UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

quinta-feira, 18 de dezembro de 2025
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Livro “A vida e luta do comunista Manoel Lisboa” é lançado em Natal (RN)

Lançamento do livro “A vida e luta do comunista Manoel Lisboa” reúne centenas de pessoas em Natal.

Redação RN


No último dia 24 de outubro aconteceu, no auditório da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, o lançamento da 3ª edição do livro “A vida e a luta do comunista Manoel Lisboa”.

O do evento foi aberto com os presentes entoando o hino internacional dos trabalhadores: a Internacional Comunista. A mesa contou com a ilustre presença de Edval Nunes Cajá, um dos organizadores do livro, presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa, do Comitê de Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco e membro do Partido Comunista Revolucionário – PCR; Jana Sá, filha do guerrilheiro Glênio Sá, que é jornalista e presidente da Comissão de Memória, Verdade e Justiça do Rio Grande do Norte; e Jessé Alexandria, primo de Emmanuel Bezerra, juiz e escritor.

O plenário lotado se emocionou com as histórias de luta e resistência dos heróis do povo brasileiro tombados pela ditadura militar fascista no Brasil. Cajá abriu as falas ressaltando o heroísmo revolucionário de Manoel Lisboa e Emmanuel Bezerra que presos não delataram nenhuma informação sequer a seus torturadores. Relembrou como o exemplo desses heróis foi determinante para sua conduta quando também foi preso e torturado. Destacou a necessidade de todos os presentes concretizarem o pedido de Manoel Lisboa antes de sua morte: que continuem o trabalho do Partido e construamos o socialismo no Brasil.

Auditório da UFRN lotado para receber o lançamento da 2 edição do livro “A vida e luta do comunista Manoel Lisboa”. Foto: JAV-RN

A importância dos partidos levantarem e manterem alta a bandeira da Memória, Verdade e Justiça, nos seus programas e nas suas ações, foi enfatizada por Jana. E, seguindo a fala de Cajá, também prometeu, uma vez mais, que os comitês nos estados manterão suas atividades até que todos os mortos tenham suas histórias contadas verdadeiramente e que todos os desaparecidos políticos sejam encontrados.

Jessé explanou sobre a importância da justiça de transição e que é necessário avançar ainda muito a democracia no nosso país por reparação não só financeira, mas em termos históricos. A sua família luta pela memória de Emmanuel Bezerra mas muitas histórias precisam ser resgatadas e portanto, lançar o livro da história de Manoel Lisboa era uma passo importantíssimo nesse sentido.

As organizações políticas presentes, assim como professores da instituição presentes tiveram espaço para considerações e saudações. Com muita palavra de ordem, agitação, bandeiras e a poesia “Tu e eles” recitada pela coordenadora da mesa, Samara Martins, foi encerrada as intervenções políticas seguida da sessão de autógrafos e fotos com Cajá, momento de grande emoção para os presentes que admiram sua luta, resistência e exemplo.

Má gestão dos Cunha Lima deixa Campina Grande sem dinheiro para a Saúde

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Prefeitura promove colapso na Saúde, com falta de recursos e atrasos salariais. A crise revela a má administração e o descaso da oligarquia com a população.

Cleber Gordiano| Redação PB


 

brasil- Principal oligarquia de Campina Grande, com influência em todo o estado da Paraíba, a família Cunha Lima, que está em seu quarto membro diferente na gestão da Prefeitura, é bem mais reconhecida por se envolver em escândalos (dentro e fora da política) do que por práticas de boa gestão.

Ronaldo Cunha Lima, patriarca da família, filho de um ex-prefeito de Araruna, também no interior do estado, ficou conhecido nacionalmente em 1993, quando, enquanto ocupava o cargo de governador da Paraíba, desferiu três tiros em um adversário político que acusava seu filho, Cássio Cunha Lima, de corrupção na Sudene. Este último – que assim como o pai também foi prefeito e senador – teve o seu mandato de governador cassado por ter distribuído cheques para comprar votos na eleição de 2008 (em 2020, a Justiça mandou Cássio devolver mais de 1 milhão de reais acumulados indevidamente enquanto era senador).

Tragédia anunciada

 A bola da vez do clã é Bruno Cunha Lima (União Brasil), sobrinho-neto de Ronaldo e atual prefeito de Campina Grande, segunda maior cidade do estado, em seu segundo mandato. Conhecido pela postura intransigente em sua relação com os servidores, Bruno soma, em seu mandato, diversas crises de gestão, especialmente na Secretaria de Saúde. Após tentar privatizar a atenção básica no município com o malfadado programa “Saúde de Verdade”, o prefeito viu a estrutura de saúde do município colapsar.

Os sinais mais visíveis da erosão começaram a aparecer ainda em 2023, quando o Conselho Regional de Enfermagem da Paraíba (Coren-PB) realizou interdição ética em cinco Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da cidade. Na mesma época, um apagão na principal maternidade do município forçou a transferência às pressas de mães e recém-nascidos para outras unidades hospitalares. Em março de 2025, uma mulher morreu na mesma maternidade, conhecida pela sigla ISEA (Instituto de Saúde Elpídio de Almeida), vítima de negligência médica e violência obstétrica – a família de Maria Danielle Cristina Morais Sousa busca respostas até hoje. (Pouco antes do fechamento dessa matéria, em 20 de outubro, aconteceu mais uma morte no ISEA: Gabriella Alves Rodrigues dos Santos, 25 anos, professora do ensino fundamental, não resistiu a uma parada cardíaca após realizar uma cesariana).

Crise sem fim

Nos últimos meses, servidores da área realizaram diversas manifestações e até uma greve por conta dos reiterados atrasos no pagamento dos seus salários. Além disso, hospitais que mantêm convênios com a Prefeitura têm ameaçado paralisar os serviços e acionado a Justiça para receber valores não quitados: só a FAP (Fundação Assistencial da Paraíba) cobra uma dívida de aproximadamente 10 milhões; antes, já havia sido determinado pela Justiça o repasse de 17 milhões a um hospital pertencente a uma outra poderosa família do interior do estado: os Gadelha, também influentes na política, proprietários de uma rede de TV e de uma faculdade privada e com membros suspeitos de envolvimento em grilagem de terras.

Em 21 de outubro, o secretário de Finanças do município, Felipe Gadelha (o sobrenome não é coincidência!), afirmou, em entrevista, que todo o orçamento anual da Saúde de Campina Grande (R$165 milhões) já havia sido utilizado em nove meses: na prática, a pasta dependerá, até o fim do ano, da liberação de emendas parlamentares federais para pagar seus funcionários – até a data da entrevista do secretário, os servidores contratados não haviam recebido os seu salários referentes a outubro.

Para piorar a situação, a má gestão dos Cunha Lima na Prefeitura fez com que Campina Grande tivesse recursos do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) bloqueados por conta de pendências junto ao Tesouro Nacional. Enquanto não corrigir tais pendências, o município não receberá nenhum repasse federal, o que compromete ainda mais a já cambaleante Saúde da cidade.

No dia 22, a Câmara Municipal de Vereadores aprovou a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar possíveis irregularidades na gestão dos recursos destinados à Saúde em Campina Grande. Os vereadores da oposição reforçaram a necessidade de apurar as causas do descontrole orçamentário da pasta, que resultaram na atual situação de calamidade.

