UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sábado, 19 de abril de 2025
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Ferroviários decretam greve contra a privatização das linhas 11, 12 e 13 da CPTM

Em assembleia realizada nesta quinta-feira (20/3), com participação recorde e clima de luta, os ferroviários de São Paulo decidiram entrar em greve contra a privatização das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da CPTM.

Guilherme Arruda | Redação SP


Em assembleia realizada nesta quinta-feira (20/3), com participação recorde e clima de luta, os ferroviários de São Paulo decidiram entrar em greve contra a privatização das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Os trabalhadores estiveram presentes em dezenas na Assembleia Geral convocada após intensa pressão do Movimento Luta de Classes (MLC) e de outros movimentos no STEFZCB (Sindicato dos Trabalhadores(as) em Empresas Ferroviárias da Zona Central do Brasil).

Ficou aprovada paralisação por tempo indeterminado na circulação dos trens e nas estações dessas mesmas linhas a partir das 0h da próxima quarta-feira (26/3).

A mobilização responde à ofensiva do governador fascista Tarcísio de Freitas, que desde o início de seu mandato tenta vender os principais serviços públicos do estado de São Paulo, em benefício dos grandes capitalistas. Tarcísio anunciou para o próximo dia 28 de março o leilão das linhas 11, 12 e 13 na B3, a Bolsa de Valores da capital paulista, e a greve pressiona para que esse processo de concessão seja cancelado.

Como vem cobrindo o jornal A Verdade, a categoria denunciam que a entrega das linhas ferroviárias para a iniciativa privada causaria uma forte precarização do serviço oferecido à população e a demissão de 4,2 mil trabalhadores. É o que já tem acontecido nas Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, privatizadas em 2021, onde são constantes os incêndios e as interrupções de viagens. A insatisfação da população com a privatização só cresce: uma recente manifestação na sede da CCR, empresa que assumiu a administração dessas duas linhas, cobrou o fim desse descaso.

Na assembleia desta quinta, que contou com uma importante participação do MLC, a proposta de paralisação e organização de um calendário de lutas contou com a adesão de dezenas de ferroviários. Agora, a categoria se prepara para pôr em prática as atividades de mobilização da greve. A primeira delas será uma manifestação na frente da B3 para exigir o cancelamento do leilão, às 9h do dia 25 de março.

Os ferroviários alertam que não se deixarão intimidar pela repressão. Caso algum funcionário seja demitido em retaliação à sua participação na luta, o movimento grevista não será interrompido e a mobilização da categoria se intensificará.

“Todos os trabalhadores desejam que essa greve aconteça. O que nós precisamos é de unidade na luta, para que o governo Tarcísio seja forçado a cancelar o leilão de maneira definitiva e que ele não possa pôr a mão no emprego de nenhum ferroviário. Não vamos deixar que seja privatizada nenhuma linha da CPTM, nenhum trabalhador vai abaixar sua cabeça”, afirmou na assembleia Junior de Sousa, representante do MLC.

11 anos sem Claudia Ferreira, mulher negra assassinada e arrastada pela PM

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Um dos casos mais espantosos de racismo da história recente do Brasil completou 11 anos neste domingo. Os seis policiais militares envolvidos no crime contra Cláudia Ferreira foram inocentados pelo Estado

Gabriela Torres | Redação PR


Há 11 anos, o braço armado do Estado interrompeu, com um tiro no pescoço e outro nas costas, os sonhos de uma mãe de família que saía para comprar pão. Cláudia Silva Ferreira tinha 38 anos e quatro filhos quando teve a sua vida ceifada pela Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Após o assassinato, os criminosos ainda arrastaram o corpo de Cláudia, preso por suas roupas na viatura na Estrada Intendente Magalhães, protagonizando uma das cenas de racismo mais cruéis já registradas no país. A justificativa para os tiros seria um suposto confronto no Morro da Congonha, em Madureira, região Norte da capital carioca.

Em março do ano passado, os seis policiais militares envolvidos no caso foram inocentados pelo Estado. Os envolvidos respondiam pelo crime de homicídio contra Cláudia Ferreira, mas o juiz alegou “erro de execução”, sob um falso contexto de “legítima defesa”.

Cláudia Ferreira foi arrastada pela PM. Foto: Jornal de Brasília
Cláudia Ferreira foi arrastada pela PM. Foto: Jornal de Brasília

Cláudia era uma trabalhadora do Hospital Marcílio Dias, e de acordo com relatos da família, vivia a vida cotidiana da maioria das mulheres negras: acordava às 4h30 da manhã para trabalhar e, além dos quatro filhos, criava também mais quatro sobrinhos. Uma rotina que, apesar de severa, carregava o extraordinário sustentado por cada uma das mães negras de família que criam os seus filhos e constroem as riquezas desse país, mas são impedidas de usufruir dessa riqueza no sistema capitalista. Conhecida carinhosamente como Cacau, Cláudia Ferreira comemoraria na semana de sua morte 20 anos de casada com o seu companheiro, e a sua família não teve nenhuma resposta do governo do estado do Rio de Janeiro.

Para Juliane, membra da direção da Unidade Popular no Paraná, o caso de Cláudia escancara a realidade de racismo e violência que as mulheres estão submetidas: “O assassinato da Cláudia só escancara ainda mais como os corpos negros são tratados no Brasil e lutamos pela justiça para que seus torturadores não sejam esquecidos. Reiteramos o nosso compromisso de lutar contra a violência policial, para que nossas mulheres negras, mães de família não sejam mortas, que nossa juventude tenha a possibilidade de sonhar um futuro diferente sem o medo de ser mais um número para o índice de mortalidade“, afirma a militante.

UP organiza atos pelo fim da escala 6×1 em todo o país

Nesta quarta-feira (19/3), manifestações com a participação ativa da Unidade Popular (UP) e dos movimentos sociais levantaram bandeiras pelo fim da escala 6×1 pela redução das jornadas de trabalho sem diminuição dos salários.

