UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 20 de abril de 2025
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Paraná é o 2° estado com mais tentativas de feminicídios do Brasil

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O Jornal A Verdade entrevistou Emily Kaiser, membro da coordenação nacional do Movimento de Mulheres Olga Benário e Luana Ganio, militante, advogada e coordenadora da Rede de Apoio às Mulheres em Situação de Violência Rose Nunes.

Movimento Olga Benário | Paraná


MULHERES – O segundo semestre de 2024 consolidou um marco dramático para o estado do Paraná, que chegou ao ranking alarmante de segundo lugar em tentativas de feminicídio no país. O crescimento é de 20% de casos entre setembro de 2023 e 2024, e se relaciona com os recentes cortes nas políticas públicas de enfrentamento à violência contra as mulheres. 

O Jornal A Verdade entrevistou Emily Kaiser, membro da coordenação nacional do Movimento de Mulheres Olga Benário e Luana Ganio, militante, advogada e coordenadora da rede de apoio às mulheres em situação de violência Rose Nunes.

Jornal A Verdade: O Paraná registrou um crescimento absurdo em casos de feminicídio no último ano, tornando-se o segundo estado do Brasil com mais casos. Curitiba é a pior cidade, com um aumento de 600% dos índices. Como o Movimento Olga analisa essa realidade? Na sua opinião, quais as causas desse aumento?

Luana: O movimento analisa esses índices como resultado de todo um sistema. O capitalismo é pensado e construído diariamente para marginalizar, objetificar e tirar a vida e a dignidade das mulheres. E isso acontece com um recorte muito acentuado de raça e de classe. Porque quanto mais pobre e periférica é a mulher, mais à margem ela estará, se é preta, não é vista nem como ser humano. O aumento nos casos de feminicídio reflete a intensificação das políticas que não só excluem as mulheres, mas, as colocam na linha de frente das violências. Por outro lado, a falta de políticas específicas, práticas e eficientes torna legítima a desumanização e o descarte das mulheres na sociedade e no Estado do Paraná.

Emily: A gente enxerga como mais uma forma de expressão do sistema capitalista. Nesse sistema, as mulheres têm pouco acesso para conseguir fazer uma política institucional, fazer leis e criar instituições que atendam às suas necessidades. Elas não estão de fato, principalmente as mulheres trabalhadoras, no comando da formulação da lei, da cidade, do estado e do país. E por conta disso, num estado em que o fascismo opera e que a direita tenta privatizar todos os serviços básicos que servem a população, faz com que as mulheres tenham pouco acesso. E o pouco acesso que já existe é cada vez mais dificultado e mais negado e precarizado também para as mulheres. E principalmente também porque as mulheres têm uma condição de vida muito mais precária do que os homens, porque historicamente é um grupo com menos condições de trabalho. Elas trabalham muito mais, consequentemente precisam ter mais acesso à saúde e não conseguem. O avanço do fascismo e o avanço da falta de direitos mesmo da população em geral da classe trabalhadora, afeta diretamente a vida das mulheres.

Jornal A Verdade: Ao mesmo tempo, as políticas públicas oferecidas pelo governo paranaense são precárias, como noticiado pelo Jornal A Verdade. Falando sobre a capital, que recursos públicos a mulher conta hoje para se proteger e se conscientizar sobre a violência de gênero?

Luana: Hoje a mulher curitibana conta com recursos completamente precários, ineficientes e que enfatizam que as vidas e os corpos das mulheres não têm importância. Mesmo elas constituindo a base que sustentam todas as riquezas do Estado, desde o trabalho reprodutivo de trabalhadores e trabalhadoras até o trabalho produtivo de mão de obra precária no mercado de trabalho. Os recursos oferecidos pelo município atualmente servem como palco para mídia, para sustentar tão somente um discurso que em nada condiz com a prática, basta atuar minimamente junto aos serviços que de pronto fica estampado tamanho descaso. A mulher não tem acesso a atendimento digno e humanizado, as violências são invisibilizadas ou reduzidas à agressão física, não existe suporte jurídico e psicológico eficiente, os sistemas de comunicação das violências e dos casos de feminicídio são precários, os suportes básicos oferecidos pela Lei 11.340 (Lei Maria da Penha) não existem na prática, como por exemplo, o aluguel social, que serve para retirar a mulher no local de violência e oferecer o mínimo de dignidade. Além disso, os serviços funcionam dentro de uma lógica que serve para vitimizar novamente a mulher que está em violência, muitas vezes a desencorajando de sair desse local, sendo que assim, nem se pode falar em chegar próximo de uma conscientização.

Emily: Hoje na cidade de Curitiba existem poucos serviços que atendem de fato as mulheres em situação de violência. Um exemplo é a casa da mulher brasileira que é um complexo de diversos serviços que não funcionam 24 horas. Apenas a delegacia funciona 24 horas, de forma extremamente precária e com profissionais com um pouco instrução, com poucas profissionais mulheres.

Existe uma dificuldade também de conseguir dentro do Serviços de Saúde, por exemplo do serviço social, instruir e ter e fazer com que as mulheres tenham acesso às políticas públicas por esses lugares. Um exemplo disso é o caso de uma mulher que nós atendemos que ela foi atendida por mais ginecologista do sistema público de saúde do SUS em uma das das unidades de saúde na qual ela foi atendida, falou que eh a mulher a médica viu sinais de violência, ela falou que foi violentada que foi estuprada, mas a médica em nenhum momento fez uma notificação compulsória que é obrigatória nesses momentos, notificar para que o estado consiga garantir não só estatística, mas também que ela seja acompanhada pelo serviço social para saber como que tá se desenrolando essa violência na vida dela, pela rede de proteção da cidade e isso em nenhum momento foi contestado. E ela falou não só com a ginecologista, mas também com diversas pessoas que a atenderam na recepção e ela não foi bem tratada nesse momento.

Então, esse é um exemplo de como não só os serviços que atendem diretamente às mulheres em situação de violência, mas os outros serviços não estão preparados para atender eh nesses casos e também nesses processos e é bem importante frisar que a casa da mulher brasileira é um complexo que não se conversa entre si, então quando acontece alguma coisa dentro da casa da mulher brasileira seja no complexo jurídico, por exemplo, as outras partes da casa não ficam sabendo. E aí a mulher é revitimizada todas as vezes que ela é atendida em alguma parte da casa da mulher brasileira.

Outro exemplo, também, de como é a situação das mulheres na cidade é que elas têm muita dificuldade de locomoção, por exemplo a cidade tem uma das passagens mais caras do Brasil e isso dificulta o acesso à cidade.

Então faz com que as mulheres tenham uma dificuldade maior em conseguir o acesso à casa da mulher brasileira, por exemplo que só existe uma casa da mulher brasileira e só existe uma delegacia para mais de 3 milhões de habitantes, não só na cidade de Curitiba, mas da região metropolitana também que é inclusive as mulheres da região metropolitana não são atendidas na casa da mulher brasileira. Porque apesar de ser um serviço Federal é considerado do município. Então as mulheres que não são do município não podem ser atendidas, isso faz com que uma mulher que sofra uma violência porque tá visitando ou tá eh passando algum tempo na cidade de Curitiba ou até mesmo vindo trabalhar ou estudar na cidade. Não consegue ter acesso ao serviço que devia ser público. 

Jornal A Verdade: E como os movimentos sociais têm se posicionado para defender a vida das mulheres na capital?

