UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 8 de junho de 2025
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A organização e luta da comunidade trans pelo socialismo

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A comunidade trans no Brasil conta com 3,1 milhões de pessoas estimadas pelo IBGE em 2024, a. A falta de dados oficiais e a precarização da vida reforçam a urgência de organizar essa parcela da classe trabalhadora em uma luta coletiva por direitos e pelo socialismo.

Maria Thamara e Olívia Almeida | Movimento de Mulheres Olga Benario


LUTA POPULAR – O debate sobre as condições de vida da comunidade trans torna-se cada vez mais urgente, assim como a necessidade de organizar mulheres trans e travestis, transmasculinidades e pessoas não-binárias para uma luta organizada.  É uma exigência da luta atual da classe trabalhadora. A ausência de dados estatísticos oficiais sobre as condições de vida da comunidade trans é algo importante a ser levantado, essa ausência dificulta nossa possibilidade de ter uma noção do cenário atual.

Em 2024, o IBGE estimou o comunidade trans no Brasil em 3,1 milhões de pessoas, mesmo não tendo dados mais abrangentes em virtude dos cortes anunciados para o instituto. Outros importantes dados de que dispomos são de instituições não governamentais, como a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (ANTRA) que anualmente produz dados sobre a violência contra pessoas trans no Brasil. A metodologia usada para levantar os dados sobre violência apoiam-se fundamentalmente sobre matérias jornalísticas divulgadas pela imprensa.

De acordo com o último dossiê da violência de 2023 (ANTRA), foram um total de 155 casos, 145 casos de assassinato e 10 pessoas suicidadas. Verificou-se um aumento de 10% em relação ao ano de 2022, a mais jovem tendo apenas 13 anos. Sobre o perfil socioeconômico, foi verificado que 57% era trabalhadoras sexuais, 72% das vítimas são negras, 136 das 145 era travestis/mulheres trans, 79% das vítimas têm menos de 35 anos (a maior parte das vítimas tem entre 13 e 29 anos), e majoritariamente os assassinatos acontecem em espaços públicos (ANTRA 2024).

Esses dados escandalosos demonstram a sistemática ausência de políticas públicas que possam proteger nossas vidas, desde políticas de permanência escolar passando pela precoce entrada no mercado informal (sexual) de trabalho devido ao abandono familiar e a dificuldade em adentrar ao mercado formal de trabalho.

No âmbito político, o fascismo que cresce como ideologia decadente na crise do sistema capitalista encontra na fragilidade social desse grupo uma maneira de naturalizar sua política da violência e perseguição, levantando falsos debates entre a classe trabalhadora como o suposto perigo que pessoas trans causariam a integridade sexual de crianças e o pânico moral sobre o uso dos banheiros.

Travestis, mulheres trans e transmasculinos enfrentam problemas clássicos da nossa classe, contudo, parece que a comunidade trans ainda é o fragmento social em que a burguesia e o Estado capitalista resistem em reconhecer humanidade e direitos. Por isso, uma luta unificada e organizada se faz urgente.

O que Alexandra Kollontai apontou sobre a condição das mulheres em A Primeira Conferência Internacional de Mulheres Socialistas vale também para a comunidade trans, quando diz “ (…) preservar a unidade da classe trabalhadora como principal garantia de sucesso na luta proletária”, ou seja, não podemos avançar na luta contra o capitalismo e o fascismo emergente sem que toda nossa classe esteja organizada e consciente de sua tarefa política de superar as condições de violência imposta pelo capitalismo.

Outro apontamento importante feito por Kollontai é de que “(…) a posição das mulheres proletárias (pessoas trans proletárias poderíamos dizer hoje) na sociedade contemporânea e as necessidades específicas que elas experimentam no campo das relações sociais criam uma base prática para condução de um trabalho especial ente o proletariado feminino ( entre o proletariado trans)”, podemos ver que o impasse enfrentado por pessoas trans não difere em nada ao das mulheres anos atrás, pois apenas a organização política marxista e revolucionária poderá oferecer um futuro pleno à todas as pessoas que necessitam vender sua força de trabalho para sua sobrevivência.

Vemos hoje um debate que coloca em destaque discussões abstratas sobre pessoas trans, em que nossas pequenas diferenças são alavancadas causando um sentimento de rivalidade e desunião, a proposta aqui feita é de que pessoas trans possam ter suas pautas integradas ao conjunto das pautas da classe trabalhadora, pois são exatamente as mesmas, como acesso ao trabalho formal, acesso ao ensino básico e superior e acolhimento humanizados nos serviços de saúde (porém com a especificidade de lutar contra o preconceito transfóbico inclusive presente em nossa classe) essas pautas podem unir toda a diversidade da comunidade trans contra o mesmo inimigo, o capitalismo.

Somente se estiverem unidos entre si e, ao mesmo tempo, com seu partido de classe na luta classes comum, podem (pessoas trans) deixarem de aparecer como um freio ao movimento proletário e marcharem confiantemente para frente, de braços dados com seus camaradas trabalhadores em direção a um objetivo nobre e almejado pelo proletariado: até um futuro novo, melhor e mais próspero” (KOLLONTAI, 1907).

Nos encontramos ainda nas margens, na prostituição, sofrendo com a violência urbana, a vasta falta de moradia digna, e tantas questões degradantes que o Estado burguês impõe sobre nós. A população trans na sociedade patriarcal capitalista ao mesmo tempo que é hipersexualizada, tenta-se, a partir do marketing de empresas e através do dircurso neoliberal de que os desafios da comunidade trans se daria pelo empreendedorismo ou pela vazia representatividade usada por empresas em datas de luta contra a transfobia. É do interesse da classe rica de que continuemos apenas enquanto comunidade consumidora de produtos, monetizando nossos sofrimentos.

É por isso que não nos cansaremos de lutar, pois não há força capitalista capaz de nos parar, se estivermos em coletivo e fortalecidas enquanto militantes de um Partido. Lutar e organizar a população trans é imperativo para a luta revolucionária e a construção do Socialismo.


*o texto original de Alexandra Kollontai se refere às mulheres, porém foi feita essa substituição para demonstrar a validade das mesmas colocações para pessoas trans.

Militares são condenados por roubar merenda do Colégio Militar do Recife

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Sete militares foram condenados por desviar merenda do Colégio Militar do Recife. O crime demonstra o caráter golpista das Forças Armadas brasileiras, que às vésperas de se completarem 61 anos do golpe militar de 1964 ainda é comemorado nos quartéis país afora.

