UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 8 de junho de 2025
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Onda de assédios e violência contra as mulheres revolta estudantes da UFRN

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Casos de assédio e denúncias de sequestro contra as mulheres na Universidade Federal do Rio Grande do Norte revolta os estudantes, que se organizam para lutar por melhor estrutura e segurança.

Alice Morais | Movimento Olga Benario (RN)


MULHERES – As estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte iniciaram um novo semestre letivo, mas se depararam com um problema já antigo na Universidade: a falta de segurança e o descaso com as mulheres estudantes e servidoras. No campus central em Natal (RN), diversas estudantes relataram terem sido vítimas de importunação sexual por parte da mesma pessoa, dentro do ônibus circular, que transporta os alunos dentro do campus universitário. 

Os casos foram divulgados nas redes sociais e em grupos de WhatsApp estudantis, com o objetivo de alertar as mulheres para os casos. A constância nos casos fez com que os relatos divulgados viralizassem, indignando as estudantes. “Ontem fui assediada por um cara no circular, o ônibus tava cheio, ele tava atrás de mim, no início eu achei que podia ser a bolsa dele encostando, que era só impressão minha, só que comecei a sentir ele me apertar e fazer outras coisas, eu olhei para trás e vi que não era a bolsa dele e sim a mão, me mexi ele percebeu que vi. Só que ao invés dele parar ele continuou me tocando só que muito mais invasivo, eu tentei me afastar, mas o busão tava cheio e não tinha como mudar de lugar, eu travei e fiquei sem reação só tava torcendo para chegar logo na parada e descer”, conta Maria*, em um dos relatos que viralizaram. Vale ressaltar que o campus central da UFRN conta com uma frota de apenas 8 circulares, para uma comunidade de aproximadamente 9 mil estudantes. 

Mais: somente na Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM) de Natal foram registrados 20 boletins de ocorrência sobre os casos no circular da UFRN. Na ouvidoria da Universidade, foram cerca de 30 denúncias. Além disso, na última quinta-feira (10/04), houve uma tentativa de sequestro dentro da Universidade, próximo ao Restaurante Universitário. A estudante relata que um homem de cabelos grisalhos a abordou, e pediu que entrasse no carro que ele dirigia. Ela felizmente conseguiu fugir. Outros estudantes afirmam que não é a primeira vez que esse homem aparece no campus “Não é de hoje que esse homem circula por lá. Semana passada um homem com as mesmas características estava sentado dentro do Centro de Biociências, só observando. Sentei em um banco em frente a ele, e ele ficou com uma cara muito estranha pra mim que chegava a me incomodar”, relata Ana*, estudante da UFRN. 

 

Movimentos organizam atos para combater a violência 

 

Até o momento, a Reitoria da UFRN se pronunciou apenas com uma nota nas redes sociais, alegando estar em diálogo com a corregedoria da Polícia Federal e a PM-RN. Contudo, o problema não está apenas relacionado ao policiamento. No último dia 16 de abril, o Movimento de Mulheres Olga Benario e o Movimento Correnteza organizaram um grande ato em conjunto com os alunos, onde ocuparam a reitoria para denunciar a frota insuficiente de circulares, que são constantemente lotados, e os assédios enfrentados pelas mulheres. 

“A manifestação das mulheres é uma ação fundamental para mostrar o descontentamento das estudantes sobre a falta de políticas de proteção e permanência das alunas na universidade. Muito a reitoria fala que possui medidas de proteção, mas elas são pouco efetivas na prática. O que queremos é estar protegidas e estudar sem medo. Por isso, nosso Movimento vai organizar aulas de defesa pessoal para mulheres, que já conta com 300 pessoas interessadas em colaborar. As estudantes têm se mobilizado e se organizado para garantir uma universidade mais segura, apesar disso ser o papel da Reitoria. Mas se não há ação na prática, nós faremos!”, relata Kivia Moreira, da coordenação do Movimento Olga Benario e estudante da UFRN 

A universidade ainda é um espaço onde as mulheres enfrentam muita violência. A falta de estrutura e políticas de assistência estudantil contribui para que elas estejam entre os maiores índices de evasão, ou seja, abandonam seus cursos. Com a implantação do arcabouço fiscal do Governo Lula, o orçamento para a educação pública é inferior a 3%, mesmo com diversas universidades no país necessitando de reformas, melhoramento de estruturas de segurança, iluminação e transporte para os estudantes, como é o caso da UFRN. Por isso, apenas a decisão das Reitorias não é suficiente para mudar a situação que enfrentam as estudantes hoje no Brasil. 

O caminho para uma universidade mais segura e que priorize a vida das mulheres é a mobilização popular: organizar atos, passeatas, panfletagens, que denunciem o que acontece com as estudantes, é o caminho para transformar essa realidade. Com muita luta e organização, é possível conquistar um maior orçamento para a educação, e sobretudo uma Universidade mais segura, e que priorize a vida das mulheres. 

*Nomes fictícios 

 

Vereadores de Natal tentam criminalizar o MLB

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Vereadores da base do prefeito de Natal Paulinho Freire, que está sendo cassado por assédio eleitoral, abrem Comissão Especial de Inquérito para criminalizar as famílias do MLB 

Redação RN


No último dia 26 de março, um grupo de vereadores da Câmara Municipal de Natal iniciou um ataque contra os trabalhadores pobres organizados nos movimentos sociais e que lutam por moradia, contra a fome e pela dignidade humana.

A medida de criminalização do MLB foi concretizada com a instalação de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar as “recorrentes invasões” (segundo eles) a propriedades privadas, especialmente estabelecimentos comerciais. Hoje, para esses vereadores, a propriedade privada é mais importante que a vida de milhões de famílias que lutam pelo direito à moradia e à alimentação.

A “santa” propriedade privada da terra no Brasil foi constituída na base do roubo, do saque, do extermínio dos povos indígenas, da escravização do povo negro sequestrado, acorrentado e violentado para que genocidas e bandidos construíssem sua riqueza sobre o sangue e suor de quem realmente trabalha. 

Não por coincidência, a maioria dos pobres e sem ter onde morar são negros e negras.

A tentativa de criminalizar o MLB veio a partir do vereador Matheus Faustino, do Movimento Brasil Livre e do partido União Brasil, o mesmo que apoiou e ainda apoia o réu Jair Bolsonaro, e está envolvido na Operação Overclean, investigação da PF que revela conexões entre cúpula do União Brasil e um esquema de corrupção, no qual pelo menos cinco membros do Diretório Nacional do partido e empresas estariam envolvidos para desviar recursos públicos.