Luana: Falando em mulheres e luta das mulheres e do Feminismo no geral, entendo como preocupante a visão e atuação de alguns movimentos, tendo em vista que essa visão comentada parte de um local de privilégios, sem voltar a atenção para a grande maioria das mulheres da cidade, isto é, mulheres trabalhadoras, periféricas e pretas. Com esse feminismo que entendo como liberal, o foco acaba sendo em colocar a mulher – classe média – em pé de igualdade com o homem nos direitos e principalmente no mercado de trabalho. Ocorre que as necessidades da grande maioria das mulheres são outras, são necessidades básicas de dignidade, como alimentação, saneamento, segurança, educação. Então, para além da fala e atos em dias históricos, os quais são de suma importância, a prática e o olhar voltado a esse tipo de feminismo, o feminismo das mulheres trabalhadoras, pretas e periféricas, é basilar e urgente.

Emily: É importante dizer que quando falamos de movimentos sociais que defendem as vidas das mulheres, existem diversos movimentos sociais que atuam na defesa dos direitos das mulheres, por exemplo, o movimento estudantil que consegue garantir dentro das universidades e escolas que não haja assediador ou abusos.

Outra forma são os partidos que defendem a vida da classe trabalhadora, como a Unidade Popular que defende a revogação da reforma trabalhista e previdenciária que faz com que a maior parte da população não consiga se aposentar, trabalho precário, sem reajuste salarial com base na inflação ou que consiga garantir os custos de vida da família.

A maioria das famílias que são chefiadas por mulheres, têm uma qualidade de vida mais baixa porque as mulheres recebem proporcionalmente menos que os homens. Não só os movimentos sociais são diversos, são os únicos que fazem pressão popular para garantir que consigamos algum direito.

Jornal A Verdade: Quais as perspectivas que o Movimento Olga têm na capital? Como as mulheres paranaenses podem se organizar para enfrentar o machismo e o fascismo no estado?

Luana: O Movimento Olga Benário, além de ser um movimento feminista de mulheres trabalhadoras da classe trabalhadora, é também um movimento revolucionário, que entende que somente através da organização e da prática é que a realidade das mulheres pode ser alterada e transformada. O movimento tem atuação direta junto às trabalhadoras, com a construção de mecanismos para fazer acontecer essa realidade distinta da que temos hoje. Com pouquíssimos recursos financeiros e muita organização e luta, o movimento reúne diversos tipos de mulheres, cada uma com suas particularidades e com vontade de mudança, não só com a derrubada do machismo, mas, também do fascismo no nosso país.

O resultado dessa organização é a construção de casas com atendimento efetivo, humanizado e com atuação revolucionária através de educação, compartilhamento de saberes, compartilhamento do trabalho de cuidado, o qual recai inteiramente sobre as mulheres, exemplo disso foi a Casa Rose Nunes construída por essas mulheres e destruída com muito afinco por aqueles que as marginalizam.

Outro exemplo, é, após a destruição do espaço físico da Casa Rose Nunes, a continuidade dos trabalhos com essas mulheres através da atuação diária do movimento e da Rede de Atendimentos que conta com profissionais voluntárias e revolucionárias. Sendo assim, a perspectiva do Movimento Olga Benário é continuar todos os dias nessa luta e chegar cada vez mais em mais dessas mulheres trabalhadoras, para que somente assim com a união e a luta constante possa essa realidade ser mudada.

Emily: Não só na capital, mas no estado, as expectativas são organizar as mulheres para lutar pelos seus direitos, mas também pelo socialismo, porque não há outra forma das mulheres tenham livre acesso à cidade, à maternidade, à planejamento familiar, justiça reprodutiva, não tem como as mulheres terem acesso à saúde e políticas que enfrentam a violência, sem uma sociedade socialista, apenas através dela podemos garantir que as mulheres estejam no poder e comandem a sociedade.

Precisamos desenvolver cada vez mais lutas, para desmascarar o que o capitalismo faz com as mulheres, o verdadeiro culpado não são os homens e sim esse modo de produção. As mulheres precisam saber a podridão que é esse sistema e que não é essa perspectiva de vida que queremos. Por conta disso, chamamos todo mundo pra se organizar no movimento, em todos os bairros e região metropolitana da cidade, pelo nosso trabalho voluntário a gente atenda as mulheres não apenas para tirá-las dessa situação, mas mostrar um mundo melhor e mais justo.

Pra combater o fascismo estamos organizando cada vez mais mulheres no movimento pra construir o socialismo e também lutar contra a escala 6×1, a privatização e a militarização das escolas, lutar por mais creches populares e da prefeitura, porque existe um déficit gigante de creches nas cidades, além do aumento da violência e da falta de políticas públicas, só vamos resolver isso com a organização das mulheres trabalhadoras.

Metrô restringe gratuidade de pessoas com deficiência no RJ

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Metrô do Rio prefere privar a população com deficiência de seu direito à gratuidade mesmo lucrando R$150 milhões em 2024.

Acauã Pozino | Redação RJ


BRASIL – Na última semana de janeiro, as pessoas com deficiência do Rio de Janeiro foram surpreendidas com a notícia de que, a partir do dia 1º de fevereiro, o acesso gratuito ao serviço de transporte, assegurado em algumas leis, será dado somente a quem tiver o cartão Vale social. 

Contando com apenas duas linhas de percurso quase paralelo e com uma das passagens mais caras do país (R$7,50), a MetrôRio fornecia aos seguranças um cartão especial, que possibilitava a liberação de pessoas com deficiência visível ou comprovada que não possuíssem o Vale Social. Esse dispositivo, no entanto, será desabilitado a partir do dia 2 de fevereiro.

O que é o Vale Social?

O Vale Social é uma política pública do estado do Rio de Janeiro destinada a pessoas com deficiência, pessoas com doenças crônicas e que estejam realizando tratamento prolongado que concede 60 passagens gratuitas por mês nos transportes controlados pelo estado (trens, metrô, barcas e ônibus intermunicipais).

 Até outubro de 2024, cada um desses modais com exceção dos ônibus possuía seu próprio cartão de gratuidade. Movimentos de pessoas com deficiência foram às ruas e forçaram o estado a reconhecer que, além de humilhante, essa situação era ilegal, conquistando através da luta a unificação dos cartões do Vale Social. Essa vitória popular forçou as concessionárias de metrô, trem e barcas a aposentar os seus cartões próprios e dar acesso a todos aqueles que fossem beneficiários do Vale Social.

Contudo, essa política é, de todas as políticas de gratuidade, uma das mais burocráticas. É necessário ir a um dos postos de atendimento e retirar um formulário específico, a ser preenchido por um médico com CRM verificado. Depois, é preciso voltar ao posto de atendimento, com esse e mais vários outros documentos, para dar entrada no benefício. A partir daí, são 90 dias mínimos para a retirada do cartão.

 Para quem não tem acesso à saúde privada ou tem grande volume de trabalho, ou mesmo depende de conciliar as agendas com terceiros para realizar essas etapas, o processo inteiro pode levar até 6 meses. Note-se que o informe interno do metrô começou a circular na semana do dia 27 de janeiro, o decreto foi publicado no dia 31 e a medida vela a partir de 1º de fevereiro: inevitavelmente, pessoas com deficiência terão sua gratuidade negada a partir desse mês.

