UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 18 de dezembro de 2025
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45 anos da missão que levou o primeiro cubano ao espaço

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Primeiro latino-americano e negro a viajar ao espaço, Arnaldo Tamayo Méndez transformou sua trajetória de luta em símbolo de conquista socialista e inspiração para os povos de Cuba e do mundo.

Ezequiel de Medeiros| Paraíba


HISTÓRIA- A história de Arnaldo Tamayo Méndez confunde-se com a de seu país. Nascido em 1942, na cidade de Guantánamo, sul de Cuba, e órfão de pai e mãe, começou a trabalhar aos 13 anos como engraxate e ajudante de carpinteiro para sustentar os irmãos. Arnaldo afirmaria, mais tarde, que seu amor pela aviação surgiu nessa época, quando via pousos e partidas dos aviões estadunidenses da base militar imperialista em Cuba, ocupada ilegalmente desde 1903. Posteriormente, participou das greves e atos estudantis contra o governo entreguista do ditador Fulgêncio Batista. Desenvolveu sua consciência política, ingressando na Associação de Jovens Rebeldes pouco após o triunfo da Revolução Cubana em 1959. No ano seguinte, sob o chamado do Partido, iniciou os estudos no Instituto Tecnológico e, entre 1961 e 1962, aprendeu a pilotar na Escola Superior de Aviação da URSS, retornando ao seu país a tempo de atuar heroicamente no combate aos ataques aéreos estadunidenses durante a Crise dos Mísseis.

Arnaldo continuou tendo papel relevante nas Forças Armadas Revolucionárias e na União de Jovens Comunistas de Cuba, e em 1978 foi selecionado para representar o povo cubano na missão Soyuz 38, do programa espacial Intercosmos, promovido pela URSS, que levou cosmonautas de diversas nacionalidades ao espaço pela primeira vez. Partiu em setembro de 1980, ao lado do cosmonauta soviético Yuri Romanenko, do Cosmódromo de Baikonur, atual Cazaquistão. Ao deixar a atmosfera da Terra, Arnaldo Tamayo tornou-se não apenas o primeiro latino-americano a ir ao espaço, como também o primeiro negro. Mais um feito do socialismo! Foram sete dias em órbita, em que foram realizados experimentos científicos sobre os efeitos da Gravidade Zero no corpo humano e, simbolicamente, o crescimento de leveduras no espaço (as leveduras são essenciais na fermentação do açúcar, artigo importante para a economia socialista de Cuba). Além disso, foram levados ao espaço nesta missão: um busto do Comandante Che Guevara, placas com os nomes de Marx, Engels e Lenin, uma maquete do Iate Granma, textos e poemas do revolucionário cubano José Martí.

A missão Soyuz 38 serve de inspiração ao povo negro e latino-americano, mostrando que só o socialismo pôde levar uma nação como Cuba, colonizada e empobrecida pelo imperialismo, a ocupar o espaço com o orgulho de ter vencido a fome, o analfabetismo e a falta de moradia. Hoje, bilionários como Elon Musk e Jeff Bezos veem o espaço como a última fronteira do capital, para explorarem comercialmente, e fugirem quando a destruição dos ecossistemas da Terra atingir um ponto crítico. Mas o camarada Arnaldo Tamayo Méndez nos ensina o oposto! Lá de cima, Tamayo viu a Terra como ela realmente é: sem fronteiras e sem donos. Sigamos na luta pelo socialismo, para que um dia a humanidade possa se orgulhar de visitar o espaço sabendo que nenhuma criança aqui precisa dormir na rua, e as que dormirem é porque querem olhar as estrelas!

 

Luta palestina e solidariedade dos povos podem acabar com extermínio em Gaza

Acordo prevê troca de prisioneiros de guerra, retirada do exército de ocupação sionista e entrada de ajuda humanitária. Luta da resistência palestina e solidariedade internacional dos povos garantem acordo e a preservação das vidas palestinas.

Felipe Annunziata | Redação


INTERNACIONAL – Depois de dois anos do genocídio cometido por Israel contra o povo palestino, os movimentos de resistência palestina anunciaram o fim da agressão israelense contra o povo de Gaza. Durante este período, Israel assassinou 80 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, sendo que este número pode chegar a 350 mil pessoas, de acordo com um estudo científico da Revista Lancet. 

A principal vitória do acordo alcançado pelos palestinos é colocar um fim a todas estas atrocidades e preservar as vidas palestinas. Depois de dois anos da campanha genocida, a luta em todo o mundo para pressionar Israel começa a dar resultados.

O genocídio palestino

Durante o genocídio, Israel usou de todos os meios à sua disposição para exterminar os palestinos. Mais de 2 mil famílias foram completamente assassinadas até maio deste ano. Mais de 60% dos mortos são de mulheres e crianças, segundo a ONU.

O regime sionista de Israel destruiu mais de 80% das edificações de Gaza, contaminou fontes de água potável, acabou com o sistema de esgoto e danificou todas as terras agricultáveis da Faixa. O regime sionista cercou o mar de Gaza para impedir a população de pescar. Os bombardeios destruíram todos os hospitais e escolas do enclave. O enclave palestino é do mesmo tamanho que o município de Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

A fome e a sede, junto com os drones e os mísseis, foram as principais armas deste genocídio. O cerco a Gaza, iniciado em 2006, impediu nestes dois anos a entrada de qualquer ajuda humanitária decente aos palestinos. A desnutrição alcançou toda a população. 

“Eu tenho 12 anos, eu era saudável e bonita, mas com a guerra eu desenvolvi desnutrição severa. Sinto que estou morrendo todos os dias, eu só quero voltar a brincar como as outras crianças. Eu não sei mais como brincar, toda vez que eu tento eu acabo caindo. Eu pesava 30Kg antes da guerra, agora peso só 19Kg.”, conta a menina Huda Abu al-Naja, uma das vítimas da guerra de extermínio de Israel. 

Israel utilizou programas de inteligência artificial para mirar seus mísseis nas casas em que houvessem mais pessoas antes dos seus ataques, fuzilou milhares de palestinos em filas da fome que tentavam pegar ajuda humanitária. Tanques de guerra, artilharia pesada, mísseis e aviões a jato bombardearam durante 733 dias a população de Gaza.

Quem tentava contar esta história ou impedir que os palestinos morressem eram brutalmente perseguidos e assassinados pelos soldados sionistas. Israel assassinou, cerca de 2 mil profissionais de saúde e 252 jornalistas, no caso dos profissionais de imprensa é o maior número de mortos em todas as guerras da História.

Resistência e solidariedade internacional garantem vitória

Uma importante vitória dos palestinos até agora é política. Finalmente, o mundo todo viu a face genocida do regime sionista de Israel e seu objetivo final: a exterminação de todos os palestinos daquela região do mundo. 

Ao lado dos palestinos lutam hoje milhões de trabalhadores de todo o mundo, que colocaram em xeque os governos burgueses que atuam como cúmplices da campanha de extermínio. Na Europa, estudantes e trabalhadores emparedam os governos imperialistas ao ponto de muitos deles serem obrigados a reconhecer o Estado da Palestina ou declaram embargo no envio de armas à Israel. 

Na América Latina, a solidariedade ao povo palestino levou a um forte questionamento do papel da mídia burguesa e das elites no envio de matérias primas para a economia do genocídio de Israel. 

Por sua vez, o presidente fascista Trump só tomou a frente do acordo de cessar-fogo não porque quer o Nobel da paz como ele mesmo e a mídia divulga, mas porque nas ruas dos EUA, a classe trabalhadora se coloca cada vez mais contra Israel, até em estados que votam normalmente em seu partido. 

Imperialismo é obrigado a ceder às reivindicações palestinas

Em vídeo divulgado na imprensa, o líder do Hamas, Khalil al-Hayya, afirmou o acordo para o fim da guerra de extermínio. Al-Hayya é o chefe da delegação de negociadores da resistência no Egito. 

