UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

terça-feira, 16 de dezembro de 2025
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Prisioneiras políticas fazem greve de fome no Paraguai

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Desde 28 de outubro, Carmen Villalba, Laura Villalba e Fracisca Andino estão fazendo greve de fome na Penitenciária De Segurança Máxima de Minga Guazú, conhecida como “Guantánamo do Paraguai”. Elas pedem pelo fim das torturas que estão sofrendo na prisão, onde estão numa solitária em um presídio para homens.

Nana Sanches | Porto Alegre – RS


INTERNACIONAL – A família Villalba é conhecida por ser formada por lutadores sociais do campo e tem sofrido uma sistemática perseguição do Estado Paraguaio desde 2012, após uma ação violenta de reintegração de posse, comandada por latifundiários. 

Presas injustamente pelo governo do país, as militantes tem denunciado a repressão política nos últimos anos. Em 2024, a Unidade Popular conduziu uma campanha de solidariedade para denunciar os desaparecimentos forçados e as prisões arbitrárias no Paraguai.

Família Villalba perseguida pelo governo paraguaio

Carmen Villalba foi presa em 2002 por suas atividades no Partido Pátria Livre. Ela já cumpriu sua pena, mas segue presa. Ela é irmã de Myrian Villalba (veja Jorna A Verdade , mãe de Lilian Villalba, que em 2020, foi fuzilada junto com sua prima, María Carmen, filha de Laura Villalba. Elas tinham 11 anos. 

Laura Villalba foi sentenciada a 31 anos de prisão sob a alegação de abandono da filha, enquanto os assassinos de suas filhas Lilian e Maria Carmen seguem impunes. Não há sequer uma investigação para apurar os assassinatos das meninas Villalba. Carmen Villalba é mãe de Lichita Villalba. Em 2020, Lichita foi sequestrada e está desaparecida desde então. 

Em 2022, Osvaldo Villalba, irmão de Carmen e Laura e dirigente do Exército do Povo Paraguaio foi assassinado. Tal Exército é uma organização marxista-leninista que teve início em 2008 e nasceu com o objetivo de lutar pela soberania do povo daquele país. Atualmente, a família Villalba está exilada na Venezuela e busca apoio internacional para libertar suas irmãs e encontrar Lichita. 

Os crimes cometidos pelo Estado Paraguaio são condenados por diversas organizações internacionais. O infanticídio e desaparecimento de uma jovem não podem ser naturalizados em nenhum contexto. Nos somamos à luta da família Villalba que, apesar de toda repressão, segue resistindo por um mundo sem latifúndios nem latifundiários.

Mickey 17: filme retrata precarização do trabalho em tempos de imperialismo

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A ficção científica de Bong Joon Ho, lançada em março deste ano, faz uma sátira bem humorada ao atual cenário político mundial, ironizando sob temas como a desumanização do trabalhador, imperialismo e autoritarismo, além de aprofundar a discussão sobre a questão do trabalho e da sociedade capitalista em seu estágio atual, o imperialismo.

Gabriela Calixto | Recife


CULTURA – O filme conta a história de Mickey Barnes, um homem que se afundou em muitas dívidas, e é forçando a embarcar numa missão de colonização espacial liderada por um político fracassado. Desesperado para fugir das dívidas, Mickey acaba se voluntariando para ser uma espécie de tripulante “descartável”, ou seja, durante a tal expedição exploratória para esse planeta desconhecido, ele será usado das mais diversas formas, passará por todo dia de experiência científica e testes, sendo exposto à morte de diversas maneiras diferentes — e morrendo em todas elas, tendo seu corpo sempre refeito por uma espécie de impressora tecnológica, o fazendo reiniciar o ciclo de morte praticamente todos os dias.

A questão sai do controle quando esse sistema erra, imprimindo Mickey mais de uma vez, fazendo com que sua cópia o desafie para manter sua vida.  Bong Joon Ho, diretor roteirista sul-coreano, é conhecido por trazer reflexões e críticas sempre muito inteligentes sobre as particularidades e atuais contradições do sistema capitalista, entre eles Expresso do Amanhã ( Snowpiercer, 2013, inspirada numa HQ francesa), Okja (2017) e Parasita (Gisaengchung, 2019)) ganhador de 4 Oscars em 2020, incluindo o de melhor filme, além de ser o primeiro filme não-americano a ganhar o Oscar de melhor filme, o que projetou ainda mais o nome do diretor na indústria internacional e o permitiu escrever, produzir e dirigir Mickley 17, que é baseado em um romance de Edward Ashton, de 2022. Diferente de seu filme anterior, esse não conseguiu repetir o fenômeno cultural, sobretudo pelas críticas escancaradas à sociedade americana, tendo um grande nome de Hollywood (Robert Pattinsom) na trama.

A precarização do trabalhador nos dias atuais

O filme de Bong Joon Ho não é apenas uma alegoria ou um retrato caricato de uma realidade inexistente. No mundo real, vemos todos os dias a classe trabalhadora sendo cada vez mais precarizada, perdendo direitos e sendo exposta a morte, assim como é retratado no filme. Com o aumento da uberização do trabalho, nossa classe muitas vezes precisa trabalhar até quatorze horas por dia para conseguir obter o mínimo para sobreviver. Não longe disso, o filme traz uma reflexão que também pode ser associada à luta contra a escala 6×1. Pois é de conhecimento geral que, esse regime de escravidão moderna está intimamente ligada à saúde física e mental da classe trabalhadora, que os impede de ter uma vida com qualidade, cuidar da própria saúde, pensar por si mesmo ou passar um tempo mínimo de lazer com seus familiares e amigos.