Clóvis Maia | Redação Pernambuco


BRASIL – Não é de hoje que sabemos que a corrupção e o golpismo são palavras e atitudes muito comuns entre as forças armadas brasileiras. Mas esse caso de corrupção em Pernambuco chama bastante atenção, apesar de não ter tido a devida repercussão na imprensa local.

Acontece que o Supremo Tribunal Militar (STM) condenou no início desse mês de março, sete militares do Recife, acusados de desviar merenda do Colégio Militar do Recife (CMR), na Cidade Universitária, zona oeste da cidade. O capitão João Martins Gomes Neto, junto com mais três sargentos, dois cabos e um soldado receberam penas entre cinco e sete anos de prisão, além de serem expulsos da corporação.

O esquema acontecia desde 2016, quando eles, usando o código “dia dos dez mirréis”, pegavam viaturas militares, fraudavam o controle do estoque e saíam na cara dura com caixas e pacotes de carne – de quebra ameaçando quem ousasse denunciar o esquema. Ao todo foram desviados cerca de 150 quilos de carne, um montante de R$69.533,08 do dinheiro público.

O detalhe é que o Ministério Público Militar teve que recorrer ao STM exatamente pelo fato dos réus terem sido absolvidos pela Justiça Militar no Recife por “falta de provas”. Ou seja: mesmo com vídeos, depoimentos de testemunhas e provas documentais do roubo das merendas no Colégio Militar do Recife, os milicos iriam se safar.

Não existe justiça para os militares

O problema é que a legislação brasileira para os militares serve exatamente para perpetuar esse espírito corrupto e golpista dos milicos – acostumados a comemorar, ainda hoje (61 anos depois), o golpe militar que depôs um presidente eleito e mergulhou o país em 21 anos de tortura, perseguição, censura e violência.

Quando ocorre um crime pelos militares, é a Justiça Militar quem acompanha o caso. Ou seja: resolvem entre eles mesmos. É por isso que, até hoje, não tivemos notícias de nenhum tipo de movimentação jurídica para prender os militares envolvidos nos acampamentos golpistas – que culminaram com a tentativa de golpe naquele 8 de janeiro de 2023. Esse crime, inclusive, está levando o ex-presidente Jair Bolsonaro a ser julgado junto com o general Braga Neto e outros militares. Se dependesse do STM nada teria acontecido.

As forças armadas brasileiras são corruptas

Essa denúncia de desvio de merenda escolar não é nada de novo entre os militares. Para além de uma tradição golpista, vale lembrar que durante o governo Bolsonaro houve uma escalada na corrupção promovida de forma escancarada pelas Forças Armadas, – a maioria dos casos soterrado pela mídia burguesa e também pelo próprio Supremo Tribunal Militar:

  • 2021: o Ministério Público denunciou superfaturamento de R$2,2 milhões em chicletes e R$32,7 milhões em pizzas e refrigerantes;
  • Ainda em 2021: deputados federais revelaram que o Alto Comando das Forças Armadas adquiriu 80 mil cervejas e 700 toneladas de picanha em compras suspeitas – suficiente para abastecer um batalhão por anos;
  • Em 2022 o Tribunal de Contas da União (TCU) denunciou um esquema em que o governo Bolsonaro simplesmente permitiu que 79 mil militares recebessem auxílio emergencial em plena pandemia. Vale lembrar que os militares não poderiam ter acesso a esse benefício;
  • E o mais escancarados casos de corrupção foram os R$15 milhões em leite condensado, obviamente superfaturados em 2021 e em 2023, quando o mesmo TCU mandou as Forças Armadas devolverem aos cofres públicos mais de R$27 mil depois de constatarem o superfaturamento na compra de Viagra.

Todos esses escandalosos casos não receberam a devida atenção da Justiça – seja pela maneira como os militares são tratados no Brasil, com todas as regalias possíveis e imagináveis, com toda uma legislação que permite que os próprios militares conduzam ou façam suas próprias leis.

Além disso, deram apoio aos fascistas em seus acampamentos golpistas, que culminaram na fatídica tentativa de golpe em 8 de janeiro — com direito de planos para assassinar o presidente da República.

Por isso, quando exigimos que os golpistas de ontem e de hoje sejam punidos, estamos exigindo também uma verdadeira mudança na forma de condução e tratamento das Forças Armadas — hoje, inimigas dos trabalhadores e da própria nação, servindo, como sempre fizeram, mais aos interesses das elites nacionais do que aos do nosso país.

Ufal aprova a diplomação póstuma de estudantes mortos pela Ditadura Militar

Em sessão do Conselho Universitário da Ufal, foram diplomados os estudantes Gastone Beltrão, Dalmo Lins e Manoel Lisboa de Moura. “Ver essa juventude gritando o nome de Manoel é saber que ele não foi esquecido”, afirmou Iracilda Moura, sobrinha de Manoel Lisboa e conselheira da universidade

Lenilda Luna | Maceió (AL)


No dia 1º de abril, quando se completou 61 anos do Golpe Militar que mergulhou o Brasil em trevas por 21 anos, a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) realizou uma sessão ordinária do Conselho Universitário para apreciar o requerimento das conselheiras docentes, Emanuelle Rodrigues e Iracilda Moura, para conceder diplomas póstumos a estudantes da Ufal mortos pela ditadura militar: Gastone Beltrão, Dalmo Lins e Manoel Lisboa de Moura.

Familiares, docentes, estudantes e militantes de movimentos sociais lotaram a Sala dos Conselhos. Entre os homenageados, Manoel Lisboa de Moura, líder revolucionário alagoano brutalmente assassinado pelo regime ditatorial, foi celebrado pelas palavras de ordem dos militantes da UJR, Correnteza, PCR e UP que estavam no plenário, reafirmando o compromisso com a luta por uma sociedade socialista e pelo resgate da verdade histórica.

O momento mais marcante foi o discurso de Edival Cajá, sobrevivente da repressão da ditadura e último preso político a ser libertado no Brasil, que falou em nome do Centro Cultural Manoel Lisboa. Cajá ressaltou a importância da memória histórica e da resistência dos que lutaram por um Brasil mais justo. Em sua fala, lembrou as torturas sofridas pelos companheiros de luta e denunciou os mecanismos repressores do regime militar, destacando a cadeia de comando que autorizava as prisões e execuções políticas.

“Manoel Lisboa viveu para lutar. Ele não tinha medo do futuro que o esperava. Ele se preparou para enfrentar essa ferocidade, consciente do papel histórico que desempenhava. Por isso, a juventude presente aqui hoje, vestindo sua camisa e entoando suas palavras de ordem, mostra que seu legado está vivo”, afirmou Cajá emocionado.