MetrôRio não está sozinha no ataque aos PcDs

A realidade é que, desde 2022, a Supervia (concessionária responsável pelos trens do RJ) já havia adotado a mesma política de restringir o acesso ao serviço apenas a quem tivesse o cartão de gratuidade – na época o próprio da empresa, hoje o Vale Social. Mesmo havendo diversos casos de discussões, argumentações legais, apresentação de laudos comprovando a deficiência e até mesmo tendo sido chamada à polícia, a empresa se manteve irredutível.

A justificativa dada aos que questionam é que, ao usar os cartões especiais de liberação, a empresa deixa de arrecadar o valor referente à passagem da pessoa, que seria repassado pelo governo do estado a partir dos dados registrados nos cartões do Vale Social. Em outras palavras, a máfia de bilionários do transporte preferem sacrificar a mobilidade de milhares de pessoas antes que perder um só centavo dos seus escandalosos lucros.

Dinheiro há, mas falta que o povo controle

Como diria o famoso escritor Nelson Rodrigues, “Dinheiro há”. Segundo o relatório anual da MetrôRio, publicado em novembro de 2024, a empresa obteve um lucro de R$150 milhões – 25% a mais do que no ano anterior (R$120 milhões). Já a Supervia esconde seus números atrás do status de recuperação judicial, mas o fato é que acaba de reajustar a passagem para R$7,60 e não se sabe para onde esse dinheiro vai. Com certeza não é para os trens, que circulam sem janelas, com portas defeituosas, em intervalos irregulares e param antes das 23:00. Sendo assim, cabe nos perguntar: que motivo há para fazerem tanta questão de cada repasse do estado?

A resposta é simples: os grandes ricos competem entre si pelo valor das ações, domínios de mercado, patrimônio acumulado e outras preocupações que passam longe da dignidade da classe trabalhadora. Por isso, extorquem os estados através de contratos promíscuos e arrancam mais e mais dinheiro do povo trabalhador. De quebra, mantêm excluídos aqueles cuja vida não interessa ao funcionamento da produção (justamente os que têm direito ao Vale Social no RJ). São não-pessoas, não-cidadãos, e portanto não precisam de direito algum; nem mesmo o de circular pela cidade.

Lutar para barrar os chiliques dos capitalistas

Mas a verdade é que, queiram os mafiosos do transporte ou não, temos direito à gratuidade nos transportes e lutaremos por ele como lutamos pela unificação dos cartões (que ainda não está completa, pois falta incluir os sistemas municipais de gratuidade). Não só isso: lutaremos para que a gratuidade seja a realidade de todo o povo e que todo o sistema de transporte seja controlado pelo estado com transparência e controle social. Podem baixar suas normativas hoje, mas amanhã irão ter de se resignar vendo que nem toda a riqueza do mundo pode fazer frente à determinação do povo de retomar, manter e cuidar daquilo que por direito lhe pertence.

Estudantes da Unicamp lutam contra privatização do Hospital Estadual de Sumaré

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O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) pretende abrir um edital para entregar às OSS a gestão do Hospital Estadual de Sumaré, hoje vinculado à Unicamp. Estudantes do curso de Medicina se mobilizam contra a proposta privatista

Leonardo de Paula e Felipe Dias | Campinas (SP)


Neste início de ano, o Hospital Estadual de Sumaré (HES) tornou-se o novo alvo da agenda privatista do governador de São Paulo, o fascista Tarcísio de Freitas (Republicanos). Hoje, o a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) é responsável pela administração da unidade. Porém, Tarcísio pretende não renovar o convênio e abrir um chamamento para que as Organizações Sociais da Saúde (OSS) assumam a gestão do hospital, sucateando a saúde da população e lucrando com a precarização dos serviços.

Reconhecido como o melhor hospital público do Brasil em 2022, o HES é uma referência em saúde pública para a população da região metropolitana de Campinas. Por mês realizam-se 1200 internações, 1050 cirurgias e mais de 6,5 mil consultas que atendem o povo do interior de São Paulo. Além de referência no cuidado, o HES cumpre um papel importantíssimo na formação de novos profissionais de saúde pública, uma vez que oferece vagas de estágio para mais de 500 estudantes de Nutrição, Medicina, Farmácia e Enfermagem todos os anos.

Projeto privatista

Como apurado pelo jornal PatoLógico, organizado pelo Centro Acadêmico de Estudantes de Medicina da Unicamp (CAAL), o governo pretende fazer um chamamento público para que as OSS disputem com a universidade, que administra o hospital desde sua inauguração por meio da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp). O problema é claro: esses entes privados não vão ter como objetivo prestar um atendimento digno à população da região, mas sim transferir para bolsos privados o orçamento público.

Segundo Thaisa Freire, estudante de Medicina, redatora do PatoLógico e membro do CAAL, a privatização representa um ataque claro à população. “Estamos recebendo vários relatos de trabalhadores do Hospital Estadual de Sumaré contra a privatização. A presença da Unicamp no HES é fundamental para o desenvolvimento de um atendimento de qualidade à população, pois além de atender, desenvolve pesquisa e um atendimento humanizado. A UNICAMP não prioriza o lucro, prioriza a pesquisa, o atendimento e a qualidade, enquanto as empresas privadas vão priorizar o lucro, por isso o governo do estado nos quer tirar de lá”, ela defende.

Desde que assumiu o mandato, o governador fascista Tarcísio de Freitas pôs em marcha seu plano declarado de entregar todos os bens públicos da população para as mãos de seus aliados entre os empresários de São Paulo. No ano de 2024, o povo paulista se mobilizou contra o edital que previa a privatização do Hospital Geral de Taipas e do Hospital Geral Vila Penteado, ambos de gestão estadual. Como se não bastasse a tentativa de vender o direito à saúde da população, o Governador ainda declarou que ambos os hospitais são só “ossinhos” e que o “filé” é a saúde dos empresários, em claro desrespeito ao trabalho dos profissionais da saúde pública.

Estudantes em luta

Estudantes de Medicina da UNICAMP se reúnem para pautar os próximos passos da luta contra a privatização do HES. Foto: Felipe Dias
Estudantes de Medicina da UNICAMP se reúnem para pautar os próximos passos da luta contra a privatização do HES. Foto: Felipe Dias

Os estudantes de medicina da Unicamp, organizados no Movimento Correnteza e em seu Centro Acadêmico, não esperaram a volta às aulas para organizar as lutas contra a privatização do HES. Mesmo em período de férias, entraram em contato com os CAs e atléticas dos cursos de saúde da universidade para organizar uma assembleia geral e definir os próximos passos dessa mobilização.

Isso porque, como defende Sabrina Garcia, presidente do CA de Medicina da Unicamp, a privatização do Hospital Estadual de Sumaré é um ataque à saúde pública, mas também à educação: “O HES é um campo de estágio em que os alunos têm muito carinho, desde a estrutura até o atendimento de qualidade. Como estudantes, nós sabemos bem que o processo de privatização é uma ameaça aos nossos campos de estágio, abrindo espaço para o capital, transformando a saúde em mercadoria”.

“A privatização com as OSS é só a porta de entrada para um pacote neoliberal que leva à precarização do trabalho (inclusive de docentes) e ao sucateamento da saúde em busca de lucro. Tudo isso irá impactar sim nas atividades de ensino, pesquisa e extensão que são ofertadas no HES”, continua Sabrina.

Tarcísio sai, o HES fica

O projeto privatista de Tarcísio deixa claro que seu governo fascista não descansará até vender todos os serviços públicos para os grandes capitalistas. A conta não virá só no bolso, como no caso da venda da Sabesp: se refletirá também no próprio bem-estar da população, que terá que conviver com uma administração que é incapaz de gerir a saúde pública e não tem o menor interesse na vida do povo.