 

Basta de negligência com a Saúde

A crise crônica numa área essencial como a Saúde escancara a incompetência, a irresponsabilidade e o descaso da gestão Cunha Lima com o povo pobre de Campina Grande. O projeto de sucateamento da Saúde só serve aos hospitais e planos privados e coloca em risco a população que necessita dos serviços públicos. Basta de especular com a vida das pessoas! A saúde é um direito fundamental, não uma mercadoria, como a burguesia a enxerga. Lutar pelo fortalecimento do SUS e por uma saúde pública eficiente é um dever de todo socialista. A Saúde de Campina Grande pede socorro, e só a luta e a organização popular poderão acabar com o descaso.

Cearenses lutam contra a “Chuva de veneno” do agronegócio

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“Aqui estamos nós, mães e crianças de vários lugares do Ceará. É com nosso sangue que lhe dirigimos a palavra. Sangue humano que corre em nossos corpos. Sangue que faz colorir a rosa da vida, essa dádiva preciosa e sem preço, que nem o dinheiro do mundo todo é capaz de pagar.”

Lucas Monte | Fortaleza (CE)


No final do ano de 2024, o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), sancionou a Lei 19.135/24 que permite a pulverização de agrotóxicos por meio de drones. A lei foi proposta, aprovada pela Assembleia Legislativa e sancionada pelo governador em tempo recorde (em menos de uma hora, da aprovação para a sanção) sem ter qualquer tipo de diálogo com as comunidades afetadas ou realização de audiências públicas.

A aprovação da lei foi recebida com aplausos por empresários que irão se beneficiar com o derramamento de veneno, e com bastante preocupação e incerteza para as comunidades que serão afetadas diretamente por esta lei. Não demorou muito para surgirem relatos de famílias afetadas pela pulverização de venenos por meio de drones, sendo o caso mais expressivo a de uma família em Quixeré/CE, que precisou deixar a sua casa, após a casa ter sido contaminada por agrotóxico classificado como extremamente perigoso pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O telhado da residência precisou ser destruído para ser feito o processo de descontaminação.

Em resposta, diversos movimentos sociais e partidos se organizaram para constituir o Movimento “Revoga Já”, exigindo a revogação da lei aprovada por Elmano. O movimento tem realizado plebiscito popular como forma de denúncia para a população do estado. No dia 16/10 realizou caminhada até o Palácio da Abolição (sede do Governo Estadual) com uma comissão de mulheres e crianças para entregar uma carta com as reivindicações, intitulada “Carta de Hiroshima” (disponível ao final da matéria).

Nem a PM parou o movimento

Famílias rompem o cerco policial, avançando para a sede do governo.

A organização do “Revoga Já” não escondeu em nenhum momento seu interesse de dialogar com o Governo estadual e esperava realizar uma caminhada pacífica para entregar a carta ao governador. No entanto, o que encontraram foi a sede do governo cercada por grades e com a presença da Polícia Militar para conter a chegada do movimento. Um representante do governo do Estado conversou com o movimento e disse que poderia receber a carta, mas que não sabia quando iria entregar para o governador, então o movimento não aceitou entregar sem a garantia de que seriam, de fato, ouvidos.

Enquanto buscava-se um ponto de consenso com o representante do Governo do Estado, as falas animavam as pessoas presentes e denunciavam para a população ao redor os perigos da nova lei. Uma dessas denúncias foi feita pela agricultora Andreia (nome fictício por proteção), que relatou a contaminação do principal rio de sua região, além da presença de agrotóxicos próximo às escolas. Ela também nos relatou que sua região tem índice de câncer acima da média e, de fato, a segunda maior causa de óbitos no Litoral Leste do Ceará é em decorrência de câncer.

Por isso, as pessoas presentes na caminhada não tinham nada a temer com a presença da PM, uma vez que suas vidas já eram diariamente ameaçadas pela conivência do estado. Em assembleia rápida, decidiram romper a barreira imposta pela polícia e conseguiram passar pela barreira. Rapidamente foi estabelecida outra barricada, que deixou a população no sol quente de meio dia. Certos da primeira vitória e com o calor esquentando a pele, em menos de 20 minutos a segunda barreira foi rompida e o movimento conseguiu uma sombra para realizar almoço enquanto esperavam a decisão do governo.

Não demorou muito até aparecer o secretário de articulação política que se comprometeu a marcar audiência pública, definiu um prazo e recebeu a Carta de Hiroshima. Essa conquista mostrou que o povo organizado consegue fazer frente aos desmandos do Estado Burguês, mas é preciso avançar e conquistar mais para o nosso povo.

Luta no campo é a luta pelo socialismo 

Não podemos esquecer que o Estado do Ceará, através da luta popular, foi pioneiro na legislação contra a pulverização aérea de agrotóxicos. Em 2019, foi aprovada a Lei Zé Maria do Tomé, de co-autoria de Elmano de Freitas, que proíbe a utilização de aviões para pulverização de agrotóxicos. A lei carrega o nome do agricultor e ambientalista Zé Maria do Tomé, que foi assassinado em 2010 na Chapada do Apodi após realizar diversos registros dos crimes ambientais e das consequências da pulverização área dos agrotóxicos.

O governador Elmano, agora aliado do agronegócio, parece ter “esquecido” do martírio de Zé Maria do Tomé, mas para o povo que sofre com os desmandos do agronegócio e têm suas vidas atacadas constantemente essa memória nunca será apagada e o luto nunca será apenas um substantivo, mas a conjugação do verbo que nos mantém na certeza de que somos capazes de honrar nossos camaradas e construir a sociedade socialista.

Carta de Hiroshima

Das mães e crianças envenenadas pelos agrotóxicos no Ceará

Ao Governador do estado, senhor Elmano de Freitas

Senhor governador,

Aqui estamos nós, mães e crianças de vários lugares do Ceará. É com nosso sangue que lhe dirigimos a palavra. Sangue humano que corre em nossos corpos. Sangue que faz colorir a rosa da vida, essa dádiva preciosa e sem preço, que nem o dinheiro do mundo todo é capaz de pagar.

Estamos aqui, governador, para dizer que o mesmo sangue que se transforma em leite pelo milagre da biologia, e com o qual amamentamos nossas crianças, nessas mesmas veias, através de nossos peitos, circula também o veneno dos agrotóxicos.

É difícil aceitar que estamos adoecendo com a única finalidade de engordar as contas bancárias de quem lucra com a destruição da vida. Mas o que dói mais, governador, o que nos tortura profundamente a alma dia e noite, é saber que nós, que amamos nossos filhos, transferimos para esses seres indefesos a morte matada a cada vez que os amamentamos. Nosso leite anda carregado de veneno, fato comprovado por estudos científicos!

Em pleno Outubro Rosa, mês da conscientização sobre o câncer de mama, o câncer que mais atinge mulheres no mundo todo, é extremamente revoltante saber que o senhor é cúmplice de uma lei que autoriza a pulverização de agrotóxico por drones em nosso
estado.

O senhor conhece as pesquisas que indicam que o câncer de mama se alastra com mais facilidade e é mais devastador onde há maior liberação de agrotóxicos? Saiba que os drones só pioram uma situação já bastante crítica.

O governador escuta, consegue escutar os gritos vindos das comunidades primeiramente atingidas pela lei que o senhor ajudou a criar? Clamores tão perfurantes como estes, só não ouvem os ouvidos que não querem ouvir.

O veneno que cai do céu é como uma bomba tóxica que estoura sobre nós. Ninguém consegue dormir, as dores de cabeça são constantes, o mau cheiro é insuportável. Há crianças que vomitam, idosos com crises respiratória, nossas plantações ressecam, morrem os passarinhos e as abelhas… Estão nos matando, senhor governador!

Nos perguntamos com frequência como seria se suas famílias morassem aqui, a sua e a dos 22 deputados que aprovaram essa lei cruel e desumana. Como seria se tivessem que beber da mesma água, respirar do mesmo ar, se alimentar da mesma comida?

