UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 17 de agosto de 2025
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Maceió, onde não se tem onde cair morto

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A falta de respeito com os trabalhadores no capitalismo não tem limite. Nem após a morte o trabalhador é respeitado. Foto: Jackson Douglas

Estudo comprova uma situação revoltante na capital de Alagoas: em nome do lucro, as pessoas estão sendo sepultadas de todo jeito, e isso tem prejudicado a saúde da população, além de ser um desrespeito com a memória afetiva dos familiares.

Neirevane Nunes- Alagoas*

SAÚDE- Nos últimos anos, a contaminação do solo e do lençol freático nos cemitérios públicos de Maceió, tem gerado preocupações sobre os impactos ambientais e riscos à saúde pública. O necrochorume, que é um líquido proveniente da decomposição dos corpos enterrados, contém substâncias tóxicas e que podem causar doenças. Estas substâncias se infiltram no solo, comprometendo a qualidade da água e colocando em risco a saúde das comunidades do entorno dos cemitérios.

Um estudo realizado pela UFAL entre 2009 e 2010 através da pesquisa de Florilda Vieira dos Santos, mestre em Recursos Hídricos e Saneamento, revelou que os cemitérios de Maceió estavam contaminando os lençóis freáticos da parte baixa da cidade. Através de coleta de amostras de água, foi investigada a contaminação de fontes de água subterrâneas em dois cemitérios de Maceió: Nossa Senhora Mãe do Povo, em Jaraguá, e São José, no Trapiche da Barra.

A pesquisa identificou a presença de bactérias indicativas de contaminação fecal e necrochorume, proveniente de sepultamentos em covas rasas, e seu impacto na contaminação das águas subterrâneas e na saúde da população. O estudo foi um alerta sobre os riscos ambientais e a necessidade urgente de ações para mitigar os danos causados.

Em 2013, especialistas recomendaram a interdição dos cemitérios públicos de Maceió, devido à falta de medidas adequadas de fiscalização e monitoramento. Segundo estudos a prática de sepultamentos em covas rasas é uma das principais responsáveis por essa contaminação. Em novembro de 2014, os sepultamentos em covas rasas foram suspensos no Cemitério de São José, porém em 2015 os sepultamos foram retomados, mesmo sem resolver o problema. E até hoje a população não sabe como está sendo feito o monitoramento da qualidade da água. Nesse ponto o Ministério Público Estadual poderia requerer a Prefeitura de Maceió através Autarquia de Desenvolvimento Sustentável e Limpeza Urbana (Alurb), e da Vigilância Sanitária do município que apresente todos os relatórios de monitoramento realizado até o momento sobre a qualidade do lençol freático nas regiões dos cemitérios públicos de toda Maceió, se é que esse monitoramento esteja sendo feito e, caso não venha sendo executado, que seja exigida sua realização imediata e continua.

Em 2023 a situação dos cemitérios públicos de Maceió se agravou devido à escassez de vagas para sepultamentos. Uma reportagem da Agência Tatu revelou que dos 1.065 sepultamentos realizados nos oito cemitérios administrados pela prefeitura, 861 foram feitos em covas rasas, ou seja, 80% dos mortos foram sepultados de forma precária e indigna. Essa prática ocorre nas estreitas ruas entre túmulos e jazigos, refletindo a falta de infraestrutura e planejamento adequado para atender à demanda crescente por sepultamentos.

A interdição do Cemitério Santo Antônio, localizada no bairro do Bebedouro, devido ao afundamento do solo causado pela mineradora Braskem, agravou ainda mais a situação funerária na cidade. Com a interdição, as famílias que possuíam jazigos no local se viram obrigadas a buscar sepultamentos em outros cemitérios, enfrentando longas esperas de até 3 dias para realizar o sepultamento e, em sua maioria, em covas rasas. Essa realidade tem gerado indignação e sofrimento para as famílias enlutadas, tendo seu direito violado.

A Defensoria Publica do Estado e a Associação do Movimento das Vitimas da Braskem vem através de ações na justiça buscando garantir a reparação das famílias lesadas pela Braskem em relação ao Cemitério Santo António, e também para garantir que a população de Maceió tenha acesso ao sepultamento da forma correta. É necessário ainda zerar as filas de sepultamento da demanda diária como também zerar o numero de corpos que esperam no IML também por sepultamento.

Diante desse cenário do colapso do sistema funerário de Maceió, é urgente que as autoridades adotem medidas eficazes para resolver essa situação. Isso inclui a criação de um Plano Municipal de gestão de Cemitérios e Serviços Funerários a construção de novos cemitérios públicos e de um crematório público, o monitoramento da qualidade água na região dos cemitérios públicos e a implementação de práticas de sepultamento ambientalmente responsáveis e a garantia de que todos os cidadãos de Maceió tenham acesso a um sepultamento digno e seguro. Para a garantia da saúde pública e o respeito aos direitos humanos a população de Maceió exige da gestão municipal atitudes urgentes e efetivas. A classe trabalhadora não tem direito a dignidade nem quando morre? Até quando veremos esse tipo de situação absurda e tudo em nome do lucro?

 

*Neirevane Nunes é bióloga e doutoranda. 

 

Quarta edição da feira de livros do CCML acontece no Recife

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Luiz Falcão, lançando seu livro durante a IV Feira de livro do CCMl. Foto: Iany Morais, JAV- PE

A IV feira de livros do Centro Cultural Manoel Lisboa (CCML) ocorreu dia 12 de julho, das 9h À17hrs e movimentou militantes, apoiadores das lutas populares e amantes da leitura na capital pernambucana.

 

Redação Pernambuco


CULTURA- O Centro Cultural Manoel Lisboa (CCML) em Pernambuco, promoveu a XV edição de sua Feira do Livro, no último 12 de julho de 2025. O evento ocorreu das 9 às 17hrs e contou com a presença de militantes, amigos e colaboradores do central cultural e do público leitor em geral, que adquiriram as obras das edições Manoel Lisboa e aproveitaram as comias e bebidas, além de dois momentos na programação, o lançamento pela manhã do livro de Luiz Falcão e uma roda de diálogo na parte da tarde, com a Frente Negra Revolucionária (FNR).

