UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

segunda-feira, 18 de agosto de 2025
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Prefeitura agrava arrocho salarial dos servidores de Guarulhos

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Prefeitura de Guarulhos impôs reajuste de apenas 2% aos servidores em 2025, abaixo da inflação de 5,53%, ampliando perdas salariais históricas. Enquanto vereadores aprovavam 48% de aumento próprio. Servidores deflagraram greve e MLC articula mais lutas.

Guilherme Pizzo | Guarulhos-SP


Há pouco mais de oito anos e meio tomava posse, no município de Guarulhos, Gustavo Henric Costa (PSB durante o primeiro mandato e PSD durante o segundo). Eleito sob promessas de melhorias dos serviços públicos e valorização dos servidores, o prefeito chegou a compartilhar vídeos ressaltando a importância e agradecendo o trabalho da PROGUARU, entidade que ele mesmo viria a extinguir anos depois. Sabemos que é característico de todo governo liberal destruir o patrimônio público para, depois, entregá-lo aos grandes empresários que os elegeram com investimentos milionários. Em nosso governo atual não é diferente.

Lucas Sanches (PL) e Thiago Surfista (NOVO) tomaram posse sob o slogan: “A Cara da Mudança”. Em apenas cinco meses, a máscara do prefeito caiu e nos foi revelada a verdadeira face por trás da farsa: mais precarizações e arrochos salariais. Nos moldes de todos os partidos ricos e apoiados por bilionários, a intenção dos nossos governantes atuais não é nada mais que gerir o capital burguês.

Nestes termos, o reajuste salarial forçado dos servidores municipais (passado por cima do sindicato) foi de 2% com uma inflação em torno de 5,53%. Em 2024, foi de 3,5% com 3,93%. Em 2023 foi 6,6% com 3,94%. Em 2022 foi de 2% com 11,73% e em 2021 foi de 0% com 8,06%. Ou seja: enquanto a vida do povo encarece, o salário não acompanha. Como se ainda não bastasse: o grupo de vereadores que votou a favor do reajuste de 2% também votaram, para si mesmos, um reajuste de 48% de salários que ultrapassam R$20.000,00.

Ano Reajuste Salarial (%) Inflação (%)
2021 0% 8.06%
2022 2% 11.73%
2023 6.6% 3.94%
2024 3.5% 3.93%
2025 2% 5.53%

Histórico evidencia perda salarial dos servidores públicos de Guarulhos (SP)

O povo já sabe que não importa qual partido tome conta do município, a vida não vai melhorar. O poder de compra continuará caindo, a insalubridade aumentando e as condições de trabalho continuarão piorando. Por isso, muitos trabalhadores abandonam a participação política e vivem à margem de decisões tomadas pelos ricos.

Pouco tempo depois do reajuste miserável, do prefeito Lucas Sanches, deflagrou-se uma greve dos servidores públicos municipais de Guarulhos. Neste cenário de luta formou-se mais um núcleo do Movimento Luta de Classes – MLC. Dessa vez, dos servidores.

Organizaremos cada servidor público para tocar a maior greve já vista no município e caminharemos para a maior greve nacional. Mostraremos à cada trabalhador e trabalhadora que é só na luta que conquistamos melhores condições de trabalho. A construção do socialismo é a única forma de emancipar a vida de quem trabalha para se sustentar.

 

A comunicação popular como braço do movimento estudantil

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Sat Montaigne | Movimento Rebele-se

À medida que o movimento estudantil cresce e os estudantes combativos assumem a direção de um número crescente de entidades de luta, a necessidade de aprofundamento da conexão com secundaristas e universitários torna-se impossível de ignorar. Essa conexão se revela como a brasa necessária para reacender a combatividade da UBES e da UNE, formar novas entidades estudantis e despertar novos quadros para a luta contra os ataques à educação, o fascismo e o capitalismo. Assim, é necessário levar a sério as comunicações populares, indispensáveis para mostrar aos jovens, em seu dia a dia, a relação inseparável entre o sucateamento da educação e o sistema capitalista e chamá-los às ruas.

O que são as comunicações populares?

Caso seja uma dúvida do(a/e) leitor(a/e) o que são as comunicações populares, elas são grupos de militantes e aliados que analisam e constroem, em seus movimentos, grêmios, DCEs, CAs, entidades etc., formas de estabelecer contato, construir a agitação e propaganda entre as massas da forma mais acessível mas com qualidade profissional.

Nesse sentido, cada comunicação popular é construída pelas e para as massas, engajadas em nossa luta contra as contradições do capitalismo e pelo Socialismo. É o braço coletivo responsável por, em conjunto à consciência revolucionária popular, organizar a juventude na luta por melhores escolas, universidades e, também, uma melhor sociedade. Por fim, é um órgão político das massas que, no fogo de atrito com a burguesia, mostra ao povo que a única alternativa ao capitalismo e suas crises é a organização e o poder popular.

No movimento estudantil, ela pode ser construída nos meios mais acessíveis à classe trabalhadora, como, por exemplo, o WhatsApp. Deve planejar postagens em redes sociais, organizar fotos, vídeos e registros de atos populares, escrever matérias ao Jornal A Verdade e difundir, de toda forma possível, consciência política a cada estudante desse país. Pode também diagramar jornais para entidades estudantis, divulgar eventos e vender carteirinhas. Isso, sem perder a noção de que é necessário conquistar a confiança dos jovens e, dessa forma, convocá-los à luta para muito além dessas redes.