Governador, no mês em que o Brasil celebra o Dia das Crianças, pedimos para que o senhor pense nos meninos e nas meninas mudas telepáticas de nosso estado. Pense nas crianças cegas inexatas, nas deformações em seus frágeis corpos em crescimento. Pense nas mulheres rotas alteradas. Pense nas famílias devastadas. Pense e volte atrás. Reconheça o grave erro praticado e revogue essa lei.

Não queremos ser envenenadas! Não queremos envenenar nossas crianças! Ninguém quer isso. Ninguém!!! É o que mostra o Plebiscito Popular realizado por várias organizações aqui no estado. Se duvida, suspenda imediatamente a lei e realize o senhor mesmo uma consulta oficial ao povo. Só teme a verdade quem faz da mentira cobertor.

A bomba de Hiroshima dependeu de um apertar de botão para explodir e marcar a história como um dos mais horríveis e covardes crimes já cometidos. A bomba dos drones da morte precisa de apenas uma canetada sua para ser desativada. Não titubei. Em nome de todas as crianças intoxicadas, de todas as mães, de todo ar e de todas as águas, de todos os passarinhos e abelhas, em nome de todo o povo envenenado do Ceará, faça isso agora!

Da nossa parte, não tenha dúvidas, daremos nosso sangue para mudar essa história.

Palácio da Abolição

Fortaleza, 16 de Outubro de 2025

Trabalhadores da Petrobrás lutam contra privatização da PBIO

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Em Fortaleza, o aniversário de 72 anos do sistema Petrobrás é marcado pela continuidade das privatizações e a resistência dos trabalhadores da empresa, que paralisaram por duas horas o funcionamento da Lubnor, na capital cearense.

Lucas Monte | Fortaleza (CE)


No dia 03/10 a Petrobrás completou 72 anos e, infelizmente, trabalhadores do sistema Petrobrás não tiveram muito tempo para confraternização. Pelo contrário, foram às ruas em defesa da Petrobrás e denunciando a tentativa de privatização da Petrobrás Biocombustíveis (PBio), mais um ataque que a empresa sofre desde sua fundação. Durante duas horas, dezenas de trabalhadores paralisaram a LUBNOR (Refinaria Lubrificantes e Derivados do Nordeste), em Fortaleza.

Não é de hoje que a burguesia tenta se apossar ao máximo de toda a produção tecnológica e científica produzida na Petrobrás. O alvo desta vez é a PBio, subsidiária responsável pela produção, atividade logística e comercialização de biocombustíveis em nosso país; conta com 130 trabalhadores concursados e experientes no segmento de energias renováveis. 

A PBio é uma empresa estratégica para garantir a transição energética justa em nosso país, além de permitir o avanço do conhecimento científico para uma sociedade que precisa reduzir a queima de petróleo no mundo. Por conta disso, os capitalistas ficam mais uma vez eufóricos com a possibilidade de ter em suas mãos um trunfo para suas disputas interimperialistas.

Ainda em 2016, o Governo Dilma (PT), iniciou o processo de venda das ações da PBio na Usina Guarani, hoje totalmente pertencente ao grupo francês, e anunciou um plano de desenvestimento no setor. Plano este intensificado por Michel Temer (MDB) e Bolsonaro (PL). Este plano de desenvestimento levou ao fechamento da usina localizada em Quixadá/CE, mantendo apenas o funcionamento mínimo, deslocando trabalhadores para outras regiões e reduzindo o vínculo de produção com as comunidades locais.

Agora está em curso a venda total das usinas da PBio e com capitalistas já fazendo visitas para iniciar a disputa de compra. Ora, se a burguesia quer tomar o controle destas usinas, é porque sabe que terá controle estratégico na produção energética. Como um governo que tem tomado para si a defesa da soberania nacional coloca à venda uma empresa tão importante? A resposta é clara: é preciso pagar a conta do lobby eleitoral da democracia burguesa.

Este processo de privatização tem sido colocado em prática pela Diretoria de Transição Energética, agindo contra os próprios objetivos sociais da Petrobrás e colocando diversos trabalhadores na incerteza. A única certeza que a privatização tem para os trabalhadores é a retirada de direitos e a insegurança laboral. 

É por isso que trabalhadores do sistema Petrobrás, mais uma vez, realizam a denúncia de um ataque contra os interesses da população. Ataque esse que beneficiará apenas os patrões, enquanto trabalhadores perdem seus direitos e consumidores pagarão mais caro em combustíveis e materiais provenientes de biocombustíveis. Por isso tudo, precisamos nos somar a esta luta contra a privatização e defender uma Petrobrás para os interesses da classe trabalhadora e só assim seremos capazes de dizer que somos soberanos.

Bets roubam R$ 240 bilhões do povo brasileiro

Crescimento das casas de apostas, conhecidas como “bets”, são acompanhadas por escândalos de lavagem de dinheiro, falta de regulamentação e casos de suicídio são marca registrada da popularização dos cassinos online no Brasil.

João Herbella | Rio de Janeiro (RJ)


BRASIL – A fábrica de ilusões da propaganda capitalista utiliza da cultura de massas (principalmente o esporte) e as redes digitais para iludir o povo da possibilidade de enriquecimento fácil através do mercado de apostas. 

Os jogos de azar trabalham com uma “cláusula pétrea”: a maior parte dos jogadores precisam perder para o dono da casa ganhar. Apesar dessa premissa básica, a onipresença da publicidade de bets convenceram mais de 20 milhões de trabalhadores brasileiros a gastarem R$ 240 bilhões em sites de apostas no ano passado.

Quem perde? 

Em pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), sindicato que representa os capitalistas do setor de serviços, o setor do varejo perdeu R$ 103 bilhões por conta das bets em 2024. As apostas comprometeram o poder de compra das famílias mais pobres e aumentaram seu endividamento. 

Em apenas um mês, as casas de apostas faturaram R$ 3 bilhões em jogadas realizadas por pessoas cadastradas no Bolsa Família. Em 2023, 300 empresas de bets movimentaram entre R$ 60 a 100 bilhões em apostas no Brasil, quase 1% do PIB, superando o giro de capital anual de grandes empresas como a Santander (R$ 74 bilhões), Assaí (R$ 72,8 bilhões) e Magazine Luiza (R$ 63,1 bilhões). Além disso, 60% dos brasileiros que já fizeram alguma aposta esportiva perderam dinheiro, de acordo com estudo da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). 

Ou seja, para os donos dos sites de apostas lucrarem bilhões, os trabalhadores precisam arriscar tudo em dívidas e reduzir drasticamente seu poder de compra.

Jogo sujo

Porém, por que o povo escolheria ficar mais pobre em detrimento do enriquecimento de bilionários anônimos? Esse é o papel da fábrica de ilusões capitalista.

Nos intervalos comerciais da televisão, somos bombardeados por propagandas de cassinos online. Ao acessar as redes sociais, diversos influenciadores do país convidam seus milhões de seguidores a apostaram na “bet da vez” ou até mesmo no chamado “Jogo do Tigrinho”, que apesar de ilegal, segue praticamente onipresente nos stories de instagram e é citado nas músicas mais tocados no Brasil.

Em resumo, essas propagandas colocam que “se tantos famosos estão ostentando por supostamente enriquecerem apostando nesses jogos (e não com a publicidade das mesmas) por que eu também não poderia?” 