“Hoje, anunciamos a conclusão de um acordo para pôr fim à guerra e à agressão contra o nosso povo, e para iniciar a implementação de um cessar-fogo permanente, a retirada das forças de ocupação, a entrada de ajuda humanitária, a abertura da passagem de Rafah em ambas as direções e uma troca de prisioneiros. 250 prisioneiros que cumprem penas de prisão perpétua e 1.700 prisioneiros da Faixa de Gaza que foram presos após 7 de outubro serão libertados, além da libertação de todas as crianças e mulheres.”, afirmou o líder palestino.

Apesar da confirmação dos palestinos, países árabes e dos EUA do acordo, ainda não está claro até onde Israel está comprometido com estas cláusulas. O acordo para o fim da atual fase da luta de libertação da Palestina comprova a capacidade de resistência e de combatividade deste povo, que resiste há 76 anos a uma ocupação imperialista de suas terras, seguida da imposição de um regime colonial e de segregação racial patrocinado pelos EUA e implantado por Israel. 

Apesar do acordo não determinar a criação do Estado da Palestina, meta final da resistência em Gaza e na Cisjordânia, ele garante a troca de prisioneiros de guerra, incluindo lideranças importantes da resistência que se encontram sob cárcere há décadas. 

O papel da resistência palestina

Mas o acordo só foi possível graças à brava resistência palestina. Os palestinos de Gaza e da Cisjordânia resistiram como puderam a campanha de genocídio e ocupação. 

Mesmo com dois anos de extermínio, Israel continuou tendo pesadas baixas no campo de batalha. Na Cisjordânia, cada vez mais palestinos aderem às campanhas de desobediência civil e enfrentam as forças de ocupação israelenses.

Em todo o Oriente Médio, mesmo com a campanha de bombardeio do Líbano, Síria, Irã e Iêmen, os trabalhadores destes países não abaixaram a cabeça. A vitória militar israelense, com o assassinato de lideranças políticas libanesas, palestinas e iranianas, não garantiu a vitória política no atual conflito.

Em Gaza, o objetivo do regime sionista era claro: expulsar ou matar todos os palestinos. Dois anos depois, não conseguiram alcançar isto, apesar das brutais condições que impuseram ao povo palestino.

Luta pelo povo palestino não pode parar

Agora toda esta força acumulada sob liderança da resistência palestina em todo o mundo não pode parar. A possível pausa nos bombardeios a Gaza, com a entrada de ajuda àquele povo deve nos guiar para o próximo passo desta luta: a garantia definitiva da libertação do povo palestino e a criação de seu Estado, com Jerusalém como sua capital.

A luta tem que continuar, com a defesa do fim do regime sionista na Cisjordânia e em Israel. A ditadura do apartheid israelense, do controle populacional sobre o povo palestino e da limitação aos direitos civis mais básicos precisa acabar. 

A derrota do sionismo é também a derrota do imperialismo e seu projeto para o Oriente Médio. Esses dois anos deixaram claro que a bandeira palestina é a bandeira da liberdade de todos os povos do mundo.

FEPAL: “Gaza – os dois anos da Auschwitz sionista televisionada”

Reproduzimos a nota da Federação Árabe Palestina do Brasil sobre os dois anos do genocídio de Gaza. Fepal lembra da dimensão imensa dos números de mortos, feridos e mutilados pela campanha de extermínio produzida pelo regime sionista de Israel.


Nota pública da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal)

Hoje (7/10) será dia de dupla efeméride em vista dos dois anos de solução final em Gaza, iniciada nestes mesmos dia e mês de 2023. De um lado a farsa dos genocidas que precisam esconder suas autorias, de Trump/Biden a Netanyahu, da Rede Globo e congêneres aos CNPJs de Cristo, e de outro o povo palestino e a humanidade, que denunciam e reagem, nas ruas às multidões e nas indignações íntimas ainda mais multitudinárias, ao maior genocídio da história e o primeiro televisionado.

Em dois anos de obscenidade assassina de “israel” e seus fiéis aliados (regimes) “ocidentais”, o mundo assistiu à maior matança de civis de todos os tempos no maior campo de concentração e extermínio da história, a Gaza palestina, num reality show que atualizou Auschwitz na tecnologia do extermínio e o transmitiu ao vivo, levando os corpos destroçados de crianças e mulheres às salas de todas as famílias ao redor do planeta como trunfo tecnológico e ação “civilizatória” de uma alegada “civilização judaico-cristã”.

Os números são aterradores e proporcionalmente inigualáveis. Os exterminados são 79.408, considerados desaparecidos sob escombros, 3,57% da população de Gaza. Seriam 7,6 milhões no Brasil, ou 172 vezes todas as mortes violentas registradas no Brasil em 2024 (44.127). Ou 27 milhões na Europa da 2ª Guerra Mundial, chegando a 81 milhões em eventuais seis anos daquela guerra hoje. Estes são os dados mais conservadores, porque reconhecidamente eivados de subnotificação.

O Holocausto Palestino pode alcançar 348,8 mil exterminados (The Lancet, 5 de julho de 2024), ou 15,4% da demografia deste território palestino, o que equivaleria a 32,8 milhões de brasileiros exterminados e a 116,2 milhões de pessoas na Europa da 2ª GM, ou 348,4 milhões, nesta escala “israelense”, na eventual repetição dos 6 anos de sua duração, 5 vezes mais que os até 70 milhões que morreram no período hitleriano, na Europa e fora dela.

O extermínio metódico de crianças palestinas em Gaza supera qualquer obscenidade humana conhecida: 10.306 por milhão de habitantes do território, contra 2.813 por milhão na Europa da 2ª GM. Ou seja: EUA e “israel”, mais seus aliados no Brasil e no mundo, exterminam, por milhão de habitantes, 3,66 vezes mais crianças palestinas em Gaza que europeias durante o período nazista.

E tudo isso numa Gaza de apenas 365 km², 22% do território da cidade de São Paulo, bloqueada por “israel” desde 1967, e ainda mais a partir de 2007, para se tornar o primeiro campo de concentração com extermínio televisionado. É como se Auschwitz fosse televisionada 24 horas por dia e sua defesa estivesse nas telas da Globo e congêneres, bem como nos púlpitos dos negociantes da fé que utilizam um farsesco deus étnico para defender o extermínio palestino como expressão de uma certa – e inventada – vontade divina.

Mais terrível e perigoso que os números é o aviso dado à humanidade, que se vê humanizada nos palestinos ao entender, pela primeira vez na história, o que são crimes de lesa-humanidade, isto é, crimes contra toda a humanidade, logo, contra cada pessoa que assiste ao vivo ao Holocausto Palestino, inclusive israelense.

Ao tempo de Auschwitz a humanidade não o assistiu, nem aos demais campos de concentração. Por esta razão, foram as máquinas de propaganda dos estados em guerra contra o nazismo que construíram uma opinião pública contrária à Alemanha Nazista. Agora, com Gaza, temos o inverso: as máquinas de propaganda destes mesmos estados defendendo “israel” e seu regime sionista, o equivalente à Alemanha nazista de outrora.

Assim, a opinião pública hoje contrária a “israel” – na Europa é superior a 70%, nos EUA 53%, nos países do G7 é de 64% e no Brasil 58% – desafia seus estados e governos e toda sua máquina de propaganda de guerra promotora do genocídio palestino, que se realiza por meio da mídia hegemônica, que no Brasil tem a Rede Globo à frente, malgrado uma rebelião silenciosa em suas redações, bem como nas de outros veículos de comunicação do mainstream.