Cajá ainda destacou a necessidade de manter viva a luta daqueles que tombaram lutando contra a repressão. “O Brasil ainda precisa acertar suas contas com o passado. Os algozes da ditadura nunca foram devidamente responsabilizados e os jovens de hoje devem carregar essa bandeira da memória, da verdade e da justiça”, conclamou.

Ele também recordou a firmeza de Manoel Lisboa diante da tortura: “Os militares tentaram de tudo para arrancar informações de Manoel Lisboa. Mas ele se manteve irredutível. Ele não traiu seus companheiros, ele não cedeu. Preferiu enfrentar a morte a entregar a luta revolucionária.”

Falando como conselheira e também como familiar, Iracilda Moura, sobrinha de Manoel Lisboa, ressaltou a importância da homenagem para a construção da justiça histórica. “Foram décadas de silêncio e dor. Hoje, ver essa juventude gritando o nome de Manoel é saber que ele não foi esquecido”, disse ela, emocionada.

O reitor Josealdo Tonholo destacou que a Ufal, ao conceder os diplomas póstumos, não apenas repudia a brutalidade cometida pelo Estado durante a ditadura, mas também reforça a necessidade de preservar a memória daqueles que foram silenciados por defender a democracia e a justiça social.

Fala de Edival Nunes Cajá emocionou os presentes. Foto: Renner Boldrino (Ascom Ufal)
Fala de Edival Nunes Cajá emocionou os presentes. Foto: Renner Boldrino (Ascom Ufal)

Comitê Memória, Verdade e Justiça de Alagoas também realizou atividades

Além do comparecimento à sessão do Conselho Universitário, o Comitê Memória, Verdade e Justiça de Alagoas também realizou atividades em Maceió e no Interior. ​Em 31 de março de 2025, o comitê organizou o “Cine Memória” no Cine Arte Pajuçara, em Maceió. O evento incluiu a exibição de documentários e debates com militantes. O companheiro Ésio Melo, presidente da UP em Alagoas, foi um dos debatedores.

Em Palmeira dos Índios, o comitê promoveu um evento que reuniu historiadores, ex-presos políticos e membros da sociedade civil para compartilhar relatos e análises sobre o período ditatorial, enfatizando a relevância da verdade e da justiça na construção da democracia.​

No Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal, o professor Marcelo Góis coordenou uma mesa-redonda com acadêmicos e estudantes. O debate abordou as consequências da repressão política em Alagoas e estratégias para a preservação da memória coletiva.

Iracilda Moura, sobrinha de Manoel Lisboa, foi uma das conselheiras presentes na diplomação. Foto: Renner Boldrino (Ascom Ufal)
Iracilda Moura, sobrinha de Manoel Lisboa, foi uma das conselheiras presentes na diplomação. Foto: Renner Boldrino (Ascom Ufal)

Agronegócio e mineradores atacam saúde da população de Corumbá (MS)

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Para impedir a presença do Estado na região, que pode ampliar fiscalização de atividades ilegais, agronegócio e mineradores pressionam a prefeitura de Corumbá (MS) a rejeitar projetos que melhorariam a saúde pública do município, como a utilização de “ambulanchas” e a criação de uma UBS fluvial e pontos de apoio médico no Rio Corumbá.

Redação MS


Durante uma recente brigada do jornal A Verdade, os moradores de Corumbá (MS) denunciaram aos brigadistas o enorme descaso do poder público com a saúde no município. A população enfrenta uma grave crise na saúde pública. Filas enormes, falta de médicos e péssimas condições dos equipamentos de saúde são algumas das principais reclamações. O cenário é ainda pior para as comunidades ribeirinhas e assentados, populações afastadas do centro urbano do município, que sofrem com a falta de atendimento contínuo e de qualidade.

Por Corumbá ser um dos mais extensos municípios do país, com mais de 64 mil km², muitas famílias precisam esperar dias por caronas ou pagar caro pelo transporte fluvial para acessar qualquer serviço público de saúde. Milhares de moradores estão a dezenas de quilômetros da Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima.

Agro faz lobby contra melhorias na saúde

Diante desse quadro, seria esperado que as autoridades municipais recebessem com festa qualquer investimento externo que melhorasse as condições da saúde local. Ledo engano. Em 2023, o superintendente do Ministério da Saúde no Mato Grosso do Sul, Ronaldo de Souza Costa, reuniu-se com o então prefeito Marcelo Lunes (PSDB) para apresentar projetos como a criação de uma UBS fluvial, a entrega de ambulanchas e a organização de pontos de apoio médico ao longo do rio Paraguai, que passa pelo município.

Com apoio financeiro das autoridades federais, incluindo os recursos destinados à remuneração do pessoal necessário, essas iniciativas, já implementadas com sucesso na Amazônia, têm o potencial de melhorar significativamente a qualidade de vida dos moradores ribeirinhos. No entanto, foram negligenciadas.

Sob pressão do agronegócio, que rejeita a presença do Estado na região, o município não aderiu aos projetos. Há décadas, latifundiários e mineradores ilegais atacam a população pantaneira para expulsá-la e ampliar o controle sobre as terras. A precariedade no atendimento de saúde, nesse contexto, favorece seus interesses. Além disso, uma maior presença estatal poderia intensificar a fiscalização contra crimes ambientais, como queimadas e desmatamento.

Mesmo após uma nova visita do superintendente do Ministério da Saúde em 28 de janeiro de 2025, quando se reuniu com a Vice-Prefeita e Secretária de Assistência Social e Cidadania, Bia Cavassa, e com o Secretário de Saúde, Antônio Juliano de Barros, o projeto não foi encaminhado pelo atual prefeito Gabriel Alves (PSB). Isso coloca em risco os prazos e pode levar à repetição do erro da administração anterior.

Diante do silêncio da prefeitura, movimentos sociais como o Movimento nos Bairros, Vilas e Favelas, bem como a Unidade Popular, articulam formas de pressionar as autoridades locais.

Estudantes refundam DCE da PUC Campinas

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No dia 27/3, os estudantes da PUC Campinas, organizados em seus Centros Acadêmicos e junto com o Movimento Correnteza, realizaram a assembleia de refundação do Diretório Central dos Estudantes da universidade. O DCE renasce com a tarefa principal de conquistar o bandejão e garantir alimentação para todos os estudantes.

Redação SP


Em assembleia realizada na quinta-feira (27/03), os estudantes da PUC Campinas votaram a favor da rearticulação do seu DCE. Com presença da maioria das entidades da Universidade, os alunos chegaram para a assembleia em ato no Restaurante Universitário, cobrando o bandejão e denunciando os grandes lucros dos chamados “tubarões da educação”.