Guilherme Arruda e Estefani Maciel* | São Paulo (SP)


O fim da escala 6×1, que determina seis dias consecutivos de trabalho e apenas um dia de descanso aos trabalhadores brasileiros, foi a pauta de uma série de manifestações realizadas em dezenas de cidades do Brasil nesta quarta-feira (19/3). A abolição dessa jornada de trabalho, considerada desumanizante e exploratória, é o objetivo de uma onda de mobilizações da classe trabalhadora brasileira que se iniciou no ano passado.

A força dos atos, que contaram com a participação ativa da Unidade Popular (UP), de sindicatos e de movimentos sociais, demonstra a indignação popular com as jornadas exaustivas a que estão submetidos os trabalhadores. Mesmo trabalhando ao menos 44 horas semanais, sem descanso aos finais de semana e feriados, a realidade de milhões de brasileiros ainda é de miséria, sem condições de adquirir alimentos em quantidade suficiente para suas famílias e ainda lidando com valores cada vez mais altos de aluguel, transporte e outras contas básicas para a manutenção da vida.

Os milhares de manifestantes que participaram das ações levantaram palavras de ordem em que defenderam o fim da escala 6×1 sem redução de salários e a revogação imediata da Reforma Trabalhista, além de propor a auditoria da dívida pública e a construção de um 1º de maio de luta.

Denunciando a exploração, em muitos municípios, os atos entraram em shoppings e abriram bandeiras com os motes “Pelo fim da escala 6×1!” e “Pela redução da jornada de trabalho”. Nesses locais, onde a maioria dos trabalhadores realiza longas jornadas e sofre com o abuso e o assédio dos patrões, os manifestantes receberam inúmeras demonstrações de apoio da população.

“Com essa escala, minha vida é corrida, não tenho tempo para fazer nada e não tenho liberdade para pensar em outra coisa que não seja o trabalho. Esses tempos eu fiquei com covid e mesmo assim tive que trabalhar. Meu salário não condiz com isso e não sou nem registrada”, afirmou uma funcionária de uma loja do Shopping Metrô Itaquera, onde a mobilização ocorreu na cidade de São Paulo (SP), que não quis se identificar.

Mulheres são as mais afetadas

Manifestação organizada pela UP mobilizou centenas de pessoas só em São Paulo, e milhares em todo o país. Foto: Bia Borges (@bia.borgest)
Manifestação organizada pela UP mobilizou centenas de pessoas só em São Paulo, e milhares em todo o país. Foto: Bia Borges (@bia.borgest)

Como já denunciou o jornal A Verdade, os problemas da escala 6×1 afetam principalmente as mulheres brasileiras. Elas compõem grande parte da força de trabalho dos setores de serviços, comércio e telemarketing, cujas jornadas de trabalho extenuantes e mal remuneradas são, em sua maioria, organizadas a partir dessa escala. Acumula-se, por sobre essa situação de exploração, o problema do trabalho doméstico não remunerado.

Um relatório da Oxfam revela que as mulheres são responsáveis por 75% de todo trabalho de cuidado não remunerado no mundo. Entre lavar, passar, cozinhar, cuidar dos filhos e familiares idosos ou enfermos, cerca de 42% das mulheres nem mesmo conseguem um trabalho formal por serem responsáveis pela função do cuidado – enquanto entre os homens esse percentual é de apenas 6%.

Essas especificidades da situação da mulher se integram a um cenário geral de precarização das condições de vida da classe trabalhadora brasileira. Neste ano, o governo sancionou o valor de R$1518,00 para o salário mínimo. No entanto, um estudo do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) aponta que o “salário mínimo necessário” para o bem-estar de uma família de 4 pessoas deveria ser de R$7229,32, quase cinco vezes maior. A já baixa remuneração dos trabalhadores vem sendo corroída pela alta nos preços dos alimentos, impostas pela especulação dos capitalistas.

A situação se complica quando se leva em consideração que as leis brasileiras não garantem nem mesmo uma jornada de trabalho de 40 horas, uma demanda histórica do movimento operário desde o século XIX. Hoje, a Constituição Federal prevê uma jornada de 44 horas semanais, sem contar as horas extras. Para as mulheres trabalhadoras, que em sua maioria ainda acumulam o trabalho de cuidado com a casa e os filhos, isso significa a completa negação do direito ao lazer, à cultura e à vida.

“São muitas as mulheres que, na prática, têm uma jornada tripla de trabalho, somando emprego, filhos e tarefas domésticas. Para a mulher, o fim da escala 6×1 seria o mínimo para que ela tenha tempo para viver”, afirmou a estudante Mariana, que participou da mobilização em Campinas (SP) e se filiou na UP durante o ato.

Solidariedade entre trabalhadores

Trabalhadores se solidarizaram com a manifestação. Foto: Estefani Maciel (@estefanimcl)
Trabalhadores se solidarizaram com a manifestação. Foto: Estefani Maciel (@estefanimcl)

Com as manifestações da quarta-feira, os movimentos sociais convocaram a classe trabalhadora a aderir massivamente aos próximos passos da luta, reforçando que a conquista de suas reivindicações só acontecerá através de intensa, e organizada, mobilização popular. “Nós, trabalhadores, precisamos entender que só temos um caminho nessa luta contra os patrões e governos pela redução da jornada, que é nos organizarmos para avançar essa luta”, afirmou Petrus Mafra, membro do Movimento Luta de Classes em Natal (RN).

No ano passado, um importante exemplo de combatividade nesse sentido foi dado pelos operários da PepsiCo, no estado de São Paulo, que conquistaram dois sábados adicionais de folga após organizarem uma paralisação de sete dias contra a escala 6×1 nas fábricas de Itaquera, na Zona Leste da capital paulista, e Sorocaba (SP).

Depois dos vitoriosos atos deste dia 19 de março, os movimentos sociais seguirão nas ruas,  atuando pelo fim da escala de 6×1. O calendário de mobilização agora se encaminha para a realização de um 1º de Maio de luta, que deve apontar o caminho da organização da classe trabalhadora pelo fim da exploração capitalista e pela construção de uma nova sociedade.

