UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 19 de dezembro de 2025
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Técnicos da UnB lutam contra possível perda salarial

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Servidores técnicos da UnB temem perder até 26,05% de seus salários com a possível absorção da Unidade de Referência Padrão (URP), apesar de decisão anterior do STF favorável à manutenção do pagamento. A incerteza levou à greve, já em curso há quase seis meses, e intensificou críticas ao governo federal.

Hugo Costa e Marcus Carneiro | Brasília


TRABALHADOR UNIDO – As famílias de mais de 6 mil servidores técnicos administrativos da Fundação Universidade de Brasília (FUB) estão apreensivas pelo futuro de suas casas. Após reviravoltas jurídicas e pressões de órgãos externos, elas correm o iminente risco de ver desaparecer parcela que corresponde a até 26,05% de suas rendas. Isso ocorreria com a absorção da URP, que integra os salários de trabalhadores ativos e aposentados da UnB desde 1991. 

A absorção é defendida pela Advocacia Geral da União (AGU), amparada em entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU). A sinalização é a de que a URP, já congelada desde 2019 com valores de 2016, pode ser absorvida até ser zerada a partir de reajustes da categoria, que está entre as mais mal remuneradas do governo federal. O temor é que até mesmo o reajuste de 9% recebido este ano seja incluído na conta. 

“Na minha renda, uma possível perda da URP representa corte em alimentação e saúde”, lamenta o assistente em administração Magno Assis, servidor há 32 anos e símbolo da promoção de arte e da cultura na universidade. Para o técnico de laboratório Filipe Barbalho, o não recebimento “significa a perda do planejamento e da possibilidade de ter uma reserva para emergências”. Em atividade na UnB há um ano e meio, ele almeja contar pela primeira vez com o percentual e desafogar as contas da casa em que é o principal provedor financeiro.  

O que afeta ainda mais os ânimos dos técnicos é a sensação de injustiça e insegurança jurídica. Em 2024, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, de forma unânime, pela continuidade do pagamento dos 26,05%. Também sem votos contrários, o colegiado rejeitou embargos apresentados pela AGU. A categoria comemorou a decisão, que transitou em julgado, e ansiava pela retomada do pagamento integral. Há quatro meses, entretanto, uma decisão do ministro Gilmar Mendes, relator do processo, admitiu a possibilidade de absorções e vetou a inclusão da rubrica aos contracheques de admitidos após setembro de 2023. 

O entendimento foi expresso em resposta a requerimento do Sindicato dos Trabalhadores da FUB (Sintfub), que demandava a integralidade do pagamento dos 26,05% a servidores ativos e inativos e pensionistas. “Causa surpresa um mandado de segurança que foi deferido nos termos dos pedidos, tenha uma decisão limitando os efeitos ao trânsito em julgado”, avaliou a assessoria jurídica do sindicato, que já apresentou novo recurso ao STF.  

Em meio às idas e vindas processuais, a categoria tem se mobilizado para conseguir dialogar com as partes em busca de um desfecho que assegure a manutenção da renda. Em 18 de agosto, despacho de Gilmar Mendes apontou para a possibilidade da busca de uma solução mediada pelo Núcleo de Solução Consensual de Conflitos (Nusol) do STF. As partes têm 30 dias para se manifestar sobre o interesse no processo conciliatório.   

Greve: a UnB não pode passar fome

As angústias dessas incertezas culminaram numa greve que une servidores e impacta o cotidiano da UnB há quase seis meses. “As mobilizações e greves de técnicos na UnB são exemplos para as demais categorias. Obviamente, me refiro às que acompanhei e participei, mas as greves de técnicos sempre foram muito fortes, nasceram do anseio da base e contam com grande adesão da categoria”, afirma a bióloga Carla Vizotto, uma das vozes mais ativas no comando do atual movimento paredista. 

Vizotto percebe desgastes no prolongamento da luta e critica os desdobramentos do que avalia como quebra de princípios de segurança jurídica e de confiança legítima. “A situação se aproxima do surreal, em que após ‘ganhar’ a causa, os técnicos da UnB ficaram em condição pior do que aquela em que estavam quando o processo ainda não havia sido julgado”, diz a servidora, que integra o corpo técnico da universidade há 17 anos. Ela reconhece o envolvimento da administração superior da UnB na busca por soluções para a causa, com “atuação institucional, dentro dos seus limites”. 

“Aprofundando nas relações de confiança, os técnicos veem enfraquecido o vínculo com o governo eleito com maioria de votos da categoria. Todas essas repercussões agravam ainda mais o cenário político na UnB e no DF, que sofre com pressões e ataques constantes do golpismo da extrema direita. Todas essas quebras de confiança dificultam a árdua missão de reconstrução de gestões democráticas e socialmente referenciadas nos próximos pleitos eleitorais”, analisa.

Nas assembleias semanais e nas dezenas de atos promovidos pelos técnicos, as críticas ao governo federal têm sido crescentemente notadas. Magno Assis emprega arte ao movimento e liderou manifestações com instalações e caminhadas performáticas com dizeres como “a UnB não pode passar fome”. Ele diz ainda acreditar no desfecho digno para essa história, mas lamenta a postura do governo federal, representado pela AGU. “O mais difícil é essa intransigência desse governo, que se diz ser do trabalhador e teve o apoio da educação. Parece que não é o mesmo governo que a gente elegeu”.

“Sala do Futuro” é a nova maneira do governo de São Paulo precarizar a educação

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O governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e seu secretário da educação, Ricardo Feder, impõe às escolas a plataformização das escolas através da “Sala do Futuro” enquanto milhares de jovens sofrem com a falta de professor e de estrutura.

Igor Teles | São Paulo


EDUCAÇÃO – Durante a pandemia do COVID-19, os estudantes secundaristas (principalmente ensino médio), sofreram com o Centro de Mídias São Paulo (CMSP), devido a diversos problemas como travamentos constantes das aulas e vídeos, atividades que não ensinavam e que excluíam os alunos que não tinham internet em casa ou que trabalhavam.

Agora, no ano de 2025, esses mesmos estudantes se deparam com a plataforma digital “Sala do Futuro”; que é descrita pelos seus próprios responsáveis, a Secretaria de Educação de SP (SEDUC), como: “o novo App completo para organizar o dia a dia dos alunos, professores e responsáveis na rede estadual de escolas de São Paulo”.

