao condenar veementemente esses crimes hediondos e as contínuas tentativas das autoridades israelenses de silenciar a verdade, a Al Jazeera Media Network apela à comunidade internacional e a todas as organizações relevantes para que tomem medidas decisivas para deter esse genocídio em curso e pôr fim aos ataques deliberados a jornalistas. A Al Jazeera enfatiza que a imunidade dos perpetradores e a falta de responsabilização encorajam as ações de Israel e incentivam ainda mais a opressão contra testemunhas da verdade.

(Nota do Al Jazeera Media Netwoork publicada na manhã desta segunda-feira (11), e traduzida de forma livre pela equipe do jornal A Verdade) 

EUA querem tratar povos latino-americanos como capachos

Em 16 de junho, Trump ordenou a maior deportação em massa da história dos EUA, focada em imigrantes de grandes cidades, o que já gerou protestos e prisões em Los Angeles.

Natanael Sarmento | Diretório Nacional da UP


INTERNACIONAL – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu fazer uma cruzada de perseguições aos imigrantes de várias nacionalidades que vivem no país, alguns há várias décadas. Trata-se de mais uma política racista comandada por ele. Na sua primeira tentativa de reeleição à Casa Branca, foi derrotado nas urnas pela força do povo negro com o movimento “Vidas Negras Importam”, após o assassinato de George Floyd por policiais em Minneapolis, há cindo anos.

Trump pretende prender e deportar o maior número possível de imigrantes. Para isso, ordenou, no último dia 16 de junho, a intensificação das medidas, que chamou de “o maior programa de deportação em massa da história”, mencionando especificamente as cidades mais populosas do país: Nova York, Los Angeles e Chicago.

O presidente chegou a enviar batalhões da Guarda Nacional para Los Angeles, no Estado da Califórnia, para reprimir os manifestantes, que tomaram as ruas da cidade por dias consecutivos. Foi imposto toque de recolher, e dezenas de pessoas foram presas. Posteriormente, o movimento, com o nome de No Kings (Sem Reis) se espalhou para várias regiões dos EUA, mobilizando especialmente a comunidade latina, mas também famílias de origem estadunidense há várias gerações que são contrárias à xenofobia.

Cuba, um caso especial

O triunfo e as conquistas da revolução anti-imperialista e socialista do povo cubano, em 1959, representam, de fato, a esperança de liberdade e vida digna para milhões de trabalhadores e trabalhadoras explorados em todo o mundo, particularmente, para os povos espoliados da América Latina, historicamente tratados como capachos pelos EUA.

A revolução expulsou as empresas estrangeiras exploradoras, transformou o trabalho análogo do escravo em trabalho social, universalizou a educação e a saúde, elevou a autoestima da pequena Ilha em grande país capaz de prestar solidariedade aos pobres e miseráveis de países bem mais ricos, como o Brasil, a exemplo dos médicos que Cuba exporta para o mundo.

Cuba, nos dias correntes, enfrenta os graves problemas da crise mundial agravados pelos ataques criminosos do bloqueio econômico dos EUA, os atos de sabotagens da CIA e a propaganda anticomunista patrocinada pelos monopólios capitalistas para desestabilizar o governo. Essa tática do imperialismo para retroceder aos tempos em que a Ilha era um balneário de lazer para ricos, com seus cassinos e bordeis de luxo, já dura mais de 65 anos.

Apoio do povo

A Revolução Cubana foi construída pelos heróis da pátria Fidel Castro, Ernesto Che Guevara, Raúl Castro, Célia Sanchez, Haydée Santamaria, Juan Almeida, Camilo Cienfuegos, entre outros, e pelo apoio decisivo do seu povo.

A manipulação da imprensa burguesa é desmascarada por memorando do governo estadunidenses assinado por Lestor Mallory, subsecretário para assuntos internacionais da Casa Branca. O documento oficial, intitulado “O declínio e a queda de Fidel”, deixa cair a máscara da propaganda da “ditadura cubana”. Com todas as letras, o governo imperialista reconhece o apoio da maioria da população e estabelece a estratégia para minar a popularidade e desestabilizar o governo: “Não podemos permitir que um país se torne comunista só porque a população o apoia”. Aí está a essência da hipócrita democracia do “mundo livre” burguês: desrespeitar a vontade soberana dos povos, submetê-los a seu jugo.