O buraco é ainda mais embaixo. Dos vinte clubes que disputaram a Série A do Campeonato Brasileiro de 2024, quinze obtinham bets como patrocinadores. A Betano, a casa de apostas esportivas mais acessada no Brasil, porém sediada na Grécia, comprou os “naming rights” (direitos de nomeação) dos principais torneios de futebol nacional. A “Copa (Betano) do Brasil” e o próprio “Brasileirão (Betano)” tiveram que incluir o nome da empresa em seus campeonatos. 

Não deveria ser surpresa tantos escândalos no futebol ou em outros esportes envolvendo a manipulação do resultado de jogos devido aos esquemas de aposta. Nesta semana, o FBI desmontou um esquema de manipulação de resultados na NBA, maior liga de basquete do mundo. O esquema envolvia atletas, treinadores e até a máfia italiana.

Ou seja, o capitalismo apropriou-se de uma paixão nacional para estragar até mesmo a emoção do povo brasileiro em assistir uma partida de futebol com resultado imprevisível. 

O país das bets

Com atuação legalizada em 2018, pelo Congresso Nacional e o presidente golpista Michel Temer (MDB), sem regulamentação imediata, as bets rapidamente se popularizaram no país devido ao fácil acesso. Afinal, o jogador já não precisa deslocar-se de sua casa para apostar. Sem controle, o Brasil rapidamente alcançou o topo da lista de países com mais acessos em sites de aposta. 

Em 2022, além de ter ficado em primeiro lugar, com 3,2 bilhões de acessos, registrou o dobro do segundo colocado, o Reino Unido, que obteve 1,6 bilhões de acessos. De acordo com levantamento da Similarweb, o público brasileiro representa 38% dos jogadores em site de apostas em todo o mundo, uma verdadeira epidemia. 

Somente em 2023, o Ministério da Fazenda começou a publicar portarias impondo regulamentações ao setor. No ano seguinte criou a Secretaria de Prêmios e Apostas e iniciamos o ano de 2025 com uma série de diretrizes importantes sendo adotadas: a obrigação das empresas obterem sede em território brasileiro, alertarem o usuário sobre o risco de dependência, atuarem somente com instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central, cadastro de jogadores através de CPF e verificação da idade dos mesmos, proibição do pagamento por cartão de crédito, entre outras. Agora, o Congresso Nacional se recusa a aumentar a taxação em cima dos lucros das casas de apostas, que por sua vez comprar cada vez mais parlamentares para defender seus interesses em Brasília.

Questão de saúde pública

Apesar da nova legislação, a grave crise demostra que ainda é insuficiente. Após quase perder seu próprio filho por tentativa de suicídio em 2021, a dona Sandra de 57 anos abriu um processo contra a Sportingbet. O caso aconteceu após o rapaz perder mais de R$ 1 milhão em competições de poker digital. “Meu filho tem uma doença séria, é viciado em jogos, e isso o levou à depressão. Quando tudo aconteceu, passei muitas noites chorando de soluçar, mas entendi que preciso lutar” diz Sandra. 

Infelizmente, casos como esse vem tornando-se cada vez mais comuns. Os noticiários registram cada vez mais casos de trabalhadores perdendo milhares de reais, suas próprias casas, e inclusive o contato com amigos e familiares devido ao vício em apostas online. A Associação Americana de Psicologia afirma que 1 em cada 3 usuários compulsivos já pensaram em tirar sua própria vida. 

Para salvar vidas, a atuação das bets e sua publicidade devem ser severamente proibidas em todo território nacional. Se até a campanha antitabagista nas embalagens de cigarro não impediram o consumo de um gigantesco mercado já consolidado, compreendemos que é necessário o imediato banimento da atividade de cassinos online e a elaboração de politica públicas para auxílio dos jogadores viciados em apostas.

Trabalhadores dos EUA protestam contra autoritarismo de Donald Trump

Nos últimos dias, milhões de trabalhadores protestaram nos EUA contra as medidas autoritárias de Trump e os cortes de verbas.

Felipe Annunziata | Redação


INTERNACIONAL – Desde o último sábado (18/10), mais de 7 milhões de pessoas foram às ruas de mais de 2600 cidades em todos os estados dos EUA. A mobilização foi contra o governo do fascista Donald Trump, que nos últimos 10 meses tem tomado medidas autoritárias para restringir direitos de imigrantes e da população de estados que não votam no seu partido.

A mobilização ganhou tração após os sucessivos cortes de verbas nos poucos programas sociais que existem nos EUA (país onde não existe saúde pública e sistema de seguridade social universais). Junto a isto, Trump transformou o órgão de fiscalização da imigração e da alfândega em polícia política.

O chamado ICE (immigration and Customs Enforcement, Agência de Imigração e Alfândega na sigla em inglês) persegue pessoas latinas nas ruas por suspeitarem serem “imigrantes não documentados”. Nas fábricas, lojas e no campo, trabalhadores que falem espanhol correm risco de serem presos ou deportados.

Protesto em São Francisco e Nova Iorque

Para combater os protestos, Trump aposta ainda mais no autoritarismo, decidiu enviar militares aos estados e cidades de maioria oposicionista. Sob o argumento de “combater o crime”, o presidente dos EUA já colocou militares em mais de uma dezena de cidades.

Ontem (23/10), milhares de pessoas saíram às ruas de São Francisco, no estado da Califórnia, para protestar contra o envio de tropas federais e o aumento da repressão do ICE.

A solidariedade entre os trabalhadores imigrantes e estadunidenses é o que tem evitado as prisões e deportações arbitrárias.

Em Nova Iorque, no último dia 21/10, trabalhadores enfrentaram no meio da rua agentes do ICE enquanto os agentes da polícia de Trump tentavam sequestrar pessoas. Episódios como esse tem ocorrido por várias cidades estadunidenses.

Trabalhadores em luta

Apesar de organizações ligadas ao Partido Democrata (também de direita) tentarem disputar a direção das mobilizações. A realidade é cada vez mais trabalhadores sem organização ou organizados em sindicatos, partidos de esquerda e outros movimentos sociais tem tomado às ruas nos últimos meses nos EUA.

Os EUA vive há 250 anos de um regime que garante direitos civis limitados à maioria da população, mas a grande mídia vende aquele país como a “terra da democracia”. Mas na realidade é que os partidos da ordem alteram as regras eleitorais para impedir que segmentos dos trabalhadores possam exercer influência determinante nas eleições.

Os protestos tem sido chamados de “No Kings”, ou “Sem Reis”, o que mostra a disputa presente no atual momento. Embora para os partidários dos Democratas esta palavra de ordem signifique a defesa da manutenção do regime “democrático” atual dos EUA, para milhões de pessoas significa a luta antifascista.

Cresce no centro do imperialismo a indignação contra a sustentação das guerras de extermínio, como ocorre em Gaza, a perseguição aos trabalhadores imigrantes e o ataque aos poucos direitos dos trabalhadores estadunidenses. Este também é um resultado da ampliação das mobilizações dos povos do mundo, que tem se levantado contra os ataques da burguesia, dos fascistas e do imperialismo.

Ricardo Nunes ataca o SUAS em São Paulo

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A Portaria nº 105/2025 da SMADS, que diz regulamentar o voluntariado no SUAS paulista, aprofunda a terceirização e a precarização da assistência social. Trabalhadores denunciam o desmonte e exigem novas contratações, melhores salários e estabilidade

MLC São Paulo


SAÚDE – No dia 23 de setembro de 2025, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) publicou a Portaria nº 105/2025. À primeira vista, trata-se de um texto burocrático. Mas, por trás dessa aparência técnica, esconde-se um ataque profundo aos direitos da população pobre de São Paulo.