O primeiro holocausto televisionado da história, o palestino em Gaza, produziu algo impensado: fez com que a humanidade entendesse o que é um crime de lesa-humanidade, que a atinge quando cometido em qualquer lugar e contra qualquer povo, distante e desconhecido que seja. Auschwitz não deu à humanidade esta oportunidade porque o que ali acontecia não era de conhecimento da humanidade. Gaza está nas telas de cada celular, computador ou televisor, sem filtros, isto é, não é um crime passível de negacionismo, ainda que os sionistas se comportem como os negacionistas mais desavergonhados da história, até porque são os genocidas de plantão.

O sionismo e “israel” são vergonha ocidental maior que a outra, o nazismo, sempre escondido de seu DNA ocidental, mas não porque o extermínio em Gaza traz números superiores, proporcionalmente, aos nazistas, mas porque o Holocausto Palestino simplesmente não pode ser negado e toda a humanidade sabe quem o comete.

Se “israel” nasceu da Nakba Palestina (1947/51), a maior limpeza étnica da história, para esconder fora da Europa os crimes antijudeus ocidentais, é hoje a pequena Gaza, maior abrigo de refugiados e descendentes daqueles refugiados roubados e expulsos pelos sionistas, que mostra ao mundo o que são o “ocidente” e sua carreira colonial genocidária, sepultando sua alegada superioridade ética em seus escombros e em meio aos cadáveres das crianças cujos sangues inocentes derramados assombrarão seus algozes para todo sempre.

Palestina Livre a partir do Brasil, 7 de outubro de 2025, 78º ano da Nakba e 2º do Genocídio.

Não ter bandejão é me impedir de estudar!

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Estudantes da Grande BH enfrentam cortes na educação e falta de alimentação adequada nas escolas públicas, reflexo do sucateamento do ensino.

José Leandro, Isabela Puff e Laura Pedrosa | Sabará – MG


Já pensou em ter que escolher entre ir para a escola ou se alimentar? Pois é, essa é a realidade de alguns estudantes de instituições federais e estaduais. As condições precárias das escolas afetam os alunos de diversas formas: falta de materiais impacta a aprendizagem e a falta de alimentação básica faz com que muitas vezes os estudantes passem o dia sem comer direito. Os sucessivos ataques e cortes na verba para a educação, tanto federal quanto estadual, são os principais culpados por essa insegurança alimentar.

Cortes e ataques à educação pública

No Brasil, especialmente no âmbito estadual, o baixo orçamento e os cortes prejudicam e deterioram cada vez mais as condições das escolas, que em muitos casos já são precárias. O descaso governamental é explícito: em 2024, foi anunciado que um pacote de corte de gastos retiraria 42,3 bilhões do orçamento da educação pelos próximos cinco anos. Esses cortes, que demonstram a tentativa de sucateamento da educação pública, não são as únicas dificuldades enfrentadas pelos estudantes.

Em Minas, a educação tem sido atacada com projetos que visam à militarização, privatização ou terceirização das escolas públicas, que têm resistido com bravura. É necessário o apoio da comunidade escolar nessa luta: caso contrário, a educação pública será vendida a empresários com falsos pretextos, como acontece no projeto SOMAR do governo Zema. Nesse contexto, os estudantes não podem parar de lutar e fortalecer os movimentos estudantis!

Também nas federais, a educação é atacada pela ganância de empresários que buscam aniquilar o ensino público. O Decreto nº 12.448, publicado pelo governo Lula em 30/04, impôs contingenciamento superior a 30% no orçamento das Instituições Federais de Ensino, suspendendo atividades em universidades e institutos já precarizados e sem garantir alimentação aos estudantes. Nos IFs da região metropolitana, muitos não têm sequer bandejão. Isso obriga milhares a escolher entre gastar cerca de R$20 para almoçar ou pagar as caras passagens de volta para casa — um retrato do sucateamento no ensino federal.

A luta estudantil na Grande BH

Nos CEFETs, os estudantes lutam pela redução dos preços, oferta de café da manhã e, até, para pagar via Pix. Mesmo assim, os valores só aumentam. Em 2023, o preço do restaurante passou de R$1,50 para R$3,20, um crescimento de 113%. Agora, enfrentam novo aumento para R$3,90, em um bandejão cuja qualidade se deteriora, havendo relatos até de larvas na comida.

Contudo, a luta dos estudantes unidos é soberana diante dos ataques à educação. A pressão de discentes, professores e técnicos derrubou o Decreto nº 12.448. Na AMES-BH — entidade representativa dos secundaristas de Belo Horizonte e região metropolitana — temos voz para dizer o óbvio: NÃO DÁ PARA ESTUDAR COM FOME! Contra os cortes, por mais verba na educação, bandejões e cantinas de qualidade, por uma escola de verdade: vem com a AMES-BH!

Eloy Ferreira da Silva: 41 anos do seu martírio em defesa dos camponeses posseiros na luta pela terra

Eloy Ferreira da Silva, mártir da luta pela terra em Minas Gerais, segue vivo na resistência camponesa e na defesa da reforma agrária.

Gilvander Moreira[1] | Minas Gerais


 

OPINIÃO – Dia 16 de dezembro de 2025, celebraremos 41 anos do martírio de Eloy Ferreira da Silva. Necessário se faz resgatarmos quem foi Eloy e continua sendo, agora em vida plena e em nós na luta pela terra, pela reforma agraria e pela demarcação dos territórios dos Povos Indígenas e Tradicionais.

Como dirigente sindical, viveu intensamente o apoio à luta de organização e resistência dos posseiros do município de São Francisco e da região norte e noroeste de Minas Gerais. Eleito Delegado Sindical do Distrito de Serra das Araras, em 1978, ele liderou a resistência dos posseiros contra os invasores e grileiros de terra. Presidente do Sindicato dos Trabalhadores/as Rurais de São Francisco, desde 1981, Eloy Ferreira da Silva era uma das lideranças mais combativas no norte e noroeste de Minas Gerais, conhecido e respeitado em todo o estado.

As ameaças de morte que Eloy sofreu foram muitas. Foram constantes por parte dos grileiros e até do Juiz de Direito da cidade, que várias vezes o ameaçou psicologicamente.

Trabalhador rural não é covarde”, dizia Eloy, que denunciava as pressões, os despejos e as queimas de casas a todas as entidades que podiam dar algum apoio. Combatia toda violência que recaia sobre os camponeses posseiros: “Nossa arma é união, organização e a verdade”, Eloy sempre dizia.

Praxedes Ferreira da Silva, posseiro sobrinho de Eloy Ferreira da Silva, assassinado no município de São Francisco, em 28 de outubro de 1978. Eloy sentia a dor pelo assassinato do seu sobrinho Praxedes. Eloy se indignava diante de toda e qualquer injustiça e violência. Eloy não arredava o pé da luta pelos direitos dos camponeses posseiros. As ameaças seguiam aumentando. Até que dia 16 de dezembro de 1984, Eloy Ferreira da Silva foi barbaramente assassinado e se tornou mais um mártir da luta pela terra e pela Reforma Agrária.

Este assassinato atingiu não só o Eloy, mas também a organização do povo camponês. Atingiu um líder que doou sua vida como Jesus Cristo para que os pobres deixem de ser escravizados pelos poderosos.

Eloy era um homem de fé profunda. A todo momento ligava sua luta à libertação dos hebreus escravizados no Egito, sob o imperialismo dos faraós. “Deus está do nosso lado” era a fé que animava sua luta. Eloy buscava praticar a utopia cantada no Cântico de Maria no Evangelho de Lucas: “Os poderosos serão derrubados dos seus tronos e os pobres serão elevados. Os ricos serão despedidos de mãos vazias e os famintos serão saciados” (Lc 1,52-53).

Eloy Ferreira da Silva foi martirizado aos 54 anos, deixando a esposa e 10 filhos, também ameaçados pelos mesmos grileiros.

