UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

terça-feira, 14 de outubro de 2025
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Professores lutam em defesa da educação em São Lourenço da Mata, Pernambuco

Recém-empossados, professoras e professores de São Lourenço da Mata, na região metropolitana do Recife, tem protagonizado uma jornada de luta para garantir um trabalho digno, sobretudo após o Prefeito do município se negar a receber a categoria, além de ter criado mecanismos no Plano de Cargos e carreiras que ataca o trabalhador e dificulta a obtenção de uma educação de qualidade.

Evelyn Dionízio e Eduardo Lira (Pernambuco)


 

TRABALHADOR UNIDO- Em mais uma mobilização e denúncia contra o governo reacionário de Vinícius Labanca (PSB), os professores de São Lourenço da Mata-PE se reuniram no dia 28 de agosto, na Praça do Canhão, localizada no centro da cidade. Antes do concurso, realizado em 2024, e da nomeação dos professores, o município contava com um quadro de 700 professores em regime de contrato extremamente precarizado e sujeito aos desmandos da administração pública. Após a demissão desses professores e a nomeação dos concursados, esperada como um alívio para a precarização do ensino, só foram admitidos 350 dos que foram aprovados, e somente esse quantidade deveria assumir a carga horária de todos os seus antecessores. Ou seja, uma conta que não fecha.

O resultado é a precarização ainda mais intensa da profissão, demonstrada pela mudança no regime de tempo de trabalho, antes contabilizado por hora-aula, e agora como hora corrida, quando no edital, estava descrito 40 horas semanais divididas em 26 horas em sala, mais 14 aulas-atividade – tempo destinado ao preparo das aulas e aperfeiçoamento. Agora, acontece em 52 horas semanais (30% a mais) sem qualquer compensação salarial.

Em um cenário onde apenas este vínculo não garante a subsistência das professoras e dos professores, muitos desses profissionais são forçados a trabalhar nos fins de semana, conciliando jornadas em outras escolas com a nova carga horária arbitrária, como afirma Renata Braga, professora do ensino fundamental do município: “[Os professores] precisam dar aula em 2, 3 escolas pra ter o mínimo de qualidade de vida […]. O salário deveria ser mais de 6 mil [reais] se fosse ajustado pela inflação”.

Renata se refere ao levantamento feito pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que aponta que para que um trabalhador brasileiro consiga sustentar uma família de 4 pessoas precisaria receber R$ 7.156,15, mais de 4 vezes o valor mínimo atual (R$ 1.518,00).

Esse valor não condiz com o que os professores recém aprovados estão recebendo nas suas salas de aula. Thiago Henrique, professor e doutorando, diz que pela falta de material escolar, têm que tirar do próprio salário para conseguir dar aula. Existem escolas sem quadro branco – fazendo com que os professores de São Lourenço escrevam nas paredes – ou folha ofício. Há ainda denúncias quanto ao não recebimento de vale transporte e vale refeição, situação que também segue sem previsão de resolução.

 

A precarização atinge mais as mulheres

Mariana Alves relatou ao Jornal A Verdade a decepção que sentiu após tomar posse do cargo no município. A carga horária imposta a ela é incompatível com o dia a dia de mulheres que possuem o trabalho de cuidado como mães atípicas.

Além de PCD, a redução da jornada de trabalho deveria ser um direito garantido a Mariana, através da Lei n. 13.370/2016, por equiparação. Porém, o Parecer da Procuradoria Geral do Município lhe nega a redução da jornada alegando que “a norma federal mencionada não tem aplicabilidade automática aos servidores públicos do Município de São Lourenço da Mata, salvo expressa previsão em lei local, a qual, até o momento, não existe.” É traço de um retrocesso o fato de até hoje, desde a promulgação da lei federal, não existir previsão de uma lei municipal que abarque mães atípicas.

Em média, conforme dados do IBGE, por meio do estudo “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, as mulheres se dedicam mais ao trabalho de cuidado do que os homens. As mulheres nordestinas trabalham mais do que o observado em todas as regiões do Brasil, são 23,5 horas semanais dedicadas ao trabalho de cuidado – doméstico – e os homens 11,8 horas (vide quadro abaixo).

O fato da Procuradoria Geral do Município de São Lourenço dar as costas a esses dados, corrobora que as instituições não estão ao lado das mulheres, principalmente aquelas atípicas e PCD.

 

Histórico de perseguição

Para conter a organização dos professores, os gestores das escolas, aliados de Labanca, estão impedindo a categoria de participar das assembleias e das mobilizações.

Com ameaças de descontos no salário e demissões, os professores não têm alternativa senão ficar nas salas de aula. Apesar disso, seguem decididos que a alternativa é a coletividade e a união entre os trabalhadores. A Unidade Popular segue em apoio, trazendo o Jornal A Verdade e a necessidade da organização. Apenas com denúncias políticas e grandes greves, esse projeto de desmonte da educação será impedido.

 

 

MLB participa de audiência para defender terreno do MCMV em bh

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Famílias do MLB resistem a ataques e defendem moradia popular em BH durante audiência pública.

Coordenação do Movimento de Luta nos Bairros Vilas e Favelas (MG)


 

Há 8 anos, nós do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) realizamos a Ocupação Manoel Aleixo, em Belo Horizonte, na luta para que centenas de famílias pudessem ter acesso a seu direito de moradia digna. Sofremos um despejo truculento, desalojando as famílias e deixando vários feridos. Foi aberta uma mesa de negociação para que houvesse reparação às famílias. Após anos dessa luta, elas fazem parte do projeto Minha Casa Minha Vida – Entidades e, ano passado, recebemos o documento que cedia a posse de um terreno na divisa de Belo Horizonte e Sabará, para a construção das moradias populares.

Ataques da extrema-direita

Enquanto o projeto se encontrava travado nas diversas burocracias federais e de financiamento, um grileiro passou a reivindicar o terreno. Vendo o risco de mais uma vez perdermos nossas casas, iniciamos uma vigília para garantir a segurança do projeto. Como resposta, o criminoso abriu uma campanha de ataque e ameaças às famílias, articulando inclusive manifestações racistas e higienistas.

Como se espalhou a notícia pela comunidade, foi mobilizada uma Audiência Pública pelo Ministério Público, para esclarecer sobre a posse do terreno e o projeto do Minha Casa Minha Vida. Na quadra da EMEI Jardim Vitória se reuniram o Ministério Público, a Companhia Metropolitana de Habitação, a Procuradoria de Direitos Humanos de Belo Horizonte, a Defensoria Pública de Minas Gerais, a Superintendência Executiva da Caixa Econômica e os moradores mobilizados pela extrema direita.

Ao chegar, nos deparamos com pessoas vestidas de branco, algumas com bandeiras de Israel. Era quase um recado: como o povo palestino, assassinado e hostilizado pelo estado sionista de Israel, nós deveríamos ser os sem casa, os sem lugar, os expulsos de nossas terras. O clima de tensão e ameaça por parte dos criminosos grileiros era tanto que, a caminho da audiência, vários moradores nos pararam desejando forças e boa sorte, alegando que não iriam estar presentes porque estavam com medo, e que já recebiam ameaças por nos apoiar.

