UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025
Início Site Página 6

Petrolina: uma cidade rica que vive da exploração de seu povo!

0

Há muitos anos a elite local tem vendido a imagem de “California do Sertão” para Petrolina, mas, apesar de ser a 5ª cidade mais rica de Pernambuco e a terceira mais populosa, a realidade para o povo trabalhador é bem diferente da propaganda, e não é nada fácil. 

Alberes Simão| Petrolina


LUTA POPULAR- Petrolina é frequentemente chamada de “Califórnia do Sertão”, um suposto símbolo de modernização, prosperidade e progresso no coração do Nordeste. Mas basta sair dos cartões-postais e caminhar pelos bairros operários, pelas vilas e pelas periferias da cidade para enxergar o outro lado da moeda: o povo pobre e trabalhador que constrói essa riqueza com o suor do seu rosto e recebe, em troca, apenas migalhas.

O agronegócio exportador, alardeado como motor do desenvolvimento regional, ergueu um verdadeiro império às margens do São Francisco: Uvas, mangas e outras frutas finas viajam para a Europa e os Estados Unidos, rendendo lucros milionários para os grandes empresários e latifundiários. Mas enquanto os caminhões e aviões saem carregados de riqueza, o trabalhador rural segue vivendo em barracos, recebendo salários miseráveis e enfrentando condições degradantes de trabalho.

Nas fazendas irrigadas, os relatos são conhecidos: jornadas exaustivas, assédio, falta de direitos, terceirização, e até trabalho análogo à escravidão. É o preço da “Califórnia do Sertão”: um oásis para os patrões, um deserto para o povo. Falta de moradia, transporte precário, violência policial e abandono do poder público. O mesmo Estado que garante energia, estradas e crédito barato para o agronegócio, nega o básico para quem realmente faz a cidade funcionar. Não tem como não lembrar dos versos da canção “A Novidade”, de Gilberto Gil e Herbert Vianna.

Quem mantém essa riqueza toda?

Os bairros periféricos, erguidos pela força das mãos trabalhadoras, continuam sem saneamento, escolas decentes e postos de saúde adequados. A juventude pobre, sem oportunidades, é tratada como inimiga e não como futuro. Esse mês de outubro foi marcado pela falta d’água na cidade. Alguns bairros passaram mais de 15 dias sem água nas torneiras. Mas, pergunta se faltou água para garantir a exportação das uvas para a Europa, Oriente Médio e EUA? Achando pouco, a governadora segue com seu plano de privatizar a COMPESA. O povo pobre não é socorrido. Para os ricos, tudo.

O discurso da elite local, política, empresarial e midiática tenta vender a imagem de uma cidade moderna, empreendedora e “inserida no mercado global”. Mas o que realmente está globalizado é o modelo de exploração capitalista, que transforma a terra, a água e a força de trabalho em mercadorias para enriquecer uns poucos e condenar a maioria à pobreza.

Por trás da fachada de progresso, a desigualdade cresce, e o povo trabalhador segue sem participar dos frutos da riqueza que produz. Petrolina é a “Califórnia do Sertão” apenas para os grandes exportadores e seus aliados. Para o povo, continua sendo um território de resistência e luta. Pois é apenas o que resta para a classe trabalhadora sertaneja. Por isso que tem crescido ao longo dessa ano de 2025 a referência na Unidade Popular e dos movimentos que compõem nosso partido na cidade. Cada vez mais surgem pessoas querendo se organizar para mudar sua realidade.

A Petrolina que queremos não é a do lucro estrangeiro, mas a da terra repartida, da água pública, do trabalho digno e do poder popular. Somente assim o sertão deixará de ser a “Califórnia dos ricos” para se tornar o território livre e socialista do povo trabalhador!

 

Viva a luta do povo de Petrolina!

Viva a bravura sertaneja!

Abaixo o agronegócio explorador!

Terra, moradia e poder para o povo!

 

 

Minha homenagem ao MLB

1

Graças ao exemplo do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas, o MLB, nós podemos ver que é possível construir realmente um novo mundo. Essa é a minha homenagem ao MLB e a todas as famílias que compõem essa verdadeira trincheira de luta.

Alberes Simão | Petrolina


CARTA – Em meio à crescente crise econômica e social que castiga o povo trabalhador, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) tem se consolidado como uma das principais expressões da organização popular nas periferias urbanas do Brasil. Nascido das entranhas do povo pobre e explorado, o MLB mostra, na prática, que só a luta organizada pode arrancar conquistas e enfrentar o poder dos ricos e dos governos que os servem.

Desde sua fundação, o movimento tem demonstrado uma combatividade incansável na defesa do direito à moradia digna, à terra urbana e à cidade para quem nela vive e trabalha. Em cada ocupação, em cada assembleia e em cada ato de rua, o MLB reafirma sua posição de independência de classe, recusando-se a se curvar diante dos interesses da burguesia ou das falsas promessas eleitorais.