O norte e noroeste de Minas Gerais são territórios de ocupação muito antiga. Havia muitas áreas cheias de posseiros morando em terras devolutas. Nas décadas de 1970 e 1980, as grandes empresas e o latifundiário descobriram o norte e noroeste de Minas Gerais, regiões dos maiores latifúndios e dos maiores conflitos de terra do estado de Minas Gerais. A monocultura do eucalipto e a pecuária extensiva de gado cresceram muito sob o poder de fazendeiros e empresários mandando jagunços e capangas pisar em cima dos camponeses posseiros. Isso com a cumplicidade do Estado.

Na Fazenda Vereda Grande, no município de São Francisco, moravam 36 famílias de posseiros muito antigos. O maior latifundiário de Minas Gerais, Antônio Luciano, tentou se apoderar dessas terras, desviando o Rio Urucuia. Os posseiros impediram a entrada dos tratores e exigiram uma posição do Governo de Minas Gerais. O INCRA desapropriou a fazenda do pretenso dono em 1983. Mesmo com a desapropriação, o grileiro Antônio Luciano continuou a pressionar e ameaçar os posseiros.

Ao lado da posse da família de Eloy Ferreira da Silva, começa a fazenda Menino, megalatifúndio de 90 mil hectares, invadida por grileiros que ameaçavam a posse de 220 famílias camponesas posseiras. Junto com os posseiros, os sem-terra da região exigiram do governo que desarmasse os jagunços dos grileiros. Em vez disso, o delegado especial fiscalizava a organização dos posseiros e trabalhadores sem-terra. Os posseiros Januário Emídio dos Santos e José Natal Romão foram assassinados dia 14 de novembro de 1990, na Fazenda Menino, no município de Arinos, próximo de onde Eloy Ferreira tinha sido assassinado seis anos antes.

Exigir que na Fazenda Menino haja PAZ e TRABALHO para os Sem Terra da região é uma porção do legado extraordinário de luta pela terra que ELOY deixou para nós. Graças à luta de Eloy Ferreira da Silva na Fazenda Menino estão assentadas centenas de famílias de camponeses que estavam sem-terra.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT/MG) divulgou um pequeno livro sobre a luta de Eloy Ferreira da Silva. ELOY: MORRE UMA VOZ, NASCE UM GRITO, livro lançado pela SEGRAC, de autoria de Luiz Chaves, Luiz Araújo e Jô Amado. Só em 1985 foram assassinados 16 lavradores na luta pela terra em Minas Gerais.

Dona Luzia, viúva de Eloy dizia; “Eloy vinha sempre lutando do lado dos pobres. Até deixou o que era dele mesmo mais afastado para se doar aos pobres. Ele ajudou, ajudou…”. E a batata quente da luta camponesa está em nossa mão. É dever ético continuarmos a luta pela terra, por reforma agrária, pela demarcação dos territórios dos Povos Indígenas de todas as Comunidades Tradicionais. Eloy Ferreira da Silva, presente em nós na luta por direitos, sempre!

É evidente o quanto é sofrida a luta pelo direito à terra, dom de Deus, direito de todos os camponeses e camponesas,  e o quanto é necessário intensificar a regularização fundiária e promover a Reforma Agrária, com desapropriação das terras ociosas, sem função social.

No vídeo “Assassinato de Eloy Ferreira da Silva – Tribunal Nacional dos Crimes do Latifúndio” está o relato do crime bárbaro que ceifou a vida de Eloy Ferreira da Silva, assista ao vídeo clicando aqui.

[1] Frei e padre da Ordem dos carmelitas; doutor em Educação pela FAE/UFMG; licenciado e bacharel em Filosofia pela UFPR; bacharel em Teologia pelo ITESP/SP; mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, em Roma, Itália; assessor da CPT, CEBI e Ocupações Urbanas; autor de livros e artigos.
E-mail: gilvanderlm@gmail.com – www.gilvander.org.br www.freigilvander.blogspot.com.br – Canal no YouTube: https://www.youtube.com/@freigilvander – No Instagram: @gilvanderluismoreira – Facebook: Gilvander Moreira III – No TikTokhttps://www.tiktok.com/@frei.gilvander.moreira

Polícia Militar do Paraná assassina e arrasta corpo de jovem em Curitiba

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Yago Pires, de apenas 20 anos, foi rendido dentro da casa de sua avó e morto a tiros durante o cumprimento de suposto mandado de busca.

Gabriela Torres | Redação Paraná


BRASIL – No amanhecer desta terça (7), vídeos da polícia militar arrastando um corpo para um galpão de materiais recicláveis circularam nas redes digitais. Yago Gabriel Pires de Oliveira, de apenas 20 anos, foi assassinado pela polícia militar durante uma operação  na favela do Parolin com mais de dez tiros. O jovem negro estava dentro de casa, com seu irmão mais novo de apenas 9 anos quando os policiais invadiram o imóvel sem justificativa, casa onde residem outras oito crianças.

Após o crime, os policiais envolvidos foram registrados arrastando o corpo ensanguentado para o galpão, em um vídeo que repercutiu nas redes digitais. A Polícia alega que tentava ajudar o jovem baleado, mas a família que testemunhou o homicídio foi impedida de pedir socorro médico, mantida sob a mira dos policiais que seguiram dentro da casa. Após a chegada da ambulância, os socorristas foram impedidos de entrar no galpão, e Yago foi deixado jogado em meio às latinhas que trabalhava recolhendo.

Durante o mês de setembro, Ivan Ramos Mathias Filho de apenas 23 anos foi torturado e espancado no mesmo bairro por agentes da polícia, sendo posteriormente assassinado. A campanha de terror que violenta os moradores do Parolin é a expressão da política de morte do governador Ratinho Jr., que anunciou na última semana a maior compra de fuzis desde a sua reeleição: mais de 116 milhões de reais do dinheiro do povo paranaense. Segundo a Rede Nenhuma Vida a Menos, um helicóptero de R$9,7 milhões pagaria o salário de 2000 professores. 

“O que fizeram foi desumano. O policial arrastou ele igual a um animal. Até agora está cheio de sangue o galpão. Tem latinha furada de tiro. Se você quer conter uma pessoa, daria um tiro na perna. Mas eles deram todos os tiros na barriga, no tórax. Foi para matar mesmo. Foi execução”, relatou uma testemunha.

“Fomentar o cinema nacional independente também é questão de soberania”, defende Diretor da API

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Em meio à crescente desigualdade entre o cinema nacional independente e as grandes plataformas de streaming, Tiago de Aragão, cineasta e diretor da Associação de Produtoras Independentes do Audiovisual Brasileiro (API), aponta os desafios do setor e a necessidade urgente de regulamentações mais robustas para garantir a continuidade e a democratização do audiovisual brasileiro. 

Leo Ribeiro | Brasília


ENTREVISTA- Tiago de Aragão é cineasta e produtor audiovisual. Atualmente ocupa a cadeira da região Centro-Oeste na direção nacional da Associação de Produtoras Independentes do Audiovisual Brasileiro (API), atuando na elaboração de políticas públicas junto ao Governo Federal para a proteção e o fomento do cinema nacional independente, como o Projeto de Lei nº 2331/2022, que busca regular as plataformas de streaming e vídeo sob demanda (VOD).

Entre um compromisso e outro da campanha de divulgação de seu mais novo documentário, “A Câmara”, sobre a rotina dos bastidores do legislativo federal, Tiago concedeu a entrevista abaixo para o Jornal A Verdade.

A Verdade – Na posição de produtor e cineasta, como você sente o impacto da crescente desigualdade entre o audiovisual independente e os grandes estúdios e plataformas de streaming? E como isso vem se traduzindo na sua prática política?

Tiago de Aragão – Bom, é daí que parte a nossa luta sobre a regulação dos streamings. Desde fevereiro de 2024, eu sou um dos diretores da API. No Centro-Oeste somos eu e o Gustavo Amora. Nós, por estarmos em Brasília e termos essa afinidade com o tema, ficamos incumbidos de tomar a frente das articulações sobre a pauta do PL 2331/22.