Mesmo após todos os órgãos públicos afirmarem e reiterarem que o terreno é nossa propriedade, que o empreendimento é regular e legal, Tileléo — vereador do Partido Progressista (PP) — tenta organizar um grupo reacionário para não deixar que seja implantado o programa de moradias populares. Sua postura é de organizar o povo pobre para brigar entre si, de modo a defender seus interesses pessoais.

MLB resiste e luta!

Após a Audiência Pública, Poliana Souza, coordenadora do MLB, disse que “não estamos discutindo uma propriedade de alguém, estamos discutindo a propriedade dessas famílias. Essas famílias cometeram um único crime: nasceram pobres. Não tem outro crime”. Logo após, a companheira Caterine Silva, do MLB, completou: “a gente vai vir, e a gente vai trazer infraestrutura para esse bairro. Eles reclamam do ônibus, que o ônibus anda lotado, quando a gente vier pra cá, vamos parar a avenida, vamos parar a BR se for preciso, para trazer melhorias. A gente veio de luta, e não é de hoje, a gente não vai arredar o pé!”.

Hoje, a luta continua para que as famílias da Manoel Aleixo e Vicentão tenham direito à moradia, mas também pelo fim desse sistema que joga nosso povo nas ruas, para morar de favor ou com o peso do aluguel. A cada luta, ajudamos a enterrar o capitalismo apodrecido e avançamos para um novo mundo socialista, sem mais ricos e pobres, sem exploradores e oprimidos, um mundo de trabalho digno e vida justa, para o povo brasileiro, para o povo palestino e para toda a classe trabalhadora.

Despejo violento e ilegal da Ocupação Pedro Nascimento escancara fascismo em Goiânia (GO)

No último dia 7 de setembro, Goiânia amanheceu com uma nova ocupação urbana na região central, denunciando o déficit habitacional e erguendo a bandeira do socialismo. Em homenagem a Pedro Nascimento, morto há 20 anos no massacre da Ocupação Sonho Real. Novamente, o Estado burguês aponta suas armas para o povo pobre e realiza despejo ilegal.

Igor Collaço e Redação GO


LUTA POPULAR – O dia 7 de setembro marca a data da Independência formal do Brasil, uma data que deveria simbolizar a liberdade política do nosso país. Porém, com um déficit habitacional de mais de 6 milhões de domicílios e com famílias despendendo mais de um terço da renda com aluguel, não podemos afirmar que existe independência e nem soberania a serem comemoradas. Por isso, o Movimento de Lutas nos Bairros, Vilas e Favelas realizou 18 ocupações em 15 estados nesta data, incluindo a sua primeira ocupação em Goiás: a Ocupação Pedro Nascimento – Seu Sonho Continua Real!

Escravidão do aluguel e déficit habitacional

Em junho de 2025, Goiânia registrou um aumento de 1,42% no preço do aluguel residencial, o segundo maior entre as capitais brasileiras, número muito maior do que a inflação do período (0,24%). A situação do déficit habitacional também é alarmante: mais de 27 mil moradias!

De acordo com o relatório de 2022 do Ministério das Cidades, o estado de Goiás atinge um déficit habitacional de 211.743 de moradias, representando 8,13% das moradias no estado. Para além disso, o ônus excessivo (quando o aluguel demanda mais de 30% da renda familiar) atinge cerca de 130 mil moradias. Esses dados ainda estão muito abaixo da situação concreta da realidade, como afirma a porta voz da ONG Habitat Brasil Raquel Luquenir, pois não incluem a população em situação de rua e pessoas ameaçadas de despejo.

Continuando o sonho e a luta de Pedro Nascimento

Partida de futebol na Ocupação Pedro Nascimento, Goiânia (GO). Foto: MLB GO

Em revolta à falta de dignidade e impossibilidade de se ter uma vida digna no capitalismo, cerca de 20 famílias da Ocupação São Marcos, organizadas no MLB, e dezenas de militantes do Movimento Correnteza, Movimento de Mulheres Olga Benario e da União da Juventude Rebelião ocuparam um prédio abandonado há mais de oito anos no Setor Oeste, próximo ao Lago das Rosas, fundando a Ocupação Pedro Nascimento na região central de Goiânia.

O homenageado Pedro Nascimento foi um dos grandes líderes da luta por moradia em Goiânia. No dia 16 de fevereiro de 2005, durante a reintegração de posse da Ocupação Sonho Real, no Parque Oeste Industrial, ele foi brutalmente assassinado pelo Estado brasileiro enquanto erguia uma bandeira branca pedindo paz.

Em poucas horas, os ocupantes realizaram a limpeza do primeiro andar do prédio e dos banheiros, garantindo o local da dormida e da creche para as crianças. Na primeira manhã da Ocupação, já se iniciava o cerco policial. O MLB convocou uma plenária para ler a carta de reivindicações, que incluía os pontos:

  1. Abertura Imediata de Negociação: Requeremos que a Prefeitura de Goiânia e o
    Governo de Goiás iniciem imediatamente um processo de negociação com os
    representantes da Ocupação Pedro Nascimento para encontrar uma solução definitiva
    de moradia para as famílias aqui acampadas, começando pela desapropriação deste
    imóvel por descumprimento de sua função social.
    2. Regularização da Ocupação São Marcos: A suspensão imediata de qualquer ameaça
    ou processo de despejo contra os moradores da Ocupação São Marcos e a
    apresentação de um cronograma definitivo e acelerado para a regularização fundiária
    completa de todas as famílias da comunidade.
    3. Fortalecimento do MCMV Entidades: A destinação prioritária e ampliada de
    recursos do orçamento municipal, estadual e federal para o programa Minha Casa,
    Minha Vida Entidades, garantindo que os movimentos populares tenham acesso aos
    meios para construir suas próprias moradias.

Estado realiza violento despejo ilegal e prisões racistas

Durante todo o período da ocupação, uma equipe de advogados populares mediou as negociações com o Poder Público, impedindo o despejo imediato e buscando um acordo que garantiria moradia digna para as famílias da São Marcos, constantemente assediadas e ameaçadas de despejo pelo Estado.

Já nas primeiras horas do dia 07/09, a Polícia Militar cercou a ocupação com mais de 12 viaturas, bloqueando ruas e impedindo o acesso a alimentos, água e doações. Inicialmente, ainda existia a intenção de negociação, com representantes do MLB e parlamentares municipais participando de uma mesa que poderia resultar em uma desocupação pacífica. No entanto, a situação rapidamente se transformou em uso desproporcional e ilegal da força:

A polícia mobilizou cerca de 50 viaturas, um helicóptero, drone e cerca de 200 policiais fortemente armados ao redor do quarteirão e da ocupação. Tornando uma violência ainda mais desproporcional. Tropas de choque invadiram a ocupação sem ordem judicial, estourando cadeados e expulsando famílias. O aparato utilizado incluía helicópteros, viaturas blindadas, motos do Giro, caminhão de bombeiro e policiais armados com cassetetes e spray de pimenta, uma operação militar que não vemos o Governo Fascista de Ronaldo Caiado aplica sequer contra facções criminosas.