Além desses temas, o filme também levanta um questionamento interessante: se você é substituível, qual o valor da sua vida? O que de verdade vai libertar a classe mais pobre do fardo da 6×1, dos perigos da uberização do trabalho, do trabalho abusivo e mal remunerado e da desumanização do indivíduo por meio de um processo de mecanização que tira de nós até a nossa sensibilidade? Nas entrelinhas poderíamos dizer que uma revolução. E é exatamente isso que ocorre com esse trabalhador descartável, que tem que morrer cada dia um pouco para um punhado de rico lucrar. E é difícil não assistir ao filme e lincar com nossa realidade, pois, para meia dúzia de empresários, nós somos “descartáveis”.  Se morrermos hoje, amanhã terá outro trabalhador para ocupar nossa função.

O imperialismo retratado no filme

No filme, a figura que representa o imperialismo é o personagem Kenneth Marshall, interpretado por Mark Ruffalo. Aqui temos a representação de todo autoritarismo de hoje e de ontem: ele, um político corrupto e empresário sujo, acredita que seu projeto de ocupação do espaço seja justificável e legítima, e que a colonização deve acontecer, não se importando em quantas vidas serão tiradas, desde que ele mesmo não seja colocando em risco. Justificando suas medidas individualistas e desprovidas de razão e até usando o discurso de defesa do “bem coletivo” ele nos aproxima dos atuais “inovadores”, “empreendedores” e milionários de hoje, que enriqueceram com o sangue, suor e lágrimas de milhões de trabalhadoras e trabalhadores.

O caminho é a revolução

Esses problemas expostos no filme vão além do roteiro, eles são dilemas reais, que afetam a vida e o cotidiano da classe mais pobre. No longa, o diretor não esconde a necessidade de se rebelar, de conhecer a sua realidade e fazer de tudo para transformá-la. Em uma das cenas mais interessantes, o personagem, que não se chama Mickey à toa, passa a reivindicar um nome pra si, deixando de ser objetificado. Isso acontece exatamente após ele notar que a realidade da nova natureza em que ele está inserido poder ser transformado por ele.

É assim também em nossa sociedade. Para resolvermos nossas dificuldades e acabar com a exploração, a única saída é se organizar. Quantos milhares de operários precisarão ainda serem mortos para alimentar um único bilionário, que nada produz a não ser mais exploração, banalização da vida e a violência? Mais: com o advento da internet, ficou mais escancarado o quanto é odioso esse mecanismo de alienação. A gente trabalha, não consegue ter direito nem ao descanso ou se quer tem a possibilidade de usufruir daquilo que produz. É como o personagem Mickey, que tem que submeter a diversas situações humilhantes e perigosas, até decidir se revoltar e tomar as rédeas de seu futuro.

Estudantes sofrem prisão arbitrária e truculenta em escola técnica de Teresina (PI

Militantes são presos durante manifestação em denúncia a ofensiva da SEDUC contra grêmio estudantil e democracia nas escolas do Piauí.

Nimbus Pinheiro e Redação PI | Teresina (PI)


EDUCAÇÃO — Na tarde desta quinta-feira (30/10), a Secretaria de Estado da Educação do Piauí (SEDUC-PI) convocou uma assembleia para destituir o Grêmio Estudantil Torquato Neto, da Escola Técnica de Teatro Gomes Campos, no centro de Teresina.

A Secretaria, junto da diretoria da escola, isolou o presidente do grêmio, José Augusto, e acionou a Polícia Militar, que cercou a escola e tentou impedir a entrada de diretores da Federação Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico (FENET), da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas de Teresina (AMES Teresina), e militantes do Movimento Rebele-se; “não-estudantes”, segundo a PM.

“Já de início, tavam querendo impedir que a gente entrasse em contato com os estudantes, com a diretoria, com a assembleia. Ou seja, mostrando, mais uma vez, que a SEDUC não tinha perspectiva de fazer algo democrático, mas sim de alienar o grêmio do companheiro”, aponta Laura Borges, diretora da FENET.

Sobre a assembleia, a SEDUC justifica a tentativa de destituição do grêmio com o argumento de “questões burocráticas”. Mas, na realidade, trata-se de perseguição a um grêmio combativo na Escola Gomes Campos. Além das inúmeras lutas travadas, e das conquistas de ônibus escolar e melhores condições para o refeitório da instituição, o Grêmio Estudantil Torquato Neto convocava uma greve estudantil para o mês de novembro, atendendo ao chamado da FENET, por melhores condições estruturais nas escolas técnicas do Brasil.

Militantes são presos arbitrariamente

José Augusto, também diretor da FENET, e diretor da AMES Teresina, foi, ainda, agredido, sufocado, e então imobilizado, após tentar se defender. Após algemar, o policial pressionou o joelho no pescoço de Augusto, já no chão. E, ainda, ao levantá-lo, enfiou o dedo no olho do gremista.

Além dele, Caetano Teles, do Movimento Rebele-se, teve o celular roubado, foi jogado ao chão e agredido. “Depois que ele me prendeu, foi me levando pra fora da escola. Me ameaçou, disse que ia descobrir meu nome, meu endereço. Que ia atrás de mim, e me deitar na porrada”, relata Caetano.

Dara Neto, do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), também foi algemada e tratada com truculência.

“Sei nem quem é, porque não se identificou, mas [o policial] tá aqui dizendo que não foi ele quem me prendeu, mas por ele, não tinha problema dar tapa na cara, e que não quer saber qual crime que eu cometi”, denuncia Dara, algemada, em vídeo gravado à tarde da quinta-feira, ainda na escola. “Eu falei que tenho meus direitos, ele disse ‘que direitos? Direitos é o de menos, não tem isso de direitos pra polícia’. Essa é a polícia de Rafael Fonteles”.

Os três foram presos, sem justificativa, e levados à Central de Flagrantes.

Grêmios sofrem perseguição pela SEDUC

A Secretaria, a mando do governo estadual, adota, hoje, uma postura autoritária com relação aos grêmios estudantis do Piauí. É imposto controle e tutela sobre essas entidades, transformando gremistas em funcionários não remunerados da Secretaria, e impedindo sua autonomia. Os grêmios que não se submetem a essa política, a exemplo do Grêmio Estudantil Torquato Neto, eleito democraticamente, são perseguidos; o que fere a Lei nº 7.398/1985, conhecida como “Lei do Grêmio Livre”.

O governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT) é fundador e um dos principais acionistas do Grupo Educacional CEV, rede privada de ensino do Piauí. Em sua gestão, o empresário impõe políticas neoliberais, como a privatização de estatais e a precarização de serviços públicos.

Por sua vez, a repressão pela Polícia Militar reflete a criminalização da luta dos estudantes, e surge como fruto do sistema capitalista, que condena as denúncias do abuso sofrido pela classe trabalhadora, ao mesmo tempo que reduz, cada vez mais, os seus direitos.

Após quase seis horas em cárcere, e sob vigília ferrenha de militantes e aliados sindicalistas, Dara, Augusto e Caetano foram soltos. Apesar da truculência e do autoritarismo da PM do estado do Piauí, a pressão popular conquistou a liberdade dos militantes, e reafirmou a importância da luta do movimento estudantil.

Lutar pela educação não é crime! Pela livre atuação dos grêmios estudantis!

30 anos de fundação da Biblioteca dos Trabalhadores Amaro Luiz de Carvalho

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Fundada em 1995, com apoio de colaboradores, militantes e ativistas da cultura, o espaço de formação e divulgação da cultura completa 30 anos em atividade e promovendo a leitura e o socialismo como alternativa para transformar a sociedade. 

Alberes Simão | Petrolina (PE)


 CULTURA – Neste mês de outubro, a Biblioteca dos Trabalhadores Amaro Luiz de Carvalho (ALC), do Centro Cultural Manoel Lisboa do Recife, completa 30 anos de existência, reafirmando seu compromisso com a educação popular, a cultura crítica e a organização da classe trabalhadora. Fundada em 1995, a biblioteca nasceu do esforço coletivo de militantes, estudantes e trabalhadores comprometidos com a construção de um espaço de conhecimento voltado ao povo pernambucano.

Durante três décadas, a Biblioteca Amaro Luiz de Carvalho consolidou-se como um importante ponto de resistência cultural e política na capital pernambucana.  Oferecendo acesso gratuito à livros, jornais, panfletos, documentos históricos e produções marxistas que dificilmente encontram espaço nas grandes instituições ou nas prateleiras comerciais, além de organizar diversos eventos ao longo dessas últimas três décadas. O acervo, composto por centenas de obras sobre história, economia, filosofia, política e literatura, foi formado graças a doações solidárias e ao trabalho voluntário de bibliotecários e educadores populares.

Resgate da cultura e difusão do livro

Atuando na difusão e divulgação do marxismo-leninismo, as Edições Manoel Lisboa tem publicado diversos livros clássicos como Às portas de Moscou, A história do Partido Bolchevique ou a biografia de Lênin, todos encontrados esgotados ou publicados há mais de trinta anos. Ao mesmo tempo livros atuais como As ideias Políticas na História: das cavernas às redes sociais, do professor e militante da Unidade Popular Natanael Sarmento, lançado em 2024, tem sido acolhidos pela sociedade como referências para estudo e formação de opinião.

O Centro Cultural também dispõe de um amplo acervo fotográfico e bibliográfico, sendo a única biblioteca pública do Norte/Nordeste a contar com a coleção das obras completas de Lênin, além de textos raros de José Martí, Fidel Castro, Che Guevara, Marx, Engels, Stálin, Ho Chi Minh, Dimitrov, Carlos Marighella, Carlos Mariátegui, entre outros, acervo esse que contribuiu como suporte para trabalhos acadêmicos, artigos científicos, pesquisas para TCCs e etc.

Quem é o patrono da biblioteca do CCML?

Amaro Luiz de Carvalho foi um trabalhador rural que se formou na luta. Nascido em Joaquim Nabuco, em 4 de junho de 1931, Capivara ou Palmeira, como era conhecido, foi um grande leitor, tendo aprendido a ler e escrever com muito esforço, além de ter aprendido sozinho inglês e espanhol, para ajudar na militância internacional contra a ditadura militar (1964-1985). Foi dele a autoria de “As quatro contradições da Zona Canavieira de Pernambuco” (Editorial a Luta, 1967), prova de que a cultura pode ser uma ferramenta de transformação.  Como forma de homenagear seu legado e exemplo, a biblioteca do nosso Centro Cultural foi homenageada com o nome desse lutador, assassinado covardemente pelo regime militar em 1971.

A celebração dos 30 anos da Biblioteca Amaro Luiz de Carvalho (ALC) é também um ato de reafirmação da luta pelo direito à educação crítica e transformadora, especialmente em tempos de avanço da desinformação e da mercantilização do saber. Em um país onde o acesso à cultura ainda é um privilégio, a existência de uma biblioteca popular, autônoma e voltada à classe trabalhadora, é um gesto profundamente revolucionário, especialmente na capital pernambucana, que só tem apenas 5 bibliotecas públicas.

Governo do RJ proíbe Defensoria Pública de acompanhar perícias do Massacre da Penha

Corpos das vítimas do Massacre da Penha se encontram no IML e Defensoria Pública é impedida de fiscalizar perícias. Famílias protestam por justiça e pelo direito de enterrar seus mortos.

Chantal Campello | Redação RJ


BRASIL – A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DP-RJ) denunciou, nesta quinta-feira (30/10), ter sido impedida de acompanhar a perícia dos corpos das vítimasa da chacina policial nos complexos da Penha e do Alemão, considerada a mais letal da história, com mais de 130 mortos. De acordo com a instituição, seus representantes foram barrados no Instituto Médico-Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, sem autorização para entrar na sala de necropsia ou perícia técnica dos corpos.

“Estamos sendo impedidos de exercer um direito elementar de fiscalização pública. Esses corpos não podem ser tratados como números”, afirmou Rafaela Garcez, coordenadora de Defesa Criminal da DPRJ em entrevista em frente ao local.