É o que defendeu Amanda Bispo, liderança da UP, no ato de São Paulo: “Que futuro está sendo colocado para a gente nesse sistema? Mas é possível garantir uma escala de trabalho digna, que sirva para nós e não ao lucro de uma minoria, e conquistar o fim da exploração de trabalho. Nós convidamos cada um e cada uma a conhecer a Unidade Popular e o Movimento Luta de Classes, para que a gente possa construir uma grande greve geral pelo fim da escala 6×1”.

(Confira no Flickr do JAV a cobertura fotográfica dos atos)

*Por todo o país, colaboraram com a reportagem Alice Morais, Bento Xavier, Leonardo de Paula e Junior de Sousa.

Chapa construída pelo Movimento Correnteza vence eleições do DCE-UFCG

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Recebendo 2734 votos, a chapa “A maré tá pra luta” venceu as eleições do DCE-UFCG em fevereiro. Na mobilização para o processo eleitoral, o Movimento Correnteza vendeu 120 exemplares do jornal A Verdade entre os estudantes

Guilherme Queiroz | Campina Grande (PB)


As eleições do DCE da Universidade Federal de Campina Grande (DCE-UFCG), realizadas nos dias 25 e 26 de fevereiro, se concluíram com a vitória da chapa impulsionada pelo Movimento Correnteza. Junto de Centros Acadêmicos e Diretórios Acadêmicos de todos os 7 campi da universidade, o movimento uma chapa composta por mais de 100 estudantes comprometidos com a transformação da realidade da UFCG em 2025.

Com uma intensa campanha que buscou debater os próximos passos do movimento estudantil na universidade e promoveu a venda de mais de 120 exemplares do jornal A Verdade, a Chapa 01 – A MARÉ TÁ PRA LUTA conquistou 2734 votos. Mesmo com um processo de chapa única, a eleição bateu o quórum de votos pela primeira vez em 10 anos. Essa foi a terceira vitória seguida do Movimento Correnteza nas eleições do DCE-UFCG, reafirmando que a mobilização é o caminho certo para o avanço do movimento estudantil.

Gestões de luta

Durante a primeira gestão que contou com a participação do Movimento Correnteza (2022-2023), foi organizada uma grande campanha pela abertura dos Restaurantes Universitários a preço popular. Naquele momento, a UFCG organizava a reabertura de seus restaurantes ao preço de R$ 10,00, sob fortes críticas dos estudantes.

Após muita luta, o DCE-UFCG conquistou um subsídio de 50% no valor da alimentação para todos estudantes da universidade, tornando-se o RU mais barato da Paraíba. Essa gestão também foi responsável pela reativação do CNPJ e da conta bancária da entidade, desativados havia 8 anos, e pela revitalização da sede do DCE em Campina Grande, que estava em situação de abandono.

A gestão seguinte (2023-2024), que também foi impulsionada pelo Movimento Correnteza,  protagonizou a conquista da primeira eleição paritária para a reitoria. Anteriormente, em todas as eleições, o voto estudantil tinha peso de apenas 15%. Por sua vez, o voto dos professores valia 70% do processo. O DCE-UFCG conquistou a paridade, organizou o processo e cumpriu um papel decisivo para que aquela fosse a eleição para a reitoria com maior participação quantitativa e proporcional da história da universidade.

Além disso, a gestão de 2023-2024 organizou o primeiro congresso da entidade em 21 anos, abriu um cinema gratuito em sua sede, registrou a entidade para a emissão de carteirinhas — o que não acontecia havia 10 anos — e trouxe de volta as calouradas.

Vitória estudantil

O próprio processo eleitoral do DCE-UFCG demonstrou que 2025 será um ano de ainda mais lutas e vitórias estudantis. Durante a campanha, no campus da cidade de Cajazeiras, a chapa organizou a reivindicação por melhores estruturas para uma turma de Biologia que estava assistindo aulas em uma sala de conferências muito quente, sem climatização adequada e com pouca visibilidade de slides. Assim que a chapa se deparou com essa situação, organizou a mobilização e, no outro dia, conquistou o realocamento da turma para uma sala adequada que estava vazia.

O histórico da entidade demonstra que foi a partir da luta do movimento estudantil em torno das pautas mais caras aos estudantes que o Movimento Correnteza reconstruiu o DCE-UFCG. Em 2025, tendo construído a chapa que contou com o maior número de estudantes em anos, a gestão – A MARÉ TÁ PRA LUTA pretende cumprir a sua principal promessa de campanha: organizar os estudantes na luta por estrutura e permanência na UFCG.

A independência política das entidades estudantis

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A independência financeira das entidades estudantis, principalmente através da política de carteirinhas, é decisiva para sua independência política. Conquistar essa independência é decisivo para levar adiante a luta da juventude

Coordenação Nacional da UJR


A independência política e a independência econômica estão intimamente relacionadas na luta de classes. A independência política envolve a liberdade de expressar suas convicções, as políticas que defende, de forma autônoma. Já a independência econômica refere-se à capacidade de garantir os recursos necessários para transformar essas ideias em ações concretas. Em outras palavras, sem a base econômica, não há como viabilizar a independência política de maneira efetiva.

Para ilustrar melhor esta relação, existe um ditado conhecido no movimento social que diz “quem paga a banda, escolhe a música”. Ou seja, na sociedade capitalista, quem financia algo dita os objetivos ou fins.

Para os Centros Acadêmicos e Grêmios, a lógica se mantém. Entretanto, pelo seu caráter e histórico de luta, as entidades estudantis não se dobraram e, em sua imensa maioria, não aceitaram o financiamento de empresários para arcar com seus compromissos.