Nas ocupações urbanas que florescem em dezenas de cidades, o MLB transforma o abandono e a miséria impostos pelo capitalismo em espaços de resistência e solidariedade. Onde antes havia terrenos ociosos e prédios abandonados, hoje brotam comunidades cheias de vida, esperança e consciência política. Ali, o povo aprende, na prática, o verdadeiro sentido da organização popular e do poder coletivo.

Mais do que lutar por moradia, o MLB constrói poder popular. Em suas fileiras, homens e mulheres do povo tomam nas mãos o destino de suas vidas, discutem política, decidem coletivamente, enfrentam despejos e repressões, e seguem firmes na luta por uma nova sociedade, livre da exploração do homem pelo homem.

Num país em que o desemprego, a fome e o despejo são armas de controle social, o MLB se ergue como símbolo de resistência e de esperança. Sua força está na unidade e na combatividade do povo pobre, que não aceita mais viver de migalhas.

Enquanto os ricos concentram terras e lucros, o povo organizado mostra que a cidade pertence a quem nela trabalha e luta. O MLB é a expressão viva dessa verdade e segue marchando ao lado de outros movimentos populares e forças revolucionárias, construindo no presente os alicerces de um futuro socialista.

Um momento inesquecível para nossa luta

O 7 de setembro desse ano vai ficar para sempre em minha memória, e deveria estar na mente de todos lutadores, especialmente aqueles que tiveram a honra de construí-lo. Foi uma poderosa e verdadeira jornada de lutas, o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) realizou, neste mês, a ocupação de mais de 15 prédios e terrenos abandonados em diversas cidades do país. Os imóveis, sem função social há anos, foram transformados em espaços de moradia, dignidade e resistência popular, reafirmando a máxima de que “onde não há justiça, o povo organiza e constrói o poder popular.”

As ações, realizadas de forma coordenada, mobilizaram milhares de famílias trabalhadoras, que sofrem com o aumento do aluguel, o desemprego e a falta de políticas habitacionais. De norte a sul, as ocupações se tornaram símbolo da luta pelo direito constitucional à moradia e denúncia viva do abandono do Estado e da especulação imobiliária que domina as grandes cidades brasileiras.

“Enquanto milhares dormem nas ruas, há prédios inteiros vazios nas mãos de especuladores. O povo não aceita mais ser invisível. O que o capitalismo nega, o povo conquista com organização e coragem”, afirmou um coordenador nacional do MLB.

Os empreendimentos ocupados, muitos pertencentes a bancos, grandes construtoras e ao próprio poder público, estavam anos sem cumprir sua função social, servindo apenas ao lucro e à especulação. Com as ocupações, o MLB devolve sentido social ao espaço urbano, transformando o abandono em vida coletiva, e o concreto frio em esperança.

“O 7 de setembro do povo não é o dos generais nem dos empresários. É o 7 de setembro das mães que lutam por creche, dos jovens sem oportunidade, dos trabalhadores sem teto e sem terra”, declarou uma das lideranças do movimento.”

O MLB transformou o dia, historicamente usado pela elite para reafirmar seus privilégios, em um ato de resistência popular. Em várias cidades, o movimento articulou ações conjuntas com sindicatos, movimentos de juventude, coletivos culturais e frentes de esquerda.

As falas dos manifestantes lembraram que não há independência com fome, nem liberdade com desigualdade. A pauta central foi a defesa de políticas públicas para as favelas, moradia digna, transporte acessível, educação pública e direito à cidade.

Em Recife, Belo Horizonte, Salvador e Fortaleza, os atos ganharam caráter de festa e luta: artistas locais se apresentaram, crianças leram poesias, e militantes lembraram o legado dos que tombaram na luta por um Brasil verdadeiramente popular.

“O Brasil que queremos não é o das armas, mas o do pão, do livro e da dignidade”, afirmou um dos participantes, em meio aos aplausos.

O Movimento de Bairros, Vilas e Favelas, fundado em meio às lutas contra a carestia e o desemprego, reafirma sua posição como expressão viva da classe trabalhadora urbana, organizada nos territórios mais esquecidos pelo Estado.

Neste 7 de setembro, o povo mostrou que a verdadeira independência ainda está por vir, e que será conquistada nas ruas, nas comunidades e nas lutas coletivas.

“O povo unido e organizado é invencível!”

Essa é a bandeira que tremula em cada ocupação, em cada protesto, em cada gesto solidário do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas.

E enquanto houver injustiça, o MLB seguirá em pé, combativo e consciente, lutando por um Brasil verdadeiramente do povo.

Indígenas ocupam espaço da COP30 e denunciam bilionários

Indígenas ocupam espaço da COP30 para denunciar exploração da natureza pelo capitalismo e também exigir diálogo por parte dos governos.