A nova portaria autoriza que pessoas físicas, entidades privadas e até organizações religiosas assumam funções em abrigos, casas de acolhida e centros de convivência. Ou seja: atividades que deveriam ser realizadas por trabalhadores da Prefeitura passam a poder ser feitas por “voluntários” — sem salário, sem direitos, sem vínculo empregatício.

O que parece “participação da sociedade” é, na verdade, a velha tentativa de transformar direitos em favores. Desde a Constituição de 1988 e da criação do SUAS (Sistema Único de Assistência Social), ficou estabelecido: assistência social não é caridade, é direito.

Trabalhadores denunciam desmonte

Esse é justamente o ponto que revolta quem atua na área.

“Substituir profissionais por voluntários demonstra o quanto se desconsidera a natureza do SUAS como política pública de direito, que exige trabalhadores qualificados e vínculos profissionais estáveis”, afirma Juliana, educadora social no CEDESP (Centro de Desenvolvimento Social e Produtivo) da Zona Leste.

O SUAS foi criado para romper com a tradição assistencialista que marcou a história do Brasil. Durante séculos, senhores de engenho, coronéis e grandes empresários usaram a filantropia como forma de manter os pobres de cabeça baixa. A esmola servia tanto para controlar politicamente quanto para perpetuar a exploração.

“Não é caridade, é uma política pública que exige conhecimento técnico, formação específica, sigilo profissional e compromisso ético – características asseguradas por profissionais contratados”, lembra Mariana, orientadora socioeducativa no SPVV de Ermelino Matarazzo.

Terceirização e precarização

O SUAS paulistano já está enfraquecido há anos. Grande parte dos serviços é gerida por Organizações da Sociedade Civil (OSCs), e não diretamente pela Prefeitura.

Essa terceirização impõe condições degradantes. “Salário de miséria e sem benefícios, que deixa o trabalhador adoecido. Mesmo trabalhando tanto, falta dinheiro todo mês. Além disso, a sobrecarga de demandas gera alta rotatividade de profissionais”, denuncia Carla, assistente social no SPVV (Serviço de Proteção Social à Criança e Adolescente Vítimas de Violência) da região Centro-Oeste.

Com a Portaria 105, Ricardo Nunes aprofunda o desmonte: abre caminho para substituir assalariados até mesmo dentro das OSCs por mão de obra gratuita e precarizada.

Neoliberalismo e conservadorismo religioso

Não se trata apenas de cortar gastos. A medida reforça a lógica neoliberal de retirar direitos e transferir responsabilidades do Estado para a caridade e para as igrejas.

“SAICAs (Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes), CCAs (Centros para Crianças e Adolescentes), CEDESPs, SPVVs, assim como muitos outros serviços, lidam com demandas sensíveis e exigem formação técnica. Política pública não se faz com caridade!”, alerta Rafael, psicólogo no SPVV de São Mateus.

Assim, cidadãos deixam de ser sujeitos de direitos para se tornarem beneficiários da “benevolência” estatal ou religiosa. É a fusão perversa entre neoliberalismo e conservadorismo: o capital corta, a caridade disciplina.

Só a luta organizada pode barrar o retrocesso

A secretária municipal defende a portaria dizendo que ela apenas “regulamenta” o voluntariado. Mas se fosse apenas isso, por que abrir brechas tão amplas? Na prática, a medida legaliza a substituição de trabalhadores e amplia o modelo privatista já aplicado ao SUAS.

Diante disso, trabalhadores e usuários afirmam: só a luta coletiva pode barrar o avanço do desmonte. “É necessária a mobilização nos sindicatos, nas conferências e nas ruas. A população precisa saber que o enfraquecimento do SUAS afeta diretamente o atendimento que recebe”, defende Carla.

A experiência histórica mostra: nenhum direito foi concedido de graça. A jornada de 8 horas, a previdência, a saúde pública e a própria assistência social foram conquistas arrancadas pela luta. Agora, a Prefeitura tenta devolver ao povo a condição de pedinte.

“Precisamos de mais investimento, de melhores salários, de condições de trabalho dignas e do pagamento dos nossos dissídios em atraso”, cobra Rafael.

Defender o SUAS é defender o direito do povo trabalhador. Mas a luta não se encerra aí: é parte de uma batalha maior contra o capitalismo e pela construção de uma sociedade socialista — onde direitos não dependam da caridade burguesa, mas sejam garantidos pela classe trabalhadora no poder.

Estudantes da UFPE são agredidos dentro da universidade durante ato em defesa da Palestina

No ultimo 16 de outubro, estudantes da UFPE foram agredidos por seguranças da TKS, empresa privada que atua no campus da universidade e que já tem um longo histórico de repressão ao movimento estudantil ao longo dos anos na UFPE. Como se não bastasse o absurdo de reprimir uma manifestação pacífica em solidariedade ao povo Palestino, a empresa acionou a polícia para prender os estudantes. A violência foi tanta que um estudante teve o pulso fraturado.

Augusto Costa| Diretor da UNE


 

JUVENTUDE- No último dia 16 de outubro, estudantes da Universidade Federal de Pernambuco foram agredidos por terceirizados da TKS (empresa privada responsável pela “segurança” da UFPE) após tentarem acessar o prédio de Ciências Exatas da Natureza (CCEN) ao final de um ato pelo fim das relações da Universidade com empresas ligadas ao genocídio na Palestina. Além da agressão a diversas mulheres e militantes do movimento estudantil, um dos estudantes teve seu pulso fraturado. A ação absurda dos seguranças foi agravada quando acionaram a Polícia Militar para reprimir os estudantes. Enquanto fugiam dos cassetetes e das sirenes, os estudantes viram o Centro de Artes e Comunicação (CAC) fechar suas portas para não abrigá-los, mesma ação foi feita pela direção do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH).

 

Ao finalmente conseguir abrigo no Centro de Educação (CE), prédio com apenas um acesso, houve um verdadeiro cerco militar: uma dúzia de seguranças e policiais militares ficaram à postos na entrada pressionando para que pudessem adentrar no prédio e deter os manifestantes. Mas não só isso, os estudantes que passavam pela entrada, que expressaram sua indignação pela presença de policiais no local, apenas foram provocados pelos agentes. Práticas como essa são um dos infelizes legados da ditadura militar fascista que prendia, sequestrava, torturava e assassinava estudantes que se manifestavam. Difícil é não relembrar da história de Umberto Câmara Neto, estudante da UFPE e diretor da União dos Estudantes de Pernambuco e da União Nacional dos Estudantes, que foi assassinado sob tortura por militares em 1973.

 

Na mesma noite, foi marcado um ato para o dia 17 de outubro pelo fim da perseguição ao movimento estudantil e contra a presença da Polícia Militar na Universidade. Por isso, o Movimento Correnteza se fez presente em apoio aos estudantes agredidos, assim como diversas entidades, sindicatos e forças políticas. Em meio a falas em solidariedade e denúncias sobre as ações da TKS, ao final do ato, a direção decidiu pôr fim ao funcionamento das atividades do CFCH sob a justificativa de uma suposta “ameaça de ocupação estudantil’’ e a necessidade de “garantir a segurança física de servidores, discentes e do patrimônio público”.

 

A criminalização do Movimento Estudantil não é algo novo, é fruto de uma segurança que prefere proteger tijolos à vida dos estudantes. Afinal, onde está a TKS quando vários estudantes são assaltados todo semestre? Ou quando mulheres são assediadas dentro do campus? A verdade é que enquanto a prioridade das diretorias e da segurança for proteger muros, estaremos fadados a ver cenas como essa se repetirem. Mas nós, que carregamos o legado daqueles que tombaram durante a repressão da ditadura militar, não podemos titubear, devemos nos manter firmes na luta por uma educação livre, de qualidade e a serviço do povo.