No Movimento Rebele-se e no Movimento Correnteza, não faltam exemplos de lutas que a base estudantil organizou. O ímpeto de manifestar é imenso, a vontade é contagiante, e isto é um elemento fundamental. Entretanto, a vontade é o primeiro passo. Para organizar as lutas, é necessário imprimir panfletos e jornais, contratar carro de som e visitar escolas distantes. Tudo isto exige recursos financeiros. E é neste quesito que encontramos os maiores desafios.

Existem várias formas de as entidades estudantis levantarem recursos próprios, como rifas, eventos, apoio de professores, etc. Todavia, estas são ações pontuais, que, por si, não garantem uma entrada regular de recurso que dê segurança para arcar com os desafios. A Carteira de Estudante se apresenta como o instrumento mais importante e basilar.

É preciso ver de maneira ampla. A carteira é, em primeiro lugar, a maneira como o/a estudante financia sua entidade; esta é a questão fundamental. Ela é um termômetro da confiança e do respeito que a entidade tem com a massa. Ela é a entrada mais segura de recursos, que só depende do/da estudante.

Foi justamente por isso que o governo fascista mirou seu ataque e tentou desarticular o movimento estudantil brasileiro a partir da falsa carteira digital de estudante. Sabendo desta força, o fascista Bolsonaro esbravejou ao assinar a Medida Provisória: “Essa lei de hoje, apesar de ser uma bomba, é muito bem vinda, vem do coração. E vai evitar que certas pessoas, em nossas universidades, promovam o socialismo”.

Portanto, não podemos marcar bobeira, devemos ter lutas mais firmes e consequentes e entidades estudantis mais fortes, capazes de conquistar mais direitos e, para isso, precisamos de um financiamento mais vigoroso das lutas. Apesar disso, a carteirinha de estudante ainda é subestimada. Por vezes, entidades fazem a propaganda da carteirinha, com o foco central na comparação do preço ou reduzindo seu papel como um simples método de obter descontos em serviços.

É o que chamamos de “defensiva”. Rebaixamos nossa política, colocando na frente receios que não se comprovam na realidade, além de subestimar a consciência dos estudantes que as entidades representam. A verdade é que a ampla maioria da massa estudantil sonha com melhores condições de estudo, concordam que a luta é o caminho para mudar a educação e que, sem ela, mesmo seus objetivos individuais não podem ser alcançados. É por isso que nas recentes eleições de norte a sul do Brasil os programas das chapas mais combativas vencem de maneira arrasadora.

A carteira de estudante é a materialização do vínculo dos estudantes com sua entidade representativa. Assim como um trabalhador se filia a seu sindicato, os estudantes querem ser “estudantes de carteirinha” e materializar a representação daquela entidade estudantil, em especial as que desenvolvem as lutas. Além do mais, todos valorizam o imenso trabalho feito pelas lideranças estudantis, que fazem suas tarefas de maneira voluntária, sacrificando dias letivos e tempo com amigos para organizar mais atividades e, por isso, veem na carteirinha uma maneira de financiar a luta que também é sua.

O financiamento é apenas parte desse processo e podemos ter mais ousadia, desafiar a consciência da juventude brasileira a realmente responder aos ataques à educação com um contragolpe, manifestações, greves, marchas que nascerão mesmo das menores pautas, mas que nos levarão até a vitória.

Matéria publicada na edição impressa nº 308 do jornal A Verdade

O papel do jornal A Verdade no movimento estudantil

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Venda de centenas de exemplares do jornal A Verdade na eleição do DCE da UEMG, vencida pelo Movimento Correnteza, demonstra a importância do jornal na luta política entre os estudantes

Maria Cecília | Belo Horizonte (MG)


No dia 19 de fevereiro, a militância da União da Juventude Rebelião (UJR) e do Movimento Correnteza de Minas Gerais se encontrava distribuída em oito campi da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), quatro deles fora de Belo Horizonte, para o primeiro dia de eleição do Diretório Central dos Estudantes. A UEMG sofre com o constante sucateamento do Governo Romeu Zema: não existe bandejão e as bolsas de assistência estudantil não passam de R$ 400; alguns prédios são alugados e impróprios.

Para os últimos dias da eleição do DCE, a militância decidiu transformar o jornal A Verdade em sua principal ferramenta de diálogo com os estudantes e ficou estabelecida a meta de vender, ao menos, 300 exemplares. Às 10h00, um companheiro ligou: “Camarada, envie mais jornais. Já vendemos toda a meta do dia”. Às 13h00, a ligação se repetiu: “Camarada, envie mais jornal, já vendemos a meta da eleição inteira”.

O jornal A Verdade esteve no centro da campanha eleitoral desde o princípio e orientou todas as panfletagens, conversas com estudantes e passagens em sala. Em uma das aulas, apresentando a chapa e o Jornal, foram vendidos oito exemplares entre os estudantes e o professor. Essa proximidade do Jornal com a chapa foi percebida nos dias da eleição. Os estudantes falavam que era “o Jornal da turma do DCE”, “o Jornal da passagem em sala”, “o Jornal do pessoal da chapa”, e compravam a nova quinzena.

Durante a campanha, foram vendidos 520 jornais para os estudantes da UEMG, nas sete cidades em que estávamos, sendo quase 400 nos últimos dias. Através do jornal A Verdade foram recolhidos mais de 300 contatos de estudantes que querem se somar à luta por uma UEMG e por um mundo melhor.

A juventude do nosso país deseja e precisa ouvir a política das nossas organizações, expressa pelo Jornal, que denuncia os problemas que cada um de nós vive, todos os dias, mas que nos enche e direciona para algo novo: a construção do socialismo. Assim, nos primeiros minutos do dia 21 de fevereiro, com o Jornal erguido nas mãos, a militância da UJR e do Movimento Correnteza pôde comemorar mais uma vitória num DCE do país: 932 votos para nossa chapa.