Ronni Souza e Belle Leite | Redação PA


BRASIL – Pela primeira vez na Conferência das Partes (COP30), manifestantes conseguem adentrar a Zona Azul, área restrita aos grandes empresários capitalistas e a alta cúpula dos governos, denunciando  uma Conferência que segrega povos, comunidades e organizações populares. A ação aconteceu nesta terça (11/11), durante a Marcha pela Saúde e Clima, construída por movimentos sociais e organizações ligadas à saúde, além de povos indígenas.

A Conferência das Partes é um evento essencialmente excludente, que fecha os olhos às demandas do povo e negocia os recursos naturais conforme o interesse da grande burguesia. Durante a COP, líderes mundiais e grandes empresários se reúnem para planejar as ações relacionadas às mudanças climáticas. Pelo menos é isso que se diz deste evento. Na verdade, o encontro dos signatários da Convenção Sobre Mudança do Clima é realizado para negociar o meio ambiente e os recursos naturais ao bel prazer do grande capital. 

Nesse sentido, a ação dos indígenas reverbera a indignação popular diante de um evento que, em Belém do Pará, cidade sede, só trouxe melhorias para as áreas nobres e privilegiou os interesses da especulação imobiliária. Enquanto isso, a cidade possui uma das maiores favelas de palafitas do mundo, a Vila da Barca, com mais de 7 mil pessoas morando em cima da Baía do Guajará, mas sem acesso a saneamento básico e água de qualidade.

No mundo todo, povos e comunidades tradicionais são alijados do debate político e social sobre as mudanças climáticas, mesmo que sejam diretamente afetados pelas ações desastrosas das mineradoras e do agronegócio. É preciso ouvir quem trabalha verdadeiramente para a salvação do planeta e da vida, quem vive da terra e sabe cuidar dela, para que assim possamos dar respostas reais aos problemas que enfrentamos.

Já na manhã desta quarta-feira (12/11), a Zona Azul amanheceu tomada por um grande contingente de forças de segurança, incluindo a Força Nacional. Essa movimentação demonstra o medo que a revolta popular causa nesses poderosos, que se preocupam somente com seus interesses em obter lucro e não debatem de forma consequente a pauta ambiental. Expulsar povos e organizações populares que vivem no centro do debate climático escancara as contradições da COP 30 e seus interesses escusos.

Diante da emergência climática, povos e organizações do mundo inteiro têm o direito de levantar bem alto a bandeira de luta pela construção de uma nova sociedade, na qual sejamos os protagonistas e conquistemos o poder popular,

Seminário Resistência Popular na Amazônia

No mesmo dia da Ocupação, a Unidade Popular realizou o seminário “Resistência Popular na Amazônia”, que teve como objetivo principal debater sobre o meio ambiente e denunciar as contradições do capitalismo verde e “sustentável”, em mais um espaço paralelo à COP. O evento reuniu um grande público e contou com a presença de representações de movimentos sociais e populares, além de diversas pessoas que estavam interessadas em conhecer a perspectiva da luta popular organizada em tempos de crise econômica e emergência climática.

Foram organizadas duas mesas de debate: uma sobre Capitalismo e Emergência Climática e outra sobre a importância das Mídias Populares para as lutas na Amazônia. Em cada mesa houve momentos de exposição, perguntas e intervenções do plenário, garantindo um verdadeiro ambiente de democracia popular.

Leonardo Péricles, presidente nacional da UP, ao fim de sua intervenção na primeira mesa fala sobre a necessidade dos povos e da classe trabalhadora organizada para um enfrentamento radical e revolucionário aos grandes governos e monopólios capitalistas. “Paz entre nós e guerra aos senhores. Os revolucionários e revolucionárias de verdade amam o povo e a classe trabalhadora e odeiam a exploração! Tem ódio do imperialismo! Ódio das classes dominantes!”.

A mesa ‘A importância da mídia popular para as lutas na Amazônia’ contou com a participação de Bebel (Coletivo Soberana), Adriano Wilkson (Jornalista Investigativo independente) e Bruna Freire (JAV). A mesa destacou o papel da mídia e da comunicação popular para um enfrentamento e um contraponto direto às mídias tradicionais e suas tentativas de enganar o povo. Bruna Freire fez uma exposição sobre o caráter, o papel e o poder de agitação e propaganda e organização do jornal A verdade e de sua imprensa popular e revolucionária.

Estamos vendo em Belém do Pará muito mais do que as farsas dos governos e das grandes corporações capitalistas, aqui estamos podendo constatar a indignação crescente dos povos e da classe trabalhadora, indignação que está sendo expressada em poder popular e organizativo.

A COP30 acirra as contradições entre o modo de produção capitalista e os povos do mundo inteiro. A mensagem é clara, esse sistema não tem mais nada a oferecer para a sociedade e para a história, a saída para os problemas sociais e para a crise climática e ecológica que estamos enfrentando está no povo organizado e na construção de uma sociedade radicalmente diferente desta. A sociedade socialista.