Desativado desde 2009, o DCE da PUC cumpriu um papel central na mobilização dos estudantes de Campinas durante sua existência. Além de organizar os estudantes para lutar contra a ditadura militar, o DCE foi protagonista na convocação da juventude pelas Diretas Já e nos atos pelo passe-livre no transporte público. Agora, a entidade renasce com a tarefa de conquistar o bandejão.

As mobilizações

A luta pelo Restaurante Universitário não é nova na PUC. Já em 2023, o Movimento Correnteza realizou um ato em um dos campi da universidade cobrando alimentação digna e acessível aos estudantes. Os alunos da PUC são obrigados a comprar salgados na universidade que chegam a custar 12 reais ou trazer marmitas de suas casas, o que tem sido cada vez menos comum com a realidade do aumento de preços dos alimentos no mercado.

Segundo Bea Garbini, estudante de psicologia, “o preço dos alimentos já era caro, com a reforma do refeitório de ambos os campi a situação piorou. Agora os preços aumentaram e quando você entra na praça de alimentação parece que está em um shopping e não em uma Universidade”

Com essa realidade posta, o Movimento Correnteza iniciou o diálogo com diversas entidades da Universidade para a conquista do Restaurante Universitário. Com as panfletagens e a divulgação de um abaixo assinado pelo bandejão, surge a ideia de rearticular o DCE com o intuito de mobilizar toda a Universidade para essa luta e, com isso, conseguir pressionar mais a reitoria da Universidade.

Ato na Universidade

No dia 27, data marcada pelos Centros Acadêmicos para a realização da assembleia de fundação do DCE, os estudantes realizaram um ato que cobrava alimentação de qualidade na PUC e denunciava as mensalidades abusivas cobradas pela Instituição sem nenhum retorno na permanência estudantil.

“Foi um ato bastante massificado, todos os CAs estavam lá. Os Centros Acadêmicos foram protagonistas dessa luta e conseguiram transmitir a todos os estudantes a necessidade de construir um DCE”, relata Luiza Siqueira, coordenadora estadual do Movimento Correnteza, membra da gestão provisória do DCE e estudante de psicologia

Gustavo Bispo, coordenador nacional do Movimento Correnteza, que estava presente no ato, complementa: “Os estudantes nunca estiveram parados, mas há muitos anos careciam de uma Entidade Geral que unificasse suas lutas. Os Centros Acadêmicos atenderam ao chamado de lutar pela permanência estudantil, por isso é tão simbólico esse DCE ser fundado depois de um ato que exija o bandejão para a PUC”.

A Assembleia

“A assembleia foi muito grande, a gente via a vontade de lutar e conquistar o bandejão da PUC nos estudantes. Hoje nós não temos condições de se alimentar na universidade, é mais de 80 reais o quilo do alimento, mais de dez reais o salgado no refeitório da PUC. Os estudantes entenderam que essa luta ganha força com uma Entidade Geral e com ela nossas reivindicações ganham força”, continua Luiza Siqueira.

A assembleia que debateu a situação da universidade e aprovou o Estatuto e a Gestão Provisória ainda contou com um momento histórico. José Antônio Alves de Paula, filho de Dorival Alves de Paula, um dos fundadores do DCE Livre da PUC na ditadura militar, prestigiou a refundação do DCE.

“É muito bonito o que vocês estão fazendo aqui. A luta é difícil mas olhar para o lado e ver os companheiros é o que dá força. Com certeza meu pai está aqui hoje, com muito orgulho”, disse José Antônio na saudação da assembleia.

Estudantes em assembleia aprovam fundação do DCE e gestão provisória por unanimidade. foto: JAV|SP
Estudantes em assembleia aprovam fundação do DCE e gestão provisória por unanimidade. foto: JAV|SP

Próximos passos

A fundação da entidade foi aprovada de forma unânime pelos estudantes presentes na assembleia. Além do estatuto, foram aprovados 8 alunos para compor a Gestão Provisória que tem como tarefa mobilizar a universidade para a primeira eleição do DCE em um prazo de 12 meses, além de convocar uma jornada de lutas pelo bandejão e permanência na Universidade

“O DCE da PUC cumpre um papel fundamental no interior de São Paulo. A fundação dessa Entidade intensifica o enfrentamento aos tubarões da educação e ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Nós estamos cansados de não ter investimento na educação, os estudantes querem um ensino de qualidade e a refundação dessa entidade mostra que a juventude tá com disposição de se organizar para essa luta”, sintetiza Karla, diretora da União Estadual dos Estudantes de São Paulo (UEE-SP) pelo Movimento Correnteza.

PM e fascistas agridem manifestantes em ato “Ditadura nunca mais!” no RJ

Ato por Memória, Verdade e Justiça e descomemoração do golpe militar de 1964 é realizado no Rio de Janeiro em meio a ataques fascistas.

REDAÇÃO RJ


LUTA POPULAR – Centenas de pessoas se reuniram na capital fluminense para exigir a punição dos golpistas de ontem e de hoje e perguntar “ONDE ESTÃO OS MORTOS POLÍTICOS DA DITADURA”?. Ainda na concentração do ato, que iniciou-se no centro, na frente do prédio onde era o antigo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), órgão responsável pelos sequestros e torturas de homens, mulheres e crianças durante o período ditatorial – o ato foi surpreendido pela presença de fascistas. Um grupelho fascista resolveu provocar lutadores da classe trabalhadora, operários, mães, mulheres e jovens estudantes. O grupo, que em várias ocasiões teve atitude semelhante de buscar provocar os militantes da UP, do PCR e de vários movimentos sociais e UJR, foi rapidamente expulso do ato, fugindo e correndo de forma atrapalhada ao som das palavras de ordem “recua fascista, recua”.

Ato por memória, verdade e justiça acontece no RJ

Provocação fascista tenta impedir o ato no RJ

A PMERJ, tentou a todo custo prender, sem razão, os militantes da UP e da UJR, que não se intimidaram, enfrentaram a repressão policial, e o grupo fascista e impediram que os militantes fossem presos. Mesmo com a proteção do braço armado do Estado, os fascistas tiveram que ver seu símbolo criminoso e genocida, a bandeira de israel, ser queimada diante de seus olhos pelos trabalhadores que não aceitam genocídio e deixaram claro que não recuarão contra o fascismo em nenhuma hipótese.

Sabemos que os torturadores dos porões da ditadura, que foram a escola dos policiais que hoje sobem nas favelas em caveirões, no intuito de matar pobres e favelados, servem aos mesmo senhores e a única forma de acabar com a violência que oprime a classe trabalhadora é com a construção da sociedade socialista, livre da fome, da pobreza e da violência fascista.