O vereador fascista Fúlvio Saulo (Solidariedade) tentou defender a CEI evocando a Constituição, mas se esqueceu que oito milhões de pessoas vivem sem uma casa, enquanto existem 11 milhões de imóveis vazios no Brasil. Também não fez menção aos 428 mil potiguares que passam fome, segundo os dados do IBGE, e que os supermercados jogam no lixo cerca de 13 milhões de toneladas de alimentos todos os anos. 

Esqueceu também que a Polícia Federal fez operação contra o seu partido, o Solidariedade, por desvios nos fundos partidário e eleitoral de 2022, assim como do presidente do seu partido, que foi alvo de mandado de prisão da PF por desvio de R$ 36 milhões. 

Além disso, esses vereadores são da base do atual prefeito e nada dizem das denúncias de abuso do poder econômico e político da atual gestão da Prefeitura nas últimas eleições. Silenciam também diante da longa lista de crimes cometidos por Bolsonaro e pelos generais fascistas.

Portanto, não se trata de defender a Constituição, mas sim de uma tentativa de criminalizar a luta por justiça social. Vivemos em um sistema que favorece os ricos e persegue o povo pobre que luta pelo direito a uma vida com o mínimo de dignidade.

A notícia dessa perseguição ao MLB foi propagada em questão de minutos, quase ao vivo pelos jornais e mídia burgueses, mostrando que os meios de comunicação hoje são controlados e financiados pelos ricos e seus fantoches.

Não nos intimidaremos diante desse ataque covarde, que deixa claro de que lado estão esses vereadores, ou seja, do lado da especulação imobiliária, dos imóveis vazios, dos altos preços dos aluguéis, dos ricos e contra os pobres. 

O que eles querem é mais e mais pessoas morando nas ruas, enquanto há imóveis vazios. O que querem é mais pessoas passando fome, enquanto as prateleiras dos supermercados estão abarrotadas, e toneladas de alimentos são jogadas no lixo para manter os altos preços.

Lutamos contra as injustiças sociais, lutamos para que cada brasileiro e brasileira tenha o direito a um lugar para morar e dar proteção a sua família e para que nenhum homem, mulher, criança ou idoso passe fome nesse país.

O MLB luta há mais de 25 anos porque, como diz seu lema: “Enquanto morar for um privilégio, ocupar é um direito!”.

Ocupação Chaguinhas: “território livre da fome” em São Paulo

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Nasceu em março a Ocupação Chaguinhas em São Paulo, organizada pelo MLB para lutar contra a carestia e o alto preço do aluguel.

Guilherme Arruda | São Paulo (SP)


Neste último mês de março, dezenas de famílias ocuparam um imóvel abandonado há mais de uma década no Centro de São Paulo e fundaram a Ocupação Chaguinhas, a mais nova ocupação organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). 

Na capital paulista, milhões de pessoas trabalham em jornadas exaustivas e, mesmo assim, não conseguem pagar o aluguel e se alimentar adequadamente. Por isso, a ocupação nasce para ser mais uma trincheira da luta pelo direito à moradia e alimentação digna no Brasil. 

Luta contra a fome

Desde sua fundação, a Ocupação Chaguinhas exibe na fachada do prédio uma grande bandeira em defesa da redução do preço dos alimentos. “A verdade é que, hoje, o salário de uma trabalhadora não dá para alimentar toda a sua família. Isso acontece principalmente por conta da grande alta dos alimentos. Temos um governo que está beneficiando o agronegócio e o latifúndio, em vez da grande maioria da população”, denuncia Victória Magalhães, da Coordenação Nacional do MLB. Reivindicando-se um “território livre da fome”, a nova ocupação já nasceu contando com uma cozinha coletiva, que garante que nenhuma família ficará sem ter o que comer.

“Aqui, encontrei uma paz mental, porque quando vou dormir não preciso ficar pensando em como vou pagar o aluguel. Mas também encontrei uma paz física, porque temos alimentação coletiva e não vou para a cama com fome. A maioria dos imigrantes, como eu, vem a São Paulo procurando um futuro melhor. Aqui, encontrei pessoas que lutam por uma vida digna não só para si, mas para todos”, relata Régis González, trabalhador boliviano que se tornou morador da Ocupação Chaguinhas.

Além de combater o problema da carestia, a cozinha coletiva é uma experiência que demonstra que só a solidariedade popular pode enfrentar a crise do capitalismo, que deixa as famílias em situação de miséria nas periferias das grandes cidades. Hoje, mais de 60 milhões de brasileiros ainda convivem com algum nível de insegurança alimentar, segundo o IBGE.

“O mais gratificante é perceber que a gente está construindo junto um espaço que vai ser de todos. Todo mundo ajuda na cozinha comunitária e na limpeza. É só felicidade o que eu estou sentindo aqui”, conta Vitor Agnelli, outro morador da Ocupação Chaguinhas.

A memória de Chaguinhas 

Francisco José das Chagas, o Chaguinhas, foi um soldado negro morto pelos colonialistas portugueses em 1821 por participar de uma revolta que reivindicava o pagamento de salários atrasados e igualdade de remuneração com os brancos. Ele foi assassinado na região da capital paulista que hoje é o bairro da Liberdade, onde se localiza a ocupação. “A mensagem que nós queremos passar é que a luta de Chaguinhas, naquela época, ainda é a luta do nosso povo hoje, contra a opressão do Estado e por uma vida melhor”, explica Victória.

Por sua história, Chaguinhas se tornou um símbolo da mobilização pelo reconhecimento do bairro da Liberdade como um território historicamente negro e indígena, hoje atacado pela gentrificação e especulação imobiliária. Nessa mesma região, o MLB também organiza a Ocupação dos Imigrantes Jean-Jacques Dessalines, cujo nome celebra a luta do líder revolucionário do povo haitiano, e a Ocupação Dom Paulo Evaristo Arns.

Seguir ocupando

Em uma conjuntura em que vários movimentos de moradia reduzem o ritmo de sua mobilização, aguardando o cumprimento de promessas dos governos, o MLB defende que fazer mais ocupações segue como tarefa central por todo o país. É só com a organização de dezenas de novas ocupações e a intensificação da luta dos sem-teto que o povo pobre pode conquistar a Reforma Urbana e, assim, tornar as cidades do Brasil mais justas para a classe trabalhadora e avançar na luta pelo socialismo.

“Hoje, existem mais de 8 milhões de famílias sem moradia no país. Só em São Paulo, mais de 20 pessoas morreram devido às chuvas neste ano, enquanto centenas de milhares de imóveis estão vazios. Nossa avaliação é que precisamos aumentar as ocupações urbanas, que são as greves dos sem-teto. A Ocupação Chaguinhas vem para mostrar que é hora de aprofundar a nossa luta, a institucionalidade não vai resolver os problemas do nosso povo”, completa a coordenadora do MLB.