As famílias foram forçadas a entrar em um ônibus, supostamente para retorno à São Marcos, mas foram encaminhadas à central de flagrantes com o claro objetivo de amedrontar e constranger uma vez que não passariam por nenhuma ação naquele local. Lideranças do MLB e da Unidade Popular foram presas arbitrariamente durante a desocupação: Guilherme Darques (coordenador do MLB), Gabryel Henrici (presidente da UP Goiás) e Guilherme Martins (militante da UP).

O truculento despejo mostrou a face de um Estado que protege a propriedade privada e interesses do capital em detrimento do direito à vida e à dignidade humana.

Violação de Direitos e Abusos

O episódio apresentou múltiplas violações de direitos:

• Ausência de ordem judicial para desocupação, tornando o despejo ilegal.
• Violação do direito de negociação, já que a mesa estava em andamento quando a tropa de choque invadiu.
• Restrições ao acesso de advogados populares, impedindo a assistência jurídica às famílias e lideranças.
• Condições desumanas para quem aguardava notícias na delegacia: exposição ao sol, falta de alimentação e água, spray de pimenta e intimidação policial.

Tudo isso evidencia o uso da força estatal como mecanismo de repressão social, protegendo interesses privados e negando direitos básicos, como moradia, segurança e dignidade.

Solidariedade e Resistência

Apesar da repressão, o episódio também evidenciou a força da mobilização social:

• O apoio de entidades estudantis, movimentos sociais e mandatos parlamentares foi fundamental para assegurar a soltura das lideranças presas.

• A solidariedade popular e a articulação política demonstraram que a luta por moradia é também uma luta de classe, envolvendo toda a sociedade civil em defesa de direitos negados.

O despejo da Ocupação Pedro Nascimento não foi apenas um episódio isolado de violência policial, mas um sintoma da crise estrutural habitacional e da criminalização da pobreza no Brasil. Ele expõe como o Estado, alinhado aos interesses do capital, reprime quem luta por direitos básicos enquanto deixa imóveis vazios e famílias sem teto.

A resistência do MLB, das famílias e da sociedade civil demonstra que a luta por moradia é uma luta de dignidade, justiça e vida, e que a solidariedade coletiva é a única arma real contra a arbitrariedade do poder.

Este episódio, registrado com todos os abusos e violações, deve servir como alerta e denúncia contra o Estado que nega o direito à moradia, e como inspiração para continuar a luta por um mundo onde ninguém seja deixado sem teto e sem dignidade.

Agressão da polícia e guarda municipal de ocupação do MLB deixa 18 feridos no Rio

A mando do prefeito Eduardo Paes e do governador Cláudio Castro, às famílias e apoiadores foram espancados e despejados do edifício. Crianças, mulheres e idosos sofreram ataques de cassetete, spray de pimenta e bombas. 

Redação


Na manhã de domingo (07/09), cerca de 100 famílias organizadas no Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocuparam um edifício abandonado no centro do Rio de Janeiro. As famílias deram o nome para a nova ocupação de  “Luisa Mahin – Palestina Livre”.

A mando do prefeito Eduardo Paes e do governador Cláudio Castro, às famílias e apoiadores foram espancados e despejados do edifício. Crianças, mulheres e idosos sofreram ataques de cassetete, spray de pimenta e bombas. 

O cenário de agressão causou 18 hospitalizações, sendo uma das ocupantes internada no Hospital Souza Aguia por múltiplas fraturas, incluindo uma exposta na mão. A ocupante foi operada nesta segunda e o estado de saúde completo não foi divulgado. Além disso, um outro ocupante teve uma bala de borracha alojada no braço, que depois foi retirada do hospital.

Para piorar, os dois políticos estão usando  ataque brutal contra as famílias do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas para tentar ganhar eleitoralmente nas redes, com mentiras sobre nosso movimento e escondendo a verdadeira pauta que a defesa de moradia digna para o povo pobre e trabalhador no Centro do Rio. 

Entenda a ocupação Luísa Mahin

A ocupação faz parte de uma campanha do Movimento, que realizou 18 novas ocupações em 15 estados anunciadas hoje, Dia da Independência do Brasil. Sob o lema “Não há independência, nem soberania, sem direito à moradia”, a campanha denuncia as mais de 8 milhões de famílias que hoje vivem no déficit habitacional no país e a insuficiência das políticas de habitação. 

A jornada de lutas também denuncia o genocídio do povo palestino, em que mais de 70 mil pessoas foram assassinadas regime sionista israelense, 150 mil foram feridos e 2 milhões de deslocados em Gaza, de acordo com autoridades palestinas e órgãos das Nações Unidas. Além disso, 80% das edificações da Faixa de Gaza foram destruídas por Israel. 

O prédio ocupado pelo movimento é da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e está localizado na Av. Venezuela, 153, próximo ao Cais do Valongo, local de memória do povo negro e declarado patrimônio histórico pela UNESCO. O edifício encontra-se abandonado há anos, mesmo tendo uma proposta de transformar o espaço no “Centro Cultural Rio-África”, de memória da luta do povo negro no Brasil.

De acordo com uma portaria da SPU de agosto deste ano, o prédio está destacado para servir de moradia popular. Dentro do Movimento a proposta é que o espaço cumpra as duas funções: espaço de memória e de moradia. A maioria das famílias ocupantes são negras e vítimas do processo de gentrificação que joga a população trabalhadora para as periferias.

A ocupação recebeu o nome de Luisa Mahin, heroína da luta contra a escravidão e liderança da Revolta dos Malês, em 1835. Mahin é reconhecida também como a mãe de Luis Gama, advogado popular que liderou o movimento abolicionista na segunda metade do século 19.. Assim, como em outros estados, a ocupação também recebeu o nome de “Palestina Livre”, para denunciar o genocídio contra o povo palestino realizado pelo Estado de Israel há 702 dias.

Jornada do MLB inicia 18 novas ocupações por todo país

No dia da independência, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) mobilizou cerca de 2 mil famílias em todo país na luta por moradia digna, anunciando 18 ocupações espalhadas por 15 estados. Sob o lema “Não há independência nem soberania sem direito à moradia”, todas incluem em seu nome Palestina Livre.