Após isso, o ato seguiu tranquilo, com o povo marchando unido relembrando quem estava nas ruas e presenciava o ato de todos os horrores causados pelos ditadores do passado e da tentativa de golpe que procurava, em 8 de janeiro de 2023, mais uma vez jogar o Brasil em uma ditadura. O ato seguiu com muito apoio popular e sem perturbação até chegar ao seu destino, em frente ao prédio da Associação Brasileira de Imprensa, também no Centro.
Apesar de expulsos, os fascistas não desistiram de provocar o ato. Esperaram a manifestação chegar ao seu destino para pedir escolta para a PMERJ, que se prontificou a protegê-los para cumprir seus objetivos: ganhar visualização com vídeos mentirosos e falsos.

Munidos com uma bandeira do estado genocida de Israel, ofenderam as pessoas que lutavam por uma sociedade verdadeiramente livre, zombaram dos heróis do povo, como Manoel Aleixo, e com palavras machistas e racistas exaltavam o genocídio contra o povo palestino. A todo tempo se escondiam atrás dos policiais militares e posavam nos vídeos como se as vítimas fossem eles.

Os policiais não tiveram nenhum pudor em deixar claro que estavam ali para escoltar e dar proteção ao bando. Manifestantes conseguiram arrancar das mãos de um dos fascistas a bandeira de Israel, e após isso, a polícia começou a reprimir a manifestação, usando spray de pimenta e atirando com balas de borracha nos manifestantes, em uma aliança clara com o fascismo, digna de uma polícia que é herança da ditadura militar fascista e chefiada por Cláudio Castro.


“Nenhum passo atrás, ditadura nunca mais!”

1º de abril de 2025 marca o dia em que se instaurou no nosso país Golpe Militar Fascista de 1964, que foi arquitetado para impedir o acesso do povo a direitos básicos como reforma agrária e urbana e instaurar uma sanguinária ditadura que sequestrou, torturou e matou milhares de brasileiros, especialmente os heróis abnegados que se recusaram a abaixar a cabeça para seus algozes.

A Ditadura Militar durou de 1964 até 1985 e, durante esse período, a burguesia nacional e estrangeira engordaram seus cofres enquanto o povo amargava a censura, o aumento da desigualdade e da pobreza, a hiperinflação e a perda de direitos civis básicos.
Desde o fim desse período que ainda hoje assombra o nosso povo, todo dia 1º de abril, milhares de pessoas saem às para exigir Memória, Verdade, Justiça, Reparação e punição para os golpistas e torturadores do passado e do presente em atos para denunciar que a impunidade de ontem segue empoderando fascistas até hoje e levando as Forças Armadas a crer que tem o direito de se considerar donos do país e tutores do povo brasileiro.

Ocupação Mulheres Mirabal conquista sede em Porto Alegre

A Ocupação Mulheres Mirabal, organizada pelo Movimento Olga Benario em Porto Alegre desde 2016, a segunda Ocupação de Mulheres do Brasil, conquistou uma sede para continuar atuando contra a violência e lutando pela vida das mulheres


MULHERES – Após uma longa jornada de 8 anos, de já ter resistido a reintegrações de posse e as enchentes em Porto Alegre, a Ocupação Casa de Referência Mulheres Mirabal conquistou com muita luta uma sede no centro da cidade. Trata-se de um andar em um prédio, cedido pela União pelo prazo de 20 anos.

O projeto para reformas do local deve iniciar em breve com o objetivo de continuar as atividades já organizadas pela Ocupação: atendimentos de acolhimento para vítimas de violência além de cursos, palestras, encontros e atividades culturais.

Uma conquista das mulheres 

A conquista deste espaço representa a força das mulheres que compõem o Movimento de Mulheres Olga Benario. Desde 2016, nosso Movimento organiza ocupações de mulheres, criando espaços voltados ao atendimento e à formação política de mulheres. E ainda, através das ocupações, nosso Movimento pauta, perante o Estado capitalista e a sociedade, a importância que as políticas públicas voltadas para as mulheres é de suma importância para todas nós.

Sob governos fascistas, vimos o desmonte de redes de combate à violência e a estagnação da construção de equipamentos criados através da Lei Maria da Penha, como as Casas da Mulher Brasileira, as delegacias especializadas e delegacias 24h, para darmos alguns exemplos.

A participação do nosso movimento social para o avanço das pautas das mulheres trabalhadoras é símbolo de um país que vive uma pandemia de feminicídios, assédios e abusos e que necessariamente precisa das mulheres organizadas para alcançar um novo e melhor patamar de qualidade de vida das mulheres.

A conquista de um local para a Mirabal é um passo para esse avanço tão necessário, mas não podemos esquecer que nossa luta precisa crescer. Esses espaços só serão revolucionários se utilizados por milhares de mulheres do nosso povo seja em reuniões de núcleos, cursos emancipatórios ou atendimentos fora de uma perspectiva assistencialista.

Seguimos em luta! Por todas aquelas que foram por todas que virão!

Viva a luta das mulheres!

Viva o Movimento de Mulheres Olga Benario!

Entregadores de aplicativo realizam atos por melhores condições de trabalho em todo o país

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Em nova paralisação, entregadores exigem melhores condições de trabalho, auxílio em caso de acidentes e reajuste nas remunerações oferecidas pelos aplicativos.

Estefani Maciel | São Paulo (SP)


Esta segunda-feira (31/3) marca uma nova etapa na luta dos trabalhadores que realizam entregas por aplicativos. Entregadores de todo o Brasil realizaram manifestações durante o dia que reuniram milhares de trabalhadores, mirando especialmente no iFood, empresa que atualmente controla 80% do mercado de delivery no país.

O aplicativo controlado pela holding holandesa Prosus, que comprou suas ações em 2022 por R$9,4 bilhões, repassa valores irrisórios aos trabalhadores que estão em sua linha de frente. Em média, um entregador recebe R$1,50 por quilômetro rodado e R$6,50 por rota realizada. Sem garantias de seguros em caso de roubo, suporte para acidentes ou qualquer oferta de alimentação, nenhum centavo do lucro anual de R$7,1 bilhões do iFood é revertido aos entregadores. Muito pelo contrário, os investimentos giram apenas entre os grandes monopólios, como o Grupo Globo, que recebeu R$47 milhões em cota de propaganda para o Big Brother Brasil 2024.