Como denunciado pelo jornal A Verdade em agosto de 2024, “a experiência dos últimos anos em São Paulo já tem mostrado que é impossível ter uma boa gestão com as OSS, que tiram proveito do sucateamento e da terceirização da saúde”. Hoje, o Hospital Estadual de Sumaré oferece 6,5 mil consultas mensais. O histórico de gestão das OSS, que envolve demissões em massa, precarização das condições de trabalho e sucateamento da saúde, põe em dúvida se esse atendimento de excelência continuará sendo uma realidade.

Felipe Dias, militante do Movimento Correnteza, afirma: “Temos nos organizado com diversas entidades e coletivos para lutar contra a privatização do HES. Nosso próximo passo é lotar a Câmara Municpal Campinas no dia 12/03, quando acontecerá uma audiência pública que vai pautar a privatização do hospital. Acreditamos que a pressão em favor da saúde pública que nós, estudantes e trabalhadores, estamos fazendo pode reverter esse processo de privatização”.

*Com informações do PatoLógico, jornal dos estudantes de Medicina da Unicamp

Zelar pelos nossos quadros é tarefa fundamental para a revolução

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Organizar um partido de novo tipo que seja uma máquina de guerra contra a política imperialista promovida pela corrida do lucro é uma necessidade urgente ainda para 2025.

Vitória Louise | Salvador


OPINIÃO – Com o avanço da política fascista no Brasil e no mundo, a retirada de direitos da classe trabalhadora e o avanço desenfreado da ganância dos ricos em concentrar o acúmulo de riquezas, a organização da resistência se torna fundamental para que possamos ter o mínimo de perspectiva no futuro.

Uma das tarefas fundamentais do partido de vanguarda é orientar a classe para o caminho da luta e da tomada de poder – afinal, se a classe trabalhadora tudo produz, é só uma questão de tomada de decisão para tudo a ela pertencer.

Sem um partido de vanguarda não há revolução – essa é a síntese das revoluções proletárias e tomada do poder. Organizar um partido de novo tipo que seja uma máquina de guerra contra a política imperialista promovida pela corrida do lucro é uma necessidade urgente ainda para 2025. Assim, é preciso também aumentar o zelo, atenção e cobrança “em ser mais” para com os quadros do partido.

Mas o que é o quadro? Che Guevara define “Um quadro é um indivíduo que alcança o suficiente desenvolvimento político para poder interpretar as grandes diretrizes emanadas do poder central, torná-las suas e transmiti-las como orientação à massa, percebendo, além disso, as manifestações dessa massa com os seus desejos e motivações. É um indivíduo de disciplina ideológica e administrativa que conhece e pratica o centralismo democrático e sabe avaliar as contradições existentes no método para aproveitar ao máximo suas múltiplas facetas; quem sabe praticar, na produção, o princípio da discussão coletiva e responsabilidade única; cuja finalidade está provada e cujo valor físico e moral se desenvolveram no compasso de seu desenvolvimento ideológico, de tal maneira que está sempre disposto a enfrentar qualquer debate e responder até com sua vida pela boa marcha da Revolução. É, além disso, um indivíduo com capacidade de análise própria, o que lhe permite tomar decisões necessárias e praticar a iniciativa criadora de modo que não se choque com a disciplina.”

Assim, para que possamos desenvolver cada vez mais o partido que orientará o povo brasileiro rumo à tomada do poder, é necessário dedicar tempo e atenção para formar cada vez mais pessoas que assimilem os métodos do partido, mas que também tenham bem firmado a base da concepção científica do marxismo – o materialismo histórico e dialético. Com a base ideológica e política firmada, é possível que cada quadro possa compreender e assimilar a linha do partido e ganhar cada vez mais as pessoas ao seu redor para as ideias da revolução.

Nesse sentido, vale ressaltar que a paciência, compreensão e o espírito de camaradagem são indispensáveis para que os métodos de melhorar os defeitos e os erros ao mesmo tempo em que se valoriza os acertos continuam sendo o da crítica e da autocrítica. Criticar é um ato de camaradagem e reafirmação da justeza do marxismo-leninismo.

Se preocupar com o que os quadros pensam, como realizam uma determinada tarefa, se estão em dia com o estudo do marxismo-leninismo, o que estão consumindo (nos campos da cultura, lazer e saúde) são elementos fundamentais para que possamos compreender o nível de assimilação das tarefas e responsabilidades a fim de avançarmos cada dia mais rumo à revolução.

É necessário aumentar o zelo revolucionário para com a nossa organização. Cuidar dos nossos coletivos como um jardineiro cuida das suas flores é também zelar pelo desenvolvimento políticos dos nossos quadros. São eles, os primeiros a sacrificar o que pouco que têm – os primeiros a serem presos, os primeiros a se colocarem para organizar uma luta, os primeiros a se arriscarem.

Os quadros são determinantes – assim, zelar pela nossa política de desenvolvimento dos quadros, é zelar pelo futuro do partido, e consequentemente, o futuro da revolução brasileira.  A assistência ideológica, política e cotidiana deve ser uma preocupação cotidiana nos coletivos de direção. Caso o debate a esse respeito esteja sendo limitado, há de se refletir sobre as prioridades nas pautas, uma vez que sem uma boa política de manutenção e formação de quadros incide no erro de estagnação partidária – o coletivo deve sempre prezar pela renovação de seus quadros. Assim, novos recrutamentos e filiações, novos coletivos em novos territórios também devem pertencer ao cotidiano do debate da política de quadros.

Prezar pela política de quadros do nosso partido é prezar pela revolução brasileira.

 

Estudantes de São Gonçalo do Amarante (RN) protestam por ônibus suspenso no início do ano

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Prefeitura de São Gonçalo do Amarante (RN) suspende Transporte Universitário (TI) no início deste ano. Estudantes protestam reinvidicando esse direito.

Caju Bezerra | Natal (RN)


EDUCAÇÃO — Os estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) moradores de São Gonçalo do Amarante retornaram às aulas no dia 7 de janeiro com uma surpresa: O Transporte Universitário (TU) cedido pela prefeitura foi suspenso com a justificativa da perda dos cadastros pela secretaria responsável. Não é de hoje o descaso com o Transporte Universitário da região metropolitana; apesar da demanda existente, os ônibus são cedidos para o turno noturno exclusivamente o que prejudica os estudantes dos demais horários. Além disso, a má comunicação e desinteresse da Prefeitura também têm indignado os estudantes

Essa suspensão ocorreu poucos dias após um retrocesso no transporte público: o aumento da tarifa de ônibus de Natal para 4,90 ocorrido no dia 26 de dezembro, mesmo com manifestação popular contrária. Dessa forma, os estudantes da UFRN ainda precisam tirar do próprio bolso um gasto altíssimo para poder chegar na universidade utilizando um transporte já precarizado, além de levar horas para ir e retornar. Como boa parte dos estudantes noturnos também trabalha ao longo do dia, muitos são prejudicados na rotina exaustiva de dividir uma graduação com a jornada de trabalho exploratória, muitas vezes chegando em casa mais de meia noite. A utilização de um transporte universitário de qualidade ajudaria a não agravar essa situação.