Luiz Falcão, que é diretor de redação do Jornal A Verdade e membro do comitê central do Partido Comunista Revolucionário (PCR), lançou pela manhã sua obra As “maravilhas” do capitalismo no século XXI, que além do momento de falas e perguntas dos presentes, contou com uma análise do companheiro sobre a conjuntura, a situação política e as questões levantadas em seu livro. Lula Falcão, cujas obras como “O falso socialismo chinês”, “O capitalismo e as doenças”, “Socialismo ou capitalismo, eis a questão”, entre outros, formaram uma geração de militantes pelo país, reforço que “esse livro tem como principal objetivo denunciar as mentiras propagadas pela burguesia e fortalecer a luta pelo socialismo”.

Em um momento de muita emoção, uma companheira do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), relatou que esse foi seu primeiro livro lido na vida, e fez questão de registrar emocionada que “foi uma experiência que me fortaleceu bastante. A gente vive numa sociedade que não nos estimula a estudar, a ler. E esse livro me abriu muito os olhos. Vai fortalecer a minha luta e me incentivou a ler muitos outros”.

 

O CCML lotado recebendo mais uma edição da feira do livro. Foto: Iany Morais, JAV-PE

 

FNR homenageia centenário de revolucionários

Na parte da tarde, a Frente Negra Revolucionária (FNR) ocorreu uma roda de diálogo homenageando Malcolm X, Patrice Lumumba, Frantz Fanon e Clóvis Moura, importantes militantes combatentes para a causa negra mundial e que completam 100 anos em 2025. Trazendo para os nossos dias o legado e a necessidade de se manter a memória desses lutadores, bem como a importância de lutar por reparação, Clóvis Maia, da comissão nacional da FNR lembrou de que “a forma como a ditadura militar brasileira sequestrou, torturou e matou Manoel Aleixo, patrono da FNR, fizeram como Lumumba, Malcolm X e ainda fazem hoje”, reforçando a necessidade de aceitar o desafio e a importância de fortalecer a Frente Negra Revolucionária como uma ferramenta de denúncias e organização do povo preto brasileiro.

 

Roda de diálogo com a Frente Negra Revolucionária (FNR). Foto: JAV-PE

Espaço de Resistência

Ao longo dos últimos anos, o Centro Cultural Manoel Lisboa tem sido um importante espaço de formação, fomento e promoção das mais diversas expressões da cultura popular em Pernambuco e em várias cidades do país; atividades como essa mostram que é possível organizar o povo trabalhador, abastecendo a comunidade também com cultura, especialmente num pais onde a cada ano perde leitores e enfrenta cortes profundos em setores que deveriam ser estratégicos, como educação e cultura. Falando ao nosso jornal do que motiva a promoção de agendas como essa, as companheiras do coletivo organizador do evento citam a frase do revolucionário cubano José Martí:  porque “ser culto é ser livre!”

 

Gilda de Souza e Maria das Graças, organizadoras da Feira. Foto: Iany Morais, JAV- PE

Movimento Olga Benario intensifica lutas por direitos das mulheres

Com presença em 21 estados e no Distrito Federal, o Movimento de Mulheres Olga Benario organiza uma série de encontros estaduais para ampliar a mobilização de trabalhadoras contra a desigualdade, a violência de gênero e a fome.

Coordenação Nacional do Movimento Olga Benario


MULHERES – O Movimento de Mulheres Olga Benario está presente em 21 estados brasileiros e no Distrito Federal. Desde sua fundação, já realizou mais de 27 ocupações pelo país, organizando centenas de mulheres para lutar pelo fim da jornada de trabalho 6×1, pelo direito à creche, pela legalização do aborto, contra a violência de gênero e a fome, e pela construção de uma sociedade socialista – a única alternativa possível frente à crise estrutural do sistema capitalista.

Essa crise atinge ainda mais a vida das mulheres. A sobrecarga de trabalho é cada vez mais comum: mais da metade das mulheres ocupadas trabalham mais de 40 horas por semana. Mesmo assim, seus salários são 21% menores do que os dos homens, segundo o 3º Relatório de Transparência Salarial e Igualdade Salarial.

Outro dado alarmante: mais de dois milhões de crianças não têm acesso à creche pública (IBGE) – o que compromete o direito das mulheres ao trabalho.

Na ponta mais cruel da desigualdade, o Brasil bate recordes de feminicídios. Em 2024, 21 milhões de mulheres sofreram algum tipo de violência, destas, 5,3 milhões foram vítimas de violência sexual, e as crianças são as principais vítimas de estupro no país.

Frente a esse cenário, é urgente organizar mais mulheres. Só com luta coletiva e solidariedade de classe será possível defender os direitos conquistados e avançar rumo à transformação da sociedade.

Por isso, as Coordenações Estaduais do Movimento de Mulheres Olga Benario estão organizando encontros em todos os estados onde atuamos com o objetivo de fortalecer a militância, aprofundar a formação política e planejar ações concretas para o próximo período.

Paraná unifica a luta

Um dos exemplos marcantes dessa construção coletiva veio do Paraná. O Encontro Estadual reuniu dezenas de mulheres e fortaleceu a atuação do movimento: “Foi muito importante pra gente unificar a luta das mulheres e mostrar que ela está em todas as esferas da sociedade”, afirma Emily Kaiser. “A luta das mulheres está diretamente ligada à luta pelo fim do capitalismo e pela construção do socialismo. A partir desse encontro, criamos dois novos núcleos com coordenadoras experientes em Londrina e Guaratuba. Londrina, por exemplo, é uma das cinco cidades mais violentas do estado para as mulheres e, logo nos primeiros dias da nova gestão municipal, teve a Secretaria da Mulher extinta. A criação do núcleo lá é um passo fundamental para enfrentar essa realidade”, finaliza Emily.

Bahia prepara seu 3º Encontro

Na Bahia, o movimento se prepara para realizar seu 3º Encontro Estadual. Giovana Ferreira destaca que a construção da atividade tem sido um momento de fortalecimento do movimento: “Fizemos uma reunião para planejar as ações e os objetivos do encontro. Discutimos a importância de massificar a atividade e, no processo, consolidar nossos núcleos e fazer o movimento crescer ainda mais”.