Comunicações populares representam profissionalização de nosso trabalho

A construção desses grupos é de ordem do dia para garantir que as reivindicações angariadas das massas retornem a elas como lutas coletivas; para que possamos nos revelar às mesmas como uma força concreta de enfrentamento ao sucateamento de nossas escolas e universidades. É indispensável porque o Novo Ensino Médio, o Arcabouço Fiscal e tantas outras medidas que compõem a ofensiva anti-povo dos tempos atuais se sustentam em amplas campanhas burguesas, inseparáveis de comunicações profissionais e estruturadas com os mais caros equipamentos – e as comunicações populares são o nosso contra-ataque. É para criar uma extensão da conexão constante entre nosso movimento e os estudantes, que desmascare o caráter real das privatizações, dos cortes na educação, das altas tarifas no transporte e, finalmente, das mentiras dos capitalistas que as comunicações populares da juventude se organizam.

Essa força coletivizada exige que abandonemos os métodos de gestão artesanal da comunicação, seja a sobrecarga de um(a/e) camarada que, sozinho(a/e), tem de lidar com as redes sociais de nosso movimento ou a ausência de um ou mais militantes destacados para administrar nossos perfis, tornando-os de uso unicamente periódico – espontaneísta.

No Movimento Rebele-se, a estruturação da Comunicação Nacional (CON), que ocorreu a partir do 45º Congresso da UBES, representou um crescimento surpreendente de, aproximadamente, mil seguidores no Instagram em um período curto de 9 meses. Em meio a esse crescimento, que veio com erros e acertos, dezenas de estudantes entraram em contato com nosso movimento nas mensagens diretas e se organizaram materialmente conosco, provando a linha acertada da decisão.

Não obstante, vale ressaltar que esse saldo não é resultante da mera criação da CON: foram necessárias reuniões frequentes, estudos, o debate de como se comunicar de forma acessível, a organização de planejamentos mensais de postagens e um esforço incansável dos(as/es) envolvidos(as/es) para garantir que cada post, Reels e TikTok saísse na hora, bem legendado e despertasse nos secundaristas a vontade de lutar conosco pela educação pública, gratuita e de qualidade. Em resumo, foi necessário dar passos à frente rumo à profissionalização de nosso trabalho.

É importante esclarecer que o papel das comunicações populares é distinto do papel da vanguarda, e que estes dois não podem, de forma alguma, ser confundidos. A função da comunicação é, em sua essência, a de despertar nas massas o ímpeto revolucionário, a consciência de classe e, ao mesmo tempo, aproveitar desse ímpeto para realizar um chamado permanente e cotidiano à luta. Já o papel da vanguarda é mais complexo e historicamente demandante; constitui em formular, à luz da teoria científica do proletariado – o marxismo-leninismo – a estratégia e a tática pela derrubada do capitalismo e a construção, em suas ruínas, do Socialismo. Ou seja: enquanto a comunicação é um componente do trabalho de massas, a vanguarda é a sua orientadora, a formadora da linha política que levará o proletariado à derrubada do capitalismo e à construção do Socialismo.

Ademais, também dividimos aqui em duas as comunicações de massa. Na comunicação de cada entidade, o grupo comunicador deve focar em trazer as reivindicações imediatas dos estudantes; aquelas que despertam, a cada dia, a indignação direta com o sucateamento da educação e indireta com a realidade capitalista: saunas de aula, direções autoritárias, merendas ruins, etc. Tem a função de mostrar às massas o caráter justo de nossas lutas e, nesse processo, trazê-las às ruas para realizar mudanças concretas. Já a comunicação do movimento deve politizar essas lutas, e exerce a função indispensável de, além da formação de novos quadros anticapitalistas, elevar a consciência dos estudantes.

As comunicações não substituem a prática: é preciso ir às ruas

Cabe também a compreensão que esses meios de atuação, apesar de indispensáveis, não substituem, de forma alguma, o trabalho físico. Isso se comprova ao analisarmos que as redes e a mídia dominante, controladas pela burguesia, podem, a qualquer momento, derrubar nossas contas, censurar nossos discursos e perseguir nossa militância. Nesse caso, companheiros(as/es), o que faríamos se dependêssemos apenas das redes?

Nunca podemos superestimar o papel da comunicação a ponto de acreditar que, sozinha ou restrita à internet, ela possa garantir qualquer vitória definitiva. É necessário aliar a comunicação com o trabalho de base: a diagramação de panfletos, jornais para nossas entidades, o design de pôsteres e cartazes e a realização de cursos são tarefas que podem e devem ser feitas pelas comunicações. É preciso que ampliemos nosso trabalho nas escolas, nas universidades e Institutos Federais, que construamos grêmios, DCEs e outras entidades e estejamos, tanto digitalmente quanto materialmente, ao lado dos jovens e estudantes.

Ademais, é preciso mobilizar as comunicações populares para garantir a construção coletiva dos jornais de entidade, que tem um papel não menos importante em nossas lutas. Esses jornais, responsáveis por trazer, de forma detalhada, as reivindicações dos estudantes e os chamados à ação, são vitais na evolução da consciência e mobilização de nosso povo.