Larissa Mayumi | São Paulo


LUTA POPULAR – “Tudo o que eu tinha, eu me separei e deixei com meu ex-marido e meus filhos. Eu fiquei sem moradia Sou cuidadora e às vezes pego um salário de R$ 2.000,00, R$ 2.700,00. É eu sozinha, mas ainda tenho um filho de 24 anos que mora comigo. Eu pago conta de luz, gás, energia e sou diabética. Meu filho às vezes trabalha de Ifood. Para mim, sozinha, pagar um aluguel e sobreviver tá muito difícil”, esse foi o relato de Aline na ocupação Palestina Livre, em Diadema, cidade operária da região metropolitana de São Paulo. 

Assim como Aline, vivem mais de 8 milhões de famílias, em déficit habitacional, vivendo em moradias inadequadas, sem condições de pagar um aluguel, que aumentou em média mais de 10,28% nos últimos 12 meses, conforme denuncia a edição nº 320, do Jornal A Verdade. 

E atualmente, mais de 60% dos trabalhadores brasileiros vivem com até um salário mínimo (R$ 1518,00) por mês. Por isso, há anos o número de favelas tem crescido, e no último CENSO do Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, eram mais de 16,4 milhões de pessoas vivendo em favelas, 8% da população brasileira.

Por isso, o MLB organizou mais de 5 mil pessoas para realizar uma jornada de luta nacional, anunciada neste 7 de setembro, dia da Independência do Brasil, mobilizando cerca de de 5 mil pessoas para realizarem 18 ocupações em 15 estados com o nome “Palestina Livre”, com o lema “Não há independência nem soberania sem direito à moradia”. 

As ocupações também denunciam o genocídio do povo palestinoem que mais de 70 mil pessoas foram assassinadas pelo regime sionista israelense, 150 mil feridos, 2 milhões de deslocados em Gaza, de acordo com autoridades palestinas e órgãos das Nações Unidas. Além disso, 80% das edificações da Faixa de Gaza foram destruídas por Israel. 

Os prédios e terrenos ocupados estavam abandonados há anos e sem cumprir função social. Em sua maioria, são públicos, do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O Movimento denuncia que enquanto mais de 8 milhões de famílias estão em déficit habitacional e moradia inadequada, há milhões de prédios abandonados e sem cumprir função social.

Wilian Santos, da coordenação nacional do MLB, morador de Salvador, afirma: “Trabalhamos por um salário de miséria, cumprindo jornadas cada vez mais longas e enfrentando dificuldades para acessar serviços básicos, como saúde, saneamento, creches e escolas. Ainda somos obrigados a pagar caríssimo no aluguel”.

No Rio de Janeiro, nem as crianças foram poupadas da violência policial. Foto: MLB-RJ

Polícia reprime e espanca sem-tetos

Mesmo com a presença de crianças e idosos, a polícia realizou repressões violentas contra diversas ocupações. Na capital de São Paulo, atirou bombas contra o prédio e as famílias, deixando 2 pessoas desmaiadas e várias feridas.

No Rio de Janeiro, também usaram bombas, deixando 3 pessoas hospitalizadas, agrediu o deputado estadual Professor Josemar (PSOL) e o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL). Em Goiânia, 3 militantes foram detidos: Guilherme Martins – Ex Coordenador Geral da UFG, Guilherme Darques – Coordenador Nacional do MLB, Gabryel Henrici – Ex Secretário Geral da UNE e Presidente Estadual da UP Goiás.

Vitórias do movimento

Mesmo assim, o Movimento saiu vitorioso em vários lugares: Santa Catarina conquistou reunião com a secretária de Assistência Social. Em Diadema (SP), mesmo com ROMU, GCM e PM armadas, a resistência das famílias às tentativas de invasão da polícia fizeram com que ela recuasse e fosse embora da ocupação.

Assim, o MLB segue organizando famílias sem teto para lutar em defesa da moradia digna, por reforma urbana e pelo socialismo! E as ocupações seguem resistindo, onde ocorreram os despejos ainda seguem com planos de futuras lutas e, principalmente, organizando mais famílias na luta por uma sociedade onde não exista gente sem casa e nem casa sem gente. 

Pois, como afirma Aline, é na organização coletiva e na luta que encontramos a saída: “E aí quando eu conheci o MLB eu vi assim, uma esperança. Através das reuniões, das palestras, das amizades que eu tenho, cada dia eu sinto que estamos mais fortes. Por isso estamos aqui, para fazer um acampamento. Para chamar atenção das autoridades, das pessoas que estão lá fora, muitos que não conhecem a nossa história”

Apoie a luta das famílias sem teto, doe pelo pix: mlb.luta.contra.fome@gmail.com

Lista de ocupações anunciadas na manhã de hoje:

1. Natal (RN) – Palestina livre;

Ocupação Palestina Livre. Foto: Eduarda Catunda (JAV/RN)

2. Teresina (PI) – Clóvis Moura;

Ocupação Clóvis Moura, em Teresina. Foto: Caetano (JAV/PI)

3. Recife (PE) – Gregório Bezerra por Palestina Livre!;

Ocupação Gregório Bezerra por Palestina Livre. Foto: Hilsten de Barros (JAV/PE)

4. Belém (PA) – Welfesom Alves;

Ocupação Welfesom Alves, em Belém. Foto: Raquel (JAV/PA)

5. Maceió (AL) – Manoel Lisboa;

Ocupação Manoel Lisboa. Foto: JAV/AL

6. Goiânia (GO) – Pedro Nascimento;

Primeira ocupação do MLB em Goiás sofre despejo violento e ilegal das autoridades. Foto: MLB GO
Primeira ocupação do MLB em Goiás sofre despejo violento e ilegal das autoridades. Foto: MLB GO

7. Salvador (BA) – Palestina livre;

Ocupação Palestina Livre em Salvador. Foto: JAV/BA

8. Diadema (SP) – Palestina Livre; 

Ocupação Palestina Livre em Diadema, São Paulo. Foto: Ana Leite (JAV/SP)

9. Campinas (SP) – Palestina livre: Elesbão vive!;

Ocupação Palestina livre: Elesbão vive! Foto: JAV/SP

10. Porto Alegre (RS) – Palestina Livre! Marcela Vive!;

Ocupação Palestina Livre, Marcela Vive! Foto: Vinicius Cassol (JAV/RS)

11. Contagem (MG) – Braz Teixeira da Cruz: Palestina Livre;

Ocupação Braz Teixeira da Cruz: Palestina Livre. Foto: Luiza Poeiras (JAV/MG)

12. Aracaju (SE) – Palestina livre;

Ocupação Palestina Livre, em Aracaju. Foto: JAV;SE

13. Distrito Federal – Expedito Xavier Gomes;

Ocupação Expedito Xavier Gomes. Foto: JAV/DF

14. Rio de Janeiro (RJ) – Palestina livre! Luíza Mahin;

MLB organiza Ocupação Palestina livre! Luíza Mahin no centro do Rio de Janeiro. Foto: JAV/RJ

15. São Paulo (SP) – Palestina livre;

Ocupação Palestina Livre, em São Paulo capital. Foto: Wildally Souza (JAV/SP)

16. Santos (SP) – Palestina Livre! Menino Ryan Vive!;

Ocupação Menino Ryan Vive! Foto: JAV/SP

17. Itajaí (SC) – Estivador Firmino Rosa;

Ocupação Braz Teixeira da Cruz: Palestina Livre. Foto: Luiza Poeiras (JAV/MG)
Ocupação Estivador Firmino Rosa, em Itajaí. Foto: JAV/SC

18. Fortaleza (CE) – Palestina livre

Ocupação Palestina Livre. Foto: JAV/CE

Dia do Heroísmo Revolucionário é celebrado no Brasil

O Dia do Heroísmo Revolucionário é celebrado no dia 4 de setembro, o dia em que a ditadura militar tentou destruir o PCR e não conseguiu.