O encontro é também uma estratégia para fortalecer a Casa Preta Zeferina. “Estamos arrecadando fundos para a realização do encontro, para reformar nossa casinha, melhorar sua estrutura e abrir o CNPJ. Isso vai garantir mais estabilidade para nossas ações”.

“Nossa meta é aprovar duas lutas prioritárias: contra a escala 6×1 e contra a violência. Vamos impulsionar a luta pelo direito à creche e contra a fome com panfletagens, brigadas do jornal A Verdade e realizar cursos”, conclui Giovana.

Participação das mães em São Paulo

No encontro regional de São Paulo, a companheira Cleide Cruz, militante da Unidade Popular (UP) e do Movimento Luta de Classes (MLC) dos trabalhadores de Assistência Social, falou sobre a participação das mães na luta: “Uma coisa que sempre abordo é a participação das mães, principalmente das mães atípicas – aquelas que cuidam de crianças com deficiência, que acabam tendo uma carga de trabalho dobrada”.

Ela compartilha uma preocupação que permeia os grupos que participa: “Meu filho é autista, suporte 3, não verbal e com muitas dificuldades. O que mais aflige a gente, mães de crianças atípicas, é o medo de morrer. É o medo de deixar nossos filhos nesse mundo capitalista, que vê nossos filhos como peso morto, como pessoas descartáveis”.

Cleide reforça a importância da luta por uma sociedade socialista que ofereça suporte real às crianças e às famílias: “O capitalismo não é capaz de fazer isso. Precisamos que as mães e mulheres participem mais da luta. Por isso, sugeri uma campanha que chamei de ‘Uma mãe leva a outra’: conquistar a consciência dessas mulheres, disputar o tempo delas, que é sempre escasso. Eu sempre digo: companheiras, estou tirando tempo de onde não tem, porque tempo nós não temos, nós temos que fazer as coisas pra ontem, isso é para os nossos filhos – além de se dedicar integralmente a eles, é preciso dedicar um tempo para a luta pela sociedade socialista. Convido todas as mães a conquistar o carinho e a confiança das outras mães. Precisamos de todo apoio nessa luta!”.

Portanto, a realização de Encontros Estaduais do Movimento de Mulheres Olga Benario tem grande importância para a coesão política, a organização das mulheres e das lutas. Os relatos acima nos orientam sobre o espírito que cada encontro deve ter: combatividade, criatividade e alegria revolucionária.

Apenas na luta coletiva conseguiremos avançar rumo à vida que nossa classe merece e precisa para de fato ser plena e livre, para a construção do poder popular e do socialismo.

Matéria publicada na edição impressa  nº314 do jornal A Verdade

Direita vence eleições em Portugal: é necessário organizar a resistência

A Aliança Democrática, formada por PSD e CDS, elegeu 91 deputados, enquanto o partido de extrema-direita Chega ampliou sua bancada de 50 para 60 cadeiras, tornando-se a segunda maior força na Assembleia da República em Portugal.

Victor Leôncio | Porto, Portugal


INTERNACIONAL – As eleições legislativas de 18 de maio confirmaram uma guinada à direita em Portugal, iniciada um ano atrás. Além dos 91 deputados eleitos pela coalizão de direita Aliança Democrática, formada por Partido Social Democrata (PSD) e Partido de Centro Social Democrático (CDS), a extrema-direita, através do partido Chega, também aumentou sua presença no Parlamento, passando de 50 para 60 deputados eleitos. Com esses resultados, a extrema-direita fascista tornou-se a segunda força política na Assembleia da República.

Juntos, o PSD, a Iniciativa Liberal (9 deputados) e o Chega elegeram 160 deputados dos 230, quatro a mais do que a maioria de dois terços exigida para uma possível revisão constitucional. Logo a seguir ao pleito, os liberais anunciaram a apresentação de um projeto de alterações à Constituição, que abre a porta à ameaça de revogação de direitos conquistados com décadas de luta das trabalhadoras e trabalhadores em Portugal.

Divórcio com a classe trabalhadora

A eleição marcou também a derrota da esquerda institucional. O Partido Socialista (PS) teve a sua terceira pior votação desde a redemocratização, em 1974, passando de 78 para 58 deputados eleitos, dois a menos que o Chega. O Bloco de Esquerda (1 deputada) e o Partido Comunista Português (3 deputados) também perderam assentos e ficaram à beira de sair do Parlamento.

A extrema-direita fascista foi a força política mais votada em quatro distritos que têm um histórico de eleger deputados do PCP e do PS: Setúbal, Faro, Beja e Portalegre. Isso deixou escancarada a debilidade dos partidos da esquerda parlamentar, cujas políticas de governo não se traduziram em benefícios reais para os trabalhadores do Alentejo e do Algarve, regiões que sofrem com secas, falta de recursos básicos e a crescente conversão em território turístico.

A cada vez maior frustração do povo português com a inércia da política institucional frente às atuais crises da habitação, da saúde e da educação confirmou a normalização de um discurso reacionário que coloca a culpa dos problemas da sociedade portuguesa exclusivamente nos imigrantes.

O falso discurso em torno da suposta dependência dos trabalhadores estrangeiros de subsídios do governo contrasta com a realidade: os estrangeiros, em 2024, contribuíram com 3,6 bilhões de euros (cerca de R$ 23,4 bilhões) para a Previdência Social portuguesa e exercem um papel essencial na economia do país.

Resistir e mobilizar

O fracasso eleitoral da “esquerda institucional” só confirma a necessidade de uma verdadeira ruptura na sociedade portuguesa. Portugal se confronta com governos que atuam como meros gestores do capital enquanto castiga os trabalhadores com condições de vida cada vez mais difíceis, salários defasados que não acompanham o crescente custo de vida, principalmente na habitação, privatizações na educação e na saúde, e fomentando um ambiente em que o racismo, o discurso de ódio ao imigrante e a xenofobia tornaram-se rotina.