Aumenta o terrorismo dos EUA

Os parasitas capitalistas dos EUA nunca aceitaram a autodeterminação e libertação dos cubanos. As agressões contra a soberania de Cuba, o objetivo de derrubar o governo popular socialista passa a ser sistemático e continuado na política externa terrorista do Pentágono e da CIA, a serviço dos monopólios capitalistas.

O então presidente John Kennedy publica o Protocolo 3.447 decretando o embargo de todo comércio global com Cuba. Uma medida criminosa, verdadeira declaração de guerra para privar uma nação dos meios necessários à sobrevivência: insumos agrícolas, máquinas, equipamentos, tecnologia, medicamentos, equipamentos hospitalares, enfim, desintegrada do intercâmbio normal das nações do mundo, condenada ao isolamento pela força das armas ameaçadoras dos EUA.

Mas o povo cubano se reinventou criativamente e superou todas as dificuldades, com enormes sacrifícios. E sempre prestou a sua solidariedade internacionalista a todos os povos, todos os movimentos revolucionários e de libertação, na América Latina, África, Ásia. Neste período, no contexto da chamada “Guerra Fria”, foi fundamental o intercâmbio e colaboração com a União Soviética para minimizar os efeitos danosos do embargo. A derrocada da URSS e a consequente mudança das relações entre os países trouxe novos desafios e mais dificuldades para o povo e o governo de Cuba.

Nos governos Clinton e Bush, “democratas” ou “republicanos”, agem igualmente contra os trabalhadores e os povos, reforçam medidas restritivas do bloqueio criminoso contra Cuba, haja vista as “medidas legais” decorrentes da Lei Torricelli, de 1992) e a Lei Helms-Burton, de 1996.

Com a Revolução Bolivariana da Venezuela, sob a liderança de Hugo Chávez, as relações internacionalistas com Cuba minimizam os efeitos criminosos do bloqueio imperialista. Porém, mais boicotes, intervenções e sanções, invasões e sabotagens dos EUA para desestabilizar os governos da Venezuela e de Cuba são intensificadas.

No governo Obama, parecia que as classes dominantes se davam conta da falência dessa política externa e houve certa distensão nas relações com Cuba, sem, todavia, avançar a ponto de suspender o bloqueio e estabelecer relações normais conforme princípios do direito público internacional do respeito à autodeterminação dos povos negado a Cuba pelos EUA.

Com o fascista Donald Trump em seu primeiro mandato na Presidência dos EUA, a partir de 2017, as ações de Estado de caráter terrorista avançam e, em 2020, em plena pandemia de Covid-19, o prejuízo em Cuba é calculado em US$ 20 bilhões.

Casa Branca tinta de sangue

Maior organização do terrorismo internacional, os EUA são os principais responsáveis pelas guerras, genocídios, ameaças de guerra global nuclear e de catástrofe ambiental do planeta. Tenciona a geopolítica mundial para atender à busca de lucro dos monopólios das indústrias armamentistas, petrolíferas e do capital financeiro. Através de invasões e saques, de guerras, busca saídas para a crise, conquistando áreas de influência, dominando territórios e usurpando as riquezas de países subjugados. Promovem guerras de rapina, aprofundam as contradições interimperialistas e produzem a morte de milhares de civis, crianças, desterram os milhões de refugiados.

Diretamente, sustentando países prepostos, como Israel e Ucrânia, a Casa Branca tem suas mãos sujas com o sangue de milhares de pessoas mundo afora. A invasão da Ucrânia pela Rússia agrava ainda mais o sofrimento dos povos e trabalhadores dos dois países explorados por capitalistas neonazistas e imperialistas.