Clóvis Maia e Jesse Lisboa | Redação


HERÓIS DO POVO – O dia 04 de setembro é celebrado como o dia do heroísmo brasileiro. Nessa data, Manoel Lisboa de Moura, fundador do Partido Comunista Revolucionário (PCR) foi assassinado pelos agentes da ditadura militar fascista brasileira. Esta data foi transformada no Dia do Heroísmo Revolucionário, estendendo as homenagens a Emmanuel Bezerra dos Santos, Manoel Aleixo da Silva, Amaro Luiz de Carvalho e Amaro Félix Pereira, todos também dirigentes do PCR. Manoel morreu calado e sem delatar seus camaradas, honrando suas palavras um dos princípios fundamentais do PCR:
“Delação é traição, e traição é pior do que a morte”, em suas próprias palavras.

Em uma conjuntura extremamente importante, em que pela primeira vez no país a cúpula das forças armadas e um ex-presidente são julgados por tentativa de golpe no país, essa atividade ocorreu com uma maior importância e simbologia.

Memória, verdade, justiça, reparação e defesa do socialismo

Edival Nunes Cajá fala sobre Memória, Verdade e Justiça. Foto: Jesse Lisboa (JAV/PE)
Edival Nunes Cajá fala sobre Memória, Verdade e Justiça. Foto: Jesse Lisboa (JAV/PE)

Em Alagoas, estado onde Manoel Lisboa nasceu e foi recebido com honras em 2003, 30 anos após seu assassinato, realizou um cine debate com o documentário “Manoel Lisboa: um comunista revolucionário” (2005) na sede da Unidade Popular em Maceió. Em Pernambuco, a militância lotou um auditório em ato de homenagem aos nossos camaradas, a atividade contou com a presença de Marcelo Santa Cruz, irmão de Fernando Santa Cruz; Amparo Araújo, fundadora do Movimento Tortura Nunca Mais em Pernambuco Edival Nunes Cajá; além de contar com a presença de Camilo Vannuchi, escritor e primo de Alexandre Vannuchi, estudante da USP, também assassinado em 1973 pela ditadura, que lançou o livro “Eu só disse o meu nome”, biografia do estudante.

Na Paraíba, o ato ocorreu na UFPB com uma exposição sobre os heróis do Partido Comunista Revolucionário, seguido de debate com o público presente sobre a conjuntura nacional. “A gente fez uma atividade para o nosso povo, para a nossa militância. Fizemos uma intervenção sobre essas questões de atualidade sobre a importância de fortalecer o Partido, afirmando a nossa ideologia política e da importância de construir o partido no dia a dia.”, destacou Rosilene, presidente estadual da Unidade Popular na Paraíba.

No Rio de Janeiro, pela primeira vez o ato aconteceu em praça pública, no Buraco do Lume, capital fluminense, onde dezenas de militantes participaram da atividade, além de várias pessoas que, vendo a atividade ocorrer, foram prestigiar e conhecer a história de Manoel Lisboa.

Já em São Paulo, a cerimônia ocorreu no cemitério de Campo Grande, Zona Sul de São Paulo, local onde os corpos de Manoel Lisboa e Emmanuel Bezerra foram enterrados como indigentes pelo regime militar. O ato foi marcado pela emoção e reafirmação da necessidade de se manter a luta. O destaque foi a presença de Luciana Dias, filha do operário Santo Dias, morto em 1979 pelo regime. Música, poesia e muita cultura marcaram todo evento.

Em Minas Gerais, o evento ocorreu no Memorial dos Direitos Humanos, bastante simbólico para a militância mineira presente. Com um ato político cultural, com a Internacional, hino mundial dos comunistas no violino e violoncelo, música e o documentário sobre os 50 anos do PCR,  “Manoel Lisboa – Herói da resistência à ditadura”, do cineasta e documentarista Carlos Pronzato.

Vila Esperança e Vale da Conquista resistem pelo direito à moradia no Espírito Santo

Moradores da Vila Esperança e Vale da Conquista, em Vila Velha (ES), resistem à reintegração de posse e lutam pelo direito à moradia.

Caio Coutinho e Joana Ruffo | Espírito Santo


Os moradores da ocupação Vila Esperança e Vale da Conquista estão, desde segunda-feira (01/09), acampando e protestando em frente ao Palácio Anchieta, sede do Poder Executivo do Estado do Espírito Santo, lutando contra o processo de reintegração de posse de suas residências e exigindo uma ação por parte do governo do estado, representado pelo omisso governador Renato Casagrande (PSB). A Unidade Popular está presente desde o primeiro dia, denunciando a especulação imobiliária, a violência do Estado burguês e ajudando com alimentação, remédios, além de divulgar fortemente os acontecimentos. A única alternativa proposta até então foi uma proposta vexatória de compensação para os moradores. Você, trabalhador, acharia viável demolir a sua casa e a de sua família em troca de uma parcela única de dois mil e duzentos reais?

De acordo com a prefeitura de Vila Velha (ES), a resposta é sim: essa foi a proposta apresentada para efetivar a reintegração de posse do terreno onde mais de 3.500 pessoas residem, nas denominadas ocupações Vila Esperança e Vale da Conquista, em Vila Velha. De forma resumida, essas duas ocupações surgiram em 2016 devido a outra reintegração de posse em um complexo residencial abandonado nas proximidades. Inicialmente composto por 130 famílias, o número de moradores cresceu rapidamente devido ao grande aumento no preço dos aluguéis, causado pela especulação imobiliária cada vez mais acirrada no estado.

É importante ressaltar também que não se trata apenas de moradia. Trata-se de um importante local de construção de afetos, com horta comunitária, ações sociais como o Quintal Quilombo e creches comunitárias para as mais de 500 crianças que ali residem. Enfim, o próprio direito de viver em comunidade e de se sentir pertencente a ela.