“Quanto custa o óleo na moto dos caras? Quanto custa a manutenção no câmbio de uma bike?” questionou Renato* ao jornal A Verdade durante a manifestação em São Paulo. “Nós, bikes e motocas, sofremos na chuva e no sol. O valor que é pago a nós não compete com o que a gente vive”, afirmou. 

Gabriel*, entregador de Guaianases, na zona leste de São Paulo, declarou que “eles lucram 7 bilhões, não sou eu que tô dizendo, tá em todo canto aí pra vocês verem. Porque nós, os entregadores, estamos passando fome? É porque eles só pensam no bolso deles. Tem um mano lá na Cidade Tiradentes que sofreu acidente, se não fosse a gente se mobilizar pra levar cesta básica pra ele, tava ele e a mulher dele passando fome.”Foto: Wildally Souza (JAV/SP)

Luta pela redução da jornada de trabalho

Demonstrando também a imensa solidariedade entre a classe trabalhadora, os entregadores também afirmaram que a nova greve está intrinsecamente ligada na luta pelo fim da escala 6×1, pauta que ganhou projeção nacional nos últimos meses e que já mobilizou trabalhadores no setor da indústria, com a greve da PepsiCo e, mais recentemente, trabalhadores do comércio e varejo, em ato organizado pela Unidade Popular no último dia 19 de março, no Shopping Itaquera, zona leste de São Paulo.

“De fato, eu posso levar meu filho na escola às 11h e ligar o aplicativo às 11h30”, disse o entregador Nicolas Santos. “Então, você acaba construindo sua vida em torno daquilo e nunca mais se imagina dentro de um ambiente fechado onde você não pode, por exemplo, levar seu filho na escola.”

Essa falsa flexibilidade escancara um problema ainda mais profundo. Para poder receber um valor que possa pagar as contas, mesmo sem horário obrigatório, é necessário fazer longas jornadas. É o que relata Amanda*, esposa de um dos entregadores presentes na manifestação. “Tem vez que a gente passa dias só se vendo de madrugada e às vezes o sono é tão grande que ele passa mal”. Gestante, Amanda também nos disse que a indignação é grande: “Os caras do iFood tão lá tudo engravatado e com a cara limpa, não tem um negro, porque os pretos tão lá em cima da Honda, da 160, pra ganhar o dinheiro deles!”

A manifestação dos entregadores em São Paulo seguiu até o MASP, onde realizaram intervenções denunciando a violência que a empresa promove pela falta de suporte aos entregadores mortos em acidentes e assaltos. Em seguida, os entregadores foram até a sede do iFood, em Osasco, com o objetivo de pressionar a empresa a negociar com a categoria. 

A proposta dos entregadores foi de que algum representante da empresa fosse até o trio e se comprometesse a realizar essa negociação, porém, a empresa acionou a polícia para negociar a saída dos entregadores e que 10 lideranças fossem até a sede para conversar sobre as reivindicações. No fim da tarde de hoje, em nota oficial, o iFood informou que “não se compromete em atender as reivindicações, mas que continuará dialogando com os trabalhadores.”

Entregadores exigem melhores condições de trabalho. (Foto: Wildally Souza)

O povo quer luta

Os últimos meses demonstram o intenso anseio da classe trabalhadora em construir uma nova sociedade, livre da exploração, com condições dignas para comer, trabalhar e viver.

Em todo Brasil, e no mundo, trabalhadores dos mais variados setores estão mobilizando suas categorias em busca de melhores condições de trabalho, remunerações adequadas e jornadas justas.

O que está sendo desenhado para a classe operária é uma nova jornada de lutas, cada vez mais acirradas, rumo a uma greve geral que marcará uma divisão de águas entre a conjuntura de exploração capitalista e a construção da sociedade socialista. 

12ª edição do Cordão da Mentira denunciará golpismo e genocídio negro e indígena

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Convocado todos os anos para o dia do golpe militar de 1964, Cordão da Mentira denuncia os crimes cometidos pelo Estado ontem e hoje. A concentração para o ato terá início às 18h no Pateo do Collegio, no Centro de São Paulo.

Redação SP


Nesta terça-feira (1º/4), a partir das 18 horas, o Cordão da Mentira fará o seu tradicional desfile-escracho no centro de São Paulo. O tema da 12ª edição do ato, a ser realizada neste ano, será “Desfile Para Adiar o Fim do Mundo”, lembrando o genocídio indígena, palestino e da população preta e periférica.

Todos os anos, na data do golpe de 1964 e do Dia da Mentira, o Cordão sai às ruas com a participação de indígenas, mães de vítimas da violência de Estado e sobreviventes dos massacres que acontecem há mais de 500 anos neste território, denunciando a opressão estatal e os crimes cometidos em nome do poder. Composto por artistas e militantes, o bloco denuncia que essa realidade não se alterou mesmo depois do fim da ditadura militar fascista.

“Novamente, entoaremos nas ruas nossas canções de liberdade contra os fascistas da política e contra a militarização da vida. Celebraremos a memória dos mártires de ontem e de hoje. Nós lutamos para que o Cordão, um dia, perca seu sentido: lutamos para não celebrar a memória dos massacrados do futuro. Acreditamos que um outro mundo é possível”, defende Thiago B. Mendonça, um dos organizadores do Cordão da Mentira.

Neste ano, participarão do ato artistas como Douglas Germano, Roberta Oliveira, Renato Martins e Selito SD e movimentos de familiares de vítimas da violência do Estado, como as Mães de Maio, Mães de Paraisópolis – “Os 9 que perdemos”, Mães de Maio do Nordeste e as Mães de Manguinhos. Também estarão presentes os movimentos sociais, inclusive aqueles que constroem a Unidade Popular (UP).

Punição aos genocidas e golpistas no Brasil e na Palestina

No contexto da intensificação da luta pela punição dos envolvidos na tentativa de golpe liderada por Jair Bolsonaro, “cantaremos também contra os golpistas de ontem e de hoje, afirmando nosso repúdio à sua anistia, assim como à de torturadores e assassinos” complementa Thiago Mendonça. O cortejo ainda denunciará o genocídio que vem sendo cometido por Israel contra o povo palestino, que recentemente alcançou 50 mil mortes confirmadas pelo Ministério da Saúde de Gaza.

Para além da denúncia dos crimes do Estado, os organizadores do bloco que sairá às ruas neste 1º de abril defendem a importância de seguir lutando por uma sociedade mais justa e digna. “É mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo? Nós acreditamos que não. E é criando nas ruas que participamos da invenção de outra sociedade”, conclui Thiago.


12º DESFILE DO CORDÃO DA MENTIRA 2024 

Quando: 1º de abril, esta terça-feira.

Que horas: A partir das 18 horas.