Eu sinto que eu faço parte de uma geração de realizadores e de produtoras que passaram por um momento um pouco mais aquecido, do início dos anos 2010, em que surgiram muitos recursos públicos de fomento, e vimos isso se esvair de repente, com o Golpe de 2016. A partir daí, o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) começou a sofrer uma série de ataques. É nessa conjuntura que fundamos a API, lá em 2018, quando já apontávamos como uma pauta importante a necessidade de algum esforço regulatório para frear essa boiada dos streamings. Na época, o Governo Temer atuou, justamente, na contramão disso, facilitando as grandes plataformas, principalmente estrangeiras, a criarem uma hegemonia no audiovisual brasileiro.

Ainda hoje, o Congresso Nacional ainda se mostra um ambiente hostil para firmar essa luta. Alguns sindicatos maiores têm, de fato, nos dado um apoio muito significativo, mas essa luta tocada por associações como a API, salvo poucas exceções, acaba sendo voluntária. Do outro lado, as Big Techs, donas das plataformas de streaming, contratam escritórios de lobby com profissionais muito qualificados e recursos de sobra, ao ponto de conseguirem montar no Congresso a Bancada das Big Techs, que é gigantesca.

 

Um dos elementos da API que mais chama a atenção é a Direção Colegiada, que trás equidade para as regiões. Isso dialoga com os editais de arranjos regionais do FSA. Como o cinema nacional independente tem se organizado para descentralizar as suas produções?

Esse é um tópico muito caro para a API. Quando se fala de descentralização, tratamos de um fenômeno que corre em dois sentidos. Tem esse sentido da regionalidade, com produtoras associadas do Acre, de Alagoas, do Mato Grosso, conseguindo participar dos debates políticos do setor e distribuir obras que vêm ganhando cada vez mais relevância. Mas tem um outro sentido, quando falamos, por exemplo, de pequenas produtoras do RJ e de SP que já não têm acesso aos recursos públicos num jogo cada vez mais concentrado pelos tubarões do cinema nacional. A API representa os interesses desses dois perfis de pequenas produtoras. Nesse sentido, é uma recompensa muito grande quando a produção independente de uma associada ganha o mundo, como a gente tem acompanhado com “O Último Azul”, do Gabriel Mascaro, premiado nesta edição do Festival de Berlim, e que é da Desvia Filmes. A Plano B, que é do Mato Grosso, é uma produtora “APIana” e acabou de vencer o Festival de Gramado.

Por mais que sejamos uma associação nacional, essa estrutura de direção coletiva nos permite atuar com maior proximidade às diferentes realidades regionais e políticas do audiovisual brasileiro. Por vezes, nossos problemas são mais localizados. Dependendo da situação, todos nós voltamos nossos esforços para proteger o cinema de determinada região. A nossa diretora no Sul, Ane Siderman, teve uma atuação muito relevante na recuperação do setor audiovisual no processo das enchentes do Rio Grande do Sul, em 2024. Naquele momento, toda a API se mobilizou para apoiar a Ane na busca de soluções. Isso é a base da nossa atuação…Digamos, do espírito da associação.

 

Então você interpreta que ter filmes premiados internacionalmente, a exemplo de “O Último Azul”, ajuda o audiovisual brasileiro a se tornar mais democrático? Ou esse impulso democrático no setor ainda dependerá fortemente de regulamentações vindas do Congresso ou do Ministério da Cultura?

Existe o cinema nacional e o cinema nacional independente. É preciso fazer essa diferenciação antes de responder a sua pergunta. Quem tem a autoria e os direitos patrimoniais dos filmes independentes são as produtoras. Essa relação jurídica se torna mais complexa, por exemplo, quando vai se produzir um filme ou uma série para a Netflix, ou outra plataforma de streaming estrangeira.

Temos certeza de que uma produção independente brasileira gera um impacto socioeconômico local permanente. Se tem uma garantia de que essas obras vão continuar circulando, que elas são um retrato do seu tempo e de seu povo. Ao contrário, digamos, de uma produção brasileira da Disney. Se ela decide sair do Brasil, o filme vai embora junto. Esse modelo econômico das plataformas levam as produtoras a renunciarem à própria obra, elas se tornam meras prestadoras de serviço.

Eu enxergo da seguinte forma. Não dá para desmerecer a conquista do Óscar de “Ainda Estou Aqui”. Mas eu também não sei até onde um Original Globoplay ganhar o Óscar se reflete na democratização do audiovisual brasileiro. O que em si não apresenta nenhum problema, mas é um salto lógico muito longo. No tênis brasileiro, tivemos o fenômeno do Guga Kuerten, mas que não foi acompanhado de um conjunto de políticas públicas e investimentos na base para que esse fenômeno rendesse frutos a longo prazo. É preciso não descuidar do cinema brasileiro desse jeito, de nos contentarmos a admirar uma estrela cadente.

Nada substitui um investimento centralizado e consolidado, que quando você investiga direitinho, é justamente o que leva um filme brasileiro a chegar em Cannes, Berlim, ou no Óscar. Um Gabriel Mascaro ser premiado em Berlim eleva ele como uma novidade para a maior parte da sociedade, mas antes disso temos o Mascaro jovem diretor, há mais de 10 anos atrás, iniciando uma trajetória muito bonita com seus primeiros filmes, e tendo o mérito e a sorte de ter a gente certa acreditando e investindo nele. Esse tipo de artista precisa ser incentivado com políticas públicas cada vez mais sólidas.

Agora, estamos nos encaminhando para o fim de 2025 e ainda estamos esperando cair os pagamentos referentes a editais de 2024. Com isso, cria-se um clima de imprevisibilidade por todo o setor, isso tira muitas produções de circulação. O MinC (Ministério da Cultura) ocupa cadeiras importantes no Conselho Gestor do FSA e no Conselho Superior de Cinema. Na prática, ele só precisava cumprir o dever de dar ritmo aos investimentos, chamando mais reuniões, organizando o trabalho para que as devidas decisões sejam tomadas e os recursos já empenhados sejam liberados. Nesse sentido, o MinC deixa a desejar.

Às vezes, o MinC promove o cinema brasileiro muito mais com declarações, mas não se debruça numa questão central que é a quantidade de salas muito reduzida. É preciso gestores que pensem de maneira sistêmica, responsável e longeva. Como é que a gente pode ser o país do cinema se não consegue se ver no cinema? Nem precisamos olhar longe para aprender com bons exemplos. Criaram, na Argentina, uma rede pública de cinemas em diversas cidades onde só exibem filmes argentinos. É um exemplo de política pública que democratizou o cinema deles para todas as partes envolvidas.

 

A luta pelo fim da jornada de trabalho 6×1 tem despertado a consciência de trabalhadores de diversas categorias. O início dessa luta coincidiu com as greves de atores e roteiristas nos EUA. Esses eventos têm ecoado numa maior organização dos trabalhadores do audiovisual brasileiro?

Essa é uma questão muito complexa, acredito que não seria a pessoa mais capaz para responder isso. O fato é que a demanda dos trabalhadores, em geral os CLTs, pelo fim da jornada 6×1, saiu da bolha e trouxe muita reflexão nos sets de longas-metragens. Acabava que era muito comum trabalhar numa jornada 6×1 nesses projetos maiores. Aos poucos a regra vem se tornando a jornada 5×2. Mas é uma luta que está longe de ser resolvida, porque não se diminuíram as horas trabalhadas por semana.