Matéria publicada na edição impressa nº 308 do jornal A Verdade

A luta dos portuários contra a privatização dos portos

No Porto de Itajaí, em Santa Catarina, os portuários se mobilizam para enfrentar a ameaça de privatização. Brigadas operárias do jornal A Verdade impulsionam a organização da categoria

Leonardo Ziegler Huber e Tais Tasqueto Tassinari | Navegantes (SC)


Itajaí é a maior economia do Estado de Santa Catarina, e o trabalho portuário é ligado diretamente a sua história. No final do século 19 e início do 20, a atividade portuária detinha a maior concentração de trabalhadores. A relevância do porto e sua necessidade de melhorias foram percebidas pelo Governo Federal, que expediu, no ano de 1905, normas para organização e aperfeiçoamento do porto. Os trabalhos se iniciaram em 1907 e promoveram o melhoramento da barra de acesso, uma vez que, em virtude da pouca profundidade do rio Itajaí-Açu, muitos navios não conseguiam chegar ao cais. A primeira manifestação dos trabalhadores de Itajaí, no sentido de uma organização coletiva, ocorreu em 1902, com a fundação da Sociedade Operária Beneficente Itajahyense (Sobi), cujos membros eram majoritariamente integrantes de atividades portuárias e negros.

Quase um século depois, em junho de 1995, a autoridade sobre o porto foi cedida pela União para o Município de Itajaí, a partir do Convênio de Descentralização Administrava n° 001. O Governo Federal, através do Ministério de Portos e Aeroportos (MPOR), na data de 02 de março de 2023, declarou que a União pretendia prosseguir com a proposta de manter a autoridade portuária pública por mais 35 anos (até o ano de 2058) e realizar licitação para arrendamento das áreas operacionais à iniciativa privada. Com isso, percebe-se que, ainda assim, o porto não opera 100% como público, sendo parte de seus trabalhadores contratados através do Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), que atua no cais público, estabelecendo a forma de organização da contratação das categorias de estivadores, arrumadores, conferentes, vigias e consertadores. Já no século 21, os trabalhadores portuários ajudaram a cidade a chegar ao patamar da maior importadora do Brasil, além do segundo porto em movimentação de containers no país.

Tentativa de privatização

A precarização das condições de trabalho foi o primeiro passo, e essa é uma das características mais essenciais do processo de privatização neoliberal. O arrendamento com a empresa ATM no terminal de cargas finalizou em 2022, no Governo Bolsonaro. Na época, Tarcísio de Freitas (Republicanos), hoje governador de São Paulo, era ministro dos Transportes e eles decidiram que, naquele momento, não ocorreria mais o leilão de concessão, tendo uma queda de 95% do atracamento, praticamente paralisando o porto em um processo de sucateamento do mesmo.

O responsável pela condução do leilão de concessão, Diogo Piconi, ex-secretário de Portos do Governo Bolsonaro, depois de não efetivar o leilão, foi contratado pela Portonave como superintendente técnico, um porto totalmente privado que fica do outro lado do rio Itajaí-Açu, na cidade de Navegantes (SC). Não por acaso, no mesmo período, toda a carga que antes atracava no porto público de Itajaí começou a atracar no porto privado da Portonave.

Correio Junior, presidente do Sindicato dos Arrumadores, Trabalhadores Portuários Avulsos, Capatazia e Servidores dos Bloco de Itajaí e Navegantes, que apontava a contradição entre capital e trabalho, foi candidato a vereador, nas últimas eleições municipais, justamente pelo partido Republicanos, o mesmo de seus antigos patrões, que precarizam a vida dos trabalhadores portuários.

Lei dos Portos

Em março de 2024, Arthur Lira, então presidente da Câmara dos Deputados, criou uma comissão para revisar a Lei dos Portos, porém nenhum trabalhador portuário foi indicado para esta comissão. Somente na semana anterior à paralisação nacional (outubro de 2024), o Sindicato dos Trabalhadores Empregados na Administração e nos Serviços de Capatazia dos Portos, Terminais Privativos e Retroportuários no Estado do Paraná (Sintraport) teve acesso ao relatório desta comissão. Entre os principais pontos reformulados da lei, estão a eliminação de diversas categorias (vigias, guardas portuários, alguns funcionários administrativos), o fim da exclusividade dos trabalhadores portuários, que põe em risco o trabalho de categorias exclusivas dos portos, como a dos estivadores, que hoje são os únicos responsáveis pelo trabalho de carga e descarga portuária.

O relatório da comissão também impõe a criação de uma empresa paralela de trabalho nos portos, o que caminha na direção da precarização das condições de trabalho e dos salários, como disseram os próprios portuários durante as brigadas do jornal A Verdade. “Se privatizar, vai ser muito ruim para nós. Primeiro porque não houve conversa. Segundo que eu já trabalhei no porto na cidade vizinha que já é privado e lá eu ganhava um quarto do meu salário daqui e trabalhava quatro vezes mais. Lá a empresa não quer saber se o container pode vir a cair na nossa cabeça e muito menos deixar os trabalhadores se unirem, já que é impossível montar um sindicado, pois eles demitem todos que tentam”. Os trabalhadores portuários são contra toda essa terceirização dos serviços, como a da guarda portuária, que deixaria de existir com a reforma da Lei dos Portos.

Paralisação nacional

A paralisação foi organizada pela Federação Nacional dos Portuários (FNP). A proposta era de 12 horas de paralisação, com o objetivo de dar visibilidade às reivindicações da categoria; denunciar que as mudanças na lei usurpam direitos dos trabalhadores portuários; explicar que não estão pedindo nada de mais, além do emprego.

O Movimento Luta de Classes (MLC) iniciou as brigadas do jornal A Verdade no primeiro dia após a paralisação, seguindo todos os dias da semana, dada a rapidez com que a burguesia e seus representantes políticos têm para sabotarem os direitos dos trabalhadores. Em conversa com os trabalhadores portuários, muitos apontaram a necessidade urgente de unir as categorias e realizar greves não de apenas um dia, mas de cinco dias ou mais, o que demonstra que a rebeldia e a vontade de lutar existe nos trabalhadores, porém, muitos estão receosos com as possíveis mudanças na forma de contratação e acabam se sentindo obrigados a falar baixo ou ficarem quietos, quando algum supervisores aproximava.