Uma clara iniciativa do governo estadual e da SEDUC de impor a iniciativa privada às salas de aula e avançar ainda mais em seu projeto privatista.

Feder quer transformar educação em mercadoria

Todo esse processo mais agressivo de plataformização começou quando  o governador Tarcísio nomeou Renato Feder, que não possui formação específica para dar aula, como Secretário da Educação do estado.

Feder já foi CEO (entre 2003 à 2018) da empresa Multilaser que fabrica eletroeletrônicos. Muitos tablets concedidos para os alunos da rede estadual são dessa mesma empresa que o atual Secretário da Educação já possuiu um cargo alto.

Apenas ano passado, quando se tornou obrigatório para professores aplicarem em sala de aula essas plataformas (como o Khan Academy, por exemplo), a SEDUC investiu quase 500 milhões de reais em plataformas digitais ignorando que, enquanto isso, nas escolas da rede estadual faltam de professores e estrutura adequada.

De acordo com uma nota técnica do Grupo Escola Pública e Democracia (Gepud) e a Rede Escola Pública e Universidade (REPU), após avaliar o desempenho dos estudantes no SARESP (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar de São Paulo), foi possível perceber que os aplicativos não melhoraram o desempenho dos alunos.

“A análise aponta a falta de transparência da Seduc-SP sobre o funcionamento e os conteúdos das ferramentas digitais”, aponta a nota técnica. Além de tirar a autonomia do professor, essas plataformas também possuem a mesma lógica das redes digitais em geral: coleta de dados.

Os estudantes não se rendem

As entidades estudantis do estado de SP, principalmente as dirigidas pelo Movimento Rebele-se, estão construindo jornadas de luta, passando nas escolas e em salas de aula. Os estudantes não só reprovam essas plataformas como querem que o orçamento da educação básica seja direcionado para a contratação de mais professores e a melhoria da estrutura escolar.

Enquanto o fascista e neoliberal Tarcísio de Freitas continua vendendo a educação e perpetuando sua política de sucateamento do serviço público em benefício dos grandes empresários, nós vamos continuar mobilizando os estudantes para ocuparem as ruas e exigir que a educação seja um direito e não mercadoria.

O único caminho possível aos estudantes de São Paulo e de todo o país que também têm suas escolas precarizadas é a luta. Cada estudante, secundarista, universitário, pais, mães e membros da comunidade escolar devem ir às ruas pelo direito de uma educação pública, emancipadora e de qualidade. Afinal, a verdadeira sala do futuro deve ser feita a partir das mãos dos estudantes e professores.

MLB realiza protesto no Recife (PE) contra despejo da ocupação Gregório Bezerra

A cidade do Recife amanheceu com um grande protesto na Avenida Recife das famílias organizadas pelo MLB e da ocupação Gregório Bezerra, que foram ameaçadas de despejo após o INSS pedir reintegração de posse do imóvel, que há mais de 10 anos estava abandonado e sem serventia alguma.

Clóvis Maia | Redação Pernambuco


LUTA POPULAR- Na manhã dessa quinta feira, 25 de setembro, as famílias da ocupação Gregório Bezerra, no Recife, realizaram junto ao Movimento de Luta nos Bairros, Vila e Favelas (MBL), um protesto para denunciar o pedido de reintegração de posse, movido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O pedido, aceito pela justiça de forma arbitrária, sem se quer ouvir o movimento, acusa as famílias mas não leva em consideração que o imóvel ocupado pelo MLB está abandonado há mais de 10 anos e sem cumprir função social alguma.

Diante da ameaça, as famílias da ocupação decidiram fechar a Avenida Recife e lembrar para as autoridades que o despejo não é a solução para os milhares de recifenses que simplesmente não tem onde morar. Segundo Natália Lúcia, que preside a Central de Movimentos Populares (CMP) em Pernambuco e é da coordenação nacional do MLB: “São mais de 200 famílias organizadas pelo MLB que estão lutando pelo direito de morar dignamente. O que estamos reivindicando é a doação do imóvel para construção de moradias. Essa ameaça de reintegração de posse é um absurdo. Temos uma audiência marcada para o dia 30, agora, onde iremos mostrar como estava o espaço antes, completamente abandonado, e hoje transformamos ele num espaço livre da fome. As famílias organizaram uma creche, uma cozinha coletiva, espaço de lazer e de vivencia, e estamos organizando eventos culturais de formação, educação e cultura para essas famílias. A ocupação é um exemplo real de que é possível transformar a cidade; basta colocar o povo pra decidir seu futuro.”

Em menos de 1 mês a ocupação fez mais pela sociedade recifense que o INSS nos últimos 10 anos em que o prédio do instituto esteve abandonado. Foto: Jesse Lisboa (JAV-PE) 

Déficit habitacional em Recife

O Nordeste é a segunda região com o maior déficit habitacional do Brasil, ou seja, famílias que não tem acesso a moradia adequada ou que vivem em condições precárias, pagando alugueis caros, morando em locais insalubres, sem água encanada, tratamento de esgoto ou perto de encostas e morros. Segundo dados da Pnad Contínua, de 2022, apontavam mais de 70 mil habitações com esse tipo de dificuldade. Governado pelo PSB, a capital do Recife não tem prioridade alguma quando se fala em moradia. O direito à moradia, que é assegurado pela constituição de 1988 e deveria ser garantido pelo estado está longe de ser uma realidade nesse sistema desigual e injusto.

Reforçando a disposição das famílias da ocupação, Natália reforça: “queria reforçar o convite a toda a população a se somar na solidariedade e conhecer a ocupação, que desde do dia 07 de setembro organizam a ocupação Gregório Bezerra por Palestina Livre que fica na Avenida Tapajós, 70, no bairro de Areias, Recife. Seguiremos o exemplo de Gregório Bezerra, que enfrentou toda forma de repressão e do povo palestino, que luta até hoje em defesa de suas terras e de sua história.”

Foto: Jesse Lisboa (JAV-PE)

Trabalhadores da CELESC em greve por salários e respeito

Trabalhadores das Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC) deflagraram greve em todo o estado em defesa dos seus direitos. Greve uniu sindicatos de várias categorias da empresa.