No cinema, eu acho que essas questões vão ser resolvidas de uma maneira diferente, em que a regra é o trabalhador firmar um contrato temporário de trabalho. Na maioria das vezes, as filmagens de um filme duram de 6 a 8 semanas. Isso na perspectiva de produtoras de pequeno porte. A API tem buscado se orientar com o MEMP (Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte) e o Ministério do Trabalho, mas ainda não conseguimos iniciar um diálogo efetivo. O que é preocupante, porque as novas regulações acabam só empurrando cada vez mais trabalhadores do nosso setor para a pejotização. As agências de fomento do cinema, sejam os fomentos estaduais ou fomento nacional, às vezes te obrigam a ter um tipo de prestação de contas específico que não permite romper com esse padrão.

No papel, temos mais 9 mil produtoras, nacionalmente, mas aí vem o questionamento. Quantas dessas realmente produzem materiais originais e quantas são unicamente prestadoras de serviço, sobrevivendo a partir desses contratos temporários de produções maiores? É um problema muito grande e que não vai se resolver enquanto não formos ouvidos pelo governo.

 

A lógica dos cinemas de shopping é priorizar o acúmulo de receita. Há anos, 90% das salas exibem somente blockbusters americanos. É possível o cinema nacional independente vencer essa barreira?

Já tivemos uma vitória importante nesse aspecto, que foi a Lei da Cota de Tela. Por lei, todo cinema precisa incluir títulos nacionais na sua programação a todo momento. É lógico que isso não é suficiente e é muito difícil de ser fiscalizado. No Brasil, historicamente, os filmes americanos dos grandes estúdios se tornaram sinônimo de cinema. É preciso ter um olhar crítico e observar que isso não surgiu da escolha do público. Anualmente, o cinema brasileiro produz uma média de 300 longas-metragens, mas na hora da distribuição, entramos numa competição muito desigual com distribuidoras americanas bilionárias e que fornecem filmes para nossos cinemas o ano todo, e integrado a muita publicidade.

Os exibidores são pressionados a trabalhar sob os termos dessas grandes distribuidoras. Então, às vezes você consegue botar um filme nacional em 500 salas e, mesmo tendo uma boa semana de estreia, na próxima quinta-feira sai um Homem-Aranha novo e seu filme acaba sendo reduzido a uma fatia daquele mínimo exigido por lei. Agora, imagina se o Governo não entra para garantir esse mínimo? O cinema nacional ia se canibalizar, isso que ia acontecer.

A tendência ainda é essa, observa-se um aumento na competição pelas sobras do nosso parque exibidor. Isso não acontece em outros países. Há mais de 30 anos, a Coreia do Sul vem adotando medidas regulatórias estratégicas para subsidiar a exibição de filmes nacionais em suas salas de cinema. Não por acaso, o audiovisual sul-coreano se tornou referência mundial, graças a essa forte intervenção no mercado. Na França, um cinema de rua vai ter dificuldade para exibir um blockbuster, lá tem subsídios que tornam mais lucrativo eles exibirem filmes franceses. Da mesma forma, você não vai conseguir construir um shopping próximo a um cinema de rua. Isso é política de Estado, dar oportunidade para que um povo possa se assistir nas suas telas. E faz com que o audiovisual francês se torne economicamente forte. Não à toa que Cannes é importante cinematograficamente, mas também é um importante balcão de negócios. Hoje, é em Cannes que se decide quais filmes independentes vão ser distribuídos globalmente.

Da mesma forma, é política de Estado dos EUA essa pressão para que todo o mundo, todos os povos, assistam ao máximo possível de audiovisual industrial americano. Se o mercado de exibição se “regular”, entre muitas aspas, sozinho, só vamos observar a manutenção dessa lógica. O Estado brasileiro, portanto, precisa traçar suas estratégias para garantir a permanência dos filmes nacionais nas salas de cinema. Garantir que essa opção seja dada ao público, porque só aí ele vai poder dizer se gosta ou não dos filmes que produzimos. Uma boa parte da nossa classe política já entendeu que frear os excessos das Big Techs é uma questão de soberania. O Estado brasileiro precisa entender que fomentar o cinema nacional independente também é questão de soberania.

Lei antiaborto sancionada em Vitória (ES) é mais uma forma de violência contra mulheres e crianças

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Lei antiaborto é sancionada em Vitória (ES), em meio a 908 casos de estupro, 688 envolvendo crianças e adolescentes em 2025.

Ana Thompson e Hellen Guimarães | Espírito Santo


MULHERES – No dia 26 de setembro de 2025, o prefeito da cidade de Vitória (ES), Lorenzo Pazolini (Republicanos), sancionou a Lei nº 10.218, que obriga a fixação de cartazes antiaborto em hospitais e outros estabelecimentos de saúde do município. Embora seja considerada inconstitucional por ser uma afronta à legislação federal já existente, que permite o aborto pelo SUS (em três casos específicos), essa lei, votada em regime de urgência na Câmara de Vereadores de Vitória no dia 5 de setembro de 2025, foi sancionada como mais um ataque às poucas conquistas reprodutivas das mulheres.

Além de promover a desinformação e coagir pessoas já vulnerabilizadas, a Lei nº 10.218/2025 também viola o direito das mulheres à saúde e ao aborto legal. Essa é mais uma forma de violência institucionalizada contra mulheres e meninas, revitimizando quem necessita e tem direito ao procedimento seguro e gratuito pelo SUS.

Aborto seguro é questão de saúde pública

Ainda, é importante lembrarmos que, do ponto de vista médico, o aborto não é um procedimento complexo ou perigoso, mas estar em um país que julga isso imoral é extremamente violento e um ataque profundo à vida de inúmeras mulheres e meninas. Dessa maneira, descriminalizar e legalizar o aborto seguro se torna uma questão de saúde pública e não um debate moral ou religioso sobre ser contra ou a favor, afinal, ninguém seria obrigada a abortar se não quisesse ou precisasse. Nesse sentido, a legalização plena traria de volta o poder de escolha sobre o destino de seu próprio corpo para as mulheres, um domínio negado desde a concretização patriarcal da mulher enquanto propriedade privada do homem e do Estado (comandado por homens).

Então, pensando que o aborto é uma realidade, ter uma posição sobre isso é falar, na verdade, sobre ser a favor do aborto legal e seguro ou clandestino e inseguro. Além disso, a criminalização desta prática atingirá principalmente mulheres negras, pobres e com menores níveis de escolaridade, sendo essas as que mais são atravessadas pelo procedimento de aborto no Brasil e as que mais morrem na experiência, segundo a Pesquisa Nacional de Aborto (2021). Essa circunstância expõe também o peso fatal dos recortes de raça e classe no capitalismo.

Violência sexual no Espírito Santo

Falando especificamente do Espírito Santo, é interessante pensar que, no ano de 2025, somente até o fim do mês de agosto e sem considerar a problemática da subnotificação, o estado registrou 906 casos de estupro, sendo que destes, 668 foram cometidos contra meninas com menos de 17 anos de idade, representando 73,7% do número total de ocorrências, segundo dados do Painel de Monitoramento da Violência contra a Mulher da Secretaria Estadual de Segurança Pública e Defesa Social. Esses dados mostram que a realidade diária de segurança sexual que as capixabas enfrentam é de desproteção generalizada. Mesmo dentro desse cenário, para o atual prefeito do município de Vitória (ES), Lorenzo Pazolini, os projetos que precisam de atenção e aprovação são aqueles que vão revitimizar essas mulheres e meninas.

Casos que expõem a violência

Por fim, não nos esqueçamos do caso da menina de 10 anos da cidade de São Mateus (ES): grávida de 22 semanas após ter sido estuprada pelo tio, teve seu direito ao aborto violado após múltiplas violências, como vazamento de informações sigilosas, intimidação nacional partindo de personalidades como a ex-ministra Damares Alves e perseguição de grupos religiosos e conservadores.

Assim sendo, a quem serve essa lei elaborada, apoiada e sancionada por homens?