Diante deste contexto de crescente tensão, o Núcleo da Unidade Popular (UP) em Portugal, mais do que nunca, reafirma seu compromisso de contribuir com a organização da classe trabalhadora na luta contra o capitalismo e o fascismo e para a construção da sociedade socialista.

Matéria publicada na edição impressa  nº314 do jornal A Verdade

Genocídio palestino completa 600 dias com massacres e campos de concentração

Contratada pelos governos dos Estados Unidos e de Israel para operar supostas ações de ajuda humanitária em Gaza, a Fundação Humanitária de Gaza tem sido denunciada por organizações locais como fachada para práticas de repressão, confinamento forçado e genocídio palestino.

Felipe Annunziata | Redação


INTERNACIONAL – Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês). Este é o nome de fachada do novo mecanismo de assassinato em massa contra o povo palestino. A organização foi contratada pelos EUA e por Israel para, supostamente, entregar ajuda humanitária à população de Gaza. Na realidade, são mercenários estadunidenses e militares sionistas confinando palestinos em campos de concentração de fazer inveja aos nazistas alemães de um século atrás.

Enquanto “distribuem ajuda humanitária”, soldados nazi-sionistas executam a tiros palestinos famintos. Dezenas de palestinos já foram assassinados assim.

Sob o pretexto de garantir a alimentação, enjaulam as pessoas em cercas enquanto fazem reconhecimento facial de cada cidadão palestino. O objetivo é cumprir as ordens do ditador Benjamin Netanyahu: “Nós vamos da nossa forma criar ‘zonas seguras’ para entregar ajuda humanitária e garantir que os civis saiam [da Faixa de Gaza]”. Tudo isso está alinhado à proposta que o presidente fascista dos EUA, Donald Trump, defendeu em fevereiro: transformar Gaza num balneário para a burguesia, sem palestinos.

Massacre cotidiano

O genocídio continua também com os bombardeios. Num único ataque, Israel assassinou nove crianças filhas de um casal de médicos. A Drª. Alaa al-Najjar conseguiu ter apenas seu filho de 11 anos salvo. Seu marido, e pai das crianças, não resistiu e faleceu no dia 02 de junho.

“Alaa al-Najjar viu com seus próprios olhos os corpos carbonizados de sete de seus filhos serem retirados dos escombros (…), tudo isso enquanto ela estava de plantão no complexo médico de Nasser”, afirmou Mohammed Saqeer, chefe de enfermaria do hospital local de Khan Younis, no sul de Gaza.

Na Cisjordânia, a situação também é grave. Lá, a tática israelense é impedir a circulação da população palestina. São cerca de 850 pontos de bloqueio, onde os palestinos são tratados de forma discriminatória e têm seu direito de circular proibido.

O objetivo é prejudicar e impedir o funcionamento da economia palestina, bem como ampliar o regime de discriminação e apartheid imposto por Israel desde 1967. Em algumas cidades, colonos judeus, com apoio do Exército sionista, obrigam palestinos a abandonarem suas casas e terra.

A cidade palestina de Tulkarm, sob cerco há mais de quatro meses, já teve 25 mil habitantes obrigados a saírem de suas casas por exigência de colonos israelenses. Apenas nessa localidade, soldados israelenses destruíram, total ou parcialmente, mais de três mil casas.

Crise política em Israel

Enquanto isso, a oposição ao governo de Netanyahu se amplia. Mesmo sob um regime autoritário, em que qualquer oposição antissionista é perseguida, há pessoas que se mobilizam pelo fim do massacre.

Centenas de israelenses ocuparam a sede do partido de Netanyahu exigindo o fim do genocídio para garantir a libertação dos prisioneiros de guerra de Israel sob a custódia da resistência palestina. Os familiares dos presos têm feito manifestações constantes nas principais cidades de Israel.

Em outra frente, multiplicam-se manifestações de artistas e intelectuais, incluindo israelenses, contra o genocídio. Cerca de 1.300 acadêmicos de Israel denunciaram em carta o “sadismo e o colapso moral” do Estado de Israel. Mais de 300 escritores franceses, incluindo dois ganhadores do prêmio Nobel, acusaram o genocídio e exigiram sansões da União Europeia contra Israel. Em Haia, na Holanda, mais de 100 mil pessoas marcharam em defesa do povo palestino.

Enquanto a pressão popular internacional cresce, os governos capitalistas e imperialistas continuam a se calar ou apoiar o genocídio. A continuidade da pressão popular é fundamental para a garantia da libertação da Palestina e o fim do genocídio.

Matéria publicada na edição impressa  nº314 do jornal A Verdade

Favela do Moinho: quando a luta e a cobertura se tornam uma só

Durante os despejos na Favela do Moinho, em abril e maio, a repressão policial foi intensa, mas encontrou resistência por luta organizada dos moradores. A cobertura do jornal A Verdade se tornou parte ativa da mobilização. Em meio ao gás lacrimogêneo e à violência, a comunidade da Favela do Moinho reconheceu: o jornal estava com eles — na mesma trincheira de luta.

Wildally Souza | São Paulo (SP)


LUTA POPULAR – Ultimamente, temos discutido muito sobre a importância do Jornal nas lutas populares. Mas, afinal, qual é nosso papel numa cobertura? Fotojornalistas devem se limitar a documentar o instante? Repórteres precisam acompanhar pautas com distanciamento da informação? A cobertura da resistência da Favela do Moinho mostrou que, na luta, dividimos a mesma trincheira.

Estive no Moinho pela primeira vez em 16 de abril, durante uma assembleia que terminou em ato contra os despejos. A frase dita por Dona Preta, moradora histórica, não me sai da cabeça: “Desde sempre, eles jogaram bomba na gente, mataram nossos filhos e irmãos… agora cabe a nós decidir se vamos ficar de braços cruzados ou reagir”. A resposta foi firme: resistir.

E foi exatamente isso que aconteceu. Logo se desenhou a palavra de ordem: “Amar a vida e não temer a morte”. Durante os dias 16 a 22 de abril, sempre que a Polícia Militar aparecia armada até os dentes, ouvia-se: “Vamos pra cima! Não vamos ter medo desses porcos!”.