Sindicato luta contra a ameaça de fechamento de escola pública em Uberaba

0

Na direção do Sindicato dos Educadores do Município de Uberaba(SINDEMU), MLC luta pela permanência da Escola Municipal de Uberaba, que está ameaçada de fechamento após SESC reivindicar parte do seu prédio.

Thaís Villa e Mel Oliveira | Minas Gerais


 

A Escola Municipal Uberaba possui 80 anos de história e é referência na educação pública e pioneira na inclusão de pessoas com deficiências e neurodivergentes. Em entrevista à mídia local da cidade, a prefeita Elisa Araújo (PSD) disse que o SESC estaria reivindicando parte do prédio onde funcionam cerca de 25 turmas. A fala gerou revolta e apreensão entre famílias, os alunos e professoras(es), dada a ameaça de não continuidade da escola já no ano de 2026!

Toda a comunidade se esforçou para tentar uma reunião com a prefeita a fim de saber a veracidade do fato, quando seria essa devolução do prédio ao SESC e, principalmente, como ficarão suas vidas no próximo ano. Desde então, a comunidade escolar vem tentando, sem sucesso, obter respostas da prefeita. A Secretaria Municipal de Educação (SEMED) afirmou não ter sido oficialmente comunicada sobre o possível despejo, ainda que tenha sinalizado a intenção de realizar um chamamento público para aluguel de outro prédio na região, uma solução improvisada que ignora o impacto sobre alunos e trabalhadores da educação.

Para as crianças neurodivergentes a situação é ainda mais estressante.

“Meu filho por ser autista demora a se adaptar a novos locais, novas pessoas e aqui na Escola já está plenamente adaptado. Uma mudança dessas, afetaria muito ele.”, relatou uma mãe de aluno.

Diante do descaso da Prefeitura, o SINDEMU (Sindicato dos Educadores do Município de Uberaba), em conjunto com o Movimento Luta de Classes (MLC) e a comunidade escolar, tem sido a principal força de resistência. No dia 18 de setembro, organizaram um ato em frente à escola para denunciar a ameaça de fechamento. A mobilização resultou na conquista de uma Audiência Pública, realizada em 22 de outubro na Câmara Municipal, e no lançamento de um abaixo-assinado que já soma mais de 1.500 assinaturas.

As principais reivindicações da comunidade são:

  1. A permanência do prédio público enquanto Escola Municipal Uberaba;
  2. Que o prédio cedido pelo SESC não seja devolvido em 2025 ou 2026;
  3. Que se construam as salas necessárias no prédio que pertence à prefeitura e/ou um Anexo da Escola na Praça Estevão Pucci (ou outro local próximo);
  4. Que até a construção do Anexo e/ou novas salas a Escola Municipal Uberaba siga funcionando na sede e no prédio do SESC;
  5. Que todas(os) as(os) professoras(es) tenham a garantia de seguir lecionando na Escola em 2026 e aos alunos a garantia de permanecerem matriculados;
  6. Que a Prefeita Elisa se reúna com a comunidade para dialogar sobre o futuro da Escola.

A prefeita Elisa Araújo, que já participou de um Fórum Conservador promovido por vereadores da Câmara, onde foram feitas declarações criminosas contra a população LGBTQIAP+, optou por se ausentar da Audiência Pública sobre o futuro de uma das mais antigas escolas do município, mostrando mais uma vez o desprezo de seu governo pela educação e pelas demandas populares.

A luta em defesa da Escola Municipal de Uberaba revela o papel decisivo do sindicato classista na defesa dos direitos da população e na resistência a medidas que prejudicam a nossa comunidade. Antes da atual gestão, o SINDEMU estava há oito anos sob o controle de um setor imobilista ligado ao PCdoB, que bloqueava as mobilizações da categoria e chegou a aplicar um golpe em 2021, impedindo a inscrição de chapa por parte do MLC. Desde setembro, com uma nova direção comprometida com as lutas populares, o sindicato já conquistou 80 novas filiações e tem sido protagonista nas batalhas em defesa da educação pública e dos direitos trabalhistas.

A experiência de Uberaba mostra que apenas a mobilização popular organizada é capaz de enfrentar o autoritarismo e a negligência do poder público. O exemplo do SINDEMU e do MLC demonstra o caminho que a classe trabalhadora deve seguir: retomar os sindicatos das mãos de grupos oportunistas e transformá-los novamente em instrumentos de luta e resistência. Só com organização e combatividade será possível garantir que escolas como a Municipal Uberaba permaneçam a serviço do povo, e não dos interesses da elite conservadora

 

ZEMA: Inimigo do povo

0

O governo Zema em Minas Gerais aprofunda a entrega do patrimônio público, ataca os trabalhadores e aplica um projeto autoritário e antipovo. A luta popular cresce contra as privatizações e o PROPAG.