 

Manifestamos solidariedade aos estudantes agredidos!

Pelo fim da criminalização ao movimento estudantil!

Mobilização das mulheres conquista voto pela descriminalização do aborto no Brasil

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Fruto da mobilização popular, o Ministro Barroso deixa seu voto a favor da descriminalização do aborto no Supremo Tribunal Federal (STF) antes de se aposentar, sendo este o segundo voto a favor da ADPF 442 (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental).

Larissa Mayumi e Bárbara Martins Bolognesi | Movimento de Mulheres Olga Benario


MULHERES – Após mobilização de movimentos de mulheres e frentes pela legalização do aborto, Ministro Luís Carlos Barroso, às vésperas de sua aposentadoria, deixa voto a favor da descriminalização do aborto até as primeiras 12 semanas de gestação.

Em setembro, houve mobilização nacional no dia 28 de setembro, dia de luta latino americano e caribenho pela descriminalização e legalização do aborto, em que milhares de mulheres ocuparam as ruas defendendo a legalização do aborto e denunciando os ataques a este direito fundamental para a vida das mulheres e crianças que gestam.

Ainda, durante esta semana, comissão do Senado aprovou que crianças e mulheres, mesmo as vítimas de estupro, que acessarem o direito ao aborto, com mais de 22 semanas de gestação, sejam criminalizadas, o que foi repudiado pelo povo através das redes digitais. Além do caso de Paloma Alves Moura, de Olinda, que teve seu atendimento médico negado por suspeitarem de ter realizado um aborto e veio a falecer após mais de 10 horas passando mal e pedindo socorro em hospital da cidade. Este último, levou mulheres a se manifestarem em frente ao hospital em justiça pela morte de Paloma.

Neste contexto, em que o povo tem demonstrado repudiar qualquer ataque ao direito ao aborto, por pressão popular, o Ministro Barroso deixa seu voto a favor da descriminalização do aborto no Supremo Tribunal Federal (STF) antes de se aposentar. Este é o segundo voto a favor da ADPF 442 (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental).

Barroso fundamentou com o fato de que a discussão abordada se refere a criminalização da mulher que passa pelo procedimento, levantando o ponto crucial sobre ser um tópico de saúde pública e não direito penal. Também enfatizou que o fato de abortar ser crime apenas penaliza o recorte de mulheres mais marginalizadas que não tem acesso ao procedimento adequado, colocando suas vidas em risco. Esse voto se junta ao da Ministra Rosa Weber que também foi favorável a descriminalização do aborto antes de sua aposentadoria.

Mulheres lutam pela descriminalização

É muito importante que este tema esteja sendo pautado e trazido para a discussão na perspectiva que realmente interessa, que é a vida das mulheres. Após o voto de Barroso, o ministro Gilmar Mendes apresentou pedido de destaque para transferir o julgamento virtual para sessões presenciais, entrando novamente na fila dos processos que necessitam ser pautados pelo presidente do Supremo. Assim, o tema já conta com dois votos favoráveis, faltando a manifestação dos outros ministros do STF sobre a questão para a decisão definitiva.

Assim, a mobilização das mulheres pela legalização do aborto, que tem aumentado nos últimos anos, principalmente com os ataques ao direito ao aborto, legalizado no Brasil em caso de gestação fruto de estupro, risco de vida à gestante e feto anencéfalo, tem dado resultados. Foram as mobilizações nacionais de milhões de mulheres que barraram o PL 1904, projeto que tentava criminalizar mulheres e crianças vítimas de estupro de acessarem o direito ao aborto, e agora, a descriminalização sendo pautada no STF foi fruto das últimas mobilizações do 28 de setembro e manifestações pressionando o ministro para que desse seu voto antes de se aposentar.

Agora devemos seguir pautando a luta pela descriminalização e legalização do aborto realizando rodas de conversa, panfletagens, manifestações e convencendo mais pessoas para defender esse direito fundamental para salvar a vida das mulheres e pessoas que gestam.

Ato no Recife denuncia feminicídios em Pernambuco

O estado de Pernambuco se encontra em estado de calamidade contra a vida das mulheres. Todos os dias são vitimadas de diversas formas no governo de Raquel Lyra (PSD) que não oferece o mínimo de segurança. Com essa indignação, o Movimento de Mulheres Olga Benario e o Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) organizou um ato no último dia 20 de outubro, denunciando o feminicídio da companheira Patrícia Maria Alves da Silva, de 44 anos, cometido pelo ex-companheiro.

Pela falta de políticas públicas, as mulheres pernambucanas são relegadas ao descaso. Em carta entregue a Secretaria de Defesa Social, foi denunciado as violências cometidas contra Patrícia, Alícia, contra a moradora do Cabo de Santo Agostinho, contra Rebeca, Paloma, Adriana e demais mulheres vítimas do machismo que atinge 52,7% da população.

Reproduzimos abaixo, na íntegra, a carta dos Movimentos, com exigências para que essa realidade imposta às mulheres seja transformada.

Movimento de Mulheres Olga Benario e Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas em Pernambuco


 

MULHERES- Precisamos, de uma vez por todas, dar um basta na violência contra as mulheres que se espalha pelo estado de Pernambuco. Diariamente mulheres e meninas são mortas em razão do gênero. Entre janeiro e abril de 2024, 27 mulheres foram assassinadas e no mesmo período de 2025 foram 35 mulheres, conforme a Secretaria de Defesa Social. Ou seja, a violência só cresce a cada ano, a situação beira a calamidade e o poder público segue sem oferecer garantia de segurança às mulheres.

Nos últimos dias, recebemos a triste e revoltante notícia do feminicídio de Patrícia Maria Alves da Silva, de 44 anos. Patrícia era empregada doméstica e recém-ingressa no MLB, moradora da Ocupação Gregório Bezerra Por Palestina Livre, teve sua vida ceifada pelo ex-namorado assassino, fruto da lógica machista e patriarcal, base estrutural da violência contra as mulheres. Ela foi encontrada enterrada em uma mata no Barro, próximo a uma geladeira que foi usada para carregar seu corpo já sem vida. Patrícia não é mais um número estatístico! Ela, assim como tantas outras, era uma mulher cheia de vida, trabalhadora e que lutou até o fim para conquistar o direito à moradia, trabalho, educação e segurança, visto que o Estado não dá garantias desses direitos básicos, o que ocasiona que as mulheres permaneçam no ambiente de violência por não ter onde morar e cuidar de seus filhos.

Infelizmente, não foi apenas o feminicídio de Patrícia Maria que foi notificado nos últimos dias. A verdade é que a violência cresce enormemente em nosso país. A cada seis horas uma mulher é assassinada e a cada seis minutos uma mulher é vítima de estupro. Como o caso da moradora do Cabo de Santo Agostinho, de 48 anos, que foi estuprada por um Agente do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) dentro de um posto policial, em um espaço supostamente seguro para as mulheres.

O estuprador alegou durante a blitz que o veículo da vítima possuía dívidas e a enganou até o local da violência no próprio posto policial. Graças a pressão popular, o estuprador foi preso 5 dias após o crime. Mas, se não houver uma apuração, responsabilização e investigação severa pelos órgão competentes, pode ser esse mais um caso estatístico de violência. Não podemos tolerar, jamais, a violência institucional contra as mulheres.

 

Por mais espaços seguros para todas as mulheres!