A decisão de impedir o acesso da Defensoria ocorre justamente no momento mais crítico de uma operação que mobilizou mais de 2.500 policiais que deixou um rastro de violência, desaparecimentos e execuções sumárias. O órgão afirma que a presença de defensores e peritos independentes é essencial para garantir o respeito à integridade das vítimas e evitar fraudes, manipulação de provas ou destruição de evidências.

“A quem interessa impedir o acesso da Defensoria a esses corpos? Para quem busca transparência e contenção de más práticas, não há motivo para barrar nossa presença.”, questiona Rafaela.

De acordo com o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ), uma comissão de parlamentares descobriu que 100 corpos foram necropsiados (periciados) sem nenhum acompanhamento das famílias ou de órgãos de controle como a Defensoria.

Famílias lutam por justiça e para poder enterrar seus mortos

Essa atitude do governo do Rio de Janeiro, sem a oposição do Ministério Público até agora, mostra que a intenção de Cláudio Castro e seus aliados é esconder provas que surgem de que muitas pessoas assassinadas pela polícia nesta terça são inocentes sem envolvimento com o crime organizado.

Enquanto o Estado se fecha, familiares das vítimas se aglomeram na porta do IML, buscando informações sobre seus parentes. Muitos não sabem sequer se os corpos foram identificados corretamente, ou se ainda estão retidos para exames.

No final da tarde de hoje, dezenas de parentes dos mortos ocuparam a Av. Francisco Bicalho, em frente ao IML, em protesto contra a demora na liberação dos corpos. Até agora, dois dias depois da operação, a maioria das famílias não puderam enterraras vítimas do massacre.

Essa operação é parte de uma escalada de violência estatal no Rio de Janeiro, que, nos últimos anos, tem batido recordes de letalidade. Mesmo após determinações do STF para que o governo estadual restrinja ações em favelas e preserve a vida de civis, o sangue segue correndo nas vielas e o controle civil sobre a polícia segue enfraquecido.

Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres escancara organização transfóbica

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Vivemos em uma sociedade que prega a transfobia e que relega as mulheres trans e travestis a negação de sua existência e a violências diárias. Por isso, é preciso combater e denunciar todos os falsos movimentos feministas que dizem defender a causa das mulheres. Na 5º Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, em Brasília, mais um episódio de transfobia foi registrado. Elas respondem: “Transfobia não!”.

 Evelyn Dionízio- PE


 

MULHERES- A 5º Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, promovida em Brasília entre os dias 29 de setembro e 1 de outubro, reuniu cerca de 4 mil mulheres de todas as regiões do país para ampliar as políticas públicas para as mulheres, conforme o Ministério das Mulheres. A ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) e a Fonatrans (Fórum Nacional de Travestis e Transexuais Negras e Negros), integrantes do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher participaram da Conferência para debater a assistência para as mulheres trans e travestis.

No entanto, no encontro estava presente a Matria (Mulheres Associadas, Mães e Trabalhadoras do Brasil), composta por mulheres transfóbicas – também chamadas de “radfem” ou feministas radicais. A associação repudiou a participação das organizações trans, alegando que o espaço deveria ser “exclusivo para mulheres”, em uma clara demonstração de violência. Essas mulheres se dizem feministas e pregam que “a verdadeira mulher é a biológica” e não é a única organização de extrema-direita que prega o ódio à comunidade LGBT+. O grupo faz parte da Aliança LGB (Lésbicas, Gays e Bissexuais) que, como a sigla indica, nega a existência de pessoas trans, travestis e outras expressões de gênero.

A Matria também se diz suprapartidária (acima de qualquer partido) quando na verdade defende a ideologia fascista e reacionária da extrema-direita. Afirma repudiar a “ideologia de gênero” nas escolas e prega pelo controle dos pais sobre os filhos quanto ao que é ensinado. Na realidade, o que se faz é proibir a educação sexual no ambiente escolar, tão importante para denúncias de abusos e assédios da juventude, grande parte meninas. Ou seja, a organização não defende os direitos das crianças.

Ainda sobre a negação à existência de pessoas trans, o Trans Murder Monitoring (Monitoramento de Assassinatos Trans) de 2024 revelou que 94% dos assassinatos contra pessoas trans no mundo são feminicídios, assim como observado nos anos anteriores. Vítima desse descaso, a modelo Miss Trans Paraíba Maria Clara Azevedo, tinha apenas 32 anos quando foi encontrada sem vida depois de 7 facadas em João Pessoa, Paraíba. Maria Clara só foi achada 3 dias depois da morte, no dia 29 de setembro, já em estado de decomposição, vítima da violência e da falta de segurança enfrentada pela população trans, principalmente pelas mulheres.

A Miss e Mister Trans Paraíba, nas redes sociais, denunciou: “perdemos mais uma vida preta e trans. Não é só luto, é revolta. Seguimos em uma sociedade que insiste em apagar corpos que lutam por existir”.

Também em protesto, as presentes no ato da Conferência Nacional entoaram “Maria Clara, Presente!” e “Transfobia não!” reafirmando seu direito à sociedade. Com isso, a Unidade Popular, através do seu 1º Encontro LGBTI+ no Rio de Janeiro concluiu que a transfobia contra mulheres advém da crescente misoginia e da exploração que elas encaram na sociedade capitalista. Por isso,

 

As mulheres trans e travestis, que têm a menor expectativa de vida dentro da comunidade LGBTI+ no Brasil (cerca de 35 anos) são tratadas no capitalismo como objetos sexuais e descartáveis. Isso ocorre porque, em uma sociedade patriarcal, a noção de mulher ainda está limitada à função reprodutiva, à subordinação ao homem, ao papel de esposa e mãe.

É por isso que setores reacionários e machistas negam às mulheres trans e travestis o reconhecimento como “mulheres de verdade”. Essa visão, além de desumanizar e excluir as mulheres trans e travestis, também aprisiona as mulheres cis nesse papel submisso, negando-lhes autonomia sobre seus corpos e seus direitos reprodutivos.