A justificativa da prefeitura para a suspensão piora: No momento de troca de gestão haveria a perda dos dados dos estudantes que já contam com a carteira de uso do transporte universitário. O que revolta ainda mais os estudantes é que a própria carteira já é uma prova em documento físico que são usuários regulares do transporte. Além disso, em nota lançada, a Prefeitura admite que os transportes utilizados não estão em condições seguras para o deslocamento dos estudantes

Estudantes não se calam

Diante do descaso os estudantes da região metropolitana organizaram um ato em frente a parada da reitoria da UFRN, onde o transporte deveria estar funcionando. Levantando as reivindicações do retorno do transporte universitário, não apenas para o período da noite mas também para os demais turnos, denunciando o descaso e a irresponsabilidade da prefeitura, a resposta à mobilização foi um formulário on-line para o cadastro dos estudantes até o dia 31 do mês de janeiro, porém a UFRN ainda permanece em suas atividades até essa data. Sendo assim, os estudantes de São Gonçalo e região metropolitana ainda permanecerão sem transporte universitário por todo o mês.

“Já era muito difícil conseguir uma vaga para o ônibus e ele ainda vai superlotado, porém a mobilização veio agora com mais força pois nem o ônibus superlotado nós temos, o grupo de estudantes hoje se reúne e se organiza para lutar por essas reivindicações quer mais que isso, acreditamos que o estudante infelizmente não é valorizado e não existe uma preocupação de trazer um serviço que supra a necessidade dos estudantes de São Gonçalo” relata William Azevedo, estudante de Pedagogia da UFRN:

O que se demonstra cada vez mais é o descaso com a vida dos estudantes que já estão precarizados dentro da Universidade. Com um dos RU’s mais caros do nordeste, salas com má estrutura e atrasos nas bolsas, os estudantes da UFRN sentem as consequências disso na sua formação. Por isso o Movimento Correnteza cria espaços de luta através dos núcleos para debater e organizar atos e ocupações pela universidade pública gratuita, acessível e de qualidade. A organização estudantil é essencial para mudar a realidade universitária, após anos de descaso com o transporte universitário e público somente a luta organizada pode realmente dar as reivindicações e a visibilidade necessária para garantir não só o retorno do TU de São Gonçalo do Amarante para o período da noite, mas para dar voz à todos os estudantes afetados em toda a UFRN.

 

 

Mulheres ocupam Secretaria municipal de Educação de Natal (RN) por mais vagas nas creches e conquistam vitória

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Na última quarta-feira (12) as mulheres moradoras da periferia de Natal organizaram uma ocupação na Secretaria Municipal de Educação (SME)

Coordenação Estadual do Movimento de Mulheres Olga Benario | Natal (RN)


MULHERES – No dia 12 de fevereiro, cerca de 80 mulheres do Movimento de Mulheres Olga Benario ocuparam a Secretaria Municipal de Educação de Natal. As principais reinvidicações foram a ampliação de vagas nas creches dos bairros da Rocas e do Guarapes, além da criação de uma nova unidade no conjunto habitacional Village da Prata, localizado no Guarapes.

No ano passado, foram mais de mil crianças que não tiveram acesso a um centro de educação do nível infantil. Muitas dessas famílias não contempladas estão nas zonas periféricas da capital, como a zona oeste e a zona leste.

“Minha filha ainda tentou deixar meus netos comigo, mas sou uma pessoa doente e com muito problema de pressão. Para cuidar de criança você tem que ter uma saúde boa e acabou que não deu certo e ela teve que deixar o emprego [de garçonete] porque era o dia todo, quando não a noite”, relata Marinês Oliveira, moradora do Leningrado e militante do Movimento Olga Benario.

Além disso, com a mudança de gestão, a Prefeitura de Natal anunciou que pretende buscar PPPs (Parcerias Público Privadas) para construção de escolas e creches no município, com a alegação de cortar gastos. “Por que não reativar os CMEIs que já temos? Preferem enriquecer o bolso dos ricos, mas é a Prefeitura que é responsável pela Educação e não o setor privado”, critica Kivia Moreira, militante do Movimento Olga Benario.

Quem Luta, conquista!

Graças a manifestação na secretaria, foi acordado com o movimento que haveria uma reunião na próxima segunda-feira (17) entre o movimento e o atual secretário Aldo Fernandes para tratar dessa demanda pela creche nos bairros.  

Após meses de mobilização nas periferias com panfletos e o jornal A Verdade, estivemos conversando com as mulheres sobre as dificuldades enfrentadas pela falta de ter onde colocar suas crianças para poder ir trabalhar ou estudar. Assim conseguimos organizar núcleos do movimento nos bairros, onde debatíamos a necessidade da organização das mulheres e a falta de perspectiva que nos é colocada por causa desse sistema capitalista.

Servidores lutam por pagamento de salários na Bahia

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Alegando falta de recruso, Prefeitura de Servidores Lauro de Freitas (BA) atrasa o salário dos servidores municipais no mês de dezembro. Servidores se mobilizam para lutar pelo salário

Vitória Louise | Movimento Luta de Classes 


BRASIL – A Prefeitura do Município de Lauro de Freitas (BA), na Região Metropolitana de Salvador, deixou os servidores municipais sem o pagamento de salário no mês de dezembro. A atual prefeita, Débora Régis (União Brasil), alega que a antiga gestão, encabeçada por Moema Gramacho (PT), não deixou recursos suficientes em caixa para a realização dos pagamentos. Porém, um levantamento feito pelas entidades sindicais indica que a Prefeitura tem sim verbas para remunerar os trabalhadores.

Passado o período da transição de governos, os servidores esperavam receber no dia 08 de janeiro o salário referente a dezembro, no entanto, foram surpreendidos com o anúncio da de que não receberiam. Desde então, os trabalhadores se mobilizaram, organizaram manifestações ao longo da semana, incluindo passeatas no Centro da cidade e a ocupação do Centro Administrativo Municipal.

Para Renata Pinheiro, professora de História e Cultura Afro-brasileira, a situação é revoltante. “A declaração inicial era de que eles não tinham responsabilidade em fazer a quitação do pagamento da gestão anterior, o que é um equívoco gigantesco, porque nós trabalhamos normalmente e quem assume a gestão assume todas as responsabilidades”, afirmou.

Professores perseguidos

No caso dos professores e docentes do município, além do não receberem o salário de dezembro, ficaram sem receber as férias coletivas referentes a janeiro. Para os servidores da educação, o município poderia contar com os recursos federais do Fundeb, mas, para punir os professores, a atual gestão optou por não utilizar esse recurso para honrar o pagamento da folha.

 A situação de muitos deles é delicada, a exemplo da servidora Geisa Silva, professora efetiva da rede municipal há 13 anos, enfrentando uma situação de vulnerabilidade social. Geisa tem um filho com autismo em nível III, com fortes crises, que levam à necessidade de utilizar fármacos que não podem ser comprados sem o salário.

“Aqui não existe marginal e nem bandido. Nós somos trabalhadores, servidores. Nós estamos aqui reivindicando o nosso salário e as nossas férias, que são direito nossos. Está na legislação, qualquer trabalhador, independente de qual tipo de contrato ele tenha, tem o direito de receber a sua remuneração. Então ninguém tá aqui fazendo baderna. Estamos reivindicando aquilo que é nosso! Eu tô numa situação que eu não tenho uma margarina na minha geladeira, mas eu tenho um salário para receber”, denuncia Geisa.