Na Faixa de Gaza e Cisjordânia, o povo palestino sofre o genocídio promovido pelo Estado sionista e colonialista de Israel apoiado pelos EUA. Os governos burgueses das potências ocidentais da Otan, da União Europeia e da Inglaterra são cúmplices desse massacre hediondo, apesar dos grandiosos protestos, generalizados, dos trabalhadores e estudantes em defesa da paz e do fim do genocídio em Gaza nas principais cidades desses países. Gaza envergonha a humanidade como campo de concentração a céu aberto, sem água potável, sem alimento, sob o bombardeio de um exército poderoso, centros hospitalares destruídos, crianças assassinadas, pessoas com fome. Apesar de tudo, cresce a consciência dos povos globalmente em solidariedade ao povo palestino que resiste, bravamente, à tentativa de ocupação do seu território.

A geopolítica do mercado mundial se configura numa bipolaridade entre blocos, um   liderado pelos EUA/UE e outro pela China/Rússia, sendo igualmente inegável a diferença de métodos imperialistas e a tentativa de alargar a “rota chinesa” na criação dos BRICS nessa disputa capitalista para controlar os mercados e a economia mundial através dos monopólios.

Sem confundir eventuais alianças táticas com alianças estratégicas, tampouco sem arrefecer a luta de classes do proletariado contra a burguesia nacional e internacionalmente, entendemos que a emancipação do povo trabalhador não passa por escolhas de potências imperialistas nesta disputa, mas pela construção da unidade e luta internacionalista dos povos e trabalhadores em defesa da revolução proletária nos países capitalistas e a defesa das conquistas da revolução e contra o avanço do capital em países que já avançaram no caminho do socialismo.

Matéria publicada na edição impressa  nº315 do jornal A Verdade

Gabriela Mariel Silvério, presente!

Gabriela Mariel Silvério, 33 anos, militante de movimentos populares em Mauá (SP), foi assassinada em 3 de junho, vítima de feminicídio. Criada em família pobre, conviveu desde a infância com uma doença rara que causa fraqueza muscular. Mãe de uma menina de 9 anos, conciliava o trabalho em cozinha de shopping com sua militância nas ocupações e campanhas pela moradia e pelos direitos das mulheres.

Coordenação Nacional do Movimento Olga Benario


Sua luta segue viva pelo fim da violência contra as mulheres e pelo socialismo

MULHERES – Gabriela Mariel Silvério nasceu na cidade de Mauá, no Estado de São Paulo, em 1992. Seu nome foi escolhido em homenagem à personagem Gabriela Cravo e Canela, do romance de Jorge Amado, que questionava os padrões impostos às mulheres na sociedade patriarcal. Gabi e seus irmãos tiveram vida difícil, típica das famílias pobres. Saiu de casa aos 14 anos e começou a trabalhar muito jovem. Herdou da mãe uma deficiência chamada miopatia do core central, que se manifesta por fraqueza muscular e pode gerar atrasos no desenvolvimento motor, o que a fazia ter dificuldades de caminhar, subir escadas e causava muitas dores.

Aos 24 anos, teve sua filha Leona, motivo pelo qual lutava por um mundo melhor. Iniciou a faculdade de Nutrição, mas teve dificuldades para pagar as mensalidades. Nos últimos meses, trabalhou na cozinha de um shopping em São Caetano do Sul (SP), na escala 6×1. Morava no bairro Paranavaí, em Mauá, numa casa de dois cômodos, decorada com vários materiais que ela mesma fazia, como uma foice e martelo de verdade, que já tinha na parede antes de se organizar na militância.

Uma militante aguerrida e disciplinada

Em 2022, conheceu a Unidade Popular (UP) por meio das candidaturas nas eleições, mas tinha dois empregos e não conseguiu se envolver nas atividades. Em 2023, filiou-se e, em 2024, passou a participar ativamente dos núcleos da UP, do Movimento Olga Benario e do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Foi a partir de uma plenária do socialismo que decidiu dedicar sua vida à luta pela revolução. Na conversa de recrutamento, após ouvir a história de Olga Benario, disse: “meu objetivo de vida é ser como ela”.