Mas sabe o pior disso tudo? A prefeitura de Vila Velha já havia autorizado o local como utilidade pública para fins sociais! Já havia um acordo fechado entre os moradores e os donos para efetivação de um plano de moradia popular na gestão anterior, restando apenas o pagamento a ser concluído. Mas a atual gestão, representada pelo prefeito populista “Arnaldinho” Borgo (ex-PODEMOS), voltou atrás e decretou a reintegração de posse em março deste ano, a qual foi impedida através de muita luta dos moradores e anulada formalmente pelo STF por não apresentar sequer um plano de realocação. Porém, no dia 20 de agosto de 2025, a prefeitura novamente iniciou o processo de reintegração com um “plano” que se mostrou uma verdadeira esmola: um pagamento único de pouco mais de dois mil reais para 150 famílias, de um total de 800. Mas afinal, a quem interessa desapropriar tanta gente de suas terras?

Interessa aos ricos e aos empresários, em especial o grupo Alphaville e Eduardo Balestrassi, que possuem mais de 50 processos de grilagem de terras e desejam construir um condomínio de luxo no local. O prefeito, inclusive, curiosamente, mora em um condomínio de luxo deste mesmo proprietário.

A luta não para. As famílias de Vila Esperança e Vale da Conquista, compostas majoritariamente por pessoas negras, crianças, idosos e chefiadas por mulheres, continuam resistindo e lutando, e não vão parar até terem seus direitos constitucionais garantidos. Abaixo a especulação imobiliária! Vila Esperança permanece!

CARTA | Qual o papel de quem divide as fileiras da produção com os comunistas?

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Em carta ao jornal A Verdade, Jurandyr, trabalhador da Sabesp e militante da Unidade Popular relata como atua entre os colegas da categoria para apresentar as lutas, fazer a denúncia do sistema capitalista e convidar para se organizar.

Jurandyr | São Paulo (SP)


CARTA – Como militante, desde que me organizei no Partido, tenho procurado tomar conhecimento e me envolver nas atividades e lutas. Conhecer, participar, refletir e ajudar a desenvolver ainda mais as batalhas revolucionárias por meio da atividade organizada, promover a evolução da consciência acerca das nossas responsabilidades na transformação da sociedade, na construção do Socialismo, e conformar, juntamente com os estudos, o arsenal militante para as conversas com os colegas de trabalho, amigos e familiares.

Em muitas conversas com colegas da Sabesp, o assunto sobre as incertezas em relação ao emprego e as condições de trabalho emergem e evocam o posicionamento político de forma mais direta, não somente subjacente a opinião de questões diversas da conjuntura.

Assim, vai-se reconstruindo através da conversa toda a situação na qual se está inserido, tanto como classe trabalhadora, como também, enquanto categoria: o aumento nos preços das mercadorias, os transtornos no trânsito e nos transportes públicos, as incertezas sobre a manutenção no emprego, as reduções salariais através dos cortes em benefícios, os assédios, a insegurança e desapontamento em relação as lideranças sindicais.

Até aí, tudo se situa no terreno da denúncia, da revolta. É perceptível nos trabalhadores, em todo o seu semblante, na entonação de sua voz e naquilo que é mais objetivo — o conteúdo concreto das falas —, não só a inconformidade com tal estado de coisas, mas o rogo por um caminho que permita vislumbrar uma saída que derrube os muros de desespero que tanto insistem em nos cercar.

Nossa disputa, porém, não se encerra na palavra. São as lutas de enfrentamento político e denúncia que travamos que dão concretude ao nosso posicionamento nos rotineiros diálogos com as pessoas do nosso entorno. Elas são a prática que dão corpo ao discurso, para além do mero posicionamento teórico ou de uma exposição preenchida com uma retórica esvaziada; a condensação na forma mais cristalina do poder material da classe trabalhadora. A partir deste momento torna-se explícito o significado da luta e do caminho a ser seguido, cumprindo o Partido com seu papel educador, através do exemplo, com atuação firme e corajosa de sua militância.

São vários os exemplos que se poderia dar da ação política da Unidade Popular (UP) e dos Movimentos. Dois, no entanto, me tem sido muito caros nas mais recentes conversas.

Primeiro, todo o apoio que foi dado ao trabalhador da Sabesp durante as jornadas contra a privatização da empresa. Costumo apresentar como a Unidade Popular, com seus militantes, se colocaram tanto contra a privatização, perniciosa para a esmagadora parte da população, sobretudo a mais carente, como a favor dos direitos dos trabalhadores — apresentar os dois pontos é necessário, para se passar a correta ideia da abrangência da atuação.

Narrar os acontecimentos da “Batalha da Alesp”, de vigorosa vontade e tenacidade das pessoas valorosas ali presentes num ato organizado, com a prisão de três militantes (incluso aí a Presidenta Estadual da Unidade Popular), dá a dimensão da dedicação de uma organização partidária que busca apresentar ao trabalhador quem são seus inimigos e o caminho da luta para a conquista e manutenção dos seus direitos.

Um segundo caso relatado nas conversas, como uma belíssima e exemplar atuação organizada e abnegada da UP, é toda sucessão de acontecimentos em torno da luta dos ferroviários contra a privatização da linhas 11, 12 e 13 da CPTM, a partir da assembleia em que a direção sindical golpeou a categoria, pondo a baixo a greve já aprovada.

Os militantes da Unidade Popular, que já estavam aos montes mobilizados em frente à sede do sindicato dos ferroviários, prontos para dali seguir aos pontos de piquete em apoio a greve, num quadro de grande insatisfação e protestos contra a direção sindical, deliberaram coletivamente e decidiram não retornar às suas casas até que conseguissem assinaturas suficientes dos trabalhadores da categoria para exigir que a direção convocasse nova assembleia que desse prosseguimento ao anseio geral pela greve em defesa dos empregos e de um serviço de qualidade, contra o planos do fascista que ocupa a cadeira de governador do estado.

Durante mais de 48 horas, correu-se as várias estações das linhas em risco de serem privatizadas, conseguindo mais de 500 assinaturas e contatos entre os funcionários da CPTM, a serem convocados para a nova assembleia. Mais ainda: se somando a isso, ao passo que se desenrolava a busca por assinaturas, militantes, amigos e familiares dos ferroviários ocuparam a Secretaria de Transporte, cujo saldo final foi uma imposição de uma derrota moral à corporação policial militar e ao governo, que se atreveu a usar de violência frente a disciplina e determinação dos manifestantes em que expuseram a vocação ditatorial e o porquê de chamar o governador por aquilo que ele é: fascista!

Este é o teor das conversas com colegas de trabalho. Essas são as conversas que derrubam por terra os muros do desespero e, pedra por pedra, vão construindo a escada na qual vamos nos alçar acima dos escombros da sociedade capitalista arruinada e nos elevar ao futuro socialista; são os diálogos que fazem com que colegas de trabalho deem um passo na construção da ação revolucionária.

Preço dos alimentos dispara e esmaga salário do trabalhador no Recife

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Pesquisa do Dieese revela que a cidade do Recife, capital pernambucana, registrou a maior alta do preço dos alimentos da cesta básica nos últimos 12 meses. Isso mostra que, mesmo com um governo progressista, só uma revolução pode mudar a realidade de nosso país, que só coloca na conta do pobre trabalhador o prejuízo das crises. 