Além de todo o vexame a que a Prefeitura está submetendo os servidores públicos, vereadores da mesma ala política da atual gestão foram à manifestação dos professores para perseguir e tentar desmoralizar os lutadores sociais. Gabriel Bandarra, um vereador do PL, ameaçou agredir o professor Mateus Costa, militante da Unidade Popular e do Movimento Luta de Classes (MLC). Em tom de provocação de briga, o vereador esbanjou desrespeitos contra Mateus e todos os trabalhadores que estavam presentes exigindo seus direitos, mas acabou expulso da manifestação.

Dinheiro tem

Na saúde, iniciou-se o ano com o de R$ 43 milhões no caixa municipal. A natureza neoliberal da gestão do União Brasil prioriza guardar fundos maltratando os servidores para usar da forma que eles querem. Na educação, havia pouco mais de R$ 1 milhão de sobras do Fundeb e preferiram não usar para os salários. O Fundeb de janeiro chegou e não foi imediatamente utilizado para pagar o terço de férias dos professores. Então isso demonstra uma vontade política e hoje é dia 20 de janeiro e já temos R$ 26 milhões de transferências constitucionais nas contas do município, que é suficiente para pagar a folha de todo o município. O que percebemos é que esse governo quer desgastar os setores públicos”, explicou Valdir Silva, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Lauro de Freitas (Asprolf).

Na tarde do dia 17, a prefeita propôs realizar o pagamento de dezembro em seis parcelas. A categoria recusou a proposta por considerá-la indecente e decidiu, em assembleia geral, manter a paralisação. No dia 20, os servidores públicos municipais ocuparam o Centro Administrativo e foi realizada uma assembleia com muita mobilização. Os servidores levaram piscina, dominó, guarda-sol e denunciaram: “Nós estamos passando as nossas férias exigindo o nosso salário – o direito básico dos servidores, é rir para não chorar”.

Para Eslane Paixão, presidenta estadual da Unidade Popular na Bahia, que estava presente na assembleia, “esse ataque aos servidores públicos representa uma política de ataque aos setores públicos. Querem precarizar o público para fortalecer o falso discurso que o público não funciona, para depois apresentarem a mágica solução de privatizar para funcionar. A verdade é que, ao não pagar os salários, a Prefeitura está agindo de acordo com o projeto neoliberal de desvalorizar seu quadro de funcionários. Nós, da Unidade Popular, nos colocamos em apoio aos servidores públicos, pois entendemos que devemos lutar para manter e fazer funcionar as instituições públicas que passam pelo processo de desmonte no nosso país” concluiu. 

Com muita combatividade e pressão, os trabalhadores lutaram até a prefeita decidir dar as caras na cidade e negociar alguma proposta com o comando de greve. Os servidores em luta recusaram qualquer tentativa de redução de direitos. Assim, no último dia 24, doi confirmado que a Prefeitura cumpriu o acordo de pagamento.

As categorias dos servidores públicos municipais em Lauro de Freitas saíram muito fortalecidas desta luta. Essa conquista só foi possível graças aos servidores que lutaram, exigiram seus direitos, organizaram várias atividades de paralisação dos serviços públicos e organizaram uma greve unificada, que pressionou a Prefeitura até a conquista da reivindicação.

Mais uma experiência que demonstra que só conquista quem luta e reafirma a greve como uma ferramenta de fundamental para a classe trabalhadora, além de mostrar a importância de construir sindicatos classistas e combativos.

Prefeitura de SP quer despejar 300 famílias na Zona Sul

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Moradores da Favela Esperança e da Favela do Boi, na Zona Sul de São Paulo, se mobilizam para barrar o despejo de suas comunidades. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) ameaça recorrer à polícia se a região não for desocupada até 24 de fevereiro

Bia Behling e Elania Santos | São Paulo (SP)


Neste início de ano, as comunidades da Favela Esperança e da Favela do Boi, localizadas na Vila Joaniza (Zona Sul de SP), travam uma luta contra uma tentativa de despejo promovida pela Prefeitura de São Paulo. Sob a justificativa da construção de um piscinão para conter enchentes, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) planeja remover cerca de 300 famílias da área, sem oferecer uma alternativa digna de moradia.

No último dia 26 de janeiro, os moradores organizaram uma manifestação que bloqueou a Av. Yervant Kissajikian, uma das principais vias da região, para chamar atenção à situação. Em resposta, representantes das secretarias de Habitação (Sehab) e Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) realizaram uma reunião com os moradores para defender o projeto. Segundo os moradores, as justificativas apresentadas não convenceram.

“Eles dizem que é para conter alagamentos, mas os moradores afirmaram que as enchentes já diminuíram drasticamente após as obras realizadas pela Sabesp no córrego Zavuvus. Nós não vemos necessidade dessa obra aqui”, afirmou Francisco, morador da comunidade.

Despejo e valores desatualizados

Os moradores também questionaram as alternativas oferecidas pela prefeitura. Entre as propostas criticadas, estava o pagamento de um auxílio-aluguel no valor de R$600,00 para parte das famílias, considerado insuficiente para cobrir as despesas com moradia em São Paulo. “Esse valor é o mesmo de seis anos atrás e não reflete a realidade do mercado imobiliário atual. Hoje em dia, não se aluga nem um banheiro por esse preço”, denunciou um dos moradores.

Além disso, os proprietários de terrenos particulares relataram terem recebido um comunicado exigindo a desocupação até o dia 24 de fevereiro, sob pena de uso de força policial.

A situação afeta 364 famílias, de acordo com os moradores. “Eles falam que a obra é para beneficiar a comunidade, mas vão arrancar a comunidade daqui. Nós somos a comunidade”, desabafou um manifestante.

A construção do piscinão é apresentada pela Prefeitura como parte de um plano para mitigar enchentes na região, mas os moradores acreditam que os verdadeiros beneficiários serão os empreendimentos imobiliários que cercam a área, cada vez mais presentes na Zona Sul de São Paulo. “Esse projeto parece muito mais voltado para os ricos do que para quem vive aqui”, apontou outro morador.

Próximos passos

O episódio lança luz sobre a necessidade de uma profunda reforma urbana popular para o povo que vive nos bairros, vilas e favelas, especialmente nos grandes centros urbanos, onde o avanço de projetos de infraestrutura frequentemente é utilizado como pano de fundo para os fascistas agirem contra os direitos dos trabalhadores.

Os moradores prometem continuar se mobilizando para impedir os despejos. A Prefeitura ainda não se manifestou sobre as críticas em relação aos valores oferecidos ou sobre a falta de alternativas habitacionais definitivas. A tensão deve aumentar nas próximas semanas, com o prazo de desocupação se aproximando, mas a população promete lutar.

“Nós queremos ser removidos apenas se for direto para uma nova casa, com as chaves na mão, e pelo valor justo para nossos terrenos”, completou o morador Francisco.

Frei Caneca: 200 anos do martírio de um revolucionário

A Revolução Pernambucana de 1817 foi um dos principais levantes republicanos do Brasil colonial. O movimento foi brutalmente reprimido, e Frei Caneca, líder da Revolução enfrentou perseguição e foi assassinado aos 45 anos de idade.

Luiz Alves | Redação


HERÓIS DO POVO BRASILEIRO – Na primeira metade do século 19, o Nordeste brasileiro, tendo Pernambuco como centro, foi palco de importantes lutas pela independência e pela república. Esse ímpeto revolucionário não se deu por acaso, como nada na História, aliás.