No dia 22, a mobilização era intensa. Registrei o primeiro despejo e a entrada da CDHU. Já sentia uma relação pessoal com o Moinho e o jornal A Verdade já era reconhecido pelos moradores, que diziam: “Vocês precisam estar aqui, porque eles vão mentir e nos colocar como bandidos”.

No dia 13 de maio, ironicamente data em que se celebra a abolição inacabada da escravidão, a PM voltou para completar o despejo com uma operação brutal. Casas foram derrubadas, moradores aterrorizados.

Renancir, reciclador e morador antigo, foi quem nos recebeu naquele dia. Visivelmente preocupado, me mostrou uma cicatriz no peito e disse: “Sou operado do coração. Meu medo é a Polícia me prender e me bater, sei que não vou resistir… Minhas filhas vão ficar sozinhas”.

Minutos depois, o cenário era de terror: policiais nas lajes, fuzis apontados até para crianças. A assembleia dos moradores decidiu reagir. Ao grito de “Moinho fica!”, a PM atacou. De repente, a fumaça tomou conta: gás lacrimogêneo, visão turva, dificuldade para respirar, desespero total.

Pela experiência de outros atos e manifestações, decidi atravessar a fumaça e fui até o lado das tropas. Foi quando vi Renancir sendo preso. Sua filha, desesperada, tentava impedir que o levassem, mas foi ameaçada por um sargento: “Sai da frente ou vai tomar tiro de 12 na cabeça”. Registrei tudo com fotos e abri uma live no Instagram do Jornal.

“Esse fica, esse tá com a gente”

Enquanto a repressão avançava, a grande mídia mentia descaradamente sobre os moradores e legitimava a ação policial. Quando viram que A Verdade transmitia ao vivo, os policiais se assustaram. Um deles chegou a gritar: “É aquele povo lá da Secretaria, porra!”, em referência à nossa cobertura de grande repercussão do ato contra a privatização do transporte.

Naquele momento, a comunidade nos reconheceu de vez como aliados. Quando me pediram para sair junto com os outros jornalistas, um jovem chamado Paulo Henrique gritou: “Esse não, esse tá com a gente”. Ali nos consolidamos como o jornal da resistência do Moinho.

Foram três dias seguidos de confrontos. Mesmo quando a PM impediu a entrada da imprensa independente, continuamos a cobertura com os registros enviados pelos moradores. Do lado de fora, ouvíamos as explosões, o choro das crianças, os relatos de pavor.

O terceiro dia trouxe, enfim, uma vitória parcial, mas significativa: os moradores conseguiram garantir auxílio-aluguel, reassentamento e o compromisso com moradia subsidiada. A vitória foi celebrada com lágrimas. Dona Antônia, de 72 anos, me ligou dizendo: “Vocês ajudaram a salvar nossas casas e nossas vidas. Deus e meu padrinho Padre Cícero nos abençoaram primeiro, depois veio o jornal de vocês”.

A luta do Moinho deixa claro o papel do jornal A Verdade: ser instrumento de organização dos oprimidos. Foi a afirmação de que a imprensa comunista tem lado, o lado do povo. Não somos neutros diante da injustiça. Somos instrumentos de organização e resistência.

Matéria publicada na edição impressa  nº314 do jornal A Verdade

Moradores da Favela do Moinho impedem despejo com mobilização popular

Moradores da Favela do Moinho, no centro de São Paulo, impediram um despejo forçado promovido pelo governo estadual, após semanas de resistência e forte mobilização popular.

Cadu Machado e Victoria Magalhães | São Paulo (SP)


LUTA POPULAR – “O Moinho Fica!”. Esse foi o grito que se ouviu no centro da maior cidade do país no mês de maio. O grito, vindo de uma comunidade em luta, confrontou o governo fascista de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), freando seus planos de expulsar os moradores da Favela do Moinho. Localizada na região dos Campos Elíseos, o Moinho está em uma das áreas mais visadas pela especulação no centro da capital paulista.

Desde o início de seu mandato, Tarcísio tem promovido uma política de remoções violentas para “limpar” o centro e entregá-lo aos interesses do mercado imobiliário. A Favela do Moinho, uma das últimas ainda existentes na região central, tem sido o alvo atual dessa ofensiva. Desde o mês de abril, o Governo Estadual tenta realizar uma reintegração de posse violenta com sua Polícia Militar (PM), ameaçando e agredindo moradores, sitiando o bairro e violando direitos humanos básicos.

Apesar da ofensiva do governo fascista de São Paulo, os moradores, com o apoio de movimentos sociais, organizaram uma campanha de resistência que durou semanas e conseguiram impedir o despejo do bairro. A pressão popular levou o governo federal a suspender a cessão do terreno ao estado, em resposta ao uso de força contra a população.

História de luta e resistência

A Favela do Moinho surgiu ocupando o espaço de antigos galpões ferroviários abandonados. Desde então, seus moradores enfrentam o abandono do poder público e sucessivas tentativas de remoção. Em 2011, durante a gestão de Gilberto Kassab na Prefeitura de São Paulo, período marcado por uma série de incêndios em favelas da cidade, um incêndio de grandes proporções destruiu dezenas de casas no bairro.

Nos anos seguintes, a Prefeitura aumentou as ameaças de remoção, criminalizou lideranças locais e tentou amedrontar a comunidade. No dia 15 de abril deste ano, após o Governo Estadual anunciar que começaria a remoção das 813 famílias que vivem há 40 anos na Favela do Moinho, os moradores fecharam temporariamente a linha do trem, protestando contra a remoção forçada e o silêncio do poder público.

No último mês, a ofensiva se intensificou, a Prefeitura cercou o bairro com grades, bloqueou os acessos e começou a retirar famílias à força. No dia 11 de maio, um grande ato político-cultural reafirmou o direito de permanecer no território. Ao som do samba e do rap, com distribuição de alimentos e atividades para as crianças, o evento mostrou que o Moinho está vivo e pronto para lutar.

Após o ato, a comunidade da Favela do Moinho continuou sendo alvo de repressão. No dia 12 de maio, a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), sob ordens do governo, iniciou a demolição de casas na comunidade, surpreendendo os moradores que ainda estavam em negociações com representantes do estado.