Polícia de São Paulo agride manifestantes que lutam contra a privatização dos trens

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Guilherme Goya | São Paulo (SP)


No coração da cidade de São Paulo, a Rua Boa Vista tem o seu movimento cotidiano concentrado nos prédios comerciais e lojas que a cercam. O cenário no fim da manhã do último dia 27, porém, foi diferente. Um cenário de guerra tomou conta da rua após a Polícia Militar utilizar bombas, gás de pimenta e pauladas para reprimir violentamente centenas de apoiadores e familiares de trabalhadores da CPTM, que lutavam contra a privatização das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade. Eles ocupavam o prédio da Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes contra a privatização da Companhia Paulista de Trens Metropolitano.

Mesmo com a negociação, que envolvia a saída dos manifestantes do prédio e o prosseguimento do ato na rua, as forças policiais não demoraram a agir com provocação e truculência. Nicole Ramos, assistente social e coordenadora nacional do Movimento de Mulheres Olga Benario, foi arbitrariamente detida ao tentar se juntar ao bloco dos manifestantes na rua. Ela recebeu socos na costela e foi levada à força por dois policiais para o camburão, sem qualquer justificativa. Sabendo que a repressão geraria revolta, a PM imediatamente avançou o pelotão do Baep e da Força Tática e intensificou a violência.

Na linha de frente do ato, foi possível constatar mais arbitrariedades. Golpes de cassetete na altura da cabeça fizeram dezenas de manifestantes saírem sangrando com ferimentos graves. A PM agrediu até mesmo mulheres que estavam caídas. Enquanto registrava esse momento, também fui agredido com golpes na altura do quadril, que deixaram um hematoma e inchaço no local. Outros companheiros da equipe de reportagem do jornal A Verdade também foram agredidos.

Resistência à repressão

Ainda assim, a violência não abalou aqueles que tinham a convicção de que a luta contra a privatização era justa. Apoiados uns nos outros e nos demais trabalhadores que passavam pelo local, o grupo se reorganizou de cabeça erguida, a poucos metros dali, para dar os próximos passos no enfrentamento à privatização dos trens de São Paulo. Rapidamente, a denúncia do que havia ocorrido ganhou apoio de diversos trabalhadores da região, e a revolta com a truculência da PM estava na boca do povo. 

“Fui pega por um dos policiais, e depois vieram mais cinco. Senti eles me batendo principalmente na costela. A minha reação foi mostrar que aquilo era injusto. Comecei a gritar contra a privatização e que eu sou trabalhadora. Havia várias pessoas passando e algumas mulheres da limpeza de um dos prédios também gritavam para me soltar. Vários trabalhadores passaram filmando e pedindo minha liberdade”, disse Nicole, que permanece com sequelas da violência que sofreu.

Além dela, o programador Yan Rodrigues (26) e o estudante Samuel Zanateli (18) foram detidos. Com a rápida pressão popular, foram soltos no mesmo dia, escancarando a injustiça de suas prisões. “Na hora, me veio a lembrança daquela menina que foi estuprada dentro de uma viatura da Polícia. Mas, dentro do camburão, eu reforcei para mim mesma, a todo momento, que eu não estava sozinha, que eu tinha um coletivo e um Partido que estava ali por mim. Isso foi o que mais me fortaleceu”, reforçou Nicole.

Uma das pessoas que ficou ferida com mais gravidade foi Ana Leite, diretora da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) pelo Movimento Rebele-se. Convidada pelas famílias para apoiar a manifestação, a estudante de 19 anos recebeu diversos golpes de cassetete na cabeça e precisou ser encaminhada ao hospital para tomar pontos.

“Eles bateram algumas vezes no mesmo lugar até abrir um corte. Na hora, achei que eu ia morrer. Não conseguia respirar. Mas quando eu senti a companheira me carregando, eu tive menos medo. Eu já não estava apavorada, porque eu tinha certeza que os meus camaradas não iam deixar que algo mais grave acontecesse comigo, e realmente não permitiram”, disse Ana, que recebeu os primeiros socorros dos próprios companheiros ainda na rua, antes da chegada do Samu.

Categoria quer a luta 

O uso da força policial tem o objetivo de reprimir aqueles que se posicionam e lutam contra o projeto de privatização dos transportes promovido por Tarcísio de Freitas. Sem consulta popular e atropelando a opinião do povo, o governador enfiou goela abaixo da população paulista o seu plano privatista na base da porrada, como já havia feito com a venda da Sabesp, quando a mesma PM agrediu e prendeu manifestantes no plenário da Assembleia Legislativa, no fim de 2023.

Além de entregar a gestão das linhas nas mãos de empresas bilionárias, a proposta de privatização também inclui o Programa de Demissão Incentivada (PDI), que tem como objetivo demitir 72% da categoria, ou seja, 4.200 trabalhadores da ferrovia. Aos trabalhadores que permanecerem em seus postos, a proposta é de redução de 50% dos salários.

Sabendo disso, a categoria demonstrou disposição de luta contra o projeto de privatização e chegou a aprovar, em assembleia, a paralisação total do serviço a partir da meia-noite do dia 26/03, decretando greve como forma de pressionar o governo. Contudo, a própria direção do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil realizou uma manobra para suspender a greve. Ainda assim, mais de 500 assinaturas foram coletadas em um abaixo-assinado que rodou a base ferroviária para exigir a convocação de uma nova assembleia para garantir o direito de greve dos trabalhadores.

No dia seguinte à repressão contra aqueles que lutam em defesa da CPTM nas mãos do povo, o Governo de São Paulo concluiu o leilão que entrega as Linhas 11, 12 e 13 à iniciativa privada. Com grande aparato policial nos arredores da B3 (bolsa de valores), a população foi mais uma vez impedida de se manifestar, enquanto a burguesia comemorava a entrega de mais um setor do transporte paulista em suas mãos. Ainda assim, os movimentos sociais, familiares e amigos dos trabalhadores da CPTM, junto ao Movimento Luta de Classes (MLC), continuam na organização de uma campanha em defesa do caráter público do transporte.

Ao realizar uma assembleia ferroviária e popular, o grupo aprovou propostas à categoria, ao governo e ao sindicato, demonstrando à sociedade a sua posição de resistir à privatização, organizar greves a partir da decisão democrática da base ferroviária, além de garantir solidariedade àqueles que lutam e a exigência de um sindicato combativo e transparente nas suas decisões.

Ato nacional cobra fim da escala 6×1 no Brasil

“A moral capitalista tem por ideal reduzir o trabalhador ao mínimo de suas necessidades, suprimir suas alegrias e suas paixões e condená-lo ao papel de máquina que entrega trabalho sem trégua ou misericórdia.” (Paul Lafargue, O Direito à Preguiça – Introdução à 2ª edição, 1883)

Juliete Pantoja (UP) e Redação


BRASIL – No último dia 19 de março, milhares de trabalhadoras e trabalhadores atenderam ao chamado do partido Unidade Popular (UP) e somaram forças no Ato Nacional contra a Escala 6×1 em mais de 40 cidades, de 18 estados, além do Distrito Federal.