Ou seja, as comunicações populares não são, de modo algum, restritas aos meios digitais: a comunicação, afinal, também acontece na vida real. Elas, na luta para estabelecer laços com os estudantes, não se separam de todo outro trabalho, mas estão intimamente ligadas com todo o conjunto de atividades que movem o movimento estudantil. Não existe separação entre uma suposta comunicação digitalizada e o trabalho prático realizado nas escolas e universidades, mas sim o oposto. Isso significa que a mesma, como extensão desse trabalho, participa ativamente das assembleias, plenárias, manifestações, passagens em sala e está, diariamente, mobilizando a juventude onde quer que esteja presente.

E finalmente, se nosso foguete realmente não tem ré, camaradas, é fundamental realizar de forma séria a construção de comunicações populares nos níveis nacional, regional, estadual e municipal. Vai avançar! Venceremos!

Associação Brasileira de Imprensa repudia banimento do perfil de A Verdade no Instagram

Leia a nota de repúdio da Associação Brasileira de Imprensa ao Grupo Meta pelo banimento do perfil de A Verdade no Instagram.

ABI repudia censura do Grupo Meta ao Instagram do Jornal A Verdade

A Comissão de Defesa da Liberdade de Imprensa e dos Direitos Humanos (CDLIDH) da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) considera preocupante e inaceitável a decisão do Grupo Meta que, sem maiores explicações e justificativas, baniu da rede social Instagram o perfil do Jornal A Verdade, que já contava com 94 mil seguidores.

A decisão torna-se verdadeiramente uma censura que só pode encontrar justificativa na linha política do referido jornal, combatendo os abusos por parte das forças de segurança pública no cotidiano das grandes cidades brasileiras, defendendo os interesses da classe trabalhadora, o respeito aos Direitos Humanos, os temas ligados ao meio ambiente e, em especial, a necessidade de se promover a memória sobre as arbitrariedades cometidas pela ditadura civil/militar após o golpe de 1964.

Para a CDLIDH da ABI é imperioso que esta medida seja imediatamente suspensa de forma a garantir ao jornal A Verdade o direito às Liberdades de Imprensa e de Expressão previstos na nossa Constituição de 1988.

Rio de Janeiro, 30 de junho de 2025

COMISSÃO DE DEFESA DA LIBERDADE DE IMPRENSA E DOS DIREITOS HUMANOS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA

Veja a nota completa também neste link.

Núcleo anticapacitista UP-DF: Organização e luta contra capitalismo

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O capacitismo, assim como o racismo, o machismo e a xenofobia, é um pilar do sistema capitalista, operando para desumanizar e explorar em nome do lucro.

Núcleo Anticapacitista Frida Kahlo | UP (DF)


A relação entre capacitismo e capitalismo, assim como a importância de destruir esse modo de produção para pôr fim a todos os tipos de opressão, tem se tornado cada vez mais evidente. Contudo, sabemos que essa relação não é tão clara para a maioria da classe trabalhadora. Isso se deve ao fato de que a ideologia liberal reduz a luta anticapacitista a representações esvaziadas, políticas públicas tímidas e reformas ínfimas, sem efeito a longo prazo — ainda que, ao longo da história, seja incontestável o caráter revolucionário da luta das pessoas com deficiência.

Na URSS, pessoas com deficiência foram incluídas no programa do Partido Bolchevique e participaram ativamente da construção de políticas públicas, como a fundação da escola para cegos e surdos em Khalov, em 1923. Já na RPDC (República Popular Democrática da Coreia), foi criada a Federação Coreana para a Proteção das Pessoas com Deficiência no final dos anos 1990 e, no início dos anos 2000, houve o reconhecimento da Língua de Sinais Coreana como idioma oficial. Cuba, por sua vez, submeteu o novo Código das Famílias a referendo popular, mesmo sob duros ataques dos EUA com embargos e bloqueios.

Esses são alguns exemplos de contextos em países que passaram e/ou passam por experiências socialistas, o que evidencia o caráter revolucionário da luta das pessoas com deficiência. Todavia, em países capitalistas, pessoas com deficiência seguem travando lutas importantíssimas.

Resistência anticapacitista e violências do capitalismo

Os conflitos históricos evidenciam como capacitismo e capitalismo estão entrelaçados na manutenção de estruturas opressoras. Em 1977, ocorreu uma das maiores mobilizações de pessoas com deficiência nos Estados Unidos, na cidade de São Francisco, onde mais de 100 pessoas ocuparam o Departamento de Saúde, Educação e Bem-Estar. Esta manifestação visava persuadir o governo a aplicar a Seção 504 do Ato de Reabilitação de 1973 — uma das primeiras leis dos EUA a proibir a discriminação contra pessoas com deficiência em programas que recebiam financiamento federal. A lei se aplicava a escolas, hospitais, agências governamentais, entre outros.

A ocupação, que durou quase um mês, teve o apoio do Partido Marxista-Leninista dos Panteras Negras, que garantiu refeições quentes e deu cobertura ao protesto por meio de seu jornal, com o apoio de Brad Lomax, pessoa com deficiência, integrante dos Panteras Negras, que ajudou a fundar a célula do partido em Washington e esteve presente na ocupação.

O governo fascista de Javier Milei (Partido Libertário), na Argentina, por meio da Agência Nacional de Deficiência (Andis), publicou a Resolução 187/2025, que define pessoas com deficiência intelectual como “idiotas”, “imbecis” e “mentalmente fracas”. Após mobilizações de entidades de pessoas com deficiência, como a Associação Nacional de Apoio às Pessoas com Deficiência (ANApcD) e a Associação Síndrome de Down da Argentina (Asdra), o governo recuou e anunciou a revisão da medida.