 

Transfobia não se cria em uma sociedade socialista livre de opressões e da exploração. Urge um movimento revolucionário da comunidade LGBT+ que lute por uma nova forma de viver. O Movimento de Mulheres Olga Benario esteve presente no primeiro dia de evento e reafirmou a importância do espaço para reivindicar uma sociedade mais justa e igualitária. Mais do que solidariedade dos Ministérios e da mídia burguesa, é preciso ações concretas que mudem a realidade a que as mulheres trans e travestis estão submetidas.

 

Marcela Almerindo, Presente!

Maria Clara, presente!

Agora e sempre!

 

 

CARTA | Pelo bem da minha saúde mental, eu permaneço na luta

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Saúde mental em tempos de neoliberalismo exige solidariedade e ação coletiva para construir uma sociedade socialista.

Paula Dornelas | Minas Gerais


CARTA – Em tempos neoliberais, em que o indivíduo tem um peso gigante de responsabilidade sobre as coisas, se sobrepondo a qualquer trabalho ou compromisso coletivo, foi um alívio escutar o seguinte lembrete de uma companheira na luta pelo socialismo, “tenhamos a certeza da vitória independente do indivíduo”. Compartilho aqui algumas reflexões que se desdobraram a partir daí.

Um relato pessoal, mas nem tanto

Há algum tempo em tratamento para depressão e transtorno de ansiedade, mais uma em meio à juventude brasileira, tenho sintomas que vão de uma desimportância e impotência frente aos problemas e dores do mundo, a uma vontade forte de pôr abaixo de vez o sistema capitalista, que nos oprime e explora a todo segundo.

Nesse caminho, percebi que a dor, a tristeza, ou angústia que por vezes sentimos, seja desencadeada por problemas financeiros, por questões de um relacionamento, ou pelo luto; em meio às necessidades diárias da vida, nos deixa mais sensíveis ao individualismo. Nos levando a pensar que estamos sozinhos, que devemos prezar por um autocuidado e concentrar nos próprios corres e afazeres. É comum escutarmos de pessoas que se preocupam com a gente frases como: cada um tem as suas batalhas, é momento de pensar em si primeiro, de dedicar para cuidar de você, do seu trabalho, do seu estudo, em lugar de cuidar do outro ou dos outros.

Apesar dessas orientações até virem com uma justa preocupação, elas podem reforçar o individualismo; e de maneira alternada ou mutuamente, aquele misto de importância e desimportância em relação às nossas vidas: com uma separação do “eu” para me cuidar; junto da ideia de que “ninguém se importa comigo ou com o que sinto”, que “por mais que possam ter passado por coisas parecidas, só eu sei da minha vida”, por isso, me distancio para cuidar dela. Por mais que pareçam nada prejudiciais, essas possíveis decisões nos fecham para com o outro e reforçam uma responsabilidade individual frente à vida. E tá aí um problema. Essa responsabilidade é adorada pelo neoliberalismo e para a manutenção do capitalismo que nos quer desunidos, contrapondo uma vida em comunidade.
Outro exemplo aparece quando reforçamos que estando à frente do coletivo, quem dá “a cara a tapa” é um indivíduo e, por isso, somente ele sabe o que passa e sente mais o peso da responsabilidade. Uma situação que exige muita atenção individual-coletiva.

No coletivo construímos responsabilidades e cuidados que vão além de nós

Retomando mais alguns exemplos atuais que reforçam o individualismo: Competimos para conseguir um trabalho que, provavelmente, vai nos adoecer, enquanto uns poucos acumulam riquezas; Competimos por uma vaga na universidade: nossa vida em sociedade acumula importantíssimos conhecimentos, mas há aqueles que poderão aprendê-los e outros que não, mesmo sendo um acúmulo coletivo, social, que no capitalismo é privatizado; Mais um exemplo recente da nossa história: a pandemia da Covid-19 foi um momento que tivemos que nos isolar, mas definitivamente foi preciso contar muito com os outros para a manutenção de nossas vidas. Sejam diretamente os profissionais da saúde, da limpeza, aqueles que cozinhavam, que cuidavam, e que se solidarizavam nas ações de combate à fome.

Retomando o fio da meada, com essas reflexões cheguei a conclusões que me aliviaram e fortaleceram, entendendo que: não é uma responsabilidade só minha as vitórias e derrotas que enfrentamos pelo caminho, tampouco é errado identificar que preciso de algum cuidado mais específico num momento. Entretanto, eu tenho um papel e uma responsabilidade no coletivo e o coletivo também um papel em cada um de nós; pensando e exercendo uma relação dialética entre ambos. Nesse trajeto vivido por mim até aqui, digo que não há uma dor que seja só nossa, que numa conversa não possamos pensar com o outro em formas de diminuir o peso para enfrentá-la ou passar por ela; e, junto disso, não nos ausentar, mas seguir em movimento, entendendo e nos responsabilizando enquanto coletivo e enquanto indivíduos-parte de um todo.

O sistema capitalista é perverso, e provoca mais a destruição do que a manutenção ou melhoria das diferentes formas de viver existentes entre os povos. Então, com essa condição desumana, somada à nossa sensibilidade comunista cheia de revolta e amor, é difícil por vezes não nos entristecermos. E eu compartilho isso pra quebrarmos a ilusão de que virá uma resposta imediata e mágica para acabar com essa angústia. A resposta que temos para isso é trabalhosa, cotidiana, coletiva, organizada e revolucionária, que precisa ser cultivada no coletivo, na luta e nos estudos do marxismo-leninismo.

Foto: Maxwell Vilela/JAV
Foto: Maxwell Vilela/JAV

Permanecer na vida para construir uma vida melhor

Por fim, eu gostaria com esse texto fazer (a mim mesma) e a quem ele chegar um chamado a continuar na luta pela vida. Um chamado que passa necessariamente por estar no coletivo. Aos nossos militantes comunistas, por coletivo digo o nosso Partido, nossos núcleos de base, os espaços de formação política, as ações revolucionárias que nos fazem sentir a coragem carregada e acumulada por esse nosso povo que trabalha.