 O fato é que se as mulheres pernambucanas e as organizações populares não tivessem pressionado a Polícia Militar a acelerar a investigação, o caso do Cabo seria mais um a ser esquecido. A governadora Raquel Lyra (PSD) disse, somente após pressão popular, que “Estamos trabalhando para garantir o acolhimento da vítima e a investigação severa desse caso. Uma coisa é certa: aqui, em PE, não toleramos violência contra mulher”.

O que contradiz a afirmação da governadora é que no estado de Pernambuco existem 185 municípios e apenas 15 possuem Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher. Dessas, apenas 7 funcionam 24 horas. A estrutura nos municípios que não possuem Delegacias da Mulher é ainda pior: mulheres são revitimizadas e desacreditadas por negligência dos agentes.

A responsabilidade pela proteção das mulheres cabe ao Estado. Representamos 52,7% da população total do Estado e representamos 43,6% da força de trabalho. Vemos como recai sobre as mulheres trabalhadoras, maioria explorada, o peso da insegurança estatal, que mesmo com uma governadora mulher, a violência continua e políticas concretas de combate à violência contra a mulheres são quase que inexistente.

Em julho deste ano, Rebeca Vicente dos Santos, manicure, foi morta a facadas pelo ex-parceiro, após ser obrigada a procurar ajuda na cidade vizinha, Camaragibe, pois em São Lourenço não existe Delegacia Especializada. Em Camaragibe, a Delegacia não funciona 24 horas e o CEAM (Centro Especializado de Atendimento à Mulher) funciona de 8h às 16h, negando que as mulheres trabalhadoras também são vítimas de violência e precisam de auxílio.

Em Olinda, o serviço público fez mais uma vítima: Paloma Alves Moura, 46 anos, chef de cozinha, foi deixada para morrer no Hospital e Maternidade Tricentenário. Paloma procurou a emergência hospitalar por estar com sangramento vaginal em razão de endometriose, deu entrada na emergência e a equipe médica suspeitando de um aborto, negligenciou e negou o atendimento. Paloma morreu em decorrência da perca severa de sangue dentro da unidade hospitalar sem receber socorro.

Em Sanharó, Agreste de Pernambuco, Adriana Cordeiro foi morta a tiros. Ela tinha 34 anos e estava grávida de 5 meses e era mãe de 8 filhos.

Alícia Valentina, 11 anos, estudante da Escola Municipal Tia Zita em Belém de São Francisco, Sertão de Pernambuco, teve decretada morte cerebral após sofrer agressões por se negar a “ficar” com um colega de escola.

Nós não temos um local seguro, não podemos andar pelas ruas tranquilas, e não podemos contar com o Poder Público. Este modelo de sociedade nada tem a oferecer às mulheres, pois se beneficia da opressão imposta às mulheres que nos joga insegurança, baixos salários e uma vida de miséria, vê as mulheres como meras mercadorias e fonte da reprodução social.

Por isso, necessitamos de mais Centros de Referência para acolhida de mulheres; reivindicamos Delegacias Especializadas nas localidades que não a possuem e que funcionem por 24 horas e pela ampliação das que já existem, bem como, exigimos justiça por Patrícia, Paloma, Alicía, Adriana e tantas outras foram vítimas de violência de gênero e pela negligência e falta de políticas públicas para as mulheres.

Reafirmamos que se o poder público e seus agentes continuarem a tratar a vida das mulheres como meros números, sem ações concretas e sem contato direto com a sociedade civil organizada, as mulheres pernambucanas não estarão seguras. Não podemos, e nem devemos nos sujeitar a essa realidade.

Outro fator importante para a proteção da vida das mulheres é a aplicação de políticas públicas e da lei de forma célere. Muitas mulheres são dependentes do Poder Judiciário para ter acesso à pensão alimentícia para seus filhos. Acontece que a falta de acesso ao poder judiciário faz com que as mulheres, por falta de condições financeiras permaneçam em lares abusivos e violentos; quanto ao julgamento de seus agressores, vemos a demora nos processos, onde as vítimas não encontram amparo jurídico para prosseguir com as denúncias; quando se trata do reconhecimento de paternidade e da guarda dos filhos, há demora e negligência em garantir ambientes seguros para as crianças e as mães. Acontece que o acesso à Justiça é limitado para as mulheres trabalhadoras. Por isso, é essencial que as Varas funcionem em regime de plantões para atender as mulheres que se mantém na violência pela dependência financeira ou psicológica e, pela negação ao acesso a políticas públicas são sujeitas à marginalidade.

Ademais, muitas mulheres não recebem apoio quanto ao cuidado de seus filhos. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2022, do IBGE, mostram que as mulheres nordestinas dedicam 23,5 horas da semana para o cuidado de pessoas e/ou trabalho doméstico, enquanto para os homens o tempo dedicado cai pela metade. Essa discrepância se desenvolve para as mulheres o dever social do cuidado coletivo das crianças. As vagas nas creches são insuficientes, deixando milhares de crianças foram do ambiente escolar na primeira infância, sem acesso à creche e escolas em ensino integral, impedido que as mães possam se qualificar profissionalmente e ter acesso a emprego e renda.  Portanto, deve haver ampliação com qualidade das creches e escolas em tempo integral, bem como, políticas de qualificação de emprego e renda para as mulheres.

Sem a garantia do cumprimento dos direitos básicos já estabelecidos na Constituição Federal, aplicação da Lei Maria da Penha, bem como a criação de empregos dignos e que respeitem os direitos trabalhistas, não mudaremos os números de violência contra às mulheres em nosso Estado. Por isso, é dever do governo e de seus Órgãos esta garantir.

 

Reivindicamos:

  1. Investigação célere e punição aos criminosos que violam, estupram e assassinam as mulheres;
  2. Ampliação da rede de Delegacias Especializadas e que estas funcionem 24h também nos fim de semana e feriados;
  3. As delegacias devem ser espaços seguros, com profissionais capacitados e com equipe interdisciplinar para receber a denúncia, acolher a vítima e orientar as ações jurídicas, psicológicas e de assistência social;
  4. Criação de Centros Especializados que atendam e orientem as mulheres com ações práticas que possibilitem as mulheres deixarem ambientes violentos.
  5. Regime de plantões nas Varas de Família e Cíveis para atendimento de todas as mulheres trabalhadoras do estado;
  6. Ampliação do número de vagas nas creches, bem como garantir que as mulheres tenham condições de formação profissional, emprego e renda com políticas públicas efetivas para atender as necessidades básica de moradia, educação e saúde.

 

Abaixo a violência contra a mulher!

Justiça por Patrícia!

Pelo fim do feminicídio e da violência contra as mulheres!

 

 

 

Palestinos resistem a genocídio e lutam para expulsar o invasor de suas terras

Nos últimos dois anos na Faixa de Gaza, o povo palestino sofre o maior genocídio do século 21, resultando, até agora em mais de 80 mil mortes oficiais. O genocídio foi suspenso, mas o colonialismo de Israel não terá um fim enquanto perdurar o sistema imperialista-capitalista.

Felipe Annunziata | Redação


EDITORIAL – De cima dos escombros de Gaza, um povo que não abriu mão do seu território e do direito à autodeterminação ergue a sua bandeira. Nos últimos dois anos, os palestinos passaram pela maior atrocidade que o imperialismo cometeu neste século até agora, mas nunca abaixaram a sua bandeira preta, branca, verde e vermelha, que hoje também é levantada pelos povos de todo o mundo.

“Esta é a bandeira da honra e da dignidade! Esta é bandeira da Palestina!”, afirma um morador de Gaza que tenta voltar para casa depois do acordo de cessar-fogo. E completa: “Apesar do que Trump fez contra nós, apesar de tudo que o canalha do Netanyahu fez contra nós, para nos expulsar de Gaza, não há uma casa de pé, mesmo se eles nos cortarem em pedacinhos, não vamos sair de Gaza, nem um único centímetro! Eles tentaram nos expulsar, mas é impossível!”.