Redação SC


TRABALHADOR UNIDO – No dia 22 de setembro, trabalhadores da Celesc de toda Santa Catarina iniciaram mais uma greve. Dois dos pontos centrais das reivindicações são a isonomia de direitos e a estabilidade da estrutura sindical. A proposta do anuênio (reajuste anual do salário) de 1% para os novos trabalhadores, que já são mais da metade, foi negada pela diretoria, que não quis debater uma proposta concreta e equilibrada. Após cinco longas rodadas de negociação, a proposta final se manteve sem ganhos reais nem reajustes dos direitos sociais. 

Frente à intransigência da presidência indicada pelo governador Jorginho Mello (PL), o amplo conjunto de trabalhadores eletricitários, representados pela Intersindical dos Eletricitários de Santa Catarina (Intercel), entidade que reúne os sindicatos locais dos trabalhadores do setor, recusou a proposta rebaixada e aprova a deflagração da greve.

A Celesc é uma empresa estatal e patrimônio do povo catarinense, que se orgulha de possuir eficiência na prestação de serviço e possuir a segunda fatura de energia mais barata do país inteiro. Isto resulta do fato de ser uma empresa pública e que valoriza seus funcionários. Mas, desde 2016 os novos quadros vêm sofrendo cortes de direitos sistematicamente, até que a situação se tornou insuportável.

Solidariedade de classe

A proposta dos sindicatos é que todos contribuam com um pouco para que seja garantido o aumento salarial para aqueles que ingressaram na empresa depois de 2016. Cristiano Passos, militante do MLC e dirigente sindical do Sinergia (que representa os eletricitários da região de Florianópolis), relata: “o anuênio, que acrescenta ao salário do trabalhador 1% a cada ano, faz uma diferença tremenda na valorização e incentivo do funcionário. Mas à medida que o tempo foi passando, esse direito foi desaparecendo dos acordos coletivos. Hoje estamos em busca dessa conquista, pois 52% da empresa é desses empregados mais novos e que não têm esse direito.”

Ele ainda acrescenta: “Isso vem com base em muita luta: o sindicato fez uma proposta que diminuísse o reajuste em 0,25% de todos os trabalhadores para poder cobrir o anuênio dos mais novos. Eu que entrei em 2004 só fui receber o anuênio quando os trabalhadores em 2007 abriram mão de 0,33% de seus reajustes para poder cobrir o anuênio da minha geração. Agora é justíssimo demonstrar essa solidariedade também aos novos trabalhadores, por esse mesmo motivo”.

Enquanto a diretoria procura separar as categorias e colocar uns contra outros, trabalhadores conscientes agem com solidariedade e união, sem deixar ninguém para trás. 

As mais atingidas pela falta de isonomia são as mulheres, que trabalham em jornadas duplas ou triplas, lutando diariamente para garantir o sustento para si e seus filhos. Caroline, dirigente do Sinergia, afirma que a greve está sendo bem forte: “tem muitas mulheres paralisadas no estado inteiro. A gente sabe que essa falta de isonomia afeta muito elas. Tem muitas mães solo que são trabalhadoras na Celesc e elas precisam sustentar suas casas, suas famílias e dependem muito desses benefícios e do salário”.

Elaine, funcionária da Celesc desde 2014, que entrou na empresa em uma jornada de 20 horas semanais para cuidar da filha que sofre de asma crônica, afirma que a falta de sensibilidade dos diretores é reflexo da desigualdade salarial dentro da empresa.: “Desde que entrei, percebo que os diretores nunca deram o devido valor a nós, celesquianos. Sempre querem nos tirar os direitos já conquistados.” Ela acrescentou que o salário recebido não contempla as necessidades básicas:  “tinha um ditado popular, ‘a preço de banana’, mas hoje nem a banana é barata, tudo é caro. Frutas, verduras, hortifruti, carne. Isso acaba refletindo no que tu consegue pagar com o teu salário.” 

A atendente comercial ainda apresentou os desgastes que sofre no cargo. “O atendimento comercial é um trabalho predominantemente feminino. Eu sou mãe solo, sustento uma casa sozinha, e conheço a dificuldade daquelas que entraram na Celesc com um salário mais baixo.. Além disso, o novo sistema comercial que foi implementado gerou muitos erros: teve um dia que atendi a 180 clientes em 4 horas, muitos gritando. Ouvimos muitos relatos de agressões físicas e verbais, e vivemos isso tudo sem receber o reconhecimento que merecemos. Tem muitas famílias como eu que tem a sua saúde mental prejudicada por aguentar tudo isso. A isonomia de direitos é o mínimo,” relata Elaine.

Movimento grevista cresce

Um fato que surpreendeu foi que, somando-se à categoria majoritária da Celesc, no Dia Nacional do Técnico Industrial (23 de setembro), trabalhadores representados pelos sindicatos de técnicos industriais (Sintec), junto a sindicatos dos engenheiros (Senge), economistas (Sindecon) e químicos (Sindiquímica) anunciaram o início de sua participação na greve a partir do dia 25. Essa participação é inédita no passado recente.

“O Sintec é o segundo sindicato com mais trabalhadores na Celesc. Portanto, sua participação nessa greve é um elemento que agrega muita força ao movimento. Nós do MLC concorremos às eleições para direção do Sintec em 2024, com a primeira chapa de oposição de sua história. Fizemos uma votação muito expressiva nesta primeira participação. Hoje, avaliamos que não é coincidência esta nova movimentação de união sindical. Estamos contentes que nós técnicos finalmente podemos apresentar nossa solidariedade com a categoria majoritária, após anos de negociações paralelas, que segregam trabalhadores da empresa dos chamados ‘diferenciados’”, informa Jaime, da coordenação estadual do MLC. O referido movimento de oposição surgiu em meio a um profundo descontentamento da categoria, e sua proposta era de reorganizar os trabalhadores desacreditados da luta e voltar a crescer sua presença e força coletiva.

Organização é a chave

No presente movimento grevista os trabalhadores possuem a consciência de seus direitos, sabem apresentar suas reivindicações e escolhem bons momentos para desencadear as greves. Mas justamente para a vitória de todas as greves é necessário compreender que o estado capitalista é um instrumento de opressão contra os trabalhadores e se agrava quando nas mãos do fascismo.