Rafael Fumero e Fernando Lopes | Minas Gerais


 

Entre os dois mandatos do fascista Romeu Zema (NOVO) à frente de Minas Gerais, a dívida com a União cresceu mais de 50%, mas esse dinheiro não foi direcionado para a benesse do povo mineiro, assim como os mais de R$30 bilhões do acordo após o crime ambiental da Vale. Pelo contrário, serviu às construtoras do Rodoanel (R$3 bi), às concessionárias privadas do metrô (R$440 mi), repasse para as prefeituras, investimento para o setor privado e estado mínimo para os serviços populares. O escandaloso aumento de 300% no próprio salário e as repetidas tentativas de criar “polêmicas” com falas absurdas, são apenas parte do projeto autoritário e anti-povo colocado na prática nos mandatos do Partido Novo.

“PROFRAUDE”

Desde junho deste ano, o povo mineiro tem visto aumentar os ataques do “governador” Zema (NOVO) contra a própria população. A adesão do governo de Minas ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (PROPAG) colocou em processo de falsa “federalização” não apenas diversos imóveis, como as principais empresas do estado, COPASA, CEMIG, CODEMIG e CODEMGE, além das duas universidades estaduais, UEMG e UNIMONTES.

Trata-se de uma falsa “federalização” pois, como vimos no último período, o PROPAG nada mais é que um pretexto para entregar tais empresas para a iniciativa privada, na justificativa de pagar uma dívida ilegítima do estado com a União. Tanto é assim que a PEC 24/2023 voltou a tramitar na ALMG, e no último dia 5 de novembro foi aprovada em 2º turno, após um GOLPE dado pelo presidente da Assembleia, base do governo Zema, Tadeu Leite (MDB). Também conhecida como “PEC do cala a boca”, o projeto revoga da constituição do estado a necessidade de referendo popular para a privatização da COPASA. Cada vez fica mais claro que o projeto neoliberal do desgovernador é entregar aos seus colegas empresários todo o patrimônio do povo trabalhador de Minas.

Ainda sobre o PROPAG, não podemos esquecer que a dívida dos Estados com a União é uma dívida ilegítima, na qual a União assume um papel de agiota. No caso de Minas Gerais, como mostram os relatórios da ACD, o valor pago nos últimos anos é 3 vezes o valor inicial. Isso sem contar que a dívida aumentou mais de 50% durante o desgoverno Zema, e que este mesmo “governador” abriu mão de mais de 120 bilhões da Lei Kandir, para fazer média com seu chefe, o ex-presidente e condenado Bolsonaro.

O PROPAG é uma farsa que atende aos interesses da lógica da dívida pública, uma dívida que sequer foi auditada, e que funciona simplesmente para transferir o patrimônio do povo para as mãos dos grandes banqueiros e empresários, e por isso deveria ser chamado de “PROFRAUDE”.

Operação Rejeito

Os ataques de Zema não param por aí. No dia 17 de setembro a PF deflagrou a chamada Operação Rejeito, com o objetivo de investigar e desmantelar uma organização criminosa envolvida em crimes ambientais. O conglomerado de mais de 40 empresas atuava na extração de minério em Minas Gerais. Os relatórios da PF apontaram que documentos eram alterados e vários servidores recebiam propina para acelerar e facilitar a aprovação das licenças ambientais e autorizações de mineração.

Na lista de investigados e presos pela PF apareceram nomes de aliados do alto escalão do governo do estado, como o ex-presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), Rodrigo Franco, nomeado pelo próprio Zema. Além do governador, os investigados também possuem relações com o deputado Nikolas Ferreira (PL) e o candidato à prefeitura de Belo Horizonte, Bruno Engler (PL), todos aliados diretos de Zema e de seu chefe, Bolsonaro. As investigações apontam que o lucro da operação ilegal tenha passado a casa dos 1,5 bilhões, com potencial de chegar a 18 bilhões.

A Operação Rejeito apenas revelou aquilo que UP vem denunciando há tempos, a relação promíscua que o desgoverno Zema tem com as mineradoras. Às empresas privadas facilidades de licitações e ampliação dos lucros, para o povo miséria, destruição do meio ambiente e piora na qualidade de vida. Prova disso é a impunidade da Vale em relação aos crimes contra a população de Mariana e Brumadinho, uma vez que o valor bilionário da multa segue sendo utilizado como artifício de negociação política: não restitui os atingidos, nem investe na segurança das mais de 30 barragens com risco de rompimento.

Por isso, nossa luta deve ser também pela reestatização das mineradoras que atuam em solo nacional, juntamente da reformulação das gestões para que os conselhos de trabalhadores sejam soberanos e o lucro não seja mais importante que a vida e a preservação do meio ambiente.