No início do século entrava em crise a economia regional, com o declínio da produção do açúcar e do algodão, dada a perda de posição no mercado internacional. Os interesses econômicos deslocavam-se para o Sudeste, voltados para a produção cafeeira, que passava a ser a nova fonte de riqueza e poder. Por outro lado, a Coroa Portuguesa, instalada no Rio de Janeiro desde 1808, fugindo das tropas francesas, aumentava constantemente a carga tributária para poder sustentar o seu luxo parasitário.

No Nordeste todas as classes sociais sofriam as consequências dessa política imposta pela dominação da monarquia portuguesa. A insatisfação transformou-se em rebelião, que explodiu no dia 06 de março de 1817, derrubou rapidamente o governo imperial e instalou a república em Pernambuco. O movimento alastrou-se pelas capitanias vizinhas, vencendo também em pouco tempo na Paraíba, no Ceará, no Maranhão e em Alagoas. 

A República só durou 75 dias. A contrarrevolução portuguesa foi mais forte e retomou o poder. As classes dominantes não tiveram contemplação com os lutadores. Os principais líderes foram enforcados, e três deles, para servirem de “exemplo”, depois de enforcados tiveram as mãos cortadas, as cabeças decepadas e os restos dos cadáveres amarrados na cauda de cavalos e arrastados pelas ruas até o cemitério.

Cristianismo revolucionário

O seminário de Olinda, fundado em 1800, era um centro de formação cultural, ensinando aos seus seminaristas não apenas a teologia, mas também o conhecimento das ciências naturais e humanas. Foi por ele que penetraram no Nordeste as ideias da Revolução Francesa, de democracia, liberdade, igualdade, fraternidade. O seminário não formou simples padres, mas homens cultos e lutadores. Sessenta padres e dez frades participaram da Revolução de 1817, entre eles frei Joaquim do Amor Divino Caneca.

Preparando as novas batalhas

Caneca não era nome de família. Nosso herói foi registrado Joaquim do Amor Divino Rabello. Nasceu no Recife no ano de 1779. Seu pai, Domingos da Silva Rabello, tinha uma oficina onde fabricava toneis e canecas; por isso apelidaram-no “frei da caneca”, e ele, numa homenagem à profissão do pai, incluiu “caneca” no sobrenome. Ordenou-se cedo, aos 17 anos, no seminário de Olinda. Contemplativo e estudioso, foi professor e escritor, com várias publicações sobre Retórica, sobre a Oração, Tratado de Eloquência (sobre literatura), entre outras obras.

Da contemplação partiu para a ação, engajando-se na Revolução de 1817, na qual teve uma participação discreta. Foi preso e, juntamente com os demais revolucionários, encaminhado para uma casa de detenção em Salvador. 

O período como prisioneiro foi altamente produtivo. Organizou cursos para os presos políticos e comuns, principalmente para os últimos, pois fazia questão de dizer: “…eu não escrevo para os homens letrados e sim para o povo rude que não tem aplicação às letras”. A partir dessas aulas redigiu um Breve Compêndio de Gramática Portuguesa

A monarquia portuguesa teve um certo enfraquecimento quando as tropas de Napoleão foram expulsas de Portugal, mesmo com a Corte refugiada no Brasil. Em 1820, uma rebelião na cidade do Porto (Portugal) exigiu um regime constitucional. Esse movimento repercutiu no Brasil: em várias capitanias os governos nomeados pelos portugueses foram substituídos e lançou-se uma campanha pela anistia para os presos políticos de 1817. Finalmente, D. João VI voltou para Portugal, jurando respeitar a constituição, e decretou a anistia no Brasil, em 1822.

Os anistiados foram recebidos com festa no Recife. Frei Caneca continuou a luta pela independência do Brasil e por um regime constitucional. Divulgava suas ideias em folhetos distribuídos de mão em mão. Acreditava que o povo estava consciente e ansioso por mudanças.

Um falso grito de independência

Pedro I seguiu a orientação do seu pai e antecipou-se ao movimento pela independência, que tomava corpo em todo o país, em especial no Nordeste, que já vinha conflagrado desde 1817. Em sete de setembro de 1822, o príncipe regente proclamou a “independência” do Brasil e convocou uma Assembleia Constituinte para elaborar o ordenamento jurídico do estado brasileiro.

Instalada a Assembleia Constituinte, as discussões encaminharam-se para a consolidação da independência e do regime constitucional. Em 1823, o Imperador Pedro I dissolveu-a, temendo que não lhe fosse dado o Poder Moderador, na verdade um absolutismo disfarçado, pelo qual ele poderia alterar ou vetar qualquer decisão que contrariasse os seus interesses.

Levante pela República

O Nordeste continuava vivendo um quadro de estagnação econômica, vítima das desigualdades regionais. As esperanças voltavam-se para a constituinte. Ao dissolvê-la o imperador acendeu o estopim da revolta. 

Frei Caneca lançou um jornal O Thypis Pernambucano, através do qual pregava a luta revolucionária. Escrevia: “…um monarca, quando incorre na desconfiança da nação, é imediatamente reputado um inimigo interno”.

Os pernambucanos rejeitaram a nomeação de Paes Barreto para governador, feita pelo imperador, e escolheram Manoel Carvalho Paes de Andrade. O mesmo ocorreu no Ceará, onde foi eleito para o governo um revolucionário, Tristão Alencar Araripe. Paraíba e Rio Grande do Norte também aderiram ao movimento. Nasceu a Confederação do equador, a república nordestina, proclamada oficialmente em 02 de julho de 1824. Mas não se tratou de um movimento separatista. O manifesto republicano fez um apelo às demais províncias para se unirem em torno de um regime democrático, em defesa da soberania nacional. No Recife, o governo Paes Andrade tomava as decisões mais importantes em assembleias públicas secretariadas por Frei Caneca.

No movimento pela república e pela independência uniram-se as diferentes classes e setores da sociedade pernambucana, cada um entendendo o sentido da liberdade em conformidade com os seus interesses. Na elaboração do anteprojeto de constituição, quando a comissão acenou para o fim da escravidão, os grandes proprietários recuaram. Frei Caneca tentou manter a unidade propondo no seu jornal: “…só há um partido, que é o da liberdade civil e o da felicidade do povo; e tudo o que não for isso há de ser repulsado a ferro e fogo”.

A divisão enfraqueceu o poder republicano, e o governo imperial aproveitou para contra-atacar. Contratou uma esquadra inglesa e enviou uma tropa terrestre de 3.500 soldados, que entrou no Recife no dia 12 de setembro de 1824.

A maioria dos confederados rendeu-se, mas foi afogada num mar de sangue. Alguns líderes conseguiram fugir, entre eles o governador Paes de Andrade, que se asilou num navio inglês.

Em vez de terço, um fuzil

As forças populares decidiram continuar a luta. Somavam cerca de três mil revolucionários em todas as províncias nordestinas, mas ficaram com poucas armas e munições, treinamento precário e quase nenhum dinheiro. A estratégia foi deslocar-se para os sertões, proclamar uma “República de Lavradores”, desenvolver uma guerra de guerrilhas e ir acumulando forças para retomar o litoral.

Frei Caneca largou a batina, vestiu um “jaleco de guerrilheiro” e seguiu com a coluna popular. No final de setembro reuniram-se em Pitimbu os revolucionários de Pernambuco, da Paraíba e do rio Grande do Norte, e decidiram rumar para o Ceará, onde avaliavam que as tropas populares estariam em melhores condições. Conseguiram chegar a Juazeiro do Norte, mas a rebelião já havia sido derrotada. Famintos, desanimados com o quadro encontrado, foram cercados pelas tropas governistas e resolveram render-se. Presos, os revolucionários foram conduzidos para o Recife.