Onde: Concentração no Pateo do Collegio, no centro de São Paulo.

Trabalhadores do Mercado Livre relatam precarização nos Centros de Distribuição e na área de Tecnologia

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Enquanto reporta lucros e investe em patrocínios e marketing bilionários, o Mercado Livre tenta silenciar e desmobilizar a organização dos trabalhadores. Empresa chegou a apagar e-mail de convocação de assembleia sindical. Também convocou gerentes para coagir trabalhadores a votar a favor do Acordo Coletivo da empresa em 2024.

Movimento Luta de Classes – Tecnologia


TRABALHADOR UNIDO – Há pouco mais de um ano, em fevereiro de 2024, um jovem, reconhecido por seus colegas como funcionário exemplar, tirou a própria vida após receber a notícia de que estava sendo demitido da empresa. O nome deste trabalhador é Luis Felipe Dominicalli e o nome desta empresa é Mercado Livre. 

Entre os relatos de colegas de Luis Felipe, se acumulam denúncias de assédio moral e sobre o ambiente tóxico do setor de operações em Cajamar (SP). “Esse lugar é um verdadeiro hospício! Saí de lá muito abalada psicologicamente e por muito pouco não aconteceu o mesmo comigo”, disse uma ex-funcionária nas redes digitais de uma mídia local.

Infelizmente, Luis Felipe foi mais uma vítima do sistema capitalista que tira a vida da classe trabalhadora para garantir o lucro dos empresários e dos super-ricos. 

Trabalhadores dos Centros de Distribuição em Santa Catarina relatam abusos

Além do que aconteceu em Cajamar, o Movimento Luta de Classes, junto aos trabalhadores do Mercado Livre, coletou dezenas de denúncias de trabalhadores dos Centros de Distribuição de Santa Catarina. Os trabalhadores relataram casos de assédio, de perseguição e de exaustão. “É um absurdo a sobrecarga física, eu tive que ir trabalhar com meu pulso machucado. Acabei com minha coluna, tenho escoliose por causa do trabalho pesado. Eu tinha crise de ansiedade todo  dia, passei por um período de depressão que eu só sentia vontade de morrer”, denuncia um trabalhador.

Outro trabalhador relata que trabalhava sob calor e frio extremos, nos turnos da madrugada e acabou pegando pneumonia. “Faltei ao trabalho algumas vezes por não conseguir lidar com a pressão e quando voltei novamente com atestado de psiquiatra e psicólogo de que não podia trabalhar sozinho, a demissão veio no mesmo dia”, relata.

Trabalhador tem que ir para o escritório, mas empresa se recusa a custear transporte e hospedagem

Além do ambiente insalubre e inseguro nos Centros de Distribuição, os trabalhadores relatam que sofrem perseguição e demissão quando questionaram e criticaram abertamente as políticas da “cultura Meli”, como a presencialidade obrigatória.

De acordo com essa política, instituída em 2024 de maneira informal, os trabalhadores precisam comparecer presencialmente ao escritório pelo menos 1 vez a cada trimestre. O problema é que o contrato de grande parte desses trabalhadores funciona no regime de home office integral. Ou seja, estes funcionários vivem a centenas de quilômetros de distância dos locais em que estão alocados os escritórios.

Além disso, a empresa se recusa a pagar a ajuda de custo de transporte ou hospedagem. “Fui desligado no dia em que me manifestei em reunião que arcar com os custos da viagem. Disse que não estava de acordo com o Acordo Coletivo de Trabalho vigente”, desabafa um dos demitidos em pesquisa feita pelo grupo de trabalhadores organizados no perfil @trabalhadoresmeli.

Na prática, o salário desses trabalhadores reduziu, uma vez que parte do seu pagamento precisará ser utilizada para pagar os custos da viagem obrigatória. No caso de funcionários que precisam se deslocar do Nordeste até São Paulo, as passagens podem chegar a R$ 3.000.

Trabalhadores de TI lutam pela redução da jornada de trabalho 

Em 2024, os trabalhadores de tecnologia do Mercado Livre de Santa Catarina se organizaram e procuraram seu novo sindicato, o Sindpd/SC para debater um novo Acordo Coletivo. Entre as principais reivindicações estava a redução da jornada de trabalho para 40 horas (realidade para grande parte da categoria de TI) e a garantia do home office. 

Mas a empresa não apenas ignorou as reivindicações dos empregados, como tentou dissuadir e silenciar a Assembleia convocada pelo Sindpd/SC.

Em novembro de 2024, apagou os e-mails de convocatória da caixa de entrada dos funcionários e mobilizou dezenas de gerentes para votarem a favor da empresa.

De acordo com os relatos, o jurídico da empresa orientou os líderes a convencerem os seus times de que a proposta oferecida pela empresa era melhor. Além disso, mentiam dizendo que, caso a proposta da empresa não fosse aprovada, “perderiam direitos e inúmeros benefícios”.

“A ação gerou dúvida em uma série de trabalhadores, e quando nós perguntávamos nos canais de comunicação internos da empresa, sofríamos represália por parte dos gerentes”, relata um dos trabalhadores que foi perseguido.

Proposta dos trabalhadores obteve 42% dos votos

Mesmo sendo perseguidos de forma aberta, 42% dos trabalhadores votaram contra a proposta da empresa. Tal proposta nada oferecia aos trabalhadores, a não ser a suspensão por 6 meses da política da presencialidade.

Mesmo com essa medida aprovada no ACT, os trabalhadores denunciaram que a empresa não fez nenhum comunicado oficial sobre a suspensão do regime presencial. Simplesmente continua agindo como se nada tivesse acontecendo.

Além disso, diversos trabalhadores relatam que ao sondarem sua liderança, provavelmente por medo de represálias, recebem a recomendação de continuar indo ao escritório.

Cláusula presente no Acordo Coletivo de Trabalho 2024-2025 (disponível no site do sindpdsc.org.br) suspende a obrigatoriedade da presencialidade por 180 dias. Empresa, no entanto, não está cumprindo esta regulamentação.

Trabalhadores são demitidos por “desalinhamento cultural”

Após a Assembleia de 2024, uma nova onda de demissões começou sob o mote de “desalinhamento cultural”. “Vivemos sob um processo de demissão massiva que pode estar acontecendo a conta-gotas. Criamos o formulário para dizer para as pessoas que estão sendo demitidas de que elas não estão sozinhas. Queremos que saibam que juntos, podemos erguer as nossas vozes contra as arbitrariedades cometidas pela empresa. Esta gestão fascista depois de nos adoecer física e mentalmente, persegue a todos que se opõem de alguma maneira a essa cultura doentia”, afirma um dos trabalhadores organizados.