Fascismo

Não podemos nos esquecer que, quando anunciada a inelegibilidade do fascista Jair Bolsonaro, Zema compartilhou frase dita por Mussolini em suas redes. Além do discurso, todas as ações dos últimos mandatos demonstram a tentativa de esconder a brutalidade de seu projeto, imóveis como o antigo DOPS, agora Memorial dos Direitos Humanos ocupado, a Casa de Referência Tina Martins, ocupação do Movimento de Mulheres Olga Benário, constam na lista do PROPAG. Zema segue a cartilha reacionária de seu chefe, ataca a vida das mulheres e tenta esconder qualquer vestígio da Ditadura Civil-Militar Fascista. Em entrevista recente, deixou claro que “a ditadura é uma questão de interpretação, e que haveriam interpretações distintas sobre o que aconteceu em 1964”.

A militarização do braço armado do Estado recebeu 60% mais investimento desde 2019, drones, armas, viaturas e equipamentos para assassinar os pretos, pobres e periféricos. Os salários da Polícia Militar foram reajustados em 13% em 2020 (além de dois outros reajustes em 2023 e 2024), mas não há recursos para pagar o piso na educação estadual, saúde e demais serviços públicos. É evidente a estratégia do reacionário de sapatênis para 2026.

Candidatura à Presidência

Como se não bastasse, no dia 16 de agosto, Zema anunciou sua pré-candidatura à Presidência da República. É nosso dever lembrar que sua herança dos oito anos de mandato no Governo de Minas Gerais foi entregue aos grandes empresários, como todos os patrimônios mineiros que Zema atacou: a Serra do Curral, principais estatais, gestão privada em escolas públicas, tentativa de militarização da educação. O projeto neoliberal e fascista que prega Estado Mínimo, se aproveitou de cada brecha que encontrou para beneficiar a sua classe burguesa e atacar os trabalhadores.

O caminho é claro camaradas, organizar o povo para uma greve geral contra as privatizações, contra a mineração criminosa e contra o governo fascista de Zema. Somente através da luta organizada dos trabalhadores é que conseguiremos frear o avanço do fascismo, e construir o socialismo. Só com esse novo sistema o povo vai poder verdadeiramente usufruir daquilo que é seu por direito. E como nos diz Lênin, a greve é “escola em que os operários aprendem a desfechar a guerra contra seus inimigos, pela emancipação de todo o povo e de todos os trabalhadores do jugo dos funcionários e do jugo do capital” (Sobre as Greves, 1899).

Já mostramos que é possível vencer esse governo e seus financiadores. Através de muita luta nas ruas conseguimos tirar da lista do PROPAG a UEMG, a UNIMONTES e o Memorial dos Direitos Humanos. Se Zema quer o povo calado, vamos às ruas dar o recado em alto e bom som: “ZEMA É INIMIGO DO POVO E DOS TRABALHADORES. NÃO VAMOS ACEITAR CALADOS!”

 

Trabalhadoras da enfermagem da Unifesp deflagram greve

3

Trabalhadoras da enfermagem do Hospital São Paulo decidira entrar em greve a partir do dia 10 de novembro, denunciando demissões em massa, sobrecarga, condições insalubres e omissão da SPDM e da Unifesp

Anni Lei, Laura Maria* | São Paulo (SP)


TRABALHADOR UNIDO — Depois de meses de denúncias e tentativas de negociação frustradas, os trabalhadores e trabalhadoras da enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Hospital São Paulo (HSP) deflagraram greve a partir do dia 10 de novembro de 2025. A decisão foi tomada por unanimidade em assembleia, diante da deterioração das condições de trabalho, da falta de pessoal e da omissão da administração diante dos problemas graves enfrentados pelos profissionais.

Nos últimos meses, a SPDM (Sociedade Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), organização  social de saúde também responsável pela gestão do hospital, não cumpriu o acordo firmado na última greve local, que previa a reposição do quadro de funcionários. O resultado tem sido sobrecarga extrema, jornadas extenuantes e risco crescente à segurança de trabalhadores e pacientes.

“A falta de reposição adequada da equipe tem gerado condições de trabalho inseguras e insalubres”, denuncia o sindicato dos trabalhadores da Unifesp em carta aberta publicada no dia 27 de outubro. “Nosso compromisso sempre foi com o cuidado e o bem-estar dos pacientes, mas a situação chegou a um ponto insustentável”.

Além da redução drástica do número de profissionais, os trabalhadores também denunciam infestação de pragas, relatam o aparecimento de escorpiões, baratas e ratos, comprometendo a higiene do ambiente hospitalar. A ausência de uma fiscalização efetiva do Coren/SP, que tem se mostrado omisso diante das irregularidades, agrava ainda mais a crise.

Hospital público sob ataque

O Hospital São Paulo, referência nacional em média e alta complexidade, sofre há anos com a privatização disfarçada imposta pela parceria entre a Unifesp e a SPDM. Sob o discurso da “gestão eficiente”, essa política tem servido apenas para transformar um hospital público em um campo de exploração, onde o lucro e o corte de custos valem mais do que a vida.

Joana**, uma enfermeira do hospital desabafa: “Não descansamos desde a pandemia e, de lá pra cá, só piorou. Não tenho nem palavras pra descrever como piorou”.