No dia 23/10/2024, um dia após a paralisação, foi realizada a apresentação do relatório da comissão na Câmara dos Deputados com a presença das lideranças portuárias e sindicatos para cobrar explicações. Mesmo assim, ignorando as necessidades dos trabalhadores, a comissão aprovou o texto do relatório, que seguirá os trâmites internos das demais comissões. No dia 24, houve plenária dos portuários com representação de todas as federações para decidir os próximos passos da luta. A opinião dos portuários de Itajaí foi unânime: somente a greve nacional por vários dias conseguiria barrar os retrocessos.

Depois da tentativa de privatização e da eleição do Governo Lula, em 2022, outras incertezas se levantaram sobre a situação dos trabalhadores portuários e a movimentação de cargas no porto. A bola da vez sobre a situação é o processo de federalização. A decisão da federalização foi anunciada no dia 17 de dezembro de 2024, pelo Ministério dos Portos e Aeroportos, e justificada pelo governo como uma solução para estabilizar as operações e atrair novos investimentos. A Autoridade Portuária de Santos (PAS), responsável pelo maior porto da América Latina, assumiu a gestão do terminal portuário catarinense no dia 02 de janeiro deste ano. A questão da federalização pelo Governo Lula vem após as eleições para as municipalidades, em 2024, quando o prefeito fascista de Itajaí, Robison Coelho (PL), foi eleito. Federalizar o porto é afastar, ao menos temporariamente, a sua gestão das mãos do prefeito privatista e higienista de Itajaí.

Brigadas operárias

Desde a paralisação do porto, em 2022, após a tentativa de privatização pelos fascistas liderados por Bolsonaro, o MLC vem acompanhando a situação das trabalhadoras e trabalhadores portuários a partir das brigadas quinzenais do jornal A Verdade, coletando denúncias e aproximando-se cada vez mais da vida dessas categorias. No início de 2025, já foram seis brigadas, com dezenas de jornais vendidos. Muitos trabalhadores chegam para debater e apoiar o nosso trabalho no sentido da organização dessa categoria.

Nos Estados Unidos, em outubro passado, os portuários realizaram uma paralisação que interrompeu as atividades de 36 dos principais portos estadunidenses. Quase 50 mil trabalhadores cruzaram os braços e conquistaram um aumento de 62% nos salários.

As categorias que trabalham nos portos brasileiros merecem respeito e uma organização para chamar de sua. O trabalho de base, diário, sistemático e contínuo está crescendo cada vez mais com a classe operária desse país e a sua vitória é inevitável.

Matéria publicada na edição impressa nº 308 do jornal A Verdade

Estudantes conquistam café da manhã nos restaurantes universitários da UFRJ

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Após um ano de mobilizações, estudantes organizados pelo DCE e Centros Acadêmicos conquistaram a criação do serviço de café da manhã nos restaurantes universitários da UFRJ.

Henderson Ramon | Rio de Janeiro


JUVENTUDE – No último dia 17, foi o primeiro dia que os estudantes da UFRJ tiveram acesso a café da manhã nos bandejões, como são conhecidos os restaurantes universitários, por apenas R$2,00. A conquista foi resultado da luta encabeçada pelo DCE da UFRJ e os Centros Acadêmicos que pressionaram a reitoria para a garantia do direito.

A luta pela alimentação é uma bandeira histórica do movimento estudantil na UFRJ. O Bandejão Central tem o nome de Restaurante Universitário Edson Luís, que foi um estudante secundarista que foi assassinado pela Ditadura Militar enquanto lutava por melhores condições de alimentação num preço acessível aos estudantes no Restaurante Calabouço.

A luta de Edson Luís também é nossa luta. Na UFRJ, ao longo dos últimos anos, o Movimento Correnteza esteve a frente da luta por uma alimentação de qualidade e conquistamos, junto a diversos Centros Acadêmicos e o DCE, a inauguração de 5 novos bandejões.

Em 2024, o Diretório Central dos Estudantes da UFRJ esteve presente em diversas mobilizações pra cobrar a implementação do café do manhã. Uma das ações do DCE Mário Prata foi a realização de um “cafezaço”, onde eram distribuídos kits de café da manhã junto com um abaixo assinado e colagem de cartazes que envolveram milhares de estudantes. A luta pelo café da manhã ganhou força durante a greve estudantil realizada em 2024, na qual mais de 50 cursos paralisaram e a demanda pela implementação da refeição no bandejão foi uma das principais reivindicações.

O chamado “Cafezaço do DCE” foi uma das formas de mobilização estudantil durante a luta pelo serviço de café da manhã. Foto: Correnteza UFRJ

As mobilizações duraram o ano inteiro e envolveram diversos Centros Acadêmicos de todos os campis da Universidade. A Maior Universidade Federal do país tem muitos estudantes que precisam se deslocar por grandes distâncias para ter suas aulas, e uma parte considerável dessas pessoas tinha como primeira refeição o almoço que só começava a ser servido por volta das 11 horas. Para combater os números de evasão da graduação o DCE faz também diversas campanhas por mais Assistência Estudantil, reivindicando melhorias nos auxílios financeiros para os estudantes de baixa renda.

O Café da Manhã na UFRJ será servido entre 6:30h e 8:30h. O cardápio terá café com leite, pão com algum acompanhamento e fruta. Assim como nas demais refeições, o cardápio também tem opção vegana e vegetariana. O pagamento pode ser feito via Pix, cartão ou em dinheiro. Os estudantes que já obtém isenção na alimentação também terão direito a gratuidade no café da manhã. O serviço de café da manhã iniciará entre os dias 17 e 24 de março nos bandejões da UFRJ, pela página do DCE Mário Prata no Instagram é possível saber o calendário completo.

Israel retoma genocídio e assassina 430 palestinos em Gaza

Israel rompe cessar-fogo e mata 430 palestinos nas últimas 12 horas em Gaza. Assassinatos em massa cometidos pelo exército sionista priorizam mulheres e crianças.