Em resposta às demolições, os moradores organizaram protestos que incluíram o bloqueio de trilhos de trem e a queima de objetos, causando interrupções no transporte ferroviário da região central de São Paulo. A PM foi acionada e utilizou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes, aumentando a tensão no bairro.

Diante da pressão popular e das denúncias de violações de direitos, o Governo Federal, que é proprietário da área, decidiu suspender a cessão do terreno ao Estado de São Paulo. Essa suspensão foi condicionada à garantia de que todos os moradores seriam reassentados de forma pacífica e com segurança. Em seguida, o Ministério das Cidades anunciou um acordo que prevê o pagamento de R$ 250.000,00 para cada família, para que possam adquirir um imóvel pelo programa Minha Casa, Minha Vida, além do pagamento de um auxílio-aluguel de R$ 1.200,00 até que encontrem uma moradia definitiva.

Exemplo mobiliza outras periferias

Famílias de mais de 34 bairros ameaçados de despejo hoje em São Paulo, além de dezenas de ocupações urbanas, veem no Moinho uma referência de resistência.

Sob o governo autoritário de Tarcísio de Freitas e seu secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, a repressão tem sido constante. O prefeito Ricardo Nunes, aliado da extrema-direita, ajuda a intensificar essa guerra contra os pobres. Seu vice-prefeito é o ex-comandante da Rota, e o secretário de Segurança Urbana, Orlando Morando, é conhecido por despejos e repressão a movimentos sociais.

Matéria publicada na edição impressa  nº314 do jornal A Verdade

Atividades no Recife denunciam genocídio e exigem rompimento diplomático com Israel

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Dois atos em defesa do povo palestino e exigindo rompimento do governo brasileiro com o estado de Israel marcaram o início do mês, na capital pernambucana.

Clóvis Maia | Redação PE


LUTA POPULAR- Duas atividades marcaram o início do mês de julho na capital pernambucana. Um debate promovido pelo Movimento Sem Terra com duas ativistas palestinas e uma audiência pública, exigindo do governo Lula o rompimento das relações econômicas e diplomáticas com o Israel.

No dia 03 de julho, o sindicato dos bancários de Pernambuco recebeu o debate “Da Palestina ao Brasil”, organizado pelo Movimento Sem Terra (MST), com apoio da Aliança Palestina Recife. O evento contou com a participação das ativistas palestinas Raya Zeyadeh, da Fundação Alemã Rosa Luxemburgo em Ramallah e Areej Ashhab, pesquisadora artística e da deputada estadual Rosa Amorim, do PT.

Na ocasião, as militantes apresentaram registros fotográficos de sua atuação com a agroecologia e as atividades e seus depoimentos desses mais de 600 dias dessa nova etapa do genocídio palestino, que dura desde 1948. Areej, que milita no campo da agroecologia, apresentou como os impactos do genocídio tem deixado em seu país.

A proibição do cultivo, a destruição das plantações e o controle do que pode entrar ou sair das terras palestinas é uma mostra de um verdadeiro apartheid, onde até a entrada de itens básicos como remédios, o controle da água e da energia elétrica e até o cuidado e o trato com a terra são perseguidos pelo exército invasor de Israel, que decide o que pode ou não ser plantado e colhido em solo palestino.

Falando sobre o genocídio e o impacto que tem causado na população ela afirmou: “nós somos muito conectados com a nossa terra.  E vamos continuar resistindo, até que nossas crianças possam dormir sem medo, sem ouvir o barulho de bombas, o som dos drones e dos mísseis todos os dias. Eu sonho com o dia em que iremos poder olhar para um céu normal, um céu limpo, como esse aqui do Recife, e tenha o direito de falarmos nossa língua, de falar sobre nossa história, preservando nossas tradições”.

Raya Zeyadeh trouxe sua visão em relação ao massacre e o enfrentamento do povo palestino ao longo dessas ultimas décadas. Em uma fala emocionada e cheia de indignação, a artista registrou a atuação combativa especialmente das mulheres palestinas, denunciando o imperialismo e sobretudo o apoio do governo norte-americano.

“Nós ainda estamos processando o que está acontecendo. Imagine, a tecnologia, como os drones, estão sendo usados para matar as pessoas. Nós sabemos que esses fatos estão acontecendo mas não queremos processar eles ainda, porque nós estamos em um modo de sobrevivência. Frustração, depressão é um privilégio para nós palestinos. Então isso é postulado para depois.  Então, é difícil para nós entender o que isso realmente significa hoje e o que vai significar para nós também no futuro. Porque nós estamos lutando todos os dias. Penso que nossa existência hoje é uma forma de resistência. Essa é a forma que vivemos todos os dias. E nós persistimos em viver. Nós não conseguimos parar de viver, porque essa é a nossa realidade e vamos continuar lutando pela sobrevivência e pela nossa terra”., afirmou.

Raya Zeyadeh e Areej Ashaab recebendo o Jornal a Verdade a a solidariedade de nossa imprensa ao povo palestino. Foto: JAV PE

No dia seguinte (04/07), ocorreu uma reunião pública na Câmara de Vereadores do Recife. O evento foi convocado pelos mandatos das vereadoras Kari Santos (PT), Cida Pedrosa (PCdoB), Jô Cavalcanti (PSOL) e Liana Cirne (PT) numa provocação da Aliança Palestina Recife, coletivo que desde 2014 atua no Recife, uma das capitais do país com uma das maiores populações palestinas do país.

A reunião pública lotou o plenarinho da Câmara e contou com a participação da médica Ana Catarina Delgado, que atuou como médica voluntária por dois momentos na Palestina, entre 2019 e 2023, Ualid Rabah, Presidente da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL) e André Frej, filho de palestinos e da coordenação da Aliança Palestina Recife.

Relatando as dificuldades de se oferecer serviços médicos básicos para a população, e da ingerência de Israel, Ana Catarina Delgado, que é oftalmologista, relatou que “em 2019 a energia da população já era racionada. Israel fornecia energia elétrica por apenas 8 horas por dia, depois era cortada. E a noite os palestinos se arriscavam furando poços para obter água, correndo risco de vida, pois se fosse pegos fazendo isso eram metralhados ou presos. E olhe que isso foi antes da pandemia, imaginem a situação desse povo tão resiliente, passando por tudo isso”.