Assim, até o dia 03 de junho de 2025, dedicou todo o máximo de seu tempo para construir uma sociedade justa para as mulheres, crianças e toda a classe trabalhadora. Mesmo trabalhando na escala 6×1, Gabi nunca faltava a um ato ou na brigada nacional e, muitas vezes, realizava a atividades no sábado a noite, após o trabalho. Sua cota individual era de 15 jornais, e ela sempre o apresentava para as pessoas à sua volta, fosse no ponto de ônibus, no Uber, no trabalho ou nos núcleos dos movimentos.

Ela foi uma das principais responsáveis pela coleta de assinaturas do abaixo-assinado pela Delegacia da Mulher 24 horas em Mauá e também foi coordenadora da Ocupação da Mulher Operária Alceri Maria Gomes da Silva, em São Caetano.

Gabi superava todas as dificuldades para garantir cada proposta aprovada nas reuniões. Com pouco tempo de militância, ela era determinada em crescer as lutas, pegando contatos de várias regiões do estado para construir a Unidade Popular e o Movimento Olga Benario. Estava convencida de que valia a pena dedicar cada minuto para a construção de uma sociedade justa e socialista!

Luta contra os feminicídios

Gabriela se foi pelo mesmo motivo de uma das estatísticas mais duras do Brasil: o feminicídio, que mata quatro mulheres por dia. Nosso país é o quinto do mundo onde mais mulheres são assassinadas.

Ela estava há um ano num relacionamento em que não houve uma escalada de violência: ele praticava manipulação, apesar de nunca tê-la gritado ou agredido fisicamente.

Gabi estava na lista de famílias do programa Minha Casa Minha Vida – Entidades para conquistar seu apartamento com o MLB, mas já se passaram três anos do atual Governo Federal, e as construções ainda não foram iniciadas. Ela chegou a morar na Ocupação da Mulher Operária, em São Caetano, que foi despejada pela Prefeitura fascista. Lutava pela cessão do imóvel prometido pela Prefeitura de Mauá para a Casa Helenira Preta, que há anos não se concretiza e que poderia ter impedido esse crime.

Por tudo isso, precisava dividir o aluguel com seu futuro assassino. Assim, o baixo salário, a falta de política habitacional no Brasil, o desmonte das políticas de enfrentamento à violência e a perseguição e descaso aos movimentos sociais das Prefeituras de São Caetano e Mauá contribuíram para sua morte. Ela é mais uma vítima do Estado burguês e do sistema capitalista.

Sua luta segue viva

Nova ocupação de mulheres em Mauá homenageia Gabi. Foto: Movimento Olga
Nova ocupação de mulheres em Mauá homenageia Gabi. Foto: Movimento Olga

Assim que soube do ocorrido, a militância organizou um ato às cinco manhã na Estação do metrô, em Mauá, em que mais de 150 pessoas fizeram homenagens e seguiram em marcha até o velório. Dois dias depois, uma comissão de mulheres foi até a Prefeitura reivindicar uma reunião e, após serem tratadas com truculência, no mesmo dia, mais um ato foi organizado.

Entre as reivindicações da luta estão: garantia de auxílio para as crianças órfãs de feminicídio, incluindo a filha da Gabi, de nove anos; criação da Delegacia 24 horas; cessão imediata do imóvel para a Casa Helenira Preta em Mauá. Como nada se resolveu, no dia 13 de junho, o Movimento de Mulheres Olga Benario realizou sua 28ª ocupação, a quarta na cidade de Mauá: Ocupação Helenira Preta Vive por Gabriela Mariel Silvério!

Nos últimos dias, toda a militância se transformou, inclusive Gabi, que mobilizou atos, banquinhas, panfletagens e campanhas de crescimento por todo o Brasil. O Movimento de Mulheres Olga Benario, a Unidade Popular, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas e o Partido Comunista Revolucionário (PCR) se despedem de Gabriela com a certeza de que sua vontade de lutar jamais morrerá. Ela vive em nós em cada conversa, filiação, recrutamento, em cada luta, seja qual for a causa, desde que seja justa.

O exemplo de Gabi reforça a importância de crescer o trabalho entre as trabalhadoras, de levar a sério a política da creche e de cumprir as propostas que aprovamos nas reuniões. Levaremos sua memória até o fim, com a tarefa de construir uma grande revolução pelo poder popular e pelo socialismo no nosso país!