Por trás desse processo está o modelo das chamadas Organizações Sociais de Saúde (OSS), entidades privadas que recebem dinheiro público para administrar hospitais e unidades do SUS. Na prática, elas funcionam como empresas que lucram com a gestão pública, contratando profissionais sem concurso, impondo jornadas desumanas e promovendo demissões em massa.

Apresentadas como solução “moderna” e “eficiente”, as OSS são, na verdade, instrumentos de privatização e precarização, que desviam recursos do SUS e enfraquecem o controle social sobre a saúde (veja edição 324 do Jornal a Verdade). Com isso, o Estado se retira de sua responsabilidade constitucional e entrega o destino dos hospitais a grupos privados, comprometendo a qualidade do atendimento e a dignidade dos trabalhadores.

Desde 2022, mais de trezentos trabalhadores foram demitidos em poucos meses, e os que permaneceram enfrentam assédio, sobrecarga e desvalorização. O piso da enfermagem, conquistado com muita luta, segue sendo descumprido. Muitos profissionais chegam a emendar plantões de 12 horas sem intervalo adequado, o que compromete não apenas sua saúde, mas também a qualidade da assistência prestada.

As reivindicações desta greve são claras: a contratação imediata de novos profissionais, o cumprimento dos acordos prévios, condições dignas e seguras de trabalho e o respeito à saúde.

As trabalhadoras e trabalhadores podem ir além

As greves são instrumento de formação e luta para a organização das categorias, pois ensinam que,  unidos, os explorados podem ter nas mãos as decisões sobre seus direitos.

Contudo, ainda que as lutas reivindicatórias imediatas sejam importantes, é preciso ter em mente que isto é insuficiente e que, apesar das tentativas de desmobilização através de ameaças de represálias, a classe trabalhadora deve ir à luta rumo à transformação das relações de produção e trabalho a fim de construir uma nova sociedade.

*Enfermeiras do Núcleo Olga Unifesp/Saúde

**Nome fictício

 

Após derrota em Minas Gerais, projeto de escola cívico militar é aprovado em Santa Luzia/MG

0

O Governador Romeu Zema (Novo) foi derrotado em junho ao tentar implementar o projeto cívico militar nas escolas estaduais de Minas Gerais. Pouco tempo depois, ao final de setembro, a Câmara de Vereadores de Santa Luzia (região metropolitana de BH) e o prefeito da cidade aprovaram o projeto fascista e agora avançam para a execução.

Edson de Moraes, Reinilson Camara e Marcelo Pereira | Minas Gerais


A educação de Santa Luzia está sob ataque. A sanção da Lei Municipal nº 4.889 pelo prefeito Paulo Bigodinho (AVANTE), criando o Programa Escola Cívico-Militar, é um ato declarado contra a educação pública e a juventude trabalhadora do município. A sanção foi autorizada pela Câmara de Vereadores com apenas 1 voto contra, de um total de 21 parlamentares, da vereadora Suzane do Coletivo Luzias (PT).

O governo municipal tenta enganar a população com a falácia de uma implementação “progressiva” e “técnica”. Esta é a mesma tática utilizada pelo governador reacionário Romeu Zema (Novo) em todo o estado, que, diante da forte resistência popular, viu seu projeto ser suspenso pelo Tribunal de Contas e recusado pelas comunidades escolares. De acordo com apuração do Jornal O TEMPO, 70% das escolas estaduais haviam recusado o modelo cívico militar até o momento da paralisação da consulta do Governo de Minas. A Escola Estadual Governador Milton Campos (“Estadual Central”), em BH, por exemplo, rejeitou o modelo com cerca de 85% dos votos contrários. Agora, a elite local tenta impor pela porta dos fundos o que não conseguiu em nível estadual.

Contra a militarização das escolas

O texto da lei, sancionada a portas fechadas, revela o caráter autoritário do projeto. O Art. 1º autoriza a implantação do programa, que será “regulamentado por Decreto”, ou seja, sem qualquer debate com a comunidade escolar, entregando um cheque em branco para o prefeito militarizar as escolas que bem entender.

Os objetivos listados no Art. 3º são pura demagogia. Falam em promover “valores cívicos, éticos, humanos e patrióticos” (Inciso I) e “enfrentamento da violência” (Inciso II), mas a realidade que se impõe é a da repressão e do silenciamento.

Esse projeto também fez parte das medidas de Bolsonaro para impor uma ditadura militar no país. O ex-presidente fascista foi preso por tentativa de golpe de Estado após as investigações da Polícia Federal revelarem articulações com militares, empresários e políticos da extrema-direita para desacreditar as urnas eletrônicas, não aceitar o resultado das eleições e até planejar atentados contra o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.

Em 2019 Bolsonaro havia instituído o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim) para implementar esse modelo sem consulta à comunidade escola. Hoje, após as investigações e a prisão dos golpistas, podemos ver claramente que as escolas cívico militares cumpririam o papel de controlar à força a juventude e impedir a revolta contra outra ditadura militar no nosso país. Mesmo com Bolsonaro preso, as medidas para concretizar o golpe continuam a ser articuladas pelas elites.