Jesse Lisboa | Recife


BRASIL- A política econômica dos governos a serviço dos ricos cobra seu preço, e quem paga a conta, como sempre, é a classe trabalhadora. Dados da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (Dieese/Conab) revelam que o Recife registrou a maior alta no preço da cesta básica em 12 meses: 19,52%. Na prática, isso significa que comer ficou R$ 107 mais caro para o trabalhador recifense, que agora vê o conjunto de itens básicos custar R$ 655,46.

Os números do levantamento expõem um ataque ao poder de compra do povo. Além de liderar o ranking anual, Recife também apresenta a maior alta nos primeiros sete meses de 2025 (11,41%) e a maior variação mensal entre junho e julho (2,8%). Enquanto o tomate, a banana e o arroz disparam, o salário mínimo se mostra cada vez mais insuficiente para garantir o direito mais básico: a alimentação.

Este cenário não é um desastre natural, mas um projeto. É o resultado direto da política econômica neoliberal, que entrega o controle de preços à ganância das grandes empresas de supermercados e à especulação do agronegócio, mais interessado em exportar commodities para garantir o lucro de bilionários do que em colocar comida na mesa do povo brasileiro.

Trabalhador vende mais tempo de vida para poder comer

A forma mais cruel de medir essa exploração é o tempo de vida que o trabalhador é forçado a vender para não passar fome. Segundo o Dieese, em julho, um trabalhador recifense que recebe um salário mínimo precisou trabalhar 94 horas e 59 minutos apenas para comprar os itens da cesta básica.

Isso representa uma piora em relação ao ano anterior. Em julho de 2024, eram necessárias 85 horas e 27 minutos. Ou seja, em apenas um ano, o trabalhador pernambucano passou a vender nove horas e 32 minutos a mais de sua vida por mês simplesmente para adquirir a mesma cesta de alimentos. É a prova de que, sob o capitalismo, a vida do pobre vale cada vez menos.

A resposta para esse problema não virá de gabinetes ou de promessas eleitorais a cada dois anos. A solução está na organização popular e na luta, como já demonstram movimentos sociais combativos em todo o Brasil.

Enquanto os números da fome avançam, a luta do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) aponta o verdadeiro caminho. Diante da ganância dos grandes empresários, o povo organizado tem ocupado as grandes redes de supermercados — os mesmos que lucram com a alta dos preços — para exigir e conquistar milhares de cestas básicas para as famílias que mais precisam.

O alimento que o povo precisa se encontra estocado nos depósitos dos grandes atacadistas e nas prateleiras dos supermercados. Se o salário não pode comprar, a luta organizada pode conquistar. A única saída para barrar este projeto de miséria é fortalecer os movimentos populares, organizar a revolta e ir para cima dos verdadeiros responsáveis, mostrando que a classe trabalhadora não aceitará morrer de fome para garantir o lucro da burguesia.

Julgamento de chefes fascistas por golpe de Estado começa no STF

Pela primeira vez na história, um núcleo de militares e políticos fascistas é julgado no Brasil por golpe de Estado. Processo é resultado de anos de luta popular antifascista nas ruas.

Felipe Annunziata | Redação


BRASIL – Depois de mais de 2 anos e meio de investigação e de processo, o ex-presidente fascista Jair Bolsonaro, os generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, o almirante Almir Garnier, o coronel Mauro Cid, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), finalmente estão submetidos ao julgamento por seus crimes relacionados ao Golpe de Estado de 2022 e 2023. 

É a primeira vez na história da república brasileira que generais e militares de alta patente são julgados por tentarem um golpe fascista. Desde a Proclamação da República, em novembro de 1889, os altos oficiais militares estiveram envolvidos em todas as tentativas golpistas. 

O julgamento histórico só foi possível por conta da intensa luta liderada por movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda, desde antes do início do governo Bolsonaro.  

Como afirmou o editorial do Jornal A Verdade de novembro de 2018, logo após a eleição do ex-capitão fascista, o povo continuou lutando contra o fascismos nestes 7 anos. “Ele [Bolsonaro] não conseguirá impor o fascismo porque no meio do caminho há um povo que ama a liberdade e sempre lutou por ela. Prova disso, são as amplas manifestações realizadas no dia 29 de setembro e no dia 20 de outubro, bem como a verdade das urnas: 89 milhões se recusaram a votar no milionário que é contra as trabalhadoras domésticas terem carteira assinada.”

O julgamento

O julgamento feito na 1ª Turma do STF, começou na manhã de hoje (02/09) e tem previsão de seguir até o próximo dia 12 de setembro. Neste primeiro dia, ocorreu a leitura do relatório do processo pelo ministro Alexandre de Moraes e a sustentação oral por parte do Procurador Geral Paulo Gonet, responsável pela acusação, e das defesas de Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier e Anderson Torres. Amanhã estão previstas as defesas dos demais acusados. 

Durante a abertura da sessão, o ministro Alexandre de Moraes denunciou a tentativa, por parte dos fascistas, de articular uma intervenção dos Estados Unidos no Brasil para libertar Bolsonaro.

“Uma verdadeira organização criminosa que, de forma jamais vista anteriormente em nosso país, passou a agir de maneira covarde e traiçoeira com a finalidade de submeter o funcionamento da Corte ao crivo de outro Estado estrangeiro.”, afirmou Moraes antes de apresentar o relatório.

Plano golpista 

A Procuradoria Geral da República fez um extenso histórico dos eventos que levou à tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. Pelos crimes, o órgão acusador pediu 43 anos de prisão de Bolsonaro. O procurador deixou claro a intenção e a ação golpista efetiva por parte de Bolsonaro e seus generais.

“Não é preciso um esforço intelectual extraordinário para reconhecer que, quando o presidente da República e depois o ministro da Defesa convocam a cúpula militar para apresentar documento de formalização de golpe de Estado, o processo criminoso já está em curso.”, afirmou Gonet durante a acusação. 

Gonet lembrou que os planos do golpe começaram já em 2021 com a intensa campanha de desinformação liderada por Bolsonaro para desacreditar as urnas eletrônicas e tentar intimidar o Tribunal Superior Eleitoral a atender seus interesses na eleição de 2022.

Foram apresentadas provas mostrando que o golpe de Estado para impedir a posse e o governo do então presidente eleito Lula sempre foi o objetivo da quadrilha. Em 2022, Bolsonaro tentou angariar apoio internacional numa reunião com os embaixadores lotados no Brasil, depois, sob mando de Anderson Torres, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), bloqueou e apreendeu vários ônibus em cidades em que Lula tinha uma larga vantagem.

Até a derrota eleitoral, o então chefe da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e atual deputado Ramagem, estava incubido da tarefa de seguir candidatos da oposição, ministros do TSE e ajudar na campanha de desinformação. Após a derrota em outubro, os militares assumiram as tarefas de tentar intervir.