Desde a madrugada até o final do dia, foram distribuídos cerca de 200 mil panfletos na porta de empresas, hospitais, fábricas, centros comerciais, shoppings e terminais de transporte urbano para dialogar com a classe trabalhadora, aqueles que sentem na pele as consequências da desumana escala 6×1.

Em Natal (RN), o ato contou com 150 pessoas na praça de alimentação do shopping Midway Mall para denunciar que, enquanto os trabalhadores passam o dia inteiro em pé atendendo, limpando ou repondo mercadorias, muitos recebendo apenas um salário mínimo que mal dá para se alimentar, os donos das grandes redes de lojas estão batendo recordes de lucros.

Já em São Paulo, mais de 500 pessoas ocuparam o shopping Metrô Itaquera, na Zona Leste da Capital. “No início da intervenção, surgiram mais trabalhadores para se juntar aos manifestantes e muitos deles, impossibilitados de ir até o centro do protesto, ficavam na porta das lojas e de lá mesmo gritavam as palavras de ordem, pulavam, sorriam, aplaudiam, filmavam e agradeciam pela luta. Enquanto o discurso era lido e repetido em jogral por centenas de vozes tão indignadas quanto a primeira, os vãos do shopping eram tomados por pessoas acenando com o panfleto da UP em mãos e gravando com seus celulares. Uma ação que despertou o interesse de centenas de trabalhadores, que pegaram o panfleto e deixaram seus contatos de telefone com um pedido: não esquece de me chamar lá”, relata Wildally Souza, fotógrafo do jornal A Verdade que fazia a cobertura na ocasião.

De Norte a Sul, foram muitas declarações de apoio de trabalhadores animados, vendo a luta ganhar as ruas e se intensificar pelo país, reafirmando que essa é a única forma de acabarmos com a escala 6×1 e de avançarmos na redução da jornada de trabalho.

Em Patos, no Sertão da Paraíba, uma trabalhadora que fazia compras num supermercado enviou uma mensagem para o contato da UP que está indicado no panfleto nacional. “Quero aqui me manifestar contra a escala 6×1. Nós, trabalhadores, precisamos trabalhar, mas esse trabalho precisa ser digno, com descanso necessário e salário digno. Que tipo de valorização é essa, onde trabalhamos com uma jornada exaustiva, com um salário injusto, para enriquecer os patrões?! E, quando um trabalhador adoece, é esquecido, não recebe assistência. Que espécie de sociedade é essa, onde não se tem preocupação com o próximo?! Entra ano e sai ano, só quem perde é a classe trabalhadora. Um milhão e meio de trabalhadores afastados por problemas mentais. Abaixo a escala 6×1! Por um país mais justo e pela redução da jornada de trabalho!”, escreveu Daiana Campos, técnica em segurança do trabalho.

Escala 6×1

Desde a primeira movimentação sobre o tema, com a coleta de assinaturas para o Projeto de Lei pelo Fim da Escala 6×1, encabeçado pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), as mobilizações têm sido impulsionadas por milhões de trabalhadores cansados de esperar pelos governos para resolver seus problemas. Afinal, desde a Reforma Trabalhista, aprovada em 2017 pelo presidente golpista Michel Temer (MDB), todos os anos, mais direitos são cortados. O Governo Lula também nada fez até agora para revogar essa criminosa reforma, que extinguiu mais de 100 pontos da CLT e regulamentou verdadeiros absurdos em favor dos patrões.

Desde então, aumenta ano após ano a quantidade de trabalhadores informais no país, engrossando o imenso “exército de reserva” de desempregados, que, pressionados para levar o sustento para casa, submetem-se a viver para trabalhar e receber um salário de fome, que não cobre as contas do mês. Prova disso é a quantidade de pessoas que têm parcelado no cartão de crédito as compras de alimentos nos supermercados e se endividado cada vez mais para sobreviver, como vem denunciando o jornal A Verdade.

Segundo o IBGE, o Brasil possui mais de 33 milhões de pessoas trabalham até 44 horas semanais, e estima-se que, grande parte destes, na jornada 6×1, com apenas um dia de folga na semana. A escala 6×1 transforma a trabalhadora e o trabalhador em escravos, que recebem um salário baixo e trabalham só para que o patrão fique mais rico.

Tudo isso somado ao tempo de deslocamento, que, em algumas capitais, pode superar quatro horas por dia, o que afeta diretamente as condições de descanso, saúde e lazer dos trabalhadores. Essa jornada de trabalho exaustiva é apontada por especialistas na área de saúde mental como um dos fatores de aumento dos casos de ansiedade, estresse e suicídios, além do desgaste físico.

Lutar contra o capitalismo

Essa realidade é a mesma em grande parte do mundo, pois, no regime capitalista, 1% da população detém a mesma riqueza que os outros 99%. Isso só é possível porque vivemos em uma sociedade em que as terras, fábricas, máquinas, edifícios, mercadorias, etc., são propriedade privada de poucos bilionários, que exibem uma vida de luxo, enquanto os filhos da classe trabalhadora, a nossa classe, passam fome.

Contra essa situação de fome, desemprego, baixos salários e violência, milhões de pessoas ao redor do mundo estão indo às ruas para exigir emprego, solidariedade e paz. Trabalhadores, jovens e mulheres sentem cada vez mais a necessidade de se organizarem e protestarem nas ruas contra os políticos da classe burguesa e seus governos.

No Brasil, vemos crescer ainda mais a insatisfação dos trabalhadores e do povo com o Governo Lula, principalmente com sua política econômica neoliberal, que submete nosso país e seus recursos ao agronegócio, aos banqueiros e ao capital estrangeiro da China e dos Estados Unidos.

Como se não bastasse, o PT e o PCdoB (apoiados pelo PSOL), decidiram, em nome da velha “governabilidade” (isto é, da manutenção do capitalismo), aliar-se aos partidos de direita e de extrema-direita, entregando vários ministérios a corruptos e elegendo seus representantes (políticos conhecidamente corruptos e apoiadores do golpe fascista) para as Presidências da Câmara e do Senado.

Ao mesmo tempo que repudiamos essas alianças, exigimos a mudança imediata da política econômica do Governo Federal. Essa é uma luta em defesa dos interesses e direitos do povo brasileiro: direito ao pão, a se alimentar, a viver com dignidade, a trabalhar e a receber salários dignos, enfim, a viver melhor. Além disso, essa luta é também contra o agronegócio (que enrique mais e mais com o aumento dos preços dos alimentos), como é também uma luta contra a oligarquia financeira, que, por meio de juros estratosféricos (14,25%), obriga o povo brasileiro a trabalhar para pagar dívidas aos bancos.