Portanto, se organizar para enfrentar o fascismo, pois somente a organização das massas trabalhadoras é capaz de construir o poder verdadeiramente democrático. Esta é a única via que tornará possível garantir reestatizações, aumento na qualidade de vida, e trazer as riquezas socialmente produzidas para as mãos da classe trabalhadora.

Pressão popular na rua faz Senado rejeitar PEC da Impunidade

Senado rejeita PEC da Impunidade, aprovada pelos deputados para impedir investigações e processos judiciais contra parlamentares criminosos. Parlamento ainda não rejeitou proposta de anistia aos golpistas.

Felipe Annunziata | Redação


BRASIL – A Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal rejeitou por unanimidade a PEC da Impunidade. A rejeição dos senadores acontece uma semana depois dos deputados terem aprovado a proposta e também a urgência do projeto de anistia aos golpistas.

A PEC da Impunidade previa que deputados, senadores e presidentes de partido só poderiam ser processados e julgados com autorização do Parlamento. Na prática, era uma forma de impedir que políticos corruptos fossem processados e condenados na justiça.

Esta regra já vigorou no Brasil entre 1988 e 2001. Neste período a Câmara de Deputados recusou mais de 200 processos de corrupção contra deputados e aceitou apenas um, o que mostra qual o verdadeiro objetivo dos parlamentares.

Povo na rua derrubou PEC da Impunidade

O resultado de hoje é a primeira vitória das mobilizações populares deste domingo, 21 de setembro, em que mais de 600 mil pessoas foram às ruas contra a PEC e também o projeto de anistia aos golpistas.

Mesmo o parlamento sendo controlado por políticos de direita do chamado “Centrão” e com um bloco fascista grande, foi obrigado a rejeitar a proposta. Mais uma vez, fica provado que o povo organizado e em luta pode conquistar as pautas mais importantes para os trabalhadores.

Agora, a luta continua para enterrar também o PL da Anistia aos golpistas e também para garantir que as propostas que interessam de verdade à classe trabalhadora sejam aprovadas. É o caso do fim da escala 6×1 sem redução de salário, o aumento geral do salário mínimo e nacionalização dos recursos estratégicos, como as terras raras, que o Centrão e os fascistas querem entregar ao imperialismo estadunidense a preço de banana.

MLB realiza ocupação em cidade operária na RMBH

MLB ocupa prédio em Contagem no 7 de Setembro: 150 famílias erguem a Ocupação Braz Teixeira da Cruz – Palestina Livre, em luta por moradia.

Redação


No dia 7 de setembro, 150 famílias organizadas no Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocuparam um imóvel abandonado na cidade de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A ocupação recebeu o nome “Ocupação Braz Teixeira da Cruz: Palestina Livre!”, como parte da campanha nacional “Não há independência, nem soberania, sem direito à moradia”, que realizou 20 novas ocupações em 17 estados no Dia da Independência do Brasil.

Em defesa de um povo livre, do Brasil à Palestina!

A jornada de lutas também denuncia o genocídio do povo palestino, em que mais de 70 mil pessoas foram assassinadas pelo regime sionista israelense. O povo palestino viu 80% das edificações da Faixa de Gaza serem destruídas e hoje sofre com mais de 90% de déficit habitacional.

A raiz dessas injustiças está no próprio sistema econômico que rege o Brasil: o capitalismo, que concentra riquezas nas mãos de poucos e deixa ao povo apenas migalhas, quando muito um salário de fome. Será justo aceitar que, enquanto burgueses e latifundiários acumulam terras improdutivas, milhões sigam sem ter onde morar?

A resposta do MLB é firme: a mudança nasce da luta coletiva, ousada e combativa. Nosso lema é claro: enquanto morar for um privilégio, ocupar é um dever!

A luta pela moradia em Minas Gerais

“A verdadeira independência só existirá quando houver justiça social, moradia digna e fim dos privilégios da terra ociosa. Segundo a Fundação João Pinheiro, apenas na Região Metropolitana de BH, o déficit habitacional atinge mais de 115 mil famílias. Por isso, organizamos a população sem teto na luta para conquistar uma moradia digna, só assim para fazer cumprir o dispositivo constitucional da função social dos imóveis. Esse prédio que ocupamos hoje está abandonado há pelo menos 7 anos, servindo apenas para especulação imobiliária”, declarou Adriel Cássio, coordenador do MLB.

Em Minas, a crise habitacional tem um responsável: Romeu Zema. O governador demonstra não apenas incapacidade, mas desinteresse em enfrentar o problema. Enquanto milhares de famílias sobrevivem em condições indignas, o Estado abandona políticas públicas, sufoca espaços de negociação e desmonta estruturas que deveriam garantir o direito à moradia.

A luta pela moradia é a luta pela vida!

O prédio estava há anos abandonado, tomado pela poeira, insetos e animais. “Quem tem dinheiro para deixar um prédio inteiro vazio enquanto o povo não tem teto?”, questionou Edinho, coordenador do MLB.

Com a ocupação, o espaço ganhou vida: as salas foram limpas, uma cozinha começou a funcionar e as crianças foram direcionadas para uma creche, além da auto-organização para garantir a segurança da nova moradia.

Desde os primeiros dias, foram realizadas plenárias para apresentar a luta pelo socialismo às famílias, apontando uma alternativa a esse sistema que só oferece exploração ao povo. Também houve distribuição do Jornal A Verdade, que refletia o espírito da luta afirmando que “moradia é um direito básico do povo brasileiro”. Em edições anteriores, muitas famílias conheceram exemplos de escolas populares, compreendendo que a luta do MLB também significa acesso à educação, lazer e cultura.

Adriely Ferreira, coordenadora da Ocupação Braz Teixeira da Cruz, disse que “participar do MLB nesse momento é uma sensação de poder”. Ketlyn Naiara, uma das moradoras, afirmou: “É uma coisa muito organizada, estou adorando. Tô lutando por um direito que é nosso, todo mundo que tá aqui tá lutando por um direito que é nosso, para ter uma moradia digna e dar conforto para nossos filhos”.

Depois de adquirir duas edições do Jornal, Dona Vandinha contou: “É a primeira vez que eu participo. Gostei, o pessoal do MLB que é de outras ocupações veio ajudar a gente, agradeço eles muito. Se tiver outra chance, vou ajudar mais as outras pessoas que precisam de moradia, com muita força, garra e luta”.