Felipe Annunziata | Redação


INTERNACIONAL – Sem nenhum tipo de provocação ou descumprimento do acordo de cessar-fogo por parte da resistência palestina, o ditador sionista Benjamin Netanyahu retomou os bombardeios e o assassinato em massa do povo da Faixa de Gaza. Os ataques contra a população civil se concentrou nas localidades de Rafah, Khan Younis, Cidade de Gaza, Deir al-Balah e Al-Mawasi.

Mesmo com os grupos de resistência palestina conduzindo a libertação dos prisioneiros de guerra israelenses nas últimas semanas, conforme previa o acordo de cessar-fogo, Israel já havia retomado, há algumas semanas, o bloqueio da entrada de águas, alimentos e outros itens de primeira necessidade para os palestinos.

“As mesmas imagens voltaram para nos atormentar. Pequenas crianças em macas, irmãos feridos e desorientados tentando se acalmar e reconfortar, famílias inteiras assassinadas, crianças, mães e pais procurando seus entes queridos debaixo dos escombros sem saber se estão vivos ou mortos.”, afirmou Riyad Mansour, embaixador da Palestina na ONU.

Por que Israel voltou a massacrar palestinos de Gaza?

Um dos motivos que vem sendo afirmado na grande mídia burguesa para a retomada do genocídio na Faixa de Gaza seria o medo do líder de Israel, Benjamin Netanyahu, ser preso pelas acusações de corrupção das quais é alvo. No entanto, apesar de terem um peso grande na decisão do governo israelense, a situação judicial de Netanyahu não é a causa principal do retorno da guerra.

Na realidade, Israel está aproveitando o momento em que conta com um apoio ainda mais forte do presidente fascista dos EUA, Donald Trump, para colocar em prática seu plano histórico de limpeza étnica da população palestina de suas terras. O objetivo de Netanyahu, como já foi afirmado inúmeras vezes pelo próprio e por seus ministros, é matar o maior número possível de palestinos e expulsar os demais da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.

Mesmo com o cessar-fogo, conquistado após muita luta pela resistência palestina, este nunca deixou de ser o objetivo principal de Israel. Com a garantia de Trump, que defende transformar Gaza num resort em cima dos corpos de dezenas de milhares de palestinos, os israelenses se sentiram “à vontade” para retomar o genocídio.

No entanto, tanto a resistência palestina, quanto os povos do mundo não ficarão parados diante desta barbárie. No Iêmen, os rebeldes Houthis, com apoio da população, retomaram os ataques aos comboios de navios estadunidenses e israelenses no Mar Vermelho. Na Europa e nos EUA, movimentos sociais de estudantes e trabalhadores prometem continuar a pressão para o fim de genocídio, mesmo sob a ameaça de repressão das chamadas “democracias ocidentais”.

Neste momento, com a violência dos ataques é urgente a mobilização e a denúncia diária das atrocidades cometidas por Israel neste genocídio. Os palestinos já demonstraram, mais de uma vez, sua capacidade de resistir e vencer o agressor imperialista, cabe a todos agora apoiar esta luta.

Estudantes lutam contra o ranqueamento no curso de Letras da USP

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No curso de Letras da USP, a possibilidade de estudar uma língua estrangeira é determinada pelo “ranqueamento”, um processo que seleciona os estudantes com base nas notas de seu 1º ano de graduação. Denunciando a arbitrariedade desse mecanismo, alunos organizam plebiscito e outras ações para questioná-lo

Rael Brito* e Redação SP


No curso de Letras da Universidade de São Paulo (USP), os estudantes estão organizando uma luta contra o “ranqueamento”. Através desse processo, a universidade seleciona os alunos que cursarão as habilitações de línguas estrangeiras e de Linguística, com base na média das notas do primeiro ano de graduação. Os alunos denunciam que esse processo acaba sendo um “vestibular depois do vestibular”, que restringe a possibilidade de estudar a língua que se deseja.

De acordo com a universidade, o ranqueamento precisa existir devido ao número insuficiente de professores no curso de Letras. Contudo, isso só demonstra que esse mecanismo é fruto da política de desmonte das universidades públicas em São Paulo, que vem sufocando o orçamento da Educação e deixando estudantes sem professores, bolsas e moradia estudantil. Além disso, o Movimento Correnteza denuncia que, ao tolher os caminhos de formação dos alunos, ele também contribui para a alta taxa de evasão no curso.

Por isso, de 17 a 19 de março, um plebiscito está sendo promovido na Letras USP para difundir a luta pelo fim do ranqueamento e ouvir as opiniões dos estudantes sobre esse processo.

Uma falsa meritocracia

“Hoje, o ranqueamento é o que mais complica a vida dos estudantes de primeiro ano. Gera um clima de competitividade entre todo mundo que acabou de entrar, em que você está disputando com seus colegas a língua que você quer estudar”, explica Leonardo, estudante de Grego na Letras USP, ao jornal A Verdade.

O ranqueamento alega ter como princípio a meritocracia, segundo o qual aqueles que mais se esforçam têm notas maiores e, portanto, têm mais merecimento de cursar a língua que desejam. Caso o aluno não consiga, é porque não se dedicou o suficiente aos estudos.

No entanto, esse discurso não se sustenta quando se leva em consideração a desigualdade vivida na universidade. A presença crescente de estudantes de baixa renda na USP é também acompanhada de relatos de dificuldade de estudar devido às dificuldades econômicas, longos deslocamentos, falta de tempo para os estudos devido à necessidade de conciliá-lo com o trabalho, entre outros fatores.

Na realidade, o ranqueamento ainda gera outras distorções: os estudantes relatam que há receio de se apoiar nas matérias durante o primeiro ano, já que você pode estar “entregando a vaga” a um colega ao ajudá-lo a melhorar. Além disso, os graduandos se impedem de fazer matérias que desejam, com receio de que a nota os impeça de estudar a língua com que sempre sonharam.