Por tudo isso, é necessário crescer as mobilizações, construir greves, paralisações e todas as formas de luta necessárias para pôr fim ao regime de exploração da classe trabalhadora. A luta pelo fim da escala 6×1 está na ordem do dia e a próxima jornada nacional será ainda maior. Até a vitória!

Todos à construção de grandes mobilizações pelo fim da escala 6×1 no dia 23 de abril e no 1º de Maio!

Bairro da Engomadeira pede justiça pela jovem Ana Luiza assassinada pela Polícia Militar da Bahia

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Jovem retornava para casa no último domingo (13) quando foi atingida por um tiro de fuzil da Polícia Militar da Bahia e não resistiu aos ferimentos. 

Redação BA


SALVADOR – Familiares, amigos e moradores do bairro da Engomadeira na capital baiana protestam mais uma morte pela violência da Polícia Militar da Bahia (PM-BA) comandada pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) contra a população soteropolitana. A jovem Ana Luiza dos Santos Silva, de 19 anos, foi atingida por um tiro de fuzil na barriga quando policiais militares entraram no bairro no último domingo (13) disparando contra supostos criminosos. 

Após o sepultamento da estudante de Estética no Cemitério da Ordem Terceira de São Francisco, na Quinta dos Lázaros, centenas de pessoas enlutadas pela perda de Ana Luiza retornaram ao bairro da Engomadeira para organizar um protesto por justiça pelo assassinato brutal da jovem nesta segunda-feira (14). O ato organizado por familiares de Luiza, moradores do bairro e por militantes da Unidade Popular (UP) desde o início contou com uma forte repressão da polícia com mais de dezoito viaturas e dezenas de policiais fortemente armado para intimidar aqueles que exigiam justiça pelo assassinato de uma jovem. Um dos militantes da UP chegou a receber uma coronhada de um policial seguido de um xingamento apenas por protestar contra a injustiça do homicídio de Luiza. 

A população relata que a violência da PM-BA é costumeira: entrada nas casas sem mandato judicial, “esculachos” e uso de armamento pesado contra moradores do bairro. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 aponta que a Bahia lidera o ranking de mortes pela violência policial com 1.699 vítimas em 2023. Com uma em cada quatro mortes causadas pelas polícias no país, a Bahia é a que mais mata no Brasil em números absolutos e proporcionalmente a que mais mata pessoas negras. 

Barricadas, homenagens e a revolta de familiares, vizinhos e amigos marcaram atos exigindo justiça por Ana Luiza. Foto: Isabella Tanajura / JAV-BA.

Política de extermínio da população pobre e negra na Bahia 

Há mais de 16 anos o Partido dos Trabalhadores (PT) está no governo do estado da Bahia. Durante todo esse período percebeu-se um aumento contínuo na violência policial no estado: entre 2015 e 2023, o número de vítimas da polícia subiu de 354 para 1.700 por ano.

Segundo o Instituto Fogo Cruzado, a maioria das vítimas de “balas perdidas” em Salvador e na região metropolitana são mulheres. O assassinato de Ana Luiza está dentro do perfil das vítimas da violência policial e não é um “caso isolado”.

É clara a intenção genocida da política de segurança pública praticada pelas polícias no Brasil e, em especial, da Polícia Militar baiana. Está em curso um assassinato em massa de jovens negros, pobres e moradores das favelas no estado. Essa história se repete há centenas de anos desde a criação das polícias que tem como principal objetivo proteger a propriedade privada e os grandes ricos, não a população brasileira. 

A desmilitarização das polícias e a construção de uma sociedade socialista em que a violência policial não seja mais uma realidade são defesas do programa da Frente Negra Revolucionária (FNR) para que a verdadeira justiça por Ana Luiza seja alcançada. 

Confira na íntegra a cobertura fotográfica do ato no bairro da Engomadeira pelo jornal A Verdade neste link

Prefeito de Cabo Frio (RJ) é acusado de esquema de corrupção bilionário

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O prefeito Dr. Serginho (PL), que tenta despejar a Ocupação Inês Etienne Romeu do Movimento de Mulheres Olga Benario em Cabo Frio (RJ), se tornou alvo de um mandado de busca e apreensão da Polícia Federal nesta quarta-feira (16/4)

Chantal Campello | Cabo Frio (RJ)


Na manhã desta quarta-feira (16/4), a Polícia Federal deflagrou a segunda fase da Operação Teatro Invisível, que investiga um esquema bilionário de desvio de recursos públicos no Rio de Janeiro. Entre os alvos está o prefeito de Cabo Frio (RJ), Dr. Serginho (PL), já conhecido por sua gestão marcada por autoritarismo, corrupção e ódio ao povo pobre.

A operação revelou a movimentação suspeita de mais de R$ 3,5 bilhões em contratos irregulares e superfaturados, envolvendo empresas de fachada ligadas ao poder público. Com o dinheiro, entre outras ilegalidades, atores foram contratados para favorecer candidatos da direita e espalhar desinformação entre o eleitorado. O próprio Dr. Serginho, além de outros prefeitos e um deputado estadual fluminense, esteve entre os beneficiados do esquema.

No ano passado, Dr. Serginho se elegeu prometendo inovação, eficiência e transparência aos cabofrienses. Em sua campanha, o prefeito destacou como prioridades a organização da saúde, educação e programas sociais. No entanto, a revelação de seu envolvimento em esquemas de corrupção e as medidas adotadas nos primeiros cem dias de governo demonstram as verdadeiras intenções de sua gestão.

Uma prefeitura, além de corrupta, autoritária

O escândalo de desvio de recursos públicos que envolve o prefeito não é um caso isolado. Se localiza no contexto do projeto de cidade representado por Dr. Serginho e suas medidas, que promovem um governo para os ricos em sua essência, que ataca os direitos da classe trabalhadora, das mulheres, da juventude e do povo preto. Isso se revela através das demissões em massa entre os trabalhadores da saúde, da ausência de professores nas escolas e da destruição de diversos programas sociais, a exemplo da Moeda Itajuru.

Outro recente exemplo é o ataque à Ocupação de Mulheres Inês Etienne Romeu, espaço construído pelo Movimento de Mulheres Olga Benario para acolher vítimas de violência em uma cidade onde mais de 80% dos casos de agressão contra mulheres ficam impunes. Como noticiou recentemente o jornal A Verdade, Dr. Serginho tenta despejar a ocupação, numa ofensiva cruel contra a luta pela vida da mulheres da cidade.