A pressão por resultados e falta de compreensão e humanidade estão causando danos psicológicos a centenas de pessoas. “Sinto que me demitiram mais por questionar do que por performance. Me demitiram dois dias depois do meu aniversário. A demissão silenciosa acontece desde a mudança de sede”, desabafa uma ex-funcionária.

A luta continua

Em novembro do ano passado, o Movimento Luta de Classes (MLC), junto com alguns trabalhadores, organizou um ato em frente à empresa para denunciar a Black Fraude.

Nesse período, os imensos lucros do Mercado Livre ficam ainda maiores. Por isso, explora ainda mais os trabalhadores e os submete a metas e jornadas exaustivas, recompensando-os com pizzas, energéticos e outros “benefícios”. 

Já em fevereiro deste ano, a empresa perdeu novamente na Justiça e terá que indenizar funcionários e ex-funcionários por diferenças nos valores pagos em reajustes salariais, horas extras e adicionais noturnos. A decisão deve beneficiar cerca de 5 mil trabalhadores, entre empregados e ex-funcionários.

Todos estes acontecimentos demonstram que os trabalhadores permanecem organizados e em luta para mudar os rumos desta história, como disse Lenin em “Sobre As Greves”: “Quando os operários levantam juntos suas reivindicações e se negam a submeter-se a quem tem a bolsa de ouro, deixam então de ser escravos, convertem-se em humanos e começam a exigir que seu trabalho não sirva somente para enriquecer a um punhado de parasitas, mas que permita aos trabalhadores viver como pessoas.”

Em memória de Edson Luís, AMES-SP é fundada em São Paulo

Durante o Encontro dos Estudantes Secundaristas da Região Metropolitana de São Paulo, foi fundada a Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (AMES-SP), visando aglutinar e impulsionar a luta secundarista na região.

Coordenação do Movimento Rebele-se SP


O relato

[…] Naquele dia, meu corpo eles tombaram
Mesmo assim eu segui caminhando
Pois mil pernas jovens me levaram
E até hoje continuamos marchando 

Por favor, conte sempre esse relato
Do protesto no restaurante Calabouço
Pois ainda queremos comida no prato
Nós somos Edson Luís de Lima Souto […]”
(Kay Lins, da UJR-SP)

Foi dessa forma que o Movimento Rebele-se iniciou o grandioso Encontro dos Estudantes Secundaristas da Região Metropolitana de São Paulo: rememorando um dos acontecimentos mais marcantes da história brasileira, o assassinato do estudante secundarista Edson Luís pelas mãos da ditadura militar, em 1968. 

Diante do cenário atual da educação, não é raro encontrar salas de aula ocupadas por estudantes exaustos, indignados e especialmente revoltados com o sistema. É o sistema capitalista que permite aos políticos — representantes dos ricos — orquestrar em São Paulo um esquema de educação limitante, que expulsa a juventude mais pobre da sala de aula e, pra quem fica, impõe projetos que sugam a qualidade do ensino gratuito, minando a emancipação, o desenvolvimento do senso crítico e o futuro. 

O interesse por trás do sucateamento das escolas públicas é claro. A burguesia brasileira segue na tentativa de manter a juventude trabalhadora nas piores condições de vida, amarrada a seus grilhões, enquanto expande seu lucro no “mercado da educação”. Exemplo disso é o próprio CMSP (Centro de Mídias do Estado de São Paulo): à medida que o conteúdo dos itinerários “nada formativos” oferecido é vazio e insuficiente, empresas como Alura (contratada pelo Governo Tarcísio em 2023 por R$30 milhões sem licitação) escoam o dinheiro público para o bolso do empresariado.

Ainda assim, apesar das investidas desses sujeitos contra nós, os estudantes da região metropolitana de São Paulo não se rendem! Inspirados pela luta dos que tombaram na ditadura, o dia 28 de março foi marcado pela energia, combatividade e vontade de mudar completamente os rumos do movimento estudantil através da mobilização e da luta unificada entre as entidades e os grêmios dessas regiões. 

Organizar um movimento estudantil verdadeiramente combativo

O Encontro, que contou com a presença de cerca de 150 estudantes de mais de 40 escolas espalhadas por 12 municípios da Grande São Paulo, foi marcado pelo sentimento da necessidade concreta de batalhar por uma educação de qualidade. 

As intervenções dos grupos de debate deixaram claro o que isso significa: erguer ainda mais alto a bandeira dos grêmios livres, avançar a luta por mais orçamento para a educação e intensificar as batalhas contra os programas limitantes do Novo Ensino Médio e da Cívico-Militarização das escolas.

“Nos grupos de trabalho, tivemos a oportunidade de refletir sobre nossa escola e elaborar sobre o futuro da luta dos secundaristas de São Paulo”, avaliou Ana Leite, diretora da UBES pelo Movimento Rebele-se.

Onde houverem grêmios censurados, onde os estudantes rebeldes sofrerem perseguição política, devem se levantar aqueles que estão decidindo construir um amanhã diferente para o movimento estudantil.

Foi frente à necessidade de unificar esse movimento combativo, frente à insatisfação com o setor do imobilismo governista, que nasceu a proposta de fundação de uma nova entidade de luta dos estudantes da Grande São Paulo: a Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (AMES-SP). 

28 de março e a luta por Memória, Verdade e Justiça!

Estudantes aprovam fundação da AMES SP. Foto: JAV/SP

Nascida para o combate, a novíssima AMES-SP iniciou seus trabalhos em manifestação pelo centro da cidade de São Paulo. Os estudantes caminharam da FATEC SP, onde foi sediado o encontro, até o Memorial da Resistência (antigo DOPS) para denunciar os golpistas de ontem e hoje, pedir a abertura dos arquivos da ditadura militar e repudiar completamente o projeto de fascistização da sociedade e de militarização das escolas paulistas.

“Conhecemos na pele a violência policial do lado de fora, que inclusive tem aumentado, e por isso não queremos policial nenhum do lado de dentro do muro”, disse Laura Machado, estudante do Extremo Sul da capital paulista. É preciso transformar a palavra de ordem “escola não é quartel” em realidade, defendem os estudantes.

Nessa sexta-feira histórica para os estudantes da Grande São Paulo, inicia-se um novo tempo para a organização e crescente das lutas na região. É nosso dever construir uma grande jornada, de escola em escola, sala em sala, que incendeie a luta estudantil e traga grandes conquistas para os jovens paulistas. É só com luta que se conquista!

“AMES-SP
de luta e ação
combatividade
pra mudar a educação!”