Falando por videoconferência, Ualid, da FEPAL, apresentou os dados mais recentes das vítimas e da destruição em Gaza, fazendo um apanhado histórico desse que é, segundo ele, “a maior limpeza étnica da história e um teste de um modelo que os EUA quer adotar como regra nesse novo momento histórico que estamos vivendo”.

Como encaminhamento da reunião as vereadoras se comprometeram a organizar um relatório para ser encaminhado para os parlamentares de esquerda e para o governo federal.

Falando pela Unidade Popular, Natanael Sarmento reforçou a iniciativa mas lembrou que “o que acontece em Gaza é a expressão do momento em que estamos vivendo, que é a contradição fundamental da nossa época. É o imperialismo em sua fase mais cruel, violenta e desesperada. A humanidade se encontra diante desse dilema: ou segue o caminho da violência e do extermínio ou segue o caminho para o socialismo. A questão da Palestina é uma expressão da luta de classes no mundo, e o governo brasileiro, que é cada vez mais refém desse parlamento reacionário, composto por representantes do sionismo, precisa ser encarado de frente. Por isso, nada mais justo do que romper de vez com todas as relações com o governo de Benjamin Netanyahu.”

André Frej, da Aliança Palestina Recife, durante a Reunião Pública na Câmara de Vereadores do Recife. Foto: JAV PE

Trump ameaça ataque imperialista à economia do Brasil

Para defender o golpista Bolsonaro e sua gangue de fascistas, o presidente dos EUA Donald Trump impõe taxação de 50% nos produtos do Brasil.

Felipe Annunziata | Redação


INTERNACIONAL – Após uma semana de ameaças contra o Brasil para defender a anistia à gangue de fascistas e golpistas liderada por Jair Bolsonaro, o presidente da principal potência imperialista do mundo, Donald Trump, anunciou uma taxação de 50% sobre os produtos brasileiros importados pelos EUA. A medida é uma forma de ampliar a guerra comercial patrocinada pelo imperialismo estadunidense para o nosso país.

Na carta enviada ao presidente Lula em que anuncia as taxas, Trump deixa bem evidente quais são seus objetivos: atacar a indústria brasileira, ampliar o domínio dos monopólios imperialistas estadunidenses sobre a economia brasileira e garantir a liberdade à gangue fascista liderada por Jair Bolsonaro. Na carta, o presidente estadunidense exige o fim imediato de todos os processos contra Bolsonaro.

“Como você sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas de seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos (…) Se você deseja abrir seus mercados comerciais até então fechados para os Estados Unidos e eliminar suas políticas e barreiras comerciais tarifárias e não-tarifárias, talvez consideraremos um ajuste nesta carta.”, afirma Trump na carta ao presidente Lula.

O presidente Lula, por sua vez, respondeu em tom duro recusando qualquer ingerência estrangeira nos assuntos internos brasileiros. O presidente lembrou que nosso país é independente e tem direito a sua soberania e afirmou que responderá às taxações dentro do que define a lei brasileira. 

“O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém.“, afirmou Lula nas redes digitais. 

Embaixada dos EUA defende Bolsonaro

As exigências do chefe do imperialismo dos EUA deixam claro como eles vêem nosso país apenas como um quintal para seus interesses e seus agentes, como Bolsonaro. 

Em nota publicada nesta quarta (09), a Embaixada dos EUA no Brasil reconheceu o papel de Bolsonaro como agente dos interesses estadunidenses no nosso país. No documento, o encarregado de negócios estadunidense Gabriel Escobar afirmou que Bolsonaro e sua família são  “fortes parceiros” dos Estados Unidos aqui.

Jair Bolsonaro e sua família têm sido fortes parceiros dos Estados Unidos. A perseguição política contra ele, sua família e seus apoiadores é vergonhosa e desrespeita as tradições democráticas do Brasil. Reforçamos a declaração do presidente Trump. Estamos acompanhando de perto a situação.“, afirma a nota.

Nenhuma prova a mais é necessária para comprovar o envolvimento da gangue fascista no atual ataque do imperialismo ao nosso país. Desde que saiu do governo, Bolsonaro tem tentado de todas as formas trazer uma intervenção dos Estados Unidos para favorecer um golpe de estado, assim como ocorreu em 1964. 

Agora, com Trump no governo estadunidense, a expectativa e o empenho dos fascistas é que os ataques ao Brasil se ampliem para se criar uma nova situação favorável a um golpe de estado aqui.

Enfrentar o imperialismo dos EUA no Brasil 

Este ataque mostra, mais uma vez, como é ruim para o povo brasileiro a influência e o controle da economia nacional pelos monopólios imperialistas, em especial os estadunidenses. 

Hoje, o capital imperialista dos EUA controlam setores extensos da economia brasileira, com monopólios norte-americanos presentes em setores como o de automóveis (Ford e Chevrolet), alimentos (Coca-cola, PepsiCo, General Mills e outras), produtos de higiene (P&G, Johnson & Johnson, Unilever etc.), serviços financeiros (Mastercard) e também no setor digital, com as chamadas Big Techs estadunidense controlando quase todas as redes digitais mais usadas no Brasil (Alphabet/Google, Meta, X). Em setores como petróleo e gás, os monopólios imperialistas dos EUA (Chevron, ExxonMobil) dominam dezenas de campos na nossa costa.

O que não está explícito na carta, mas também é um objetivo do imperialismo estadunidense no Brasil é o interesse nas nossas riquezas naturais. Além dos setores que as multinacionais norte-americanas controlam, Trump quer roubar nossos recursos naturais, especialmente as chamadas “terras raras”, uma série de minérios utilizados para a produção de componentes essenciais para produtos de alta tecnologia. O Brasil tem a segunda maior reserva desse material no mundo, estimada em 21 milhões de toneladas, ficando atrás apenas da China.

É preciso responder firmemente a este ataque taxando e proibindo as bilionárias remessas de lucros destas multinacionais para os Estados Unidos. Não apenas isso, é preciso nacionalizar os setores estratégicos que estão nas mãos de empresas estadunidenses.