No Brasil, o governo Lula buscou atacar o BPC (Benefício de Prestação Continuada) — benefício que atende idosos e pessoas com deficiência. Por meio de seu então líder na Câmara, o deputado federal José Guimarães (PT-CE), Lula tentou aprovar o PL 4.614/2024, que altera as regras de recebimento do benefício. Contudo, após mobilização popular e de alguns parlamentares, Lula vetou parcialmente o projeto, o que foi uma relativa vitória.

Os exemplos apresentados reforçam que o capacitismo, assim como o racismo, o machismo e a xenofobia, é um pilar do sistema capitalista, operando para desumanizar e explorar em nome do lucro.

Núcleo Anticapacitista Frida Kahlo: Organização e luta contra capitalismo

Por isso, é fundamental ampliar e garantir condições para a organização de pessoas com deficiência nos movimentos sociais e partidos políticos que lutam pelo socialismo. Para cumprir essa função, a Unidade Popular pelo Socialismo do Distrito Federal, por meio de seu recém-criado Núcleo Anticapacitista Frida Kahlo, tem assegurado a presença de intérprete de Libras nas atividades do partido. Além disso, promoveu cursos sobre a luta das pessoas com deficiência e participou de eventos como o aniversário de 50 anos da Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (APADA).

Ainda em fevereiro, foi organizada a Semana da Inclusão — atividade conduzida por militantes com e sem deficiência — que buscava sensibilizar a militância sobre a pauta da acessibilidade e inclusão. O evento contou com a presença de militantes com deficiência que há muito tempo lutam pelas pessoas com deficiência no DF, como o professor surdo Luérgio de Sousa e a militante indígena e pessoa com deficiência Siana Leão Guajajara.

Essas experiências mostram que, diante da aliança histórica entre capacitismo e capitalismo, a revolução brasileira precisa ser anticapacitista para ser verdadeiramente popular e emancipadora.

Prefeitos brasileiros fazem propaganda de guerra para Israel

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A viagem de políticos brasileiros a Israel, em meio ao genocídio em Gaza, reforça a militarização e a violência nas periferias brasileiras, desviando recursos de políticas públicas essenciais.

Chantal Campello | Cabo Frio (RJ)


Na semana de 13 de junho, em meio a uma das maiores crises humanitárias do século em Gaza, o prefeito de Macaé, Welberth Rezende (Cidadania), encontrava-se em um bunker na cidade de Kfar Saba, próximo a Tel Aviv. Em entrevista ao G1, relatou: “Posso ouvir o barulho dos mísseis caindo lá fora”. A viagem foi feita com um grupo de políticos brasileiros, incluindo o prefeito de Nova Friburgo, Johnny Maycon (PL), o vereador carioca Flávio Valle (PSD), além de representantes de Niterói e outras cidades, sob convite da Embaixada de Israel. Matérias afirmam que 47 políticos brasileiros visitaram o país nesse último período.

O objetivo oficial do grupo foi conhecer “experiências de inovação, segurança cidadã e ordenamento urbano”. Na prática, a agenda incluiu visitas a centros de comando e controle, encontros com representantes da indústria militar israelense e participação na Expo Muni, uma feira voltada a apresentar tecnologias de vigilância, repressão e controle populacional desenvolvidas e testadas nos territórios da Palestina.

Cumplicidade com um regime genocida

Essa viagem, longe de ser neutra ou técnica, está inserida em uma ampla política de propaganda sionista no Brasil. Um dos pilares dessa propaganda é vender o modelo israelense de apartheid como “eficiente” para a segurança pública, exportando equipamentos, táticas e uma lógica de guerra aplicável, aqui, às favelas, periferias e populações negras e pobres. Importar essa lógica significa reforçar a militarização da vida cotidiana e legitimar práticas que violam sistematicamente todos os direitos.

Israel é hoje uma das maiores potências em tecnologia militar, desenvolvendo armas, sistemas de drones, vigilância por reconhecimento facial e estratégias de repressão urbana. Tudo isso é testado em tempo real sobre o povo palestino como parte de uma política de morte. Portanto, ao estabelecer parcerias com esse estado, prefeitos brasileiros não só se tornam cúmplices desse regime genocida, como também colaboram para aplicar métodos semelhantes nas cidades brasileiras.

Consequências da militarização e impactos na população pobre

Quem paga essa conta é, invariavelmente, o povo pobre. O mesmo tipo de “segurança inteligente” que está sendo importado por políticos como Welberth será usado contra moradores das periferias. Em vez de políticas públicas de habitação, transporte e saúde, a escolha é pelo investimento em armamento, drones e policiamento ostensivo.

O trágico assassinato do jovem Herus, de 13 anos, no Morro Santo Amaro (Zona Sul do Rio), é apenas mais um exemplo da política de guerra travada contra o povo negro. Morto por um policial despreparado e protegido por um sistema que normaliza a mortalidade, Herus representa as vidas que serão perdidas sob esse modelo de “segurança” importado de regimes autoritários.

Tudo isso deixa claro que é preciso denunciar com força: a viagem desses prefeitos não é um gesto de diplomacia, mas parte de uma campanha de legitimação do apartheid israelense e de sua aplicação local. Cada real gasto nessas visitas representa menos investimento em saneamento, transporte público e moradia digna. Cada drone comprado, cada sistema de reconhecimento facial instalado será uma arma apontada para os de baixo e não para resolver as verdadeiras causas da violência.

O Descaso do Poder Público com o Transporte Público em Viçosa – MG

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Alan Alves Silva e Daniela Pereira Almeida



Apesar do subsídio da prefeitura de mais de R$3,5 milhões no ano de 2024 pagos à Viação União, como consta no Portal da Transparência, e uma passagem de R$ 3,50, a situação do transporte público em Viçosa/MG é degradante à vida dos trabalhadores e estudantes.

Os bairros Santo Antônio, Nova Viçosa, Santa Clara, Maria Eugênia, Coelhas, Vale do Sol, União, Liberdade, região do CMEI Dr. Celito Francisco Sari, Novo Silvestre, e os distritos de São José do Triunfo e Cachoeira de Santa Cruz destacam-se pela frequência insuficiente de ônibus e pelas condições precárias de caminhabilidade. Essas regiões abrigam mais de 25 mil pessoas (35% da população). Além disso, pode-se considerar que quase a totalidade da população tem sua mobilidade prejudicada aos fins de semana, quando a quantidade de ônibus cai drasticamente, não atendendo nos horários de lazer e descanso.

Fica claro que nos bairros periféricos de Viçosa, onde mora a população mais pobre e vulnerável, a realidade é de abandono deliberado, imposto pela lógica do lucro e da desigualdade social. Sem transporte público adequado, os trabalhadores e suas famílias são condenados a enfrentar dificuldades extremas para se deslocar para o trabalho, lazer, escola ou serviços essenciais, além da perda de tempo de vida valioso.

Conflito de classes e organização social

Entra governo, sai governo e a administração municipal continua cúmplice do interesse da elite que lucra com o transporte público e privado, perpetuando a desigualdade e a injustiça social. Esta falta de infraestrutura não é um acidente, mas uma consequência direta de um sistema que prioriza os lucros da elite e esquece das necessidades do povo, um exemplo claro da disputa de classes em nosso município.

A falta de investimento em transporte público também cumpre uma função política: manter os trabalhadores isolados. Isso dificulta sua organização e resistência. Como a população da periferia vai se unir às lutas e às manifestações populares por direitos sociais que ocorrem nas áreas centrais, onde estão a prefeitura e câmara municipal, se não há transporte ou se o transporte é caro? Ou seja, como a população pobre vai exercer seu direito de participação política se lhes são negadas as condições de mobilidade? Assim, a precariedade dos ônibus funciona como uma arma para desmoralizar e enfraquecer a classe trabalhadora.

Tarifa Zero: uma realidade urgente

Um relatório elaborado por doutores em Economia do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) em 2019, apresenta como solução viável e urgente a aplicação da Tarifa Zero, ou seja, transporte público 100% gratuito. Hoje, a tarifa do ônibus é majoritariamente sustentada pelos usuários diretos, que costumam ser justamente os mais pobres. O alto custo da passagem pesa no orçamento das famílias, e quem tem a opção opta por se locomover de carro ou moto, aumentando a lentidão do trânsito, a emissão de poluentes e o risco de acidentes.

Muitas cidades brasileiras já oferecem transporte 100% gratuito, e financiam por imposto sobre a gasolina e um pequeno aumento no IPVA e no IPTU. As três fontes apresentam a vantagem de que as classes mais ricas proporcionalmente contribuem com a maior parte do custo, uma vez que utilizam mais gasolina e têm imóveis e veículos mais caros.

Como vantagens, a Tarifa Zero seria responsável por uma migração de modo de transporte particular para o transporte público mesmo pela classe média, o que faria com que a cidade ficasse mais limpa, com menos acidentes e com um trânsito mais rápido, diminuindo o tempo de locomoção entre casa e trabalho. Além disso, a solução desafoga o orçamento das famílias mais pobres, que podem usar esse dinheiro no comércio e serviço da cidade. Por fim, nesse cenário, até empregadores, principalmente de microempresas, seriam beneficiados, pois diminuiria a contribuição de pagamento pelo vale-transporte.

Porém, é importante que a prestação do serviço seja feita por uma empresa estatal. Uma empresa estatal tem como objetivo servir a população, sem a necessidade de gerar lucros. Isso permite que o foco seja na qualidade do serviço, e não no corte de custos que prejudica a qualidade do serviço, como priorizar rotas mais lucrativas, deixando áreas menos rentáveis desassistidas – o que já ocorre em Viçosa.

Só o povo salva o povo

Destacamos que a solução para este problema não virá das mãos daqueles que lucram com essas condições. A história nos ensina que somente através da organização e da luta coletiva podemos conquistar nossos direitos. Devemos denunciar a cumplicidade dos políticos com os interesses das elites e exigir uma mudança radical. A construção de um sistema de transporte público que atenda às necessidades da classe trabalhadora é uma etapa crucial na luta por uma sociedade justa e igualitária.

É necessário que os trabalhadores de Viçosa se unam, formando associações de bairros combativas, que se unam à luta pelo transporte público. A organização popular é o primeiro passo para derrubar as estruturas de opressão e exploração. Juntos, construiremos um futuro no qual nossos direitos serão respeitados e nossa dignidade será restaurada!

Ocupação Marielle Franco sofre despejo violento em Teresina (PI)

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Ocupação é despejada pela polícia militar de forma ilegal em Teresina (PI). Moradores resistem à ação movida pela da Prefeitura
 
Nimbus Pinheiro | Teresina (PI)


LUTA POPULAR – Na manhã desta quinta-feira (15/05), os moradores da Ocupação Marielle Franco, na Zona Leste de Teresina, foram surpreendidos com um despejo ilegal e violento por parte da Polícia Militar. Dentre as mais de 60 famílias residentes, muitos homens, mulheres e crianças foram atacados durante a ação policial, e tiveram suas casas derrubadas por tratores, “sem direito a tirar nenhum pertence de dentro”, relata Maria dos Milagres, uma das moradoras, também ferida.
Às seis da manhã, a cavalaria e a tropa de choque da PM cercaram o terreno, agrediu os moradores e os expulsou da ocupação. Junto a capangas da grileira que reivindica a posse da terra, os policiais atiraram bombas, balas de borracha e gás de pimenta contra a população. As famílias, contudo, resistiram na luta pelo direito à moradia, e convocaram a imprensa, os movimentos sociais e as demais figuras políticas da capital, para ampliar a denúncia contra as injustiças sofridas.
Além da abordagem truculenta por parte da Polícia Militar, os moradores questionam as irregularidades de todo o processo, uma vez que a Cooperativa Mista dos Avicultores do Piauí (Coave), a quem a solicitação da ordem de despejo diz respeito, não conseguiu provar sua posse do terreno ocupado; a propriedade, na verdade, seria da Prefeitura de Teresina. Além disso, o endereço indicado da ordem judicial aponta para um terreno no bairro de Sacopo, enquanto a Ocupação Marielle Franco está localizada no Samapi.

Famílias desabrigadas ocupam terreno abandonado

A Ocupação Marielle Franco foi fundada em 12 de outubro de 2024, quando mães da região, “sem ter condições de pagar aluguel, de se alimentar; sem ter, no mínimo, condições básicas para sobreviver, ocuparam aquele terreno”, explica Chico Oliveira, da Organização Popular – OPA, que atualmente dirige a ocupação. “A Ocupação Marielle Franco se deu no Dia das Crianças, e não foi à toa. Ela foi um presente para as mães darem aos seus filhos, ocupando aquele terreno que estava há mais de 30 anos, servindo para nada”, ele conta.
O primeiro despejo ocorreu no dia 20 de dezembro, também em nome da Coave, a qual teria sido doada o terreno, pela Prefeitura, sob a falsa promessa de empregar a população da região — em contraste com a realidade da maioria das famílias da ocupação, que, hoje, vivem do subemprego, com baixa remuneração, e sem garantia de direitos ou renda fixa.
Assim como no caso mais recente, a ação de dezembro não se restringiu a retirada dos moradores, mas também a destruição de suas casas e pertences, causando enorme prejuízo financeiro às famílias. No dia 15 de maio, porém, foi derrubado, ainda, o Barracão Solidário, onde acontecia refeições e reuniões com parceiros e apoiadores. “O coração da ocupação”, como chamavam. Nesse sentido, além de reivindicar uma propriedade abandonada, em nome de uma empresa falida, o objetivo da ação policial foi o de minar a capacidade de sobrevivência e organização das famílias da ocupação.

Prefeitura proíbe desapropriações

O despejo, apesar de irregular, não é incomum na realidade do povo brasileiro. Seja pelas “reintegrações de posse” de imóveis abandonados a décadas, ou pelas desapropriações de terras ocupadas por famílias durante várias gerações, o projeto urbanístico tocado pelo governo é baseado nos interesses do mercado imobiliário, em detrimento do direito à moradia do povo pobre. Prova disso é o decreto assinado pelo atual prefeito, Silvio Mendes (União), no início de março, que proíbe desapropriações em casos de “ocupações irregulares”; ou seja, aquelas feitas pelo povo, em terrenos que não cumprem qualquer função social, e servem apenas à especulação imobiliária.
Apesar da falta de dados concretos sobre o atual número de ocupações, sabe-se que muitas áreas de Teresina surgiram e se desenvolveram a partir de ocupações (sobretudo nas periferias, graças a política de exclusão do povo teresinense em relação ao centro da cidade). Nesse sentido, o decreto serve para reafirmar o compromisso da Prefeitura com a repressão da luta popular, e sua servidão aos ricos da capital.
Por isso, é necessária a organização da classe trabalhadora, na luta pela moradia digna, pela reforma urbana, e pelo socialismo. Afinal, enquanto persistir um sistema que não apenas admite, como impulsiona a mercantilização da habitação, o direito à moradia nunca será verdadeiramente pleno. E enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito.

Unidade Popular e MLC realizam brigada do Jornal com trabalhadores do telemarketing no Maranhão

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Contra os abusos do Grupo Elo, militantes fortalecem a organização da classe trabalhadora em telemarketing no estado do Maranhão 

Afonso Sodré | Unidade Popular (MA)

TRABALHADOR UNIDO – Nos últimos três meses, militantes da Unidade Popular e do Movimento Luta de Classes (MLC) vêm realizando brigadas do jornal A Verdade e panfletagens na porta do Grupo Elo, empresa de telemarketing que atua no Maranhão. A ação denuncia a exploração no setor e a jornada exaustiva da escala 6×1, que tem causado adoecimento e revolta entre os trabalhadores.

Conhecida pela alta rotatividade e pela maioria jovem entre seus funcionários, a empresa tem sido alvo de constantes denúncias de assédio moral, salários atrasados e sobrecarga de trabalho. Durante as brigadas, especialmente no turno da noite, muitos trabalhadores relataram indignação com o regime de trabalho, o parcelamento dos salários e os abusos psicológicos dentro da empresa.

Em fevereiro de 2024, os trabalhadores cruzaram os braços e realizaram um protesto em frente à sede da empresa. A paralisação ocorreu por conta de salários atrasados, falta de pagamento do FGTS e o descaso com os direitos trabalhistas. Após a mobilização, a empresa correu para realizar os pagamentos em poucos dias. Mas, como os próprios trabalhadores afirmam, os atrasos e os abusos continuam sendo prática comum da direção do Grupo Elo.

Na luta pelo fim da escala 6×1

Para o fortalecimento da luta contra a escala 6×1, os brigadistas do Jornal A Verdade têm intensificado a realização de brigadas nas portas de fábricas e empresas, com o objetivo de dialogar com os trabalhadores e agitar sobre a necessidade de organização diante do avanço da exploração promovida pelo sistema capitalista, que a cada dia coloca nossas vidas em risco em nome do lucro.

Diante disso, a presença da militância combativa nas portas das empresas e fábricas tem sido fundamental para apoiar a organização e a luta dos trabalhadores. A campanha contra a escala 6×1 segue firme nas ruas e nas portas das empresas, porque só a organização da classe trabalhadora e a mobilização popular são capazes de conquistar direitos.

Protesto exige justiça por Rodrigo, jovem assassinado em um mercado em Curitiba

Mais de 60 pessoas ocuparam o supermercado Muffato para exigir justiça pelo jovem assassinado na última semana, na capital curitibana.

Gabriela Torres | Redação Paraná


BRASIL – Movimento sociais e familiares ocuparam o supermercado Muffato na última quarta-feira para exigir justiça pelo jovem Rodrigo, assassinado na última semana, após ser acusado de furtar uma barra de chocolate, na capital curitibana. O ato contou com mais de 70 pessoas na unidade localizada no bairro do Portão, onde o crime aconteceu.

Rodrigo da Silva Boschen, um jovem trabalhador de apenas 22 anos, foi assassinado por seguranças da rede de mercados Muffato no último dia 19. O crime foi testemunhado por um motoboy que registrou o corpo sendo desovado em um terreno baldio próximo pelos seguranças que consumaram o ato.

O assassinato de Rodrigo é mais um reflexo da política de insegurança pública do governador Ratinho Jr, que promove o genocídio da juventude mais pobre e periférica. O grupo Muffato é uma rede milionária de supermercados envolvida em diversos escândalos de corrupção no estado, Everton Muffato e Anderson Fernandes foram acusados de conceder propina a vereadores da cidade de Londrina para manter uma lei que proibiria outras redes de supermercados a construírem unidades em localidades próximas à da empresa. Para Victor Boschen, irmão da vítima, “o que eles menos querem é que sujem o nome do mercado. Assim, a gente ataca o que mais dói: o dinheiro. É a única coisa que eles se importam. Porque, [se] por uma barra de chocolate, eles jogam a vida fora, e se pudessem, tiraria muitas mais”.

Privatização da água mata: um alerta global

A privatização da água causa mortes e surtos de doenças evitáveis. Isto é agravado pelo controle da água, como na Palestina, onde o acesso é negado propositalmente.

Chantal Campello | Cabo Frio (RJ)


A cada 15 segundos, uma criança morre no mundo por falta de acesso à água potável e saneamento básico. Esse dado alarmante, revelado pela UNICEF, evidencia uma tragédia global, que, embora invisível para muitos, é uma realidade cotidiana para milhões de famílias em países empobrecidos. O que está por trás dessa crise não é a escassez hídrica, mas um sistema econômico que transforma um direito fundamental como a água em mercadoria: o capitalismo.

Em muitos países onde a privatização da água ocorreu, houve cortes no fornecimento para os mais pobres e aumentos exorbitantes nas tarifas, resultando em surtos de doenças evitáveis. Esse processo, descrito por Marx como ‘acumulação primitiva’, onde recursos naturais são apropriados de forma privada para gerar lucros, é a principal causa dessa situação absurda.

Impactos na Saúde Infantil e Conflitos Políticos

Em 2022, 436 milhões de crianças, segundo a UNICEF, viviam em áreas com extrema vulnerabilidade hídrica, especialmente na África Subsaariana, Ásia Central e Oriental, e no Oriente Médio. A falta de água potável e saneamento básico é responsável por mais de 1.000 mortes diárias de crianças menores de 5 anos. Doenças como diarreia, febre tifóide e cólera poderiam ser prevenidas com serviços básicos de higiene e água limpa. Além disso, diversas crianças deixam de estudar para buscar água, e escolas sem saneamento adequado prejudicam a permanência e o desempenho dos alunos. A crise hídrica não é apenas uma questão de saúde; sem acesso a água limpa, as comunidades ficam presas em um ciclo de miséria.

O controle da água é também utilizado como uma ferramenta de guerra. Em territórios ocupados, como na Palestina, o acesso à água é sistematicamente negado propositalmente como forma de dominação. Em 2025, Israel impôs um bloqueio total à Faixa de Gaza, impedindo a entrada de água, comida e remédios, criando uma catástrofe humanitária. Agricultores palestinos não conseguem irrigar plantações, famílias palestinas vivem com menos de 3 litros de água por dia, enquanto assentamentos ilegais israelenses têm abastecimento contínuo e irrigação em áreas desérticas. A escassez é política.