Frente ao individualismo e a essa forma de “vida” adoecedora, que nos mata, nos rouba o tempo, a criatividade, os amores, a comida, a casa; enfrentando tudo isso e entendendo que essa é uma decisão que precisa ser construída, reconstruída e tomada diariamente. Essa é a nossa única saída para uma garantia segura de viver. Por isso, eu convido aos camaradas a permanecerem, a serem parte desse processo revolucionário que nosso povo trabalhador caminha rumo a ele. Entendendo que nesse trajeto vamos ter encontros e desencontros, vamos sentir dores, caminhar descalço em chão de pedras, vamo subir e descer morro; mas é assim de pé no chão e coletivamente que avançaremos e viveremos numa sociedade socialista.

Petrolina recebe o 13° Congresso Brasileiro de Agroecologia

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Encontro acontece a cada dois anos e teve uma participação de mais de 6 mil de pessoas, debatendo agroecologia, agricultura familiar e alternativas para combater o agronegócio e as políticas imperialistas para o meio ambiente.

Marcelo Pessoa- Petrolina (PE)


 

MEIO AMBIENTE- Aconteceu em Juazeiro da Bahia na Univasf (Universidade do Vale do São Francisco) durante os dias 15 a 18 de outubro o 13° Congresso Brasileiro de Agroecologia com o lema: Agroecologia, Convivência com os Territórios Brasileiros e Justiça Climática. O evento contou com mais de 6 mil participantes e, com o objetivo de promover a agroecologia como solução para a crise a atual climática, debateu a conjuntura global e como a atual fase do sistema capitalista simplesmente não consegue salvar o futuro de nosso planeta.

O CBA é realizado a cada dois anos e tem a participação de estudantes, pesquisadores, entidades da sociedade civil organizada e ativistas em defesa do meio ambiente. A militância da Unidade Popular e do Movimento Correnteza participaram da atividade, que contou com uma brigada do jornal A Verdade e uma banca com os materiais das edições Manoel Lisboa. Com a proximidade da COP 30, em Belém do Pará, as questões ambientais, o combate ao agrotóxico e o combate aos danos à biodiversidade deram o tom do debate.

 

O encontro também serviu para o governo federal anunciar ações para a agricultura familiar e c contou com a presença do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues e dos ministros Wellington Dias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Márcio Macedo (Secretário-geral da Presidência que foi substituído por Guilherme Boulos) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar), mas apesar dos anúncios de crédito para projetos da agricultura familiar, é importante lembrar que a prioridade do governo Lula é priorizar o agronegócio, que recebeu de orçamento no Plano Safra 2025/2026 R$516,2 bilhões, apesar de sabermos que quem garante a alimentação do brasileiro é a agricultura familiar, que inclusive vem sofrendo com o tarifaço do Donald Trump.

Ou seja, para além do discurso, é preciso que uma política verdadeiramente voltada para combater a destruição do meio ambiente e a alimentação saudável, mas o capitalismo e seus mantenedores não conseguem garantir essa mudança nos moldes atuais desse sistema.   Ou mudamos o atua modo de produção social ou ele irá nos destruir.

 

Brigadistas do Jornal A Verdade durante o evento. Foto: Madu Silva- JAV (PE)

Teto de UTI infantil desaba em hospital no Recife

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O incidente ocorrido no hospital Barão de Lucena é uma demonstração da crise instaurada na saúde pública em Pernambuco. No início do ano a governadora Raquel Lyra (PSD) anunciou que daria uma reforma nos hospitais, mas a realidade que vemos no dia a dia é bem diferente.

Clóvis Maia e Evelyn Dionízio- Redação Pernambuco


 

SAÚDE- Na manhã da segunda-feira, 27 de outubro, parte do teto da UTI Neonatal do Hospital Barão de Lucena, no bairro da Iputinga, zona oeste do Recife, desabou. No local estavam seis leitos infantis e, felizmente, não houveram feridos. O ‘incidente’ deixa escancarado o abandono e o descaso na saúde em Pernambuco, especialmente por parte do governo estadual. O Hospital Barão de Lucena (HBL) é um dos maiores hospitais públicos de Pernambuco, que atua como hospital geral e maternidade, recebendo pacientes de todo estado e que no ano de 2024 atendeu mais de 100 mil pacientes. O HBL é hoje uma referência quando se trata de obstetrícia, residência médica e uma série de serviços especializados. Inaugurado em 1958, desde de 1992 o hospital é gerido pelo governo do Estado de Pernambuco e vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS), que vem sendo alvo de constantes ataques, mesmo no atual governo federal.

Descaso com a saúde da classe trabalhadora

No dia 13 de setembro de 2024 o Diário Oficial do Estado de Pernambuco anunciou a abertura de licitação para contratar empresa para realizar a manutenção preventiva e corretiva de diversos hospitais da rede do estado, incluindo o HBL, com valor estimado de mais de R$ 17 milhões. Na mesma licitação está o Hospital da Restauração, que, em agosto de 2025, passou o dia sem os elevadores, prejudicando pacientes e a equipe médica. O HR também faz parte dos “seis grandes” hospitais do estado.

Já em maio deste ano, mais um investimento: a governadora Raquel Lyra (PSD) anunciou um total de R$ 110 milhões para requalificar, ampliar e melhorar os serviços dos três maiores hospitais públicos de Pernambuco, além do Hospital da Restauração, o Otávio de Freitas, Agamenon Magalhães e o Barão de Lucena. Segundo anúncio do governo estadual, na época, o investimento no HBL seria de R$ 38 milhões para instalar 74 leitos novos, requalificar 10 antigos e construir um ambulatório pediátrico. Eis aí o resultado desse investimento.
O HBL teve um processo de licitação para uma das obras denunciado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) após uma das empresas envolvidas alegar problemas de condução do pleito por parte da Companhia Estadual de Obras e Habitação (Cehab).