Matéria publicada na edição impressa  nº315 do jornal A Verdade

O desafio de se manter íntegro

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Em meio a uma sociedade adoecida, manter a saúde se tornou um desafio diário — e, para os militantes e lutadores populares, cuidar do corpo e incluir a atividade física na rotina é também um compromisso com a luta coletiva, exigindo disciplina e responsabilidade.

Vitória Louise | Salvador (BA)


JUVENTUDE – A depressão é uma doença que vem atingindo grande parte da classe trabalhadora. Dados do último mapeamento sobre a doença realizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que cerca de 6% da população brasileira sofre de depressão – mais de 11 milhões de pessoas. Segundo a OMS, mulheres apresentam duas vezes mais chances de terem o diagnóstico da doença do que homens. A falta de perspectiva de futuro, o aumento do custo de vida, a falta de acesso aos direitos básicos, a precarização do trabalho e pouco tempo também são fatores que induzem as pessoas para esse transtorno.

Esse transtorno faz com que os afetados tenham uma alteração no humor do qual alguns sintomas são: sentimentos de tristeza, aborrecimento; sensações de irritabilidade, tensão/agitação; sensações de aflição, preocupação, insegurança/medos, (mesmo que alguns desses receios tendem a ser infundados); diminuição da energia, fadiga e lentidão; perda de interesse e prazer nas atividades diárias; perturbações do apetite, do sono, do desejo sexual, variações significativas do peso; pessimismo; sentimento de culpa, de autodesvalorização e ruína, que podem atingir uma dimensão delirante (sem fundamento real); alterações da concentração, memória e raciocínio; sintomas físicos (dores de cabeça, perturbações digestivas, dor crônica, mal-estar geral); em quadros mais graves, podem gerar ideias de morte até a escala de tentativas de suicídio.

Essa é a doença mais incapacitante do século. Com o aprofundamento das contradições do capitalismo, cobra-se um nível de produtividade e acúmulo cada vez maior por parte dos patrões, aumentando a exploração sobre a classe trabalhadora e tornando a rotina mais apertada e o tempo escasso. Também não é à toa que se aumentam o número de “comidas instantâneas” oferecidas pelos mercados.

E essa é a fórmula que os capitalistas apostam: uma rotina sem tempo para a classe trabalhadora e a oferta de comidas industrializadas cheias de conservantes e aditivos químicos. Mas esses alimentos ultraprocessados fazem com que quem os consome a longo prazo adoeça com mais rapidez – e a doença, dentro do capitalismo, é muito lucrativa para indústria farmacêutica.

A prática de hábitos alimentares saudáveis e atividade física constante proporcionam melhor qualidade de vida. Um outro fator benéfico observado durante a prática de exercícios físicos é a liberação de hormônios que trazem sensação de prazer e de bem-estar, diminuindo e prevenindo condições depressivas. A melhor defesa contra o desenvolvimento de doenças associadas à falta de atividade física e ao sedentarismo é ativar os músculos em uma base regular de exercícios físicos que movimentem os ossos, articulações, coração e demais órgãos internos.

É possível identificar em estudos que a prática de atividades físicas tem como decorrência o efeito de antidepressivo, integrando-se como medida preventiva da ansiedade, estresse e, por consequência, a melhoria no quadro de depressão e insônia. O desafio é incluir essa prática na rotina.

Se a depressão, ansiedade e várias outras doenças têm mais chances de aparecerem em pessoas que não se exercitam, logo, é necessário encarar a atividade física como uma tarefa diária. Não devemos cair no idealismo de que a forma como movimentamos (ou não) o nosso corpo, o que ingerimos de alimento e demais hábitos, não vão influenciar negativamente o nosso bem-estar.

Exercitar-se é uma mudança de hábito e todas as mudanças exigem esforços para que se concretizem. Mudanças que exigem mais, demandam mais, logo, devemos partir do pressuposto que a dificuldade é parte do processo e não devemos desanimar ao tentar mudar. A mudança não precisa ser brusca, como sair do sedentarismo para se exercitar vários dias da semana. A mudança pode vir aos poucos: começar com exercícios duas vezes na semana, por exemplo, até que se torne hábito e, depois avançar.