Bráz Teixeira da Cruz, presente!

A ocupação homenageia Bráz Teixeira da Cruz – Palestina Livre!, lutador histórico do povo brasileiro, falecido em 2021, vítima da Covid-19 e do descaso do governo fascista de Jair Bolsonaro e seus generais com a vida da classe trabalhadora.

Bráz Teixeira da Cruz nasceu em Itaúna, em 1939. Homem negro, pai de sete filhos, avô de mais de 20 netos, foi um revolucionário que acreditava em um mundo sem exploração. Vindo de uma infância pobre, estudou em Belo Horizonte e, ainda jovem, entrou em contato com as lutas sociais. Aos 20 anos, já organizava atos internacionalistas em defesa da Revolução Cubana e ingressou no PCB. Combativo, atuou no movimento estudantil, nas manifestações antifascistas e na luta pelo passe estudantil. Em 2010, ingressou nas fileiras do Partido Comunista Revolucionário.

É daqueles que Bertolt Brecht chamava de imprescindíveis. Seu nome permanece vivo como símbolo de convicção na vitória do socialismo e de um mundo livre da exploração capitalista. Mais que memória, é exemplo de disciplina, combatividade e abnegação para seus camaradas. Bráz dedicou suas melhores energias à luta, e é um dos heróis do nosso povo!

“Ninguém arredou o pé, o povo aqui é de luta!”

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“Chegamos do trabalho ontem à noite, umas seis horas da tarde, e já estavam aqui os policiais. As nossas coisas estavam dentro da ocupação, eles fecharam tudo. Nós tentamos conversar com eles, mas eles não quiseram. Estamos aqui até agora, meio-dia, e a polícia ainda não saiu. Passamos a noite inteira resistindo, mesmo com esse frio.”

Tiago Lourenço e Leonardo de Paula | Diadema (SP)


LUTA POPULAR – “Chegamos do trabalho ontem à noite, umas seis horas da tarde, e já estavam aqui os policiais. As nossas coisas estavam dentro da ocupação, eles fecharam tudo. Nós tentamos conversar com eles, mas eles não quiseram. Estamos aqui até agora, meio-dia, e a polícia ainda não saiu. Passamos a noite inteira resistindo, mesmo com esse frio”, relatou Ophny Jeune, de 34 anos, imigrante haitiano e morador da Ocupação Palestina Livre, de Diadema (SP).

Desde o começo da tentativa de despejo ilegal, às 18h da segunda-feira (22/9), quando os trabalhadores foram impedidos de voltarem às suas casas, as famílias da ocupação e outras famílias do MLB, militantes e apoiadores se mobilizaram para a defesa da moradia.

Sem nenhuma justificativa, a GCM começou a atacar com violência a manifestação, ferindo as pessoas com tiros de bala de borracha e prendendo um militante.

Reinaldo Donizete, 57 anos, servidor da saúde de Diadema, conta que “desde o dia 7, quando fizemos a ocupação, eles nos assediam. Quando chegamos do trabalho ontem à noite, não nos deixaram entrar, então nós nos juntamos pra nos defender. Quando eles jogaram uma bomba que estourou no meu pé, machucou muito, tive que ir pro hospital pra tratar, e um tiro de bala de borracha na barriga”.

Amanda Bispo, do diretório nacional da Unidade Popular pelo Socialismo (UP), em apoio à ocupação, fala da resistência organizada pelos trabalhadores: “A pressão durante a noite toda, as palavras de ordem que não pararam de ser cantadas muito alto, desde as seis da tarde até às duas da manhã, foi o que garantiu que Bruno, o companheiro que foi preso, saísse logo em liberdade. Durante a madrugada até o final da manhã, e está acontecendo até agora, meio-dia. E não vai deixar de acontecer até que as famílias possam entrar nas suas casas, porque não existe um mandato de despejo. Existe um processo que a juíza obriga a prefeitura a fazer cadastramento das famílias, dar auxílio aluguel, registrando isso no processo antes que o despejo aconteça”.

E continua: “Lutar por um direito também é direito da população. Os prédios abandonados, de acordo com a Constituição, deveriam estar sendo desapropriados, e a prefeitura de Diadema deixou de fazer isso com esse prédio, deixando ele abandonado há mais de 10 anos, com uma dívida de mais de R$400 milhões do proprietário. E a prefeitura, que nem era a parte interessada no processo, entrou na justiça só pra pedir a reintegração, em um ataque direto ao MLB, que luta em Diadema há quase 20 anos, que conquistou um projeto habitacional e que está sendo construído com muita luta”.

Até o começo da tarde de terça-feira (23/9), os militantes, famílias e apoiadores seguem firmes na resistência em frente à ocupação e dentro também, com a disposição de lutar pelo direito à moradia e contra a prefeitura reacionária de Taka Yamauchi (MDB).

Reinaldo foi para o hospital para cuidado do pé, mas assim que foi atendido, às 3h da manhã, voltou para a frente da ocupação: “Quando eu voltei, tinha um pessoal dormindo nas barracas, um pessoal se protegendo da chuva e do frio, mas tava todo mundo aqui. Ninguém arredou o pé, o povo aqui é de luta!”.

Povo na rua contra a PEC da Impunidade e anistia aos golpistas

Centenas de milhares de pessoas se reuniram nas principais cidades do país contra a anistia dos golpistas e a PEC da Impunidade. Mais uma vez, nas ruas o povo se mobiliza para barrar o fascismo.

Cadu Machado e Mariana Rodrigues | Redação SP


BRASIL – Menos de uma semana depois da tramitação da PEC da Impunidade na Câmara e a aprovação da urgência do Projeto de Anistia aos fascistas golpistas do 8 de janeiro, centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas em pelo menos 60 cidades brasileiras, incluindo todas as capitais e o Distrito Federal. 

No Rio de Janeiro, mais de 100 mil pessoas ocuparam a orla de Copacabana em um ato político convocado por movimentos sociais e partidos de esquerda e que contou com a presença de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque e outros artistas, que entoaram cantos de liberdade e resistência do período da ditadura militar fascista. Em Brasília, o ato caminhou pela Esplanada dos Ministérios e reuniu mais de 20 mil pessoas. 