Empresários do transporte realizam mais um ataque à classe trabalhadora de Fortaleza (CE)

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Empresários do transporte de Fortaleza (CE) tentam cortar e reduzir linhas de ônibus da cidade. Movimentos sociais se mobilizam em ação contra a máfia do transporte.

João Pedro Melo e Dandahra Cavalcante | Fortaleza (CE)


SOCIEDADE – No dia 29/09, a cidade de Fortaleza, no Ceará, amanheceu com mais um ataque à classe trabalhadora: mais de 25 linhas de ônibus seriam cortadas e outras 29 teriam sua frota reduzida. A decisão foi imposta sem ao menos um aviso prévio aos trabalhadores e estudantes que utilizavam essas linhas, deixando muitos impossibilitados de chegar aos seus trabalhos ou locais de estudo. Essa medida foi tomada de forma unilateral pelo Sindionibus, sindicato criado para proteger os empresários parasitas que controlam o
chamado “transporte público” da cidade.

É comum falarmos dos ônibus como se fossem de fato um transporte público, mas, nas
capitais brasileiras, são empresas privadas que administram esse serviço. Ou seja, o que
impera é a lógica do lucro acima de tudo.

Hoje, em Fortaleza, o trabalhador paga R$ 4,50 por uma passagem, gastando pelo menos
R$ 9,00 por dia. Já os estudantes, fruto de muita luta, conquistaram a garantia de duas
passagens gratuitas nos dias úteis. Ainda assim, mais de 530 mil pessoas utilizam os
ônibus diariamente. Para os empresários do transporte, porém, isso não é suficiente.
Empresários querem lucrar ainda mais com a humilhação dos trabalhadores

Em nossa cidade, enfrentamos diariamente a precariedade do transporte coletivo. Não
interessa aos empresários melhorar as condições para a população, mas sim lucrar ao
máximo, mesmo que isso signifique impor superlotação, veículos velhos, falta de
ar-condicionado e longas esperas nos pontos.

O presidente do Sindionibus chegou a afirmar que “a conta não fecha”, já que a gratuidade
dos estudantes, somada aos R$ 4,50 pagos por cada trabalhador, não seria suficiente. No
entanto, não podemos esquecer que as empresas responsáveis pelo transporte recebem,
além da arrecadação das passagens, um subsídio mensal de mais de R$ 16 milhões da
Prefeitura de Fortaleza.

Mesmo assim, após os cortes, o sindicato anunciou que as linhas só poderiam voltar a
funcionar caso o subsídio fosse elevado para R$ 23 milhões e a passagem aumentasse
para R$ 7,20. Ou seja: para os donos do transporte, não importa se o povo já passa fome
com os preços abusivos dos alimentos, nem se milhões de brasileiros vivem sem ter onde
morar, devido aos aluguéis exorbitantes, o principal é que seus lucros sejam garantidos,
mesmo que seja às nossas custas.

Estudantes se mobilizam pelo retorno das linhas cortadas

Entre as linhas afetadas estava a “020”, que atende à Universidade Federal do Ceará e
circula dentro do campus do Pici, o maior da instituição. De repente, os estudantes foram
obrigados a caminhar mais de 30 minutos até suas aulas, e aqueles com mobilidade
reduzida ficaram impedidos de acessar seus blocos.

Diante disso, o movimento Correnteza, junto ao Diretório Central dos Estudantes da UFC,
organizou dois atos já no dia seguinte, sendo um deles o bloqueio da avenida em frente ao
campus do Pici. O ato reuniu centros acadêmicos e mais de 100 estudantes, que reivindicavam não apenas o retorno da linha, mas também a ampliação da frota e o passe
livre.

Um dos principais veículos jornalísticos da cidade esteve presente e registrou o ato, que
paralisou a principal avenida do bairro e entoou palavras de ordem como: “O 020 não é
esmola, o filho do prefeito vai de carro pra escola!”.

A pressão popular e a indignação imediata ao corte das linhas tiveram efeito: no dia
seguinte foi anunciado que o serviço voltaria a funcionar normalmente. Assim, trabalhadores
e estudantes puderam novamente utilizar essas linhas essenciais ao seu cotidiano.

A luta continua

A decisão de retomar as linhas de ônibus  após os atos mostrou que a mobilização popular é capaz de transformar a realidade. Mas a pauta precisa ir além. Não basta recuperar o que foi cortado: Fortaleza ainda convive com frota insuficiente, veículos em más condições e tarifas cada vez mais pesadas para o bolso da população.

Hoje, um trabalhador que utiliza dois ônibus por dia gasta R$ 9,00. Ao final do mês,
isso representa mais de R$ 200,00 — quase 14% do salário mínimo. Para muitas famílias,
esse valor compromete despesas básicas como alimentação, aluguel ou energia.
Por isso, o debate sobre o passe livre irrestrito ganha cada vez mais relevância. A medida já
é realidade em várias cidades do país. Um exemplo próximo é Caucaia, na Região
Metropolitana de Fortaleza, onde toda a população tem acesso gratuito ao transporte
coletivo. Apesar de ainda vinculado à lógica das empresas privadas de transporte.

Em Fortaleza, a proposta do passe livre vai além da necessidade imediata de deslocamento
para o trabalho e a escola: significa democratizar o acesso à cidade, à cultura e ao lazer. A
luta pelo passe livre irrestrito é, portanto, um passo essencial para enfrentar a lógica de
exploração do transporte privado e afirmar a mobilidade como um direito, e não como
mercadoria.

E isso só será possível, com a superação da lógica do lucro acima da vida! Por isso, o
passe-livre deve estar vinculado à criação de uma empresa estatal, controlada pelo povo,
de transporte público! Somente assim teremos um transporte realmente público, gratuito e que supra as necessidades da classe trabalhadora
no nosso estado.

Congresso estudantil da UFRJ aponta caminho de luta em defesa da educação pública

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2º Congresso Estudantil da UFRJ reafirmou compromisso com a luta em defesa da universidade pública e de enfrentamento ao fascismo.

Giovanna Almeida | Rio de Janeiro


JUVENTUDE – Nos dias 27 e 28 de setembro, dezenas de estudantes participaram do 2º Congresso Estudantil da UFRJ, no Fundão, que reuniu delegados eleitos em nos cursos da universidade. O Movimento correnteza reuniu a maior bancada de delegados, correspondente a 60% dos presentes. O encontro foi marcado por intensos debates políticos e pela reafirmação da necessidade de organizar a juventude contra os ataques à educação pública e aos direitos do povo.

A abertura do Congresso chegou a ser adiada após uma operação policial no Complexo da Maré, que fica ao lado da Cidade Universitária, o que evidenciou mais uma vez a violência do Estado contra a população pobre e trabalhadora. Além da UFRJ, dezenas de escolas e uma clínica da família tiveram suas atividades afetadas por mais uma operação militar do Estado. Por isso, uma das primeiras resoluções aprovadas foi o repúdio à política de segurança fascista do governador Cláudio Castro, responsável pelo extermínio da juventude negra e periférica no Rio. 

O encontro também aprovou moções de solidariedade ao povo palestino, que sofre com com o genocídio promovida por Israel com apoio dos EUA  e de repúdio à desocupação violenta da ocupação “Luísa Mahin – Palestina Livre”, realizada pela Prefeitura do Rio em conluio com o governo estadual. “A luta por moradia digna é parte da luta por um Brasil mais justo”, afirmou Maria Paes, diretora de comunicação do DCE. 

Debates e homenagens

Ao longo de dois dias, os Grupos de Trabalho e painéis discutiram temas como: o orçamento da UFRJ e da assistência estudantil, a resistência ao sucateamento e à privatização da educação, o combate ao fascismo, ao racismo e ao machismo, além da solidariedade internacionalista. Também esteve em pauta a democratização da universidade e a construção de um movimento estudantil mais enraizado no cotidiano dos cursos.