Nas últimas semanas, o prefeito ainda esteve por trás da transferência forçada de pessoas em situação de rua de Cabo Frio para o município de Linhares (ES), com uma falsa promessa de emprego. Os movimentos sociais denunciaram a ação como uma política de higienização social, fascista e desumana, que trata vidas como descartáveis.

“Essas ações mostram que não estamos diante de meras falhas administrativas, estamos diante de um projeto político reacionário, que governa com ódio aos pobres e aos movimentos populares. Um projeto que precisa ser enfrentado com organização, coragem e luta coletiva”, afirma Alice Rezende, estudante do IFF e coordenadora da Ocupação Inês Etienne Romeu.

Professores da rede estadual de São Paulo aprovam greve

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Professores de São Paulo aprovaram greve para 25 de abril contra falta de reajuste salarial, privatização e militarização escolar. Sob governo Tarcísio, cortes de R$11 bi precarizaram ensino, ampliaram terceirizações e sobrecarga de trabalho. Movimentos denunciam mortes como a da professora Analu e organizam resistência.

Thais Gasparini | MLC SP


Em assembleia, milhares de professores da rede estadual de São Paulo se reuniram no dia 21 de março e aprovaram a greve da categoria para o dia 25 de abril. A categoria reivindica o reajuste imediato do piso nacional, fim da plataformização, da privatização e militarização das escolas estaduais.

O cenário de greve se dá a partir da precarização que os professores vêm sofrendo há anos, debaixo de governos tucanos (PSDB) e, agora, aprofundada pelo governo fascista de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Só no último ano, a educação paulista sofreu um corte de R$11 bilhões resultando em ainda mais sucateamento da educação pública no estado. Não à toa, São Paulo teve o pior índice de desempenho em anos.

Declarando a educação como inimiga número um, Tarcísio e seu secretário da educação, Renato Feder, promovem um pacote de hostilidades contra os professores. Apenas após 10 anos, foi aberto o edital que prometia efetivar 15 mil professores por meio de concurso público. Acontece que, mais de 60% (110 mil) da categoria é contratada de forma temporária, ou seja, com direitos a menos quando comparada com um professor efetivo. Os chamados “categoria O” penam todo fim de ano com a incerteza se terão aulas para o próximo ano letivo.

“Essa é a minha situação, tenho minha especialização e dou aula há anos, mas você pode ver que estou com uma ‘bag’ nas costas. Estou sem aulas e uma das maneiras de pagar as contas é fazendo entrega por aplicativo”, relata Pablo Cavichini, professor categoria O em Diadema (SP). Esse é um dos milhares de exemplos de professores que tiveram suas aulas perdidas por conta da falta de transparência nas atribuições de aula, além de promover um corte de 62% nas disciplinas de ciências das humanidades.

Não contente, o governador abriu edital para privatização da gestão de 143 escolas. Isso significa que empresários de quaisquer outros ramos poderão gerir as escolas. Como foi o caso da empresa de serviço funerário na capital paulista, que arrematou o leilão e possui inúmeras irregularidades em sua gestão. Indo ao contrário das metas propostas pelo Plano Nacional de Educação, que garante a gestão democrática das escolas, a privatização visa garantir os interesses dos empresários e seguir a ideologia mercadológica da educação. Ou seja, Tarcísio e seus comparsas querem enterrar de vez a educação pública.

Cresce também o nível de sobrecarga de trabalho e de assédio. Só de 2024 para 2025, centenas de salas de aulas foram fechadas e em muitas escolas, períodos noturnos inteiros foram fechados. Além de diminuir a quantidade de aulas ofertadas para os professores, as salas de aula ficam superlotadas. “São 41 alunos dentro de uma sala, entre esses, 3 são portadores de necessidades especiais. Dividir a atenção dessa maneira, para cada necessidade, é muito difícil. Não tem a mínima condição de ensinar assim”, diz a professora Lara, da Zona Leste. Já a professora Maria relata que se sente impotente e culpada por não ver os resultados que a Seduc (Secretaria de Educação) espera. Segunda ela: “A Seduc colocou essas várias metas, professor Ouro, professor Diamante, e não possibilitam a gente trabalhar da maneira que nós sabemos que é o melhor. Fui chamada atenção por não garantir a redação de todos na plataforma”, desabafa.

Com tamanho assédio e carga de trabalho, cresce o número de afastamento e licenças de cunho psicológico dos professores, sendo contabilizados 112 professores afastados diariamente. Não é possível esquecer o caso da professora Analu, da EE Maria Carolina em Diadema, que faleceu ao ser levada para o hospital após ter passado mal durante uma reunião pedagógica, em que questionava a quantidade de cobrança recebida.

Segundo João Suzigan, conselheiro da APEOESP em Campinas pelo Movimento Luta de Classes, “é preciso lembrar que a precarização da educação é um plano arquitetado para garantir a manutenção desse sistema de exploração que promove miséria para a sociedade. O governo pode tentar jogar com todos os seus peões, mas nada pode deter uma categoria mobilizada, unida e em luta por seus direitos, em defesa da educação e dos nossos empregos. Por isso, a construção da greve em cada escola é fundamental, para transformar as escolas em trincheiras de luta contra o governo fascista. Faremos assembleias nas nossas escolas, para discutir e encaminhar a greve por tempo indeterminado”.

A voz de professora Analu não será silenciada. Em memória de Analu e tantas outras que se dedicaram cotidianamente pela construção de uma educação que liberte das amarras deste sistema falido, os professores construirão uma forte greve em resposta aos desmandos do governo.

Por dentro da privatização dos CEUs: assédio, autoritarismo e destruição do patrimônio público

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Os Centros Educacionais Unificados (CEUs) criados com gestão democrática, focado nas periferias da capital paulista, enfrentam um processo de privatização progressiva desde Kassab até Nunes, resultando em cortes de recursos, riscos estruturais e perda de participação popular. Sob gestão de OSCs, unidades registram falta de materiais, assédio laboral e desmonte de conselhos gestores. Movimentos como DESPRIVATIZACEUs e MLC combatem a expansão de PPPs e defendem o controle comunitário.

Guilherme Leria | MLC SP


Criados durante a prefeitura de Marta Suplicy (2001 – 2004), os Centros Educacionais Unificados, ou CEUs, juntam o ensino infantil e fundamental com estrutura de esportes, teatros, salas de músicas e outros serviços fundamentais para promoção da cidadania em áreas periféricas da cidade.

Em sua criação os CEUs representaram a vitória de uma prefeitura mais aberta para o povo. Através de um processo mais horizontal, os movimentos sociais e a população periférica tornavam-se protagonistas do processo de construção e implementação de cada CEU, mapeando os terrenos de sua implementação e construindo seus projetos. Anos-luz da atual prefeitura e governo do estado.