“Os estudantes evitam fazer matérias optativas no primeiro ano, já que isso pode afetar sua média ponderada e te prejudicar. Atualmente, o ranqueamento é a principal barreira entre o estudante de Letras e os assuntos que ele deseja estudar”, continua Leonardo.

Falta dinheiro?

Quando os estudantes exigem mudanças na universidade — da troca de fechadura dos banheiros à reposição de professores –, a direção dos cursos e faculdades da USP têm respondo sempre da mesma forma: “Não há dinheiro”. Apesar disso, a instituição têm tido saldos financeiros na casa dos bilhões de reais. O que acontece na verdade é que, através do que a reitoria chama de “parâmetros de sustentabilidade”, tem sido imposto um teto de gastos que segura recursos que poderiam estar resolvendo problemas estruturais do cotidiano estudantil.

O Movimento Correnteza luta pelo fim dos parâmetros de “insustentabilidade”, dos editais de mérito e pela volta da reposição automática de docentes, pois essa política de austeridade já mostrou que só serve para desmontar a educação pública.

Para os estudantes em luta, as alegações de falta de dinheiro escondem que, na verdade, o ranqueamento existe por um projeto político de limitar o acesso a uma série de habilitações em línguas estrangeiras. Enquanto alguns cursos mais demandados pelo mercado estão em melhores condições, outros vivem eternamente sob risco de fechamento e com vagas extremamente limitadas.

Com bilhões de reais em caixa, a USP tem a possibilidade de custear infraestrutura, professores e ferramentas de ensino para que cada estudante pudesse seguir livremente a habilitação que gostaria, mas toma a decisão política de não fazer assim e manter o mecanismo excludente do ranqueamento.

Lutar para conquistar melhorias

Diante de desse cenário, o plebiscito dos dias 17 a 19 de março tem tudo para ser um importante espaço para que os estudantes de Letras da USP se manifestem contra todas essas distorções.

Para evitar as meias soluções que não resolvem o problema dos graduandos, o Movimento Correnteza defende a importância de que os estudantes sejam categóricos na luta pelo fim do ranqueamento, em defesa do livre ingresso nas habilitações e pela criação de condições orçamentárias e físicas que garantam qualidade em cada uma das habilitações, além da realização de dezenas de contratações que enfrentem a falta de professores. Alternativas apresentadas pela universidade, como a transferência do ranqueamento para a FUVEST ou o fim da dupla habilitação, precisam ser rejeitadas.

“No lugar de precarização, queremos permanência! No lugar do ranqueamento, queremos mais contratações e salas de aula! No lugar do edital de mérito, queremos mais orçamento para a Letras!”. Essas são as palavras de ordem que têm mobilizado a luta dos estudantes da Letras USP por um ensino de qualidade e por uma universidade verdadeiramente pública.

Somente com a luta será possível inverter a atual lógica de sucateamento da universidade, em que a excelência é exigida dos alunos mas não é entregue pela própria instituição, que precariza continuamente a qualidade do ensino. Por isso, todos os estudantes são convocados a votar no plebiscito da Letras USP e se manifestar acerca da luta pelo fim do ranqueamento.

*Rael Brito é estudante de Letras e membro do Movimento Correnteza na USP

Bombardeios dos EUA no Iêmen assassinam mais de 30 pessoas

Ordenados pelo fascista Donald Trump, os ataques dos Estados Unidos buscam frear as ações anti-imperialistas promovidas pelo povo do Iêmen em solidariedade ao povo palestino.

Felipe Annunziata | Redação


INTERNACIONAL – O exército dos Estados Unidos conduziu uma série de bombardeios no Iêmen neste domingo (17/3). A capital iemenita Sana e diversas cidades do noroeste do país foram vítimas da agressão militar imperialista. Pelo menos 30 pessoas foram assassinadas e mais de 100 ficaram feridas, a maioria delas mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde do Iêmen.

“Eu os abracei e tentei acalmá-los imediatamente. Crianças e mães ainda estão assustadas e em choque”, disse Abdul Rahman al-Nuerah, morador de Sana.

O Iêmen é um dos países mais pobres do mundo e vítima de intervenções estrangeiras patrocinadas pelas monarquias reacionárias árabes. Mesmo assim, a população do país conduz uma intensa campanha de solidariedade ao povo palestino, com manifestações semanais e ações de resistência no Mar Vermelho, que banha o país, para impedir que navios israelenses levem armas e suprimentos para o genocídio do povo de Gaza.

Após essas ações, o Iêmen se tornou alvo preferencial das potências imperialistas ocidentais. Já no governo Biden, os estadunidenses bombardearam o país uma série de vezes. Está é a primeira ação do tipo na administração de Donald Trump.

Iêmen é vítima de agressões imperialista

O Iêmen vive há mais de 10 anos em um estado de guerra civil, onde potências como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos intervém no país a mando dos EUA e da Europa.

Têm sido comuns bombardeios nas cidades do país. Ficaram mundialmente conhecidos os ataques aéreos estrangeiros contra casamentos, festas e outras atividades de famílias iemenitas, que causaram milhares de mortes de civis.

Desde o início da guerra civil, mais de 4 milhões de pessoas tiveram que sair de suas casas e o país foi jogado na miséria completa. O Iêmen hoje está dividido entre o governo de Sana, liderado pela facção Houthis, de orientação islâmica e que recebe apoio do Irã, e o governo de Abd-Rabbu Mansour Hadi, apoiado pelas potências imperialistas e as monarquias árabes.

O fato é que hoje, mesmo com o país dividido, os trabalhadores e o povo iemenitas demonstraram grande força de luta em defesa do povo palestino. As ações dos Houthis no Mar Vermelho impediram dezenas de navios israelenses, europeus e estadunidenses de circularem numa das principais rotas comerciais de armas e suprimentos para o exército de Israel.

O objetivo do fascista Trump é forçar o fim dessas ações de solidariedade. No entanto, os movimentos iemenitas, como os Houthis, já afirmaram que continuarão suas ações em defesa da Palestina.