Um dos momentos mais emocionantes foi o ato político em homenagem aos 95 anos do DCE da UFRJ e aos 80 anos de seu patrono, Mário Prata, símbolo da luta estudantil e popular. O Congresso também lembrou os estudantes Welferson, Leandro e Ana Letícia, que perderam a vida a caminho do 60º Congresso da UNE, reafirmando sua memória como inspiração de coragem e dedicação.

Novo Estatuto e teses aprovadas

Entre as resoluções, o Congresso aprovou um novo Estatuto do DCE, considerado um passo fundamental para fortalecer uma atuação mais democrática, transparente e ligada às bases. 

Também foram aprovadas as teses de conjuntura e de movimento estudantil, que expressam o rumo político defendido pela juventude da UFRJ. Para Isadora Camargo, coordenadora-geral do DCE, essa definição sintetiza o espírito do encontro:

“Não temos tempo a perder. O mesmo capitalismo que destrói a Palestina é o que aqui promove o genocídio do povo negro, dos povos indígenas e da juventude periférica. O mesmo imperialismo que massacra os povos no mundo, é o que impede que o orçamento do país seja destinado à educação. A única saída é enfrentar os interesses dos grandes capitalistas com a força organizada dos estudantes e do povo, ocupando as universidades e as ruas para garantir educação, vida digna, justiça social e soberania para o Brasil”, afirmou.

Na mesma linha, Henderson Ramon, também coordenador-geral do DCE, destacou o papel histórico e atual do movimento estudantil:

“O DCE Mário Prata completa 95 anos de rebeldia e conquistas, mas nossa tarefa hoje é enraizar ainda mais essa luta no cotidiano. Não podemos aceitar um movimento estudantil que se resuma a acordos de bastidor ou disputas artificiais. Precisamos de independência política, democracia interna e organização de base, para fazer da UFRJ um exemplo nacional de resistência contra os cortes, contra o arcabouço fiscal e pela construção de uma universidade popular e de um Brasil socialista”, afirmou.

O Congresso definiu ainda uma agenda de mobilização para os próximos meses, com destaque para:

  • Campanha Palestina Livre, com dia de mobilização na UFRJ,  ato de rua e acompanhamento. 
  • Passe Livre já, em defesa do bilhete único intermunicipal e intermodal;
  • Mais verba pra UFRJ, contra o arcabouço fiscal e pelo aumento das bolsas de assistência estudantil;
  • Protocolos de segurança e emergências climáticas, para proteger a comunidade universitária em dias de operações policiais ou tragédias ambientais;
  • TRANSformar a UFRJ, campanha pela aprovação imediata das cotas trans, além da construção de encontros de cotistas e LGBTIA+.

Só a luta muda a vida 

O balanço final do Congresso apontou que “não existe outro caminho além da luta organizada”. Para os estudantes, apenas a mobilização coletiva será capaz de enfrentar a violência nas ruas e nas universidades, garantir orçamento para a educação, combater o fascismo e conquistar uma vida digna para o povo brasileiro.

O movimento correnteza convocou todos os estudantes a se somarem às mobilizações e campanhas de luta, fortalecendo nossa unidade e resistência. Juntos, vamos transformar a realidade e conquistar uma educação pública de qualidade para toda a juventude.

Protestos em todo mundo enquanto Israel mantém membros da Flotilha sequestrados

Milhões de pessoas vão às ruas de todo mundo contra o genocídio do povo palestino. Membros da Flotilha Global Sumud denunciam tortura durante sequestro por Israel.

Felipe Annunziata | Redação


Istambul, Roma, Barcelona, Lisboa, Chicago, Rabat, Buenos Aires, Bogotá, São Paulo e centenas de outras cidades do mundo registram mobilizações massivas contra o genocídio do povo palestino nos últimos dias. A pressão dos trabalhadores é para obrigar os governos burgueses a embargarem completamente a economia de Israel, que hoje está toda voltada para a realização do genocídio da população de Gaza.

Nesta semana, em meio aos massacres diários de palestinos, a Flotilha Global Sumud, com mais de 500 militantes de 44 países foi sequestrada pelo regime sionista e impedida de levar ajuda humanitária à população palestina. Resultado desta agressão, a classe trabalhadora italiana foi as ruas e entrou em greve geral nesta sexta. Ao menos 2 milhões de trabalhadores cruzaram os braços e denunciaram a cumplicidade do governo da fascista Giorgia Meloni com o regime israelense.

Em outros países europeus, estudantes também entraram em greve. Em Amsterdã, na Holanda, mais de 250 mil pessoas se reuniram neste domingo contra o genocídio. Mesmo em Berlim, capital alemã, a população tem se rebelado apesar de toda repressão e censura do governo da Alemanha contra qualquer apoiador da causa palestina.

No Brasil, a semana também foi marcada por manifestações em solidariedade ao povo palestino e aos membros da Flotilha. Nesta quinta (2/10), estudantes de várias universidades foram às ruas denunciar o sequestro da Flotilha. No dia de hoje, pelo menos 10 cidades registraram manifestações, sendo a maior delas em São Paulo. Há manifestações previstas também até o próximo dia 7, que marca o 2º ano do genocídio.

Membros da Flotilha torturados por Israel

Nos últimos dias também, Israel foi obrigado a libertar 137 militantes da Flotilha Sumud, a maioria deles italianos e turcos. Na chegada ao aeroporto de Istambul, jornalistas que participaram da missão humanitária denunciaram que inclusive uma das principais lideranças, a militante sueca Gretha Thumberg, foi alvos de torturas, na prisão de Ktziot, conhecido centro de tortura de prisioneiros palestinos no deserto de Negev, no sul do território israelense.

“Ela foi humilhada e embrulhada numa bandeira israelense e exibida como um trofeú. Tive a sensação de estar num lugar realmente bárbaro, eu realmente espero que esta barbárie acabe em breve.”, afirmou o jornalista Lorenzo Agostino, que esteve preso com Gretha.

Segundo a imprensa internacional, a militante sueca conseguiu relatar à embaixada da Suécia em Israel que estava detida numa cela cheia de percevejos e que estaria desenvolvendo doenças por causa das condições na prisão.

O tratamento dos membros da Flotilha foi comemorado por membros do governo sionista. O ministro Itamar Ben-Gvir afirmou que os militantes da Flotilha estavam recebendo “tratamento de terroristas”, que é como Israel classifica qualquer um que se oponha ao seu regime de opressão do povo palestino.

Brasileiros sequestrados

Dentre os membros da Flotilha sequestrados, se encontram 14 brasileiros, incluindo a deputada federal Luiziane Lins (PT-CE). De acordo com a Flotilha, em comunicado divulgado hoje (05/10), quatro integrantes brasileiros entraram em greve de fome diante dos maus tratos e do sequestro cometido por Israel. São eles: Thiago Ávila, João Aguiar, Ariadne Telles e Bruno Gilca.

Dos membros da delegação presos, apenas um foi solto até agora: o militante do MES/PSOL e professor Nico Calabresi, que conseguiu a libertação antecipada por conta d ter cidadania italiana.. Nico, relatou como foi o processo de sequestro após chegar em Milão (Itália).

“Fomos maltratados, apontados com armas. Fomos levados para um país onde não queríamos estar apenas pelo foto de que queríamos levar ajuda humanitária para o povo palestino em águas internacionais.”, afirmou.

Ele também cobra uma ação mais decidida do governo brasileiro, que até agora só se manifestou em notas oficiais. “Precisamos de uma ação mais decidida do governo para libertar todos os brasileiros e todos os tripulantes da Global Sumud Flotilla que ainda continuam presos, maltratados, sem a possibilidade de tomar um banho, sem a possibilidade de se alimentar dignamente, sem a possibilidade de sair da cela.”, disse em vídeo divulgado nas redes digitais.