Conforme os CEUs se mostraram um sucesso outras prefeituras expandiram o projeto para outras cidades e passaram a transformar o projeto segundo seus próprios interesses. As prefeituras de Kassab, Serra, Haddad e as mais atuais de Dória, Covas e Nunes, todas entregaram CEUs, todos visivelmente diferentes, todos progressivamente empobrecendo as estruturas do projeto original.

Desde a prefeitura de Dória há uma postura muito mais agressiva em relação à privatização e nos ataques contra a educação pública. Durante a prefeitura de Covas (vice de Dória), em meio ao auge da pandemia, a Secretaria Municipal de Educação passou a gestão de 12 CEUs que estavam finalizando a construção para a Organização Social da Cultura (OSC) Bacarelli.

Na época em que se anunciou essa privatização já havia denúncias de falta de transparência no processo, além de apontar que, ao contrário do que a prefeitura contava,  a privatização geraria mais custos do que economias.

No começo de 2024, no segundo mandato de Ricardo Nunes (vice de Covas), um dos principais objetivos da prefeitura tornou-se expandir esse modelo privatizado, agora passando para a OSC SPE Integra S/A os seguintes CEUs: Cidade Ademar, Cidade Líder, Ermelino Matarazzo, Grajaú, Imperador, Brasilândia; Jardim Campinas; Parque das Flores; Pirajuçara e Vila Gilda.

Por dentro da privatização

Toda privatização parte de um argumento básico: a gestão empresarial seria mais efetiva que a gestão pública. E deste argumento nasce outro: a gestão privada conseguiria organizar e executar todas as atividades daquele órgão público e ainda gerar algum lucro para a administradora.

Na prática essa lógica se mostra impossível e causa um efeito em cadeia: piora as condições de trabalho, corte de salários, distanciamento da população em conselhos deliberativos, não se faz manutenção das estruturas, aumento dos casos de assédio e falta de materiais e equipamentos para realização dos serviços. Essa instabilidade e constante pressão de trabalho causa frequentes mudanças de gestão e rotação de profissionais, culminando em uma enorme piora da qualidade do serviço oferecido e da relação com a população atendida.

O MLC professores buscou no movimento DESPRIVATIZACEUs e na audiência pública da Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa de 2023, organizada por Toninho Vespoli e com presença do SINESP (Sindicato Especialistas Ensino Público São Paulo), alguns dos relatos sobre como realmente é a gestão da OSC Instituto Bacarelli.

Assim que a privatização saiu do papel os trabalhadores da gestão dos CEUs começaram a enfrentar os mais diversos tipos de assédios e ataques aos seus direitos: falta de equipamentos básicos como materiais para as aulas e atividades de cultura, constantes mudanças nos planejamentos, desvios de funções que colocavam os funcionários e usuários em risco e  prazos impraticáveis para realização das ações culturais e esportivas.

Como relata um integrante do movimento DESPRIVATIZACEUs: “principalmente no que toca os professores do esporte e o pessoal da cultura, existe muito uma questão de desvio de função (…) eles querem obrigar a pessoa a fazer alguma coisa que não é do escopo dela e que inclusive, sendo uma pessoa que não tem experiência para lidar com crianças, é até um risco para criança e para pessoa”.

Sobre a falta dos materiais: “é um tal de aulas de crochê acontecendo com o resto de barbante, de professor colocando a mão no próprio bolso para comprar material, porque eles contratam o professor e não tem material para dar aula”, denuncia o movimento.

No ano da implantação da gestão privatizada em 2022 a comunidade passou cerca de sete meses frequentando as unidades e participando de atividades esportivas sem bebedouros, pois eles só foram adquiridos após esse período. Além disso, as salas de aula e demais ambientes seguem até hoje sem ventiladores adequados, o que torna as altas temperaturas ainda mais difíceis de suportar, especialmente no verão. Somado a isso, a cada ano, a comunidade enfrenta longas horas em filas para conseguir uma vaga. Como a procura é superior à oferta de vagas nos CEUs, a OSC, por decisão unilateral, realiza todo ano um processo de rematrícula, promovendo um rodízio entre os frequentadores.

Se trocar as OSCs melhora?

Alguns poderiam dizer que isso é um problema da OSC, uma questão que poderia ser diferente em outra gestora, mas a questão não é a circunstância e sim a própria privatização.

Antes da privatização, a gestão direta do Conselho Gestor do CEU é a instância máxima de decisão, sendo composto paritariamente por representantes da comunidade e dos trabalhadores do CEU, todos eleitos pela população e trabalhadores da região. Esse modelo democrático permitia a construção de ações e decisões alinhadas às necessidades locais. Com a perda do poder decisório da comunidade, esses espaços de participação e controle social foram esvaziados, comprometendo a transparência e o envolvimento direto da população na gestão do equipamento.

Portanto, a privatização entra em direta contradição com esse tipo de gestão, já que a administração das OSC precisam tomar ações impopulares e com agilidade para tentar justificar o projeto e as remessas milionárias do dinheiro público que ela recebe. Na prática, a privatização coloca em choque a participação popular contra os resultados buscados pela administração privada.

No caso do CEU Carolina Maria de Jesus passaram 4 gestores diferentes em um período de um ano. Cada um dos gestores representava uma nova tentativa da OSC de estabelecer a sua dominância sobre o conselho gestor, já que o gerente terceirizado é obrigado a seguir as determinações da OSC, o que na prática causa um enorme conflito e um caos dentro do CEU.

Mais recentemente no CEU Artur Alvim, mais um sob gestão da OSC Bacarelli, o teto do teatro foi destruído em meio às tempestades. Mais do que um caso isolado, esse episódio demonstra a falta de manutenção e de preocupação com a qualidade do serviço oferecido.

Após a queda do teto e os danos a estrutura a OSC não interditou o espaço, mesmo após fazer uma vistoria. Os trabalhadores do CEU seguem trabalhando na unidade todos os dias com o medo eminente de outro desabamento.

Assim como todas as outras experiências de privatizações, o caso dos CEUs e das OSCs nos mostram os reais objetivos por trás das privatizações: aumentar o controle da burguesia sobre o orçamento público e a vida da população trabalhadora.

Como o projeto original e contexto de criação dos CEUs nos mostra, a participação popular e os servidores públicos são as raízes do sucesso dessa política pública, justamente o contrário da privatização.

Com a reeleição de Ricardo Nunes em uma eleição controlada pelo investimento da burguesia não é nenhuma surpresa que o projeto privatizante ganhe ainda mais força mesmo com todos esses problemas. Neste mandato a prefeitura de Nunes quer construir 12 novos CEUs através de uma parceria público-privada (PPP) na qual a construção e a gestão será feita pela iniciativa privada.