Em Minas Gerais, além dos atos que ocorreram em mais de 20 cidades, as ruas de Belo Horizonte foram tomadas por cerca de 50 mil pessoas. Na Paraíba, estado do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), as ruas de João Pessoa ouviram o povo cantando “Fora, Hugo Motta!”. 

Em Maceió (AL), os manifestantes se concentraram próximo à Praça Sete Coqueiros, onde fizeram falas a favor da democracia e caminharam até a Praça Multieventos com cartazes e faixas escritas com “Sem anistia para golpistas e bandidos” e “Fascismo nunca mais”. Um principais defensores da anistia e da impunidade para corruptos é o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL), que tem em Alagoas sua principal base eleitoral.

Outras cidades do Nordeste também tiveram atos massivos. Em Recife (PE), milhares de manifestantes se reuniram na Rua da Aurora, no bairro de Santo Amaro, e caminharam até o Marco Zero. Em Salvador, o ato reuniu dezenas de milhares de pessoas na orla da Barra.

Na capital baiana, o presidente da Unidade Popular, Leo Péricles, que estava na cidade participando do 7° Encontro Nacional de Estudantes do Ensino Técnico (Enet), defendeu: “O povo brasileiro hoje está dando uma resposta muito importante. Além de exigir a prisão de Bolsonaro e dos generais que já foram condenados, exigimos também a prisão de quem financiou essa tentativa de golpe e punição àqueles que assassinam nossos jovens todos os dias.”  

Ao jornal A Verdade, Péricles completou: “As manifestações de ontem (21), mostraram que nosso povo não vai tolerar nenhum processo de anistia para os ricos e políticos criminosos, golpistas e fascistas.”

Também foram realizados atos nas capitais dos estados da região Norte. Em Belém (PA) manifestantes se reuniram em frente ao Theatro da Paz, na Praça da República, local tradicional de manifestações políticas na cidade. Em Manaus (AM) o ato se concentrou na Avenida Getúlio Vargas, no Centro, e seguiu em caminhada sob a palavra de ordem “Sem anistia e sem perdão, eu quero ver Bolsonaro na prisão” até a Avenida Sete de Setembro.

Já em São Paulo, desde a ida para a Avenida Paulista era possível ouvir a multidão entoando palavras de ordem contra a anistia ainda nas estações de metrô. Em defesa da democracia, mais de 100 mil pessoas deixaram claro que o povo não aceitará mais golpes e que os responsáveis precisam ser punidos. Muito além da democracia formal, quem estava nas ruas reivindicava melhores condições de vida: trabalhadores exigiam o fim da escala 6×1, denunciavam as crises climáticas e a violência da Polícia Militar do governador fascista Tarcísio de Freitas. Os estudantes, que elegeram Bolsonaro como o inimigo número um da educação, se mobilizaram junto a seus DCEs, Centros Acadêmicos e demais entidades estudantis, cobrando a melhoria da educação e a prisão dos golpistas. Além disso, foram vendidos mais de 2.000 exemplares do jornal A Verdade.

Vivian Mendes, presidenta estadual da UP em São Paulo, relembrou dos atos da frente “Povo na Rua” de 2021 e 2023: “O povo é contra anistiar fascista e blindar bandido político”, afirmou. Ela ainda enfatizou que é possível derrotar o fascismo como fizeram os povos soviético e vietnamita.

Ato no DF reuniu dezenas de milhares de pessoas na Esplanada dos Ministérios. Foto: Donavan Sampaio

PEC e Anistia só serve a políticos milionários de direita e fascistas

A PEC da Impunidade, aprovada na câmara dos deputados semana passada, gerou indignação geral no povo brasileiro. A medida altera o artigo 53 da Constituição para ampliar os privilégios de deputados e senadores, exigindo que qualquer processo contra eles dependa de autorização do próprio Congresso — mesmo quando os crimes não têm relação com o mandato. Na prática, é uma tentativa de criar um escudo para proteger corruptos e golpistas.

Apesar da rápida aprovação na Câmara, a reação popular colocou a proposta em xeque. As manifestações em todo o país forçaram o Senado a recuar. Mais uma vez, fica provado que só a mobilização do povo é capaz de barrar a blindagem dos criminosos do Congresso.

Além da PEC da Impunidade, que busca blindar parlamentares contra processos, também tramita no Congresso o PL da Anistia, uma proposta que visa conceder perdão a envolvidos em atos golpistas, incluindo os ataques de 8 de janeiro. 

A medida é defendida por aliados de Bolsonaro e tem como objetivo garantir impunidade para aqueles que participaram da tentativa de golpe, enfraquecendo ainda mais a responsabilização dos criminosos. 

Ambas as propostas representam uma tentativa de garantir impunidade para os responsáveis pelos ataques às instituições democráticas, enfraquecendo a responsabilização dos criminosos enquanto o povo segue sendo alvo da repressão e da violência do Estado.

A aprovação dos dois projetos foi acordada entre o Centrão e os fascistas durante a ocupação do plenário da Câmara, quando a prisão domiciliar de Bolsonaro foi decretada. Para que a Câmara fosse desocupada, ficou definido que o Centrão votaria a favor do PL da Anistia e de sua urgência, enquanto os fascistas apoiaram a PEC da Impunidade, garantindo que deputados do Centrão permanecessem protegidos da Justiça. O episódio mostra como essas manobras legislativas servem para blindar políticos e golpistas, enquanto a classe trabalhadora continua sendo punida pela Justiça dos ricos e os pobres, sobretudo a juventude negra e periférica, encarcerados em massa.

Quando o centrão e os fascistas firmaram seu pacto pela impunidade, se esqueceram de consultar os milhões de trabalhadores brasileiros, que estão cansados da corrupção. A resposta popular foi rápida, clara e contundente.

As ruas de Belém do Pará ficaram lotadas de manifestantes neste domingo. Foto: Bea Miranda

Mente quem diz que o brasileiro é acomodado

Durante o período da Ditadura Militar Fascista (1964-1985), o povo foi às ruas denunciar os crimes fascistas, como a tortura e o assassinato daqueles que lutavam contra a repressão. Ficou marcado na história o dia 31 de outubro de 1975, quando cerca de 8 mil pessoas foram às ruas de São Paulo para protestar contra a morte do jornalista Vladimir Herzog, barbaramente assassinado pelo regime.