Hoje, a taxação de 50% afetará exportações de café, suco de laranja, aço, petróleo bruto e minérios que o Brasil faz aos EUA. Estes produtos são vendidos para garantir o lucro dos donos do agronegócio e das mineradoras. 

Pagamos mais caro no café e em várias frutas e seus derivados pela ganância da burguesia brasileira em vender mais para o mercado estadunidense. Agora com a taxação de Trump é a hora de obrigar que estes produtos sejam colocados à disposição do mercado nacional, de forma a serem vendidos mais baratos ao nosso povo.

Punir os golpistas 

Esta situação mostra também o quanto é fundamental a prisão imediata de Bolsonaro e seus cúmplices fascistas. Agora é evidente que eles agem aqui a mando dos chefes do imperialismo contra os interesses do povo brasileiro. Sua prisão agora é uma necessidade para defender a soberania nacional e impedir um novo golpe financiado pelos Estados Unidos. 

A tentativa de Trump de criar instabilidade no nosso país é mais uma prova de que não se pode mais confiar na política de conciliação com os setores reacionários do Congresso Nacional, que se colocam ao lado dos fascistas e golpistas. Estes grupos contam com apoio estadunidense para impor ao nosso país uma nova ditadura. Para vencer o golpismo e o fascismo no Brasil é preciso lutar também contra o imperialismo.

Black Pantera: a batida que incendeia o racismo

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Originada de Uberaba (MG), a banda Black Pantera adquire uma sonoridade única ao mesclar elementos de metal, punk e sua militância incansável. O grupo, popular por músicas como “Fogo Nos Racistas”, “Perpétuo” e “Candeia”, traz à tona o real caráter da rebeldia negra: ela é ancestral e revolucionária.

Sat Montaigne | UJR-MG


O Black Pantera foi formado por três trabalhadores que, desde sempre, já tinham algo em comum: a pele retinta, carregada da força de povos ancestrais que lutaram e lutam, até hoje, em nossos corpos. Antes da formação da banda, os artistas já se engajavam no mundo da arte – no entanto, enfrentando muitas dificuldades e desvalorizados por uma sociedade que trata a arte como matéria de segundo plano, precisavam fazer “bicos” para se manter dignamente.

A união se deu após anos tocando covers juntos. Depois de anos tocando juntos, os irmãos Charles Gama (guitarra e vocal) e Chaene da Gama (baixo e vocal) uniram-se ao baterista Rodrigo Pancho. Insatisfeitos com a estrutura racista do capitalismo, que desumaniza e joga o povo negro à fome e à miséria todos os dias, fundaram a Black Pantera. Seu primeiro EP, “Ratatatá”, já demonstrava a energia explosiva de seus integrantes – e deixava bem claro: eles estão aqui para ficar.

Dessa forma, após se organizarem para a produção do álbum “Ascensão”, Black Pantera se populariza após o lançamento de “Fogo nos Racistas”, hino em forma de metal que combate a opressão do povo afrodescendente, que constrói e sustenta o Brasil. Desde então, eles vêm conquistando mais corações à cada dia, mostrando às massas que o racismo, fascismo e nazismo não são toleráveis: precisamos existir, resistir e combater os ataques ao povo rumo a uma nova realidade.

Das ruas aos ouvidos, fogo nos racistas!

A mensagem que a banda passa, contudo, não se limita ao chamado à resistência: é também uma crítica a quem insiste na conciliação com os algozes burgueses, verdadeiros escravizadores da classe trabalhadora. Todas as conquistas do povo foram arrancadas nas ruas. O caminho das negociatas, do ‘governismo’ e da ‘governabilidade’ é pura ilusão, é preciso lutar! Não há conciliação possível com aqueles que, desde 1500, sequestram, exploram e matam o povo negro nas periferias. Pelo poder popular e pelo socialismo, com a luta organizada do povo negro e da classe trabalhadora!

Em Belém (PA), ato pela Palestina cobra rompimento de relações com Israel

Organizado pela Rede Cabana de Solidariedade aos Povos, lutadores e lutadoras sociais se reuniram, no último dia 3, na Praça do Operário, mesmo sob forte chuva, para denunciar os crimes de Israel.

Luiza Friza | Redação PA


LUTA POPUULAR – Sob o céu chuvoso da Praça do Operário, na tarde desta quinta-feira (03/07), organizações como UP (Unidade Popular), UJR (União da Juventude Rebelião), PCR (Partido Comunista Revolucionário), Unidos pra Lutar (PSOL) e Revolução Socialista (RS/PSOL), PSTU e demais coletivos e juventudes, reuniram-se na Praça do Operário, em Belém, para um ato em defesa do povo palestino. 

Durante as falas, representantes das entidades e organizações denunciaram a violência contra a Palestina. A multidão respondeu em uníssono com os gritos: “Estado de Israel, Estado assassino! Viva a luta do povo palestino!”. Também foi cobrado o rompimento das relações diplomáticas e comerciais com Israel. O Brasil é um importante exportador de petróleo bruto para Israel e importa milhões de dólares em armas todos os anos para utilizar em operações policiais nas favelas.

Ainda na concentração do ato, a denúncia dos interesses dos EUA sobre a Amazônia e a Palestina foram destaque. Quando tratamos da Palestina, os interesses norte-americanos ficam evidentes desde o veto sistemático à adesão do Estado da Palestina como membro pleno da ONU até o fluxo contínuo de armas para Israel.

Entendendo que os interesses econômicos imperialistas dos Estados Unidos são os principais responsáveis pelo fortalecimento do genocídio cometido por Israel à Palestina e à exploração desenfreada na Amazônia, ocorreu a queima da bandeira estadunidense, um ato simbólico reflete a fúria dos povos explorados contra o imperialismo.

O protesto seguiu em caminhada até a sede da SUDAM (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), onde foi encerrado. No local, houve novas falas, palavras de ordem e manifestações de trabalhadores e estudantes, reafirmando a solidariedade à causa palestina e a perspectiva de construção de novas ações na Amazônia.