Bolsonaro, junto com Braga Netto (candidato a vice-presidente), Paulo Sérgio Nogueira (então ministro da Defesa) e Augusto Heleno (então ministro do Gabinete de Segurança Institucional) tentaram convencer o alto comando das forças armadas a aderir ao plano golpista. 

Dos chefes militares, de acordo com as investigações, só o comandante da Marinha, Almir Garnier, colocou as tropas à disposição. Os demais comandantes só revelaram a conspiração depois de intimados pela Polícia Federal e a PGR. 

Entre as medidas que os golpistas tomariam estaria um plano para assassinar o presidente e vice eleitos Lula e Alckmin e ministro Alexandre de Moraes, além disso decretaram um “Estado de Defesa” e uma operação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no país para garantir o controle do governo. 

Com a falta de apoio, os golpistas continuaram a campanha de mobilização com acampamentos na frente dos quartéis. Neste período houve a tentativa de tomar a sede da Polícia Federal, no dia 12 de dezembro, por agentes fascista e a de explodir o aeroporto de Brasília, no Natal de 2022. Após a posse do presidente Lula, a última medida desesperada dos golpistas foi a tentativa de tomada do poder através da tomada das sedes dos poderes em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.  

Não repetir os erros do passado

O início do julgamento de hoje é a prova de que a mobilização popular pode sim garantir conquistas para o povo. Ao contrário do que a grande mídia burguesa e muitos setores da social-democracia defendem, não foi Alexandre de Moraes e o STF sozinhos que garantiram a defesa das liberdades democráticas.

De fato, alguns ministros do STF, como Moraes, foram importantes para não capitular diante da ofensiva dos golpistas. Mas não podemos cair no mesmo erro que a esquerda caiu durante os golpes de 1954 e 1964, quando confiando que alguns militares legalistas, como Marechal Henrique Lott, garantiriam a democracia no Brasil, se desarmou diante da ameaça do golpe fascista e acabou por facilitar a tomada do poder pelos militares e a derrubada do governo João Goulart.

Durante todos os anos do governo Bolsonaro, centenas de milhares de pessoas foram às ruas em defesa dos seus direitos. O estudantes durante o Tsunami da Educação, em 2019, as milhares de pessoas que se mobilizaram para garantir a vacina durante a pandemia de 2020-2021, as mobilizações pelo Fora Bolsonaro em 2021, que colocaram milhões de pessoas nas ruas, as 3546 greves realizadas pela classe trabalhadora, as centenas de ocupações urbanas e rurais, a própria campanha eleitoral de 2022, entre tantas outras mobilizações serviram para demonstrar que o povo brasileiro não é e nem apoia o fascismo.

São essas forças sociais que deram ao STF a legitimidade e as condições para que pudesse iniciar o julgamento hoje. Mas esta luta não terminou, mesmo com a prisão domiciliar do chefe fascista, a luta continua até que todos os golpistas estejam presos. É preciso punir também seus aliados no chamado “Centrão”, dentro do Congresso Nacional, que querem garantir uma anistia dos crimes de Bolsonaro em troca do encobrimento dos seus esquemas de corrupção envolvendo o Orçamento Secreto. 

A luta antifascista continua no nosso país e continuará até derrotarmos de vez os seus chefes e seus financiadores, o capital financeiro nacional e internacional e os grandes monopólios capitalistas.

Os ensinamentos do livro “Greve na Fábrica”

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Publicado em 1978, o livro Greve na Fábrica de Robert Linhart nos fornece uma poderosa reflexão sobre a cultura operária e uma rica experiência para aqueles que lutam pela emancipação de todos os trabalhadores. 

Waldemar Guerra | Santos (SP)


CULTURA – Um jovem francês ingressa numa fábrica, a montadora de carros Citroen, e logo se depara com aquele sistema de operações interligado: máquinas, martelos, soldas, fogo, pedaços de coisas insignificantes se transformando em motores e carros coloridos. A peça chave de tudo isso? Milhares de operários.

Imediatamente, Robert, sofre com a dificuldade de se adaptar a fábrica, pois o ritmo das esteiras, os movimentos contados, as lesões físicas impostas para produzir na mesma qualidade e velocidade que os outros operários não é algo que se adquire da noite para o dia, foram meses nisso.

Mas, finalmente acontece, é quando ele se pergunta: “Que fiz eu em quatro meses além dos [motores] 2CV? Não vim a Citroen fabricar carros mas ‘para fazer o trabalho de organização da classe operária’. Para dar uma contribuição à resistência, às lutas, à Revolução![…] Por onde começar?” Organizar a Greve!

Robert começa a mapear os trabalhadores, suas qualidades e defeitos, sua origem de classe, passa a distribuir jornais e organizar conversas pelos corredores, desloca outro militante externo a produção para panfletar diariamente. Assim que Citroen ataca aumentando a jornada, já se tem alguns ganhos pra luta e é montado uma comissão de fábrica.

Aos poucos a reunião pós trabalho aumenta, as tarefas são distribuídas, e Robert se encarrega cada vez mais de tarefas de direção política da greve. Existem muitas dificuldades, a direção da fábrica transformou o sindicato em verdadeiros capangas, existe o medo de perder o emprego, etc. Confiar na classe é a imposição da situação.

Nossas tarefas

Muitos militantes das nossas fileiras, como eu, receberam a honrosa tarefa de ingressar numa fábrica, porto, oficina, com a tarefa de se entranhar entre a classe operária. Essa tarefa não é simples, pois a tal “disciplina férrea” e toda dureza necessária para um operário não cai do céu, nem se desenvolve sem sacrifícios.

É preciso mudar toda rotina de sono, é preciso se alimentar direito, é preciso não cair na rotina asfixiante da produção, é preciso não cair nos desvios pequeno-burgueses de ascensão financeira, é preciso estudar e não perder a perspectiva revolucionária!

Esse livro em muito descreveu minha rotina e dificuldades, mas sem sombra de dúvidas, o erro que Robert comete nos ensina que não devemos analisar as coisas só pela aparência, pela fotografia do que parece ser, mas, devemos analisar os acontecimentos em constante movimento.

Aprendemos que não adianta tomar atitudes isoladas e esperar que elas tenham resultados espetaculares, é necessário sim o “Diário, Sistemático e Contínuo”, pois cada pequeno avanço conta pra luta, por mais que pareça insignificante.

Lembra daquela brigada na fábrica que não vendeu nenhum jornal? O operário também lembra de você lá. Aquela reunião que você chamou, mas ninguém foi? Não passou despercebida. A meta é não se deixar levar pelos números, ao passo que o menor avanço representa o fortalecimento do Partido.

Para concluir, devemos compartilhar mais nossas experiências com matérias do nosso jornal sobre a realidade nos nossos postos, mais indicações de leitura, formar uma corrente forte e contribuir com todo o Partido. Sim, camaradas, “Se nada somos em tal mundo, sejamos tudo, ó produtores!”

*Greve na Fábrica (L’Etabli) – Robert Linhart, Editora Paz e Terra, 1978