Em 2013, o povo voltou a se levantar, desta vez contra o aumento de R$0,20 nas tarifas de transporte e a falta de investimentos nos serviços públicos. Mesmo diante da repressão, a mobilização cresceu e mostrou que os brasileiros não aceitam de cabeça baixa a exploração diária imposta pelos governos e pelo capitalismo.

As mobilizações pela prisão de Bolsonaro e dos golpistas não terminaram. É possível derrotar o fascismo, e barrar a PEC da Impunidade e o PL da Anistia é um passo fundamental nessa luta, já que essas propostas tentam livrar golpistas e corruptos da prisão.

Um dos balanços mais importantes da manifestação de domingo (21), é o seu caráter nacional. Ao contrário dos fascistas, que hoje só conseguem concentrar mobilizações em algumas capitais e com a injeção de muitos recursos financeiros, os atos contra a anistia e a impunidade mobilizaram centenas de milhares em todo país. 

Novamente, foi o povo na rua que colocou a possibilidade real de barrar de forma definitiva a tentativa de não punir Bolsonaro e os generais golpistas. Agora, cabe aos movimentos sociais e organizações de esquerda continuar as mobilizações em torno das pautas mais importantes do momento para a classe trabalhadora: o fim da escala 6×1, o aumento de 100% do salário mínimo, a luta pela moradia digna  e a garantia de alimento barato e de qualidade para o nosso povo. 

Mobilização garante revogação de resolução transfóbica do Conselho Federal de Medicina

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Medida que proibia a “terapia hormonal afirmativa” colocava em risco direto a saúde, a dignidade e a vida da população trans em todo o país.

Marcela Bigonha | Brasília


LUTA POPULAR – Em julho deste ano, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região concedeu uma liminar para suspender os efeitos da Resolução n.º 2.427/2025 do Conselho Federal de Medicina (CFM), que proibia profissionais de saúde de oferecer cuidados de afirmação de gênero para pessoas trans menores de 18 anos. A medida, extremamente violenta, colocava em risco direto a saúde, a dignidade e a vida de crianças e adolescentes trans em todo o país.

A resolução proibia expressamente o uso da chamada “terapia hormonal afirmativa” e limitava o acesso de adolescentes trans ao bloqueio hormonal, mesmo com consentimento da família e recomendação médica. Na prática, representava um ataque aos direitos básicos da população trans e uma interferência política e ideológica no exercício da medicina e na autonomia das famílias, dos profissionais de saúde e dos próprios jovens.

A medida do CFM não foi um erro técnico, mas sim um ato deliberado de alinhamento com os setores mais reacionários da sociedade. Não à toa, a resolução contou com o apoio declarado de parlamentares da extrema direita, como Nikolas Ferreira e Carla Zambelli, e teve repercussão positiva em grupos bolsonaristas que têm como projeto o extermínio da população trans e a destruição de qualquer política de saúde e cuidado popular.

Diante dessa ofensiva, diversos setores populares se levantaram em resistência. A Unidade Popular pelo Socialismo (UP), o Movimento Correnteza, o Movimento de Mulheres Olga Benario e coletivos trans estiveram na linha de frente da mobilização, denunciando o caráter autoritário da medida e organizando manifestações, atos, audiências públicas e ocupações em várias partes do país. Foi graças à pressão popular, à articulação de organizações de esquerda e à atuação de parlamentares comprometidos com o povo que os efeitos da resolução foram suspensos.

Essa vitória é uma demonstração concreta de que só a luta muda a vida. Quando o povo se organiza, a repressão recua. Mas é também um alerta: o fascismo continua tentando avançar e nossas vidas continuam em disputa. Não basta suspender medidas autoritárias, é preciso construir um novo projeto de país, no qual a população trans tenha direito pleno à saúde, à educação, à cultura e à vida.

A luta das travestis, das mulheres trans, dos homens trans e das crianças e jovens trans é central para qualquer perspectiva de transformação social profunda. Seguiremos nas ruas, nos bairros, nas escolas, nas universidades e nos serviços de saúde, construindo o poder popular e o socialismo.

Privatização da linha 7-Rubi afeta milhares de trabalhadores que acessam o transporte público

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A privatização da linha 7-Rubi é mais uma na onda de privatizações que têm ocorrido no Estado de São Paulo desde que o governo fascista assumiu. Em março deste ano houve privatização das linhas: 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade

Arthur Nunes | Jundiaí (SP)


TRABALHADOR UNIDO – O processo de transição de gerência teve seu início no dia 25 de agosto, sendo que a linha ainda irá operar com a supervisão da CPTM até 26 de novembro. Depois disso, o contrato firmado entre a empresa e o governo do Estado prevê que a concessão durará 30 anos.
A privatização da linha Rubi é mais uma na onda de privatizações que têm ocorrido no Estado de São Paulo desde que o governo fascista assumiu. Em março deste ano houve privatização de outras três linhas: 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade.
Para justificar a venda de direitos do povo, os políticos dos ricos dizem que “as privatizações melhoram os serviços, já que a competição do mercado garante que a empresa com o melhor desempenho e preço mais barato prospere.” Além disso, precarizam serviços essenciais, mediante cortes de investimentos, para manipular a população a se revoltar contra o setor público e favorecer o privado.
Na cidade de Jundiaí os cortes que os serviços de saúde sofreram no ano passado afetaram muito a vida da população. Com redução de leitos, cirurgias desmarcadas, menos recursos para tratamentos de radiografia e quimioterapia, problemas na distribuição de remédios etc.

Privatizações sempre pioram a vida dos trabalhadores. 