O caos da terceirização da saúde pública

A realidade da saúde do estado é a preferência por encher os bolsos de empresas privadas e terceirizadas. A RM Terceirização, por exemplo, é responsável pela contratação de quase toda Secretaria de Saúde e de alguns cargos dentro dos diversos hospitais que a SES exerce gerência, como o Hospital Agamenon Magalhães, o Hospital Regional do Agreste (em Caruaru), Hospital Getúlio Vargas, Hospital Barão de Lucena e outros.

Para se entender como a transferência do dinheiro público para empresas privadas serve apenas para precarizar e beneficiar os ricos, os trabalhadores da limpeza da SES ficaram 2 meses sem receber salário após o processo de troca de empresas terceirizadas. Além disso, os terceirizados da RM estão passando por problemas em todo quinto dia útil: magicamente, ao receber o salário, o dinheiro dos trabalhadores ficam retidos no banco da empresa, chamada de BScash. A suspeita é de que há retenção proposital dos salários para o banco ganhar juros em cima do dinheiro dos trabalhadores. Nesse modelo de terceirização, os trabalhadores recebem 24,5% a menos que os servidores efetivados, conforme o DIEESE, além da enorme precarização e aumento das jornadas de trabalho pela dificuldade de fiscalização pela justiça do trabalho.

Além disso, o processo de compras a partir da licitação da Secretaria de Saúde é extremamente lento. Isso ocorreu após o Decreto Estadual 54.526 de março de 2023, que centralizou as aquisições de produtos pela SES, feita não mais pelos próprios hospitais, e com submissão a Secretaria de Administração. Isso faz com que os processos de compras de simples ataduras rolem há mais de 1 ano, além dos medicamentos, órteses e próteses e até de algodão.

 

Ricos se aproveitam do sofrimento da população

O colapso da saúde pública em Pernambuco e em todo o país é evidente. Pouco importa se a população pobre está morrendo, tendo que se deslocar, às vezes, até seis horas do interior para a capital, correndo risco de vida nas estradas de madrugada para conseguir tratamento.
As filas de pacientes nos corredores dos hospitais parecem não sensibilizar tais autoridades, que, obviamente, não utilizam o SUS para si ou para seus familiares. E essa é a ótica do sistema capitalista. Nem a recente pandemia mundial de COVID 19 ou as mobilizações e greves das enfermeiras denunciando esses absurdos parecem ser acolhidas, inclusive pela justiça.
No capitalismo, pobre morrendo é só um número. É um lucrativo negócio. Até quando vamos ver o teto dos hospitais caindo? Quanto vale a vida dessas crianças, mães e idosos na conta do capitalista?

Governo do Rio promove maior chacina policial da história do Brasil

A mando do governador fascista Cláudio Castro (PL), polícias do Rio conduzem o massacre da Penha, maior chacina realizada por uma operação da história do país. Ao menos 120 mortos durante operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio.

Arthur Medeiros e Lunna Normande | Rio de Janeiro


BRASIL – Ontem (28/10) e hoje (29/10), o povo do Rio de Janeiro foram surpreendidos com a dita “megaoperação” policial militar do governo do fascista Cláudio Castro (PL-RJ). A operação ocorreu no início da manhã nos complexos da Penha e Alemão, onde vivem mais de 100 mil trabalhadores, supostamente com o intuito de prender chefes do Comando Vermelho.

Na maior chacina cometido pela polícia na história do país, foram ao menos 132 pessoas mortas, muitas delas com sinais claros de execução sumária ou de que estavam rendidas. Pelo menos 74 corpos foram recuperados pelos próprios moradores nas ruas e na mata que circundam os bairros. Além destas pessoas, outras dezenas ficaram feridas, incluindo um moto-taxista, uma mulher que estava na academia e uma pessoa em situação de rua. Isso é, na prática, a continuação de uma política de extermínio contra nossa população periférica que vive em clima de guerra. 

“Eu não dormi, eu acordada até agora porque os corpos estão sendo deixados aqui na praça perto de casa. E não para de chegar, não para de chegar, gente morta e os familiares gritando, gritando quando reconhece a pessoa e os corpos. Eles torturaram os corpos dos meninos que estavam na mata. Gente faltando um pedaço da cabeça, faltando metade do rosto, com dedo quebrado. a perna pendurada e eles torturaram muito os meninos que estavam na mata.”, afirmou uma moradora do Complexo da Penha.

Diferente do que a grande mídia burguesa e o estado colocam como uma operação vitoriosa, com a apreensão de cerca de 100 fuzis, 81 presos e a morte de mais de uma centena de pessoas, os moradores encaram essa operação é mais uma chacina contra o povo trabalhador. 

Enquanto isso, a população estava presa, com medo e sem saber o que fazer, no transporte coletivo assistindo vídeos, fotos e relatos da “megaoperação”. Durante a operação todas a universidades fecharam, o comércio de pelo menos 20 bairros foi paralisado, 200 linhas de ônibus afetadas, duas vias expressas e uma BR fechadas, e postos de saúde em várias partes da cidade não puderam atender pacientes. 

Como forma de justificar isso, a estrutura da Polícia Militar reforça esquematicamente o pensamento de que “bandido bom é bandido morto”, enquanto os maiores criminosos da nossa Pátria são justamente os comandantes das corporações militares e seus apoiadores econômicos. Enquanto o fascista Cláudio Castro e seus milicos comemoram a morte de inocentes, a periferia amarga mais uma vez a morte de seus filhos que sequer tem acesso à uma educação, saúde e saneamento básico. 

A proposta Governador Cláudio Castro é intensificar a política de morte da nossa população, promovendo a dita “megaoperação” que acabaria com as organizações criminosas. Porém, o que vemos na prática é mais dor, luto e sofrimento daqueles que sequer tem acesso a moradia digna. 