A conjuntura exige dos lutadores sociais mais compromisso com a sua saúde, afinal, ficar bem no meio de uma sociedade adoecida é um desafio diário. Incluir a atividade física no cotidiano é também uma responsabilidade com os interesses coletivos e exige de cada um de nós maior disciplina no cumprimento dessa tarefa.

Matéria publicada na edição impressa  nº315 do jornal A Verdade

UP elege novo Diretório Estadual em MG

Nos dias 26 e 27 de julho, a Unidade Popular de Minas Gerais realizou seu Congresso mais representativo, elegendo um novo Diretório Estadual com a tarefa de derrotar o fascismo, enfrentar as mineradoras e defender o patrimônio do povo, avançando na organização e na luta pelo socialismo.

Rafael Fumero | Diretório Estadual da UP – MG


Com o Congresso mais representativo da Unidade Popular de Minas Gerais, o conjunto dos filiados das regiões do Centro-Oeste, do Sul e Norte de Minas, do Triângulo Mineiro, da Zona da Mata, da Região Metropolitana e da capital, reuniram-se nos dias 26 e 27 de julho na Ocupação Maria do Arraial, para aprofundar a análise da conjuntura estadual e, com isso, elaborar a resolução política que irá guiar a atuação do partido pelos próximos anos, sobretudo do Diretório recém eleito.

Os debates foram divididos em três mesas. A primeira buscou analisar a conjuntura internacional e nacional, na qual, seguindo os mais recentes posicionamentos do Diretório Nacional, debateu-se os impactos das guerras interimperialistas para os povos oprimidos e a tarefa de conquistar a ruptura das relações diplomáticas do Brasil com o “Estado” nazi-sionista de Israel. O papel da UP será de apresentar à população o verdadeiro caminho para alcançar a soberania nacional e solucionar os conflitos mundiais: a conquista do poder popular e a edificação do Socialismo, porque como aponta Manoel Lisboa, “A maior prova que o marxista-leninista e revolucionário pode dar de internacionalismo proletário é fazer a revolução em seu país” (Manoel Lisboa).

Reestatizar mineradoras e nacionalizar o lítio

No decorrer do congresso, durante a segunda mesa voltada para a conjuntura estadual, foi compreendida a urgência da luta pela reestatização das mineradoras e pela campanha de nacionalização da exploração do lítio ー e sua cadeia produtiva ー pauta essa que diz respeito à preservação do meio ambiente, das culturas ribeirinhas, quilombolas, indígenas e, também, que tem o potencial de barrar a mineração predatória dos recursos que pertencem ao povo, de modo a garantir nossa soberania.

Outra tarefa imediata é derrotar categoricamente o fascista Romeu Zema e seus projetos de militarização das escolas e de adesão ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), que também visam entregar o patrimônio público aos grandes ricos. O primeiro dos projetos, a partir da falsa proposta de “disciplinar” os jovens e aumentar a segurança das escolas,, na realidade visa atacar o direito de organização dos estudantes e professores, duas das categorias que mais demonstraram revolta com as medidas neoliberais do governador fascista.

O segundo, visa vender centenas de imóveis e estatais para o Governo Federal, com o objetivo de pagar a dívida do estado. Definimos que não permitiremos que a farra dos banqueiros e acionistas continue em Minas, e barrar esse projeto é defender a UEMG, CEMIG, COPASA, CODEMIG, CODEMGE, a Casa de Referência da Mulher Tina Martins, o Memorial dos Direitos Humanos e outros tantos patrimônios do povo que estão sendo ameaçados para pagar algo que já foi pago mais de três vezes, como denuncia a Auditoria Cidadã da Dívida: “Segundo a Auditoria Cidadã da Dívida (ACD), nesse cálculo a União omite que já recebeu R$ 48,665 bilhões de juros e amortizações, o equivalente a três vezes o valor original da dívida, de R$ 14,883 bilhões! E ainda cobra mais R$ 159,9 bilhões, que representam o absurdo estoque atual desta dívida. Desta forma, a União receberia  simplesmente QUATORZE vezes a dívida original” (Matéria disponível aqui).