Apesar das mentiras e manipulações dos fascistas, a população sente na pele a piora dos serviços privatizados. Exemplo dessa situação foi o caso da linha 9-Esmeralda em que um dos trens pegou fogo em novembro do ano passado. A empresa encarregada da linha, ViaMobilidade, já havia sido alvo de diversas críticas por falhas elétricas, atrasos e problemas na operação.
O trem que pegou fogo era um dos mais novos da linha e estava em operação há apenas um mês. Em 2023, a empresa chegou a assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público, no qual se comprometeu a pagar indenização aos passageiros das linhas 8 e 9 em troca de não ser processada.
Agora o novo prejuízo para os trabalhadores vem na forma da privatização da linha 7-Rubi. No dia 28 de agosto, cessou o serviço 710, que unia as linhas 7-Rubi e 10-Turquesa. A união dessas duas linhas possibilitava viagens diretas de Jundiaí até Rio Grande da Serra.
Esse trajeto permitia acesso fácil a diversas cidades do interior do Estado, como: Campo Limpo Paulista, Francisco Morato, Franco da Rocha, Caieiras etc. Como também à boa parte da região metropolitana de São Paulo, incluindo o ABC Paulista.
Com o fim do serviço, trabalhadores que precisam fazer longas viagens percorrendo o interior ou o ABC levarão mais tempo para realizar esses trajetos, já que o número de baldeações aumentou. O Sindicato dos Metroviários estima que por volta de 200 mil trabalhadores podem ser afetados pelo fim do serviço.

Mentiras da burguesia

Quando questionada sobre a medida, a CPTM afirmou que a estação da Barra Funda possui uma estrutura que confere “maior capacidade para absorver o fluxo de passageiros.” Ou seja, implica que a alteração significará uma maior eficácia do transporte público. Isso é um tanto estranho, já que em 2022, 1 ano após a união das linhas, a CPTM comemorou a redução de baldeações, resultante do serviço 710.
Segundo o gestor de operações da CPTM Iran Leão: “É claro que o conforto do passageiro que não fazia nenhuma conexão, agora exigirá uma, mas, dentro de um sistema tão grande como o nosso, sempre haverá necessidade de baldeações(…)”. Em outras palavras, para esse governo fascista, é aceitável aumentar o tempo de deslocamento de trabalhadores (que já gastam 2 horas diárias ou mais no transporte público), que trens peguem fogo, cheguem atrasados e tenham falhas elétricas.
Por isso, o povo trabalhador tem se organizado para lutar contra a privatização dos serviços públicos e em defesa de um transporte de qualidade. Enquanto o transporte for sinônimo de lucro para os grandes empresários, o povo continuará sofrendo com longas jornadas do trem e falhas na linhas que podem até custar a vida de um trabalhador.

Terceiro dia do 7º ENET reúne delegações para debater o futuro da entidade

Durante o sábado (20), a programação do 7º Encontro Nacional dos Estudantes de Ensino Técnico (ENET) contou com os debates nos Grupos de Trabalho, aprovando propostas para serem debatidas durante a Plenária Final.

Jesse Lisboa | Redação


EDUCAÇÃO – Neste sábado (20), as atividades do 7º Encontro Nacional dos Estudantes de Ensino Técnico (ENET) continuaram, desta vez com a reunião dos Grupos de Trabalho (GTs), momento em que as delegações de estudantes de diversas regiões do país puderam debater e reunir propostas para a nova diretoria que será eleita na Plenária Final.

Ontem (19), a programação contou com o ato em defesa da assistência estudantil, reivindicando mais bolsas, bandejão nas escolas e Institutos Federais, entre outras políticas de permanência.

Durante todo o ano foram organizados Dias Nacionais pela Assistência Estudantil, como no dia 19 de março, com palavras de ordem como: “Chega de saunas de aula!”, “Queremos educação de qualidade e orçamento para as ETECs!”. Neste dia, houveram vários atos de Norte a Sul do Brasil. No Rio de Janeiro, foram organizadas plenárias, fundação de grêmio e luta por bandejão no CEFET. Em São Paulo, diversas mobilizações pela permanência dos estudantes, com abaixo-assinado pela construção de bandejões nos IF’s.

Grupos de Trabalho debatem propostas para educação

Pela manhã, 17 grupos de trabalho discutiram sobre a realidade da juventude e dos estudantes para elaborar a resposta para a conjuntura que enfrentamos hoje. Os debates contemplaram a realidade das estudantes mulheres na produção da ciência; sobre a negritude, povos originários e quilombolas, o combate ao racismo e a lei de cotas; a importância do debate sobre memória, verdade e justiça; além da conjuntura dos estudantes com o passe livre, estágios e emprego, acesso ao ensino superior, entre outros.

Leonardo Péricles da Unidade Popular no GT sobre Negritude e Lei de Cotas. Foto: Jesse Lisboa (JAV/PE)
Leonardo Péricles da Unidade Popular no GT sobre Negritude e Lei de Cotas. Foto: Jesse Lisboa (JAV/PE)

“4,3 milhões de estudantes se inscreveram para o ENEM. De vagas na universidade pública tem 569 mil, apenas. Isso que nós temos que pensar num país rico como o nosso. Nós temos que pensar nisso para avançar na lei de cotas no Brasil, caminhar para ter livre acesso à universidade e às escolas técnicas”, destaca Léo Péricles, presidente da Unidade Popular pelo Socialismo (UP), no GT de Negritude.

Os estudantes das Escolas Técnicas Estaduais e dos Institutos Federais enfrentam uma série de dificuldades para se preparar para o vestibular. Sofrem com a falta de infraestrutura, de professores, de recursos pedagógicos e de políticas públicas que garantam uma educação de qualidade. Além disso, muitos desses estudantes precisam trabalhar para ajudar no sustento da família, o que reduz o tempo e as condições de estudo.

Júlia Cachos, diretora da FENET, no GT Mulheres contra o assédio. Foto: Isabella Tanajura (JAV/BA)
Julia Cachos, diretora da FENET, no GT Mulheres contra o assédio. Foto: Isabella Tanajura (JAV/BA)

Julia Cachos, atual coordenadora-geral da FENET, coloca: “Quando a gente vê os casos de assédio, de violência dentro das nossas escolas, nós temos que tomar a decisão de enfrentar. Fazer diferente do que acontece hoje, em que esses tipos de casos são arquivados e geram apenas processos, sem ter medidas efetivas para combater essas violências”.

É importante destacar uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde do Brasil, que registrou 203 mil casos de violência sexual contra crianças e adolescentes de 2015 a 2021, apontando que os principais lugares onde ocorrem a violência são a residência e a escola. Por isso, torna-se fundamental o debate sobre o combate às opressões, especialmente nos espaços em que essas jovens passam grande parte do seu dia.

As propostas foram aprovadas nos Grupos de Trabalho para serem apresentadas no domingo (21), durante a Plenária Final. Este último evento votará as propostas a serem desenvolvidas pela nova diretoria eleita.