Genocídio nas favelas

O genocídio dentro das favelas do rio de janeiro já não é novidade a toda população, ano após ano políticos se elegem no estado do rio com o discurso de que o estado precisa acabar com o crime organizado e que apenas o investimento na polícia poderá trazer a tão sonhada segurança para toda popular, mas que na pratica esse argumento não se sustenta.

Nos últimos 5 anos (2020-2025), 6.024 pessoas foram mortas por intervenção policial militar no Estado do Rio de Janeiro – dados do Instituto de Segurança Pública do RJ. Dentre esses, diversas crianças vítimas das tais balas perdidas que ceifam nossa juventude negra e periférica, é o caso do Kauã Vítor Nunes Rozário, 11 anos, Kauê Ribeiro, 12 anos, Ágatha Félix, 8 anos, João Pedro Matos Pinto, 14 anos.

Esse resultado não é um erro da política pública, pelo contrário, é o sucesso de um projeto político que prevê a morte da população negra e trabalhadora como solução da crise na segurança pública. Prova disso é a fala do prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), após a operação “O Rio não pode ficar refém de grupos criminosos”, ignorando as dezenas de mortos e dizendo que a cidade não pode parar. 

Há pelo menos 40 anos o Rio de Janeiro é assolado com milhares de operações policiais, ao todo do inicio de 2007 até agosto de 2024 foram mais de 22.000 operações policiais apenas no Rio de Janeiro, segundo a pesquisa “Novos Ilegalismos” da UFF, e de todas as pessoas mortas nessas operações cerca de 84% são pretas. 

Mas lembremos que as maiores apreensões de fuzis da história do Rio foram no Méier (117 fuzis na casa de um amigo do Ronnie Lessa), em uma loja em Nova Iguaçu (68 fuzis e 12 revólveres), no Galeão (60 fuzis vindas dos EUA). E a maior operação contra o crime organizado no país foi na Faria Lima, centro financeiro da burguesia brasileira. Nenhuma delas em favela. Nenhuma delas disparou um tiro, Mas a favela é sempre tratada como território inimigo.

Segundo uma moradora da do complexo do alemão, “às 4 da manhã já se escutava os tiros, pareciam intermináveis, eles atiravam tanto até derrubar paredes, os moradores começaram a gritar que só tinha inocente e eles riam da gente, o meu quintal está ensanguentado e eu nem sei de quem é, algumas pessoas decidiram fazer uma passeata quando amanheceu o dia mesmo no meio dos tiros porque já tinham certeza que iam morrer mesmo e os vídeos estão ai que não deixa nenhum morador mentir” 

Para o governador a operação está sendo um sucesso pois cumpre o seu objetivo, matar o povo trabalhador e oprimir a população da cidade enquanto a burguesia lucra com cada morte, o único esquecimento deles é que o povo se revolta e se organiza, a construção de uma nova sociedade está mais perto do que nunca e que apenas quando o povo for poder que poderemos ter uma política de segurança pública que pense a vida e não a morte.

Livro “A vida e luta do comunista Manoel Lisboa” é lançado em Natal (RN)

Lançamento do livro “A vida e luta do comunista Manoel Lisboa” reúne centenas de pessoas em Natal.

Redação RN


No último dia 24 de outubro aconteceu, no auditório da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, o lançamento da 3ª edição do livro “A vida e a luta do comunista Manoel Lisboa”.

O do evento foi aberto com os presentes entoando o hino internacional dos trabalhadores: a Internacional Comunista. A mesa contou com a ilustre presença de Edval Nunes Cajá, um dos organizadores do livro, presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa, do Comitê de Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco e membro do Partido Comunista Revolucionário – PCR; Jana Sá, filha do guerrilheiro Glênio Sá, que é jornalista e presidente da Comissão de Memória, Verdade e Justiça do Rio Grande do Norte; e Jessé Alexandria, primo de Emmanuel Bezerra, juiz e escritor.

O plenário lotado se emocionou com as histórias de luta e resistência dos heróis do povo brasileiro tombados pela ditadura militar fascista no Brasil. Cajá abriu as falas ressaltando o heroísmo revolucionário de Manoel Lisboa e Emmanuel Bezerra que presos não delataram nenhuma informação sequer a seus torturadores. Relembrou como o exemplo desses heróis foi determinante para sua conduta quando também foi preso e torturado. Destacou a necessidade de todos os presentes concretizarem o pedido de Manoel Lisboa antes de sua morte: que continuem o trabalho do Partido e construamos o socialismo no Brasil.

Auditório da UFRN lotado para receber o lançamento da 2 edição do livro “A vida e luta do comunista Manoel Lisboa”. Foto: JAV-RN

A importância dos partidos levantarem e manterem alta a bandeira da Memória, Verdade e Justiça, nos seus programas e nas suas ações, foi enfatizada por Jana. E, seguindo a fala de Cajá, também prometeu, uma vez mais, que os comitês nos estados manterão suas atividades até que todos os mortos tenham suas histórias contadas verdadeiramente e que todos os desaparecidos políticos sejam encontrados.

Jessé explanou sobre a importância da justiça de transição e que é necessário avançar ainda muito a democracia no nosso país por reparação não só financeira, mas em termos históricos. A sua família luta pela memória de Emmanuel Bezerra mas muitas histórias precisam ser resgatadas e portanto, lançar o livro da história de Manoel Lisboa era uma passo importantíssimo nesse sentido.

As organizações políticas presentes, assim como professores da instituição presentes tiveram espaço para considerações e saudações. Com muita palavra de ordem, agitação, bandeiras e a poesia “Tu e eles” recitada pela coordenadora da mesa, Samara Martins, foi encerrada as intervenções políticas seguida da sessão de autógrafos e fotos com Cajá, momento de grande emoção para os presentes que admiram sua luta, resistência e exemplo.