Para barrar os planos de Zema, o Diretório Estadual convoca todos para a Audiência Pública convocada pela Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, que acontecerá no dia 13 de agosto às 09:30.

Foto: Rafael Zolet (UP/MG)

Filiar, organizar e conquistar

Diretamente relacionado a todos esses tópicos está o trabalho com o Jornal A Verdade, ferramenta que, para além de ser central para a AGP, é capaz de apresentar nossa linha política e, com isso, filiar mais. Portanto, a tarefa de difundir A Verdade em Minas Gerais está intimamente conectada com nosso êxito.

Para filiar cada vez mais, foi apresentado o método já usado em São Paulo, que prova seu funcionamento na região Centro-Oeste do nosso estado. Método este que consiste em organizar núcleos regionais, com moradores de várias cidades com menos de cinco filiados e, nas reuniões de núcleo, além de se aprofundar a formação política, debate-se a necessidade de cada um apresentar o Jornal e filiar mais pessoas. Dessa forma, com o esforço de poucos coordenadores, é possível interiorizar a UP cada vez mais rapidamente.

Em apenas seis meses, foram fundados 5 novos núcleos municipais no Centro-Oeste, e caso esse exemplo seja seguido pelas demais regiões de Minas, será possível dobrar o número de filiados do estado até o final de 2025, meta estipulada pelo Diretório Nacional.

Dessa forma, ao longo do debate de finanças, percebeu-se que o acúmulo do processo rumo ao congresso já se provou exitoso, porque a meta de arrecadação mensal foi, pela primeira vez, atingida e a disputa agora é que os coordenadores de núcleo e finanças continuem com a luta para que cada filiado pague sua contribuição ideológica. Assim, até dezembro alcançaremos a ousada meta de 80% dos filiados cumprindo com a tarefa de sustentar o partido, o que a Executiva Nacional declarou na matéria UP denuncia privilégios dos partidos fascistas: “garantindo o autofinanciamento da UP, será possível manter a independência política e econômica para garantir o crescimento das nossas fileiras e a intensificação das lutas por todo Brasil”.

Novo Diretório amplia diversidade e presença nas regiões do interior

Para finalizar o Congresso, foi eleito o novo Diretório Estadual, com a maior representação dos interiores que o estado já teve, 12 cidades representando 8 regiões, mais mulheres, negros, não-bináries e, para além, com a energia necessária para estar a frente das lutas da classe trabalhadora. Agora, a tarefa de cada filiado é clara: derrotar o fascismo e seus projetos anti-povo, as mineradoras e avançar rumo ao socialismo.

Faculdades particulares lucram às custas do endividamento dos estudantes

Cogna e YDUQS lucraram mais de R$ 1,4 bilhão em 2024 e negociam fusão, enquanto a maioria dos jovens segue fora do ensino superior e dependente de faculdades particulares caras e com alta evasão.

Movimento Correnteza


JUVENTUDE – Em março deste ano, o grupo Cogna, que controla grandes faculdades pagas como a Anhanguera, anunciou ter obtido, em 2024, um lucro de R$ 985 milhões (dados da InfoMoney). O grupo YDUCS, dono das faculdades Estácio de Sá, alcançou, também em 2024, lucro de R$ 480 milhões. Nos sites ligados ao mercado financeiro, os números são anunciados com otimismo e buscam comunicar o sucesso das companhias para os investidores. Agora, esses dois grupos estão trabalhando para concretizar uma fusão e controlar uma imensa parte do mercado.

Contudo, esse “sucesso” esconde a dura realidade da juventude que deseja se formar no ensino superior.

Apesar de a educação ser um direito garantido na constituição, a realidade é de falta de vagas nas universidades em todo o país. Segundo dados do Censo MEC/Inep 2023, apenas 21% dos jovens entre 18 e 24 anos estão matriculados no ensino superior. Entre os matriculados, cerca de 80% estão no ensino privado. São duas milhões de matrículas na rede pública contra quase oito milhões em universidades pagas e outros muitos milhões de jovens que não têm o direito à educação pública e não podem pagar uma instituição privada.