O acordo de cessar-fogo entre a resistência palestina, os EUA e Israel entrou em vigor, oficialmente, no dia 10 de outubro, mas ainda não está consolidado e já conta com vários descumprimentos por parte dos sionistas.

Mesmo com o alívio inicial que a implementação do acordo garante, com a entrada de ajuda humanitária para aplacar a fome generalizada da população de cerca de 2 milhões de habitantes, não está garantido que os sionistas cumprirão o combinado.

Apesar disso, é uma conquista dos povos do mundo para barrar a limpeza étnica na Faixa de Gaza, uma grande vitória da luta anti-imperialista, pois encerrou um período de dois anos de fome, bombardeios, fuzilamentos e sequestros contínuos.

Maior genocídio do século 21

Os números oficiais, reconhecidos pelo Ministério da Saúde de Gaza e pela ONU, dão conta de que mais de 80 mil palestinos foram mortos, além de 160 mil feridos. Pelo menos 10 mil pessoas estão desaparecidas entre os escombros provocados pelas bombas de Israel. Esses números, no entanto, estão muito longe de refletirem a realidade completa do genocídio.

Um estudo da revista Lancet aponta que a matança pode ter vitimado mais de 360 mil pessoas, ou cerca de 17% da população de Gaza antes dos ataques. Nesta conta estão incluídos, além das vítimas diretas dos bombardeios, as pessoas que morreram desnutridas ou de doenças infecciosas causadas pelo bloqueio total de Israel à entrada de ajuda humanitária.

Nas ruas destruídas, o resultado do genocídio começa a ficar mais evidente. No sábado (11/10), a Defesa Civil de Gaza e um hospital recuperaram 178 corpos nos escombros durante as primeiras horas do cessar-fogo. “Chegamos na nossa região. Ela foi exterminada. Não sabemos para onde vamos depois disso. Não pudemos pegar os móveis, roupas nem nada, nem mesmo as roupas de inverno. Nada sobrou”, afirmou Ahmed al-Brim a uma agência internacional de notícias.

Tudo o que se vê em Gaza hoje é a destruição realizada por Israel. O regime sionista se utilizou de várias táticas para assassinar palestinos em escala industrial, assim como os nazistas fizeram na 2ª Guerra Mundial. Além da fome generalizada, os sionistas destruíram a rede de água potável e esgoto de Gaza, toda a região agricultável também foi ocupada e destruída. De acordo com a ONU, 80% das edificações do enclave palestino foram destruídas ou danificadas.

Raja Salmi, uma palestina que tenta voltar para casa, resumiu assim a situação: “Caminhamos por horas e cada parada era repleta de medo e ansiedade por minha casa. Ela não existe mais. É só uma pilha de escombros. Fiquei ali de pé e chorei. Todas as memórias agora são apenas pó”.

A luta pelo cessar-fogo

O genocídio foi suspenso, mas o colonialismo de Israel não terá um fim enquanto perdurarem suas causas: o sistema imperialista-capitalista, que tem naquela região um grande interesse econômico, militar e geopolítico. Como resultado da solidariedade internacional da classe trabalhadora e da resistência inquebrantável do povo palestino, o imperialismo estadunidense foi forçado a fazer Israel sentar para negociar um cessar-fogo.

Na Europa, milhões de trabalhadores fizeram greves e manifestações contra a cumplicidade de seus governos com o regime israelense. A situação chegou a tal ponto que as greves gerais na Itália ameaçaram o governo da neofascista de Giorgia Meloni. Vários outros governos tentaram acalmar suas populações e se viram obrigados a reconhecer o Estado Palestino. Foram os casos de França, Canadá, Austrália, Reino Unido, Portugal, Espanha, Noruega e Irlanda.

Alguns países da África e de Ásia também viram gigantescas manifestações de solidariedade. Ou seja, os povos do mundo isolaram o regime neonazista de Benjamin Netanyahu, que, na tentativa de anexar a Faixa de Gaza a Israel, mentiu descaradamente dizendo que “o objetivo da guerra era destruir o Hamas”.

Nos EUA, de acordo com uma pesquisa do jornal New York Times, pela primeira vez na história, os estadunidenses apoiam mais a Palestina do que Israel. O jornal faz essa pesquisa regularmente desde 1998.

No Brasil, a luta em defesa da Palestina também garantiu avanços importantes, que fizeram recuar a máquina de propaganda sionista. Universidades públicas romperam relações com Israel, como a Unicamp e as Universidades Federais Fluminense e do Ceará.

Nas ruas, favelas, praças e redes digitais, a ampla campanha de denúncias dos crimes de Israel demonstrou que a maioria do povo brasileiro é contra a política de morte, mesmo com a cobertura tendenciosa em favor do regime sionista por parte da mídia burguesa e de muitas igrejas.

Fora Israel de Gaza!

Apesar dessas vitórias, não podemos confiar no imperialismo em nada, especialmente quando o assunto é a “paz mundial”. A trégua prevê a troca de todos os prisioneiros de guerra israelenses por quase dois mil presos políticos palestinos, entre eles Omar Bsais, preso há mais de 24 anos nas masmorras israelenses. A emoção das famílias palestinas é indescritível. No entanto, Israel mantém em campos de tortura mais de 11 mil palestinos, dentre eles, centenas de mulheres e crianças.

Na manhã do dia 13/10, a resistência palestina entregou à Cruz Vermelha Internacional 20 prisioneiros que passaram os últimos dois anos em Gaza. Mesmo assim, as tropas israelenses não se retirarão por completo da Faixa de Gaza. Mais da metade desse território palestino continuará ocupado. Portanto, esta situação impõe a necessidade de continuar a pressão internacional pelo direito à plena autodeterminação do povo palestino sobre suas terras.

O futuro se constrói agora

Para celebrar a suspensão da matança de crianças em Gaza, A Verdade colheu mensagens de solidariedade de quem, mesmo com poucos anos de vida, já aprendeu algumas lições de consciência política.

“Bom, pra ser sincero, eu não acompanhei muito as notícias sobre o que estava acontecendo, e agora vejo que isso foi uma decisão errada, pois eu vivo nesse mundo e o que acontece é preciso saber. Israel cometeu um genocídio contra a Palestina, matando principalmente mulheres e crianças. Essas pessoas estão sofrendo graças à ganância dos líderes israelenses, líderes esses que, enquanto destroem e matam milhares de pessoas, pensam no lucro que eles terão ao reformar a cidade, pois estão mais preocupados com dinheiro e poder do que com a chacina que cometeram.”

Gabriel Xavier, 13 anos, Belo Horizonte (MG)

“Ver as crianças palestinas sofrendo esses bombardeios foi muito triste. Deve ser muito triste não poder brincar e viver com medo constante. A situação de Gaza é horrível, com milhares de crianças mortas ou feridas. Eu desejo que essas crianças tenham esperança de que isso vai mudar, que o país tenha um cessar-fogo de verdade e a paz.”

Larissa Ramos, 10 anos, Carpina (PE)

“Eu vi os bombardeios pela TV. Isso tinha que acabar mesmo porque muitas pessoas morreram, e os hospitais estão totalmente destruídos. Espero que agora tenha acabado e que as crianças palestinas possam voltar a brincar e a estudar.”

Miguel Escarião, 10 anos, João Pessoa (PB)

Editorial publicado na edição impressa nº323 do jornal A Verdade