“Um patriota não morre”

Tamanha era a popularidade de Frei Caneca, a admiração e o respeito que lhe tinha o povo, que três carrascos preferiram morrer sob tortura a executar a sentença do enforcamento. Começou um movimento por sua absolvição, mas a ordem era irrevogável. O comandante mandou que um pelotão fuzilasse o frade. Na hora da formação, um soldado caiu fulminado por um ataque cardíaco. O comandante Lima e Silva (pai do futuro Duque de Caxias) não recuou: afastou o soldado morto e ordenou o fuzilamento. Foi no dia 13 de janeiro de 1825, no largo do Forte das Cinco Pontas, atras do conhecido forte, que hoje é um ponto turístico.

A condenação à morte não abalou Frei Caneca. Nos seus últimos dias continuou falando aos companheiros de prisão, mostrando que luta tinha de continuar, era preciso sempre “lutar contra os tiranos”. Aos sentinelas, mostrava que “serviam de apoio aos déspotas”. Contava histórias engraçadas para o pessoal rir, não queria ninguém triste. Na véspera do seu assassinato, aos 45 anos de idade, escreveu:

“Tem fim a vida daquele

Que a pátria não soube amar

A vida do patriota

Não pode o tempo acabar”.

*Texto publicado em A Verdade nº 11 (2000)

Coletivo Invisíveis e a luta entre os trabalhadores e trabalhadoras terceirizados

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Na luta da classe trabalhadora a organização nas bases e a solidariedade de classe, são princípios centrais para garantir direitos.

Neste sentido, a militância do Jornal A Verdade tem dialogado com uma iniciativa de luta de destaque na cidade do Rio de Janeiro, o coletivo Invisíveis, que protagoniza ações de defesa de direitos de trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas. Confira o relato dos trabalhadores sobre a luta dos terceirizados organizados pelo Coletivo Invisíveis. 

Redação RJ


“Somos um coletivo surgido a partir da necessidade de unir lutas entre trabalhadores terceirizados, estudantes e servidores. Iniciado em Goiânia, com jornal de relatos anônimos dos funcionários da limpeza denunciando que eram impedidos de usar a copa em um setor da UFG. A organização passou a trocar experiências com mobilizações parecidas em São Paulo e Rio de Janeiro, onde atuam hoje na UERJ , UNIRIO e UFRJ.

Essa experiência provocou a percepção de que a precarização e terceirização constantes ameaçando o funcionalismo público, levou a necessidade de união com as demandas e lutas dos trabalhadores terceirizados. Mas, como realizar essa aliança eles se encontram reprimidos por condições sociais e sindicatos que muitas vezes os abandonam ou apoiam seus patrões? Além de serem perseguidos e demitidos.

Mobilizações são criminalizadas e o direito de greve é suprimido. Se comparar com a proibição na época da Ditadura Civil-Militar dos anos 60/70/80, a burocracia e dificuldades para realizar uma paralisação fazem HOJE ser semelhante ou até PIOR. Assim, a voz do terceirizado é uma VOZ AUSENTE na maior parte da esquerda ou do movimento sindical. Para construir uma solidariedade como sujeitos ativos, o Invisíveis faz mídias com JORNAL IMPRESSO, SITES e INSTAGRAM para divulgar relatos anônimos, garantindo a segurança.

As publicações contém denúncias de trabalho, para constranger patrões, gestores e empresas. E também para discutir política, onde terceirizados pensam articulação e mobilização. Para fazer a organização de base. Através dela que o trabalhador impulsiona suas ações. Fortalecido pela solidariedade entre categorias. Atuamos entre terceirizados da limpeza, bandejão, vigilantes, auxiliares administrativos, hospitalares, entre outros de universidades públicas.

Agora vemos que a mobilização é crescente diante da campanha pelo FIM DA ESCALA 6 X 1. Mais trabalhadores estão questionando a situação. E a esquerda e suas organizações? Se agora tomaram para si a luta, é preciso paciência e foco no que importa: a vida de milhões de trabalhadores que precisam de apoio para lutar contra seus patrões, que vão usar de seu poder para impedir a proibição da jornada 6×1. Assédios, ameaças, demissões, compras de apoio, calotes em salários. Por isso, é muito importante apoiar trabalhadores nas lutas diretas contra patrões nos locais de trabalho. E isso passa nas universidades públicas, onde a jornada 2×5 é a norma, mas há terceirizados que trabalham na 6×1.”

Conheça a página do movimento no Instagram.

Estudantes conquistam alteração na Matriz Curricular da rede estadual RJ

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A alteração foi um avanço, mas a reforma no Novo Ensino Médio não garante uma educação de qualidade para todos, precisamos da revogação imediata dele.

Yasmin Farias | presidente da AERJ


EDUCAÇÃO – Nos últimos anos, houve um crescente aumento das reformas e retiradas de direitos do povo e a educação se vê cada vez mais como foco de ataques. Prova disso são as recentes políticas de privatização, militarização e aprofundamento das desigualdades com o Novo Ensino Médio. 

No Rio de Janeiro, o projeto de precarização da educação se articula utilizando como principal ferramenta o Novo Ensino Médio, que retirou diversas matérias da formação geral básica para aplicar os “itinerários formativos”, como “Brigadeiro Gourmet”, “O que rola por aí” etc. 

Fica claro o objetivo do projeto de precarização das escolas públicas: esvaziar as salas de aula com o aumento da evasão escolar, minar o desenvolvimento do senso crítico dos jovens e acabar com o sonho do ensino superior público para a juventude pobre. 

Mas, apesar do crescimento dos ataques às escolas, os estudantes não se renderam e se organizam na luta coletiva cada vez mais. A Associação dos Estudantes Secundaristas do Rio de Janeiro (AERJ), junto com outras entidades estudantis e de Profissionais da educação, organizou uma grande jornada de lutas contra o Novo Ensino Médio no RJ.

Essa jornada de lutas contou com rodas de conversas nas escolas, grandes atos pelo Revoga NEM e uma consulta pública sobre a matriz curricular da Rede estadual, que apresentava uma proposta de nova Grade de matérias para as escolas estaduais, que retirava a matéria “projeto de vida” e outros itinerários formativos irrelevantes para a nossa formação, e estabelecia o mínimo de 2 tempos para as matérias de formação geral básica (história, filosofia, biologia, física, …), essa proposta foi articulada com o GT Contra a Reforma do Ensino Médio, composto por professores da rede estadual, o Sindicato dos profissionais de educação(SEPE) e a AERJ. 

Após essa grande jornada de luta, a rede estadual de ensino do Rio de Janeiro passou a adotar uma nova configuração curricular, baseada na proposta elaborada pelos estudantes e profissionais da educação. 

Apesar de celebrada como uma conquista, a mudança não resolve todos os problemas gerados com a reforma do Ensino Médio, implementada em 2017. “A alteração foi um avanço, mas a reforma no Novo Ensino Médio não garante uma educação de qualidade para todos, precisamos da revogação imediata dele. Por isso, a luta dos estudantes continua, na busca por uma educação de qualidade, e em defesa de um projeto de ensino médio que seja democrático” afirma Isabella Samara, vice presidenta da AERJ. 

Com essa vitória, os estudantes secundaristas mostram, mais uma vez, que a luta organizada  conquista e que é possível, através dela, mudar a realidade da nossa juventude.