Isso acontece porque o Estado brasileiro tem uma relação criminosa com os bilionários da educação particular, que pressionam pela redução dos investimentos nas instituições públicas com o objetivo de obrigar a juventude a pagar para estudar. O último programa significativo de expansão das vagas na rede pública foi o Reuni, encerrado em 2012, 13 anos atrás. De 2022 a 2023, as matrículas na rede pública diminuíram 0,4%, enquanto na rede privada tiveram um aumento de 7,3%.

Estudantes endividados

O mercado da educação paga cresceu e se tornou um negócio extremamente lucrativo, que passou a captar investidores nas bolsas de valores, através da venda de ações. Assim, investidores bilionários lucram com o ensino superior sem pagar um único centavo de imposto – pois o lucro distribuído pelas empresas aos acionistas (dividendos) é isento de impostos no Brasil.

Para piorar, o sonho do ensino superior tem se transformado, para muitos jovens, no pesadelo do vencimento dos boletos de mensalidade ou do endividamento. Dados da Semesp (entidade representante das empresas de educação) mostram que o número de estudantes que abandonaram seus cursos chegou a 23% em cursos presenciais de instituições públicas; 28% em cursos presenciais de faculdades pagas; 34% e mais de 40% nos cursos a distância nas públicas e nas privadas, respectivamente. Os números de evasão são notoriamente maiores nas instituições privadas, em que os estudantes têm que lidar com as mensalidades caríssimas e não contam com praticamente nenhuma política de assistência.

Qualidade da educação?

Além de endividar estudantes com as altas mensalidades, incompatíveis com a renda dos brasileiros, essas grandes empresas de educação também buscam sempre a redução de seus custos. O resultado é a diminuição da qualidade dos cursos. Nesse aspecto, os problemas são inúmeros: quase não há política de assistência aos estudantes pobres; os salários dos professores e, em especial, dos outros trabalhadores das faculdades são defasados; faltam estruturas de ensino como laboratórios, etc.

A forma mais utilizada por essas empresas para reduzir os gastos foi, nos últimos anos, a comercialização de cursos de ensino a distância e a imposição, aos estudantes de cursos presenciais, de disciplinas cursadas pela internet. Assim, as empresas economizam fechando salas de aula e diminuindo o quadro de professores e funcionários e outros gastos como luz e água. No lugar da aula e da troca entre o professor e os estudantes, oferecem vídeos de aulas gravadas e repetidas indefinidamente – sem qualquer preocupação, inclusive, com o estudante ter acesso ou não a computadores, tablets ou qualquer equipamento adequado.

Essa prática foi impulsionada pela Portaria 2.117 do MEC, editada pelo Governo Bolsonaro, que permitiu que 40% da carga horária de cursos presenciais fosse ofertada em disciplinas online.

Privilégios continuam

O Governo Lula editou, nas últimas semanas, a nova política para a educação a distância, proibindo a oferta de alguns cursos nessa modalidade – em especial na área de saúde – tornando obrigatório um maior número de avaliações e atividades presenciais nos cursos e diminuindo de 40% para 30% a carga horária de cursos presenciais que pode ser ofertada de forma virtual.

Os avanços são importantes, mas ainda não invertem a lógica de privilégio dos empresários da educação e de seus lucros, em detrimento dos estudantes. Prova disso é a manutenção da possibilidade de os empresários da educação imporem disciplinas online a estudantes matriculados em cursos presenciais.

A contradição entre a propaganda das empresas privadas de educação sobre o sucesso de seus números e a situação dos estudantes no Brasil é um sintoma que demonstra que, para garantir educação pública e gratuita em todos níveis e para todos os brasileiros, é necessário enfrentar os interesses dos grandes capitalistas que lucram toda vez que um estudante não consegue uma vaga na universidade pública.

Matéria publicada na edição impressa  nº315 do jornal A Verdade