Educação não é mercadoria

A permissão explícita no Art. 5º para “firmar convênios ou parcerias com instituições civis ou militares, públicas ou privadas” deixa claro outro objetivo: a terceirização e a mercantilização da educação. Querem transformar o futuro de nossas crianças em um negócio lucrativo.

O AVANTE, partido do atual prefeito, faz parte do centrão, foi base de apoio do governo Bolsonaro e hoje está aliado com o governo Zema de Minas Gerais. Os partidos do centrão se juntam com quem estiver no poder para obter vantagens, apoio e privilégios. Pouco interessa as reais demandas do povo e as soluções dos problemas. Por esse motivo, a prefeitura de Santa Luzia está colocando em prática as demandas de Romeu Zema após a derrota das escolas cívico-militares a nível estadual.

Não é de hoje que o governador de Minas está avançando na privatização da educação pública e usa os seus lacaios para isso. Desde 2022 o Projeto Somar está sendo implementado (piloto) em escolas estaduais. Esse projeto visa retirar o papel do Estado na educação pública da juventude, entregando, por baixo de discursos bonitos, à iniciativa privada e à lógica do lucro.

O chamado para a luta!

A experiência nacional desmascara a propaganda enganosa. Como mostram os relatos de Brasília e de outros estados, as escolas cívico-militares não melhoram o ensino. Pelo contrário:

  • Aumentam a sensação de insegurança, com a presença de policiais intimidando estudantes.
  • Oprimem a juventude pobre, negra e LGBT+, impondo um padrão comportamental fascista.
  • Acobertam casos de assédio e violência para “não manchar a reputação da escola”.
  • Distorcem o ensino de História para apagar as lutas populares e glorificar opressores.
  • Reprimem a organização estudantil, perseguindo grêmios livres e qualquer forma de pensamento crítico.

A vitória temporária dos mineiros contra Zema e as mobilizações da juventude em São Paulo nos mostram o caminho: só a luta organizada do povo pode barrar este ataque.

  • ESTUDANTES: Organizem-se em grêmios livres e independentes! Convoquem assembleias em todas as escolas para explicar a farsa da militarização. “ESCOLA NÃO É QUARTEL!”
  • PAIS E MÃES: Não aceitem a militarização da educação de seus filhos. A disciplina que precisamos é a do investimento, não a da repressão.
  • PROFESSORES E SERVIDORES: Construam, nas bases, assembleias populares para organizar a resistência. Denunciem este projeto autoritário nas salas de aula, nas redes sociais e em toda a comunidade.

A resolução dos problemas da educação pública passa por melhorias dentro e fora da escola. Dentro das escolas devemos lutar por valorização salarial dos professores; redução da sobrecarga de turmas e alunos por sala; infraestrutura escolar adequada (salas, ventilação, internet, bibliotecas, etc); contratação de profissionais de apoio (inspetores, coordenadores, psicólogos, pedagogos, intérpretes, etc.); reformas em banheiros, telhados, laboratórios e quadras; alimentação escolar de qualidade e em quantidade suficiente, entre outros.

Fora da escola é preciso lutar pelo fim da escala 6×1, por aumento geral dos salários, redução da jornada de trabalho, pelo direito às férias, 13º salário, seguro-saúde, ou seja, tudo que dará melhor condições de acompanhamento das famílias nas atividades escolares. Essas lutas também devem se conectar com a luta pelo fim do sistema capitalista que coloca a educação como mercadoria e o lucro acima da vida.

O povo de Santa Luzia não vai recuar! Seguiremos organizando a base, ocupando as escolas e tomando as ruas.

A LUTA É A ÚNICA ESCOLA DO POVO!

ABAIXO A MILITARIZAÇÃO DAS ESCOLAS!

PELA EDUCAÇÃO PÚBLICA, POPULAR E LIBERTADORA!

Seminário de movimentos populares questiona governos capitalistas durante a COP30

Num contraponto aos discursos dos governos capitalistas na COP30 , Belém do Pará recebeu o seminário “O que a COP não fala? Das margens da Amazônia às periferias do mundo” para questionar os ataques do capitalismo ao meio ambiente.

Ronni Souza | Redação Pará


BRASIL – Nesta segunda (10/11), ocorreu o seminário “O que a COP não fala? Das margens da Amazônia às periferias do mundo”, no Centro de Memória da Amazônia, em Belém do Pará. O evento teve como principal objetivo debater sobre a emergência climática e as lutas dos povos desde a Amazônia até os povos em luta no mundo inteiro.

O seminário ofereceu um contraponto às discussões da COP30 que invisibilizam os desafios e as verdadeiras soluções que vêm das comunidades da Amazônia e de periferias de todo o mundo. A militância da UP e dos movimentos sociais ligados ao partido estiveram em peso