A mercantilização da água no Brasil

Mesmo sendo uma potência hídrica, o Brasil não escapa da lógica de mercantilização da água. Os casos da SABESP (São Paulo) e da CEDAE (Rio de Janeiro) são exemplos claros de como a privatização de estatais de água piora o serviço e pune a população mais pobre. No Rio de Janeiro, a privatização da CEDAE em 2021 gerou protestos, greves de trabalhadores e denúncias de aumentos abusivos nas tarifas. Comunidades periféricas relataram maior frequência de cortes no abastecimento e piora na qualidade da água.

Em São Paulo, a privatização da SABESP, aprovada em 2023, seguiu o mesmo roteiro: aumentos de até 40% nas contas de água, demissões em massa e precarização dos serviços. Mesmo com promessas de “eficiência”, bairros pobres continuam sofrendo com intermitência e falta de pressão na rede. As greves dos trabalhadores da SABESP e da CEDAE alertaram para os riscos da entrega de um recurso essencial ao controle privado.

A saída é o socialismo

A água, patrimônio do povo, foi transformada em fonte de lucro para acionistas em detrimento da saúde pública e da dignidade da população. A morte de uma criança a cada 15 segundos por falta de água é um reflexo de um sistema que lucra com a miséria. O capitalismo, ao transformar a água em produto, institucionaliza a exclusão, a doença e a morte. No Brasil e no mundo, é preciso reverter a privatização dos recursos hídricos, garantindo a gestão pública, transparente e participativa da água. Um bem comum, um direito humano, não pode ter dono. Água é vida e por isso não deve ter preço.

Somente uma sociedade socialista, baseada na propriedade coletiva dos meios de produção, pode garantir o acesso universal e igualitário à água. Ao romper com a lógica do lucro e da mercantilização imposta pelo capitalismo, o socialismo coloca a vida humana e o meio ambiente no centro das prioridades. A gestão dos recursos hídricos, sob controle popular, deixa de ser um negócio para se tornar um serviço público voltado para as necessidades reais do povo. É nesse modelo que a água deixa de ser privilégio de poucos e passa a ser um direito efetivo de todos nós.

O caráter político e a importância da recepção de calouros para o movimento estudantil

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Luiz Fernando, coordenação do Movimento Correnteza UFMG


O movimento estudantil é a legítima representação dos estudantes desde o Brasil Império, passando pela luta contra a ditadura militar, até os dias atuais, em seu enfrentamento contra os ataques que a educação sofre pelas mãos do capital e do conservadorismo. Nesse conflito, as lideranças do movimento estudantil devem a todo momento manter estreito contato com as massas, ouvir suas demandas e pautar a luta, demonstrando as razões políticas por trás dos problemas apresentados.

Momento chave

Para entrar na universidade, o estudante precisa superar grandes obstáculos, como o vestibular e a precarização do ensino básico. Por isso, chega ao ensino superior carregado de expectativa em relação ao futuro. Essas expectativas logo se confrontam com a realidade da educação nacional. O estudante se vê em uma instituição precarizada, inflexível e que não compreende suas necessidades reais.

Nesse estudante, largado à própria sorte, cresce e se instaura o sentimento de apatia e desilusão. A esperança de melhora da conjuntura parece inalcançável. Justamente por isso, o movimento estudantil deve, desde o momento de entrada desses estudantes, pautar a luta, demonstrando que existe, sim, uma saída para esses males. A recepção de calouros, então, cumpre um papel central no crescimento do movimento estudantil e na mudança de perspectiva política do universitário, combatendo o individualismo e o sentimento de impotência, comuns na universidade.

Exemplos práticos

Na UFMG, o Movimento Correnteza organizou diversas atividades de recepção de calouros, como rodas de discussão, banquinhas do Jornal a Verdade, panfletagens, festival de sorvete e, principalmente, reuniões de apresentação do Correnteza em todos os locais onde o movimento tem atuação. Já na UFBA, o Correnteza organizou um tour pelo campus Salvador que contou com mais de 500 calouros, politizando e introduzindo o campus. Na UFRPE, foram quatro dias de debates com diferentes temáticas, além de feira do livro e curso de literatura. Dando exemplo de cultura, na UFG aconteceu o primeiro Bloquinho dos Aprovados, além da banquinha de recepção no processo de matrícula, que é presencial por lá. Essas são apenas algumas das dezenas de recepções feitas pelo Correnteza Brasil afora.

Há diversas atividades possíveis: desde recepções que contribuem financeiramente com o movimento, até ações culturais e festas no campus, sempre respeitando as peculiaridades de cada faculdade. O fundamental é que esse contato direto com os calouros e com os demais estudantes permite politizar o espaço físico da universidade e apresentar as lutas gerais da educação, bem como as pautas específicas de cada local. O resultado disso é inegável: os estudantes passam a reconhecer no movimento estudantil um verdadeiro representante de seus interesses. Isso garante não só o aumento da conexão do movimento com as massas, como também seu crescimento significativo.

A sequência na luta

O estudante, tendo sido apresentado ao movimento estudantil, precisa vê-lo presente constantemente em seu cotidiano universitário. É necessário entrar em contato com todo estudante que demonstrou interesse no movimento em, no máximo, 24 horas. Também é preciso garantir a continuidade das reuniões locais, convidar os contatos para novas atividades e construir a luta de forma coletiva.

Desse modo, não se desperdiça o ânimo do ingressante, o movimento cresce e conquista, por meio da ação das massas, pautas importantes para a educação brasileira. Por fim, avança-se na consciência geral, rumo ao socialismo.