Por isso o Movimento Luta de Classes, a Unidade Popular e outros movimentos como DESPRIVATIZACEUs estão organizando a classe trabalhadora para lutar contra a privatização. Precisamos retirar OSCs dos CEUs e colocá-los novamente sob controle da comunidade e do conselho gestor democrático.

Ato pede justiça pelo senegalês Ngange Mbaye, morto pela PM em São Paulo

Ngange Mbaye, trabalhador do Senegal, foi assassinado a tiros pela Polícia Militar durante uma operação de repressão aos camelôs na região do Brás. Manifestação pediu o fim da violência policial, do racismo e da discriminação contra imigrantes

Redação SP


Nesta segunda-feira (14/4), uma manifestação no centro de São Paulo denunciou a morte de Ngange Mbaye, trabalhador imigrante assassinado pela Polícia Militar paulista na semana passada. Nascido no Senegal, Ngange tinha 34 anos, trabalhava no comércio informal e deixa uma mulher grávida de sete meses.

O ato, que saiu da Praça da República, denunciou a violência policial e o racismo envolvidos na morte de Ngange. Ele foi baleado por um agente da Polícia Militar durante uma operação de repressão aos camelôs da região comercial do Brás, ocorrida na última sexta-feira (11/4). Não se trata da primeira vez que uma dessas ações do Estado resulta no assassinato de um trabalhador africano: em abril do ano passado, o também senegalês Talla Mbaye morreu após ser jogado da janela do sexto andar durante uma operação policial na capital paulista. Antes, em 2022, o gambiano Bubacarr Dukureh foi assassinado durante uma abordagem no bairro dos Jardins.

A mobilização denunciou que a população imigrante no Brasil convive todos os dias com a truculência da Polícia Militar, que oprime um segmento já tornado vulnerável pelas dificuldades da migração e da sobrevivência com empregos informais. Os trabalhadores alertaram que a prefeitura de São Paulo não terá sossego até que sejam tomadas providências que ponham um fim a esse cotidiano de violência.

Convocado pela comunidade senegalesa e pelos familiares e amigos de Ngange Mbaye, o ato também contou com a participação de movimentos sociais e partidos, como a Frente Negra Revolucionária (FNR), a Unidade Popular pelo Socialismo (UP) e o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Os militantes levaram a solidariedade dos trabalhadores brasileiros com a luta da população migrante por uma vida digna.

Curso estadual de coordenadores de núcleo da Unidade Popular em São Paulo completa 3 anos

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A 6ª edição do Curso Estadual das Coordenações de Núcleo da Unidade Popular (UP) em Santo André reuniu 70 coordenadores(as). O evento debateu estratégias políticas para fortalecer núcleos locais, mobilizar lutas contra a crise capitalista e o fascismo, e articular ações como o Dia Nacional contra a escala 6×1 (23/04) e o 1º de Maio.

Redação SP


Já virou tradição: há 3 anos, semestralmente, coordenadores e coordenadoras de núcleo da UP do Estado de São Paulo se reúnem por dois dias completos para estudar e desenvolver melhores condições de realizar cada vez mais lutas e transformar a realidade do estado rumo à construção do socialismo no Brasil. Nos dias 12 e 13 de abril, aconteceu em Santo André a 6ª edição do Curso Estadual das Coordenações de Núcleo de São Paulo com mais de 70 presentes. Trabalhadoras e trabalhadores vieram da Baixada Santista, de todas as zonas da Capital de São Paulo, das 7 cidades do ABC paulista, da Região Metropolitana de Campinas e Ribeirão Preto e de várias outras cidades.

O tema da primeira aula foi “Qual é a organização de revolucionários que precisamos?” quando debatemos sobre a importância da organização da UP como partido marxista- leninista. Na parte da tarde o debate foi sobre a conjuntura que temos vivido e a importância da luta revolucionária neste momento de crise do sistema capitalista, de avanço do fascismo e da falta de resposta dada pelo Governo Federal.

Isso porque o próximo período será de grandiosas lutas como o Dia Nacional de Lutas pelo fim da escala 6×1 (23 de Abril) e o 1º de Maio: Dia da Classe Trabalhadora. Além disso, São Paulo receberá o Conselho Nacional de Entidades Gerais da União Nacional dos Estudantes no dia 17/04 e no dia 25/04 acontecerá a greve estadual dos professores da rede estadual. A Unidade Popular é e deve ser o partido capaz de dirigir estas lutas para que sejam transformadas em passos na luta pelo socialismo.

Todos os dias de curso contaram com o trabalho coletivo para garantir uma boa qualidade e profundidade das aulas com apresentações, esclarecimento das dúvidas e debate; café da manhã e da tarde e almoço de qualidade para renovar as energias, além da decoração do espaço com bandeiras e boas acomodações no alojamento para as pessoas de cidades distantes.

O segundo dia tratou do nosso lema: “Núcleo é para lutar e crescer!”. Aulas e dinâmicas tiveram como objetivo ajudar as coordenações a pensar em como garantir que cada núcleo da UP realize lutas para transformar a realidade do seu local de atuação: empresa, fábrica, bairro, escola e universidade. Dessa forma, o número de filiados e membros dos núcleos crescerá criando forças para lutas estaduais e nacionais. Foi lançado o desafio de crescer a autossustentação do nosso trabalho para garantir as passagens, a gasolina, a alimentação e a estrutura para todos os núcleos poderem ter representações presentes no curso. Já que a UP não recebe financiamento de grandes empresários, banqueiros e tem como princípio contar com a contribuição mensal de cada filiada, filiado e apoiador (inclusive quem lê as matérias do Jornal A Verdade), além das políticas gerais de finanças de cada núcleo.

Por fim, o Diretório Nacional da Unidade lançou o desafio para 2025:  duplicarmos a UP no Brasil! Este foi o desafio colocado para cada coordenador e coordenadora, de acompanhar os pedidos de filiação e buscar trabalhadoras e trabalhadores para se filiarem ao nosso partido e estarem nas lutas. Neste desafio contaremos com a formação e orientação que o Jornal A Verdade e as Edições Manoel Lisboa garantem ao nosso partido. Foram vendidos mais de 50 livros em dos dois dias de curso, livros que com certeza serão centrais para a formação futura dos coordenadores e filiados do partido.

Cada coordenador e coordenadora voltou para sua cidade com a disposição renovada para crescer e criar novos núcleos, chegar a novas cidades, organizar lutas locais e gerais, conquistar vitórias para o nosso povo e construir o socialismo. Dessa forma, o 6º Curso das Coordenadoções de Núcleo cumpriu com o seu objetivo: avançar o crescimento e a influência da Unidade Popular pelo Socialismo, o partido das lutas populares e o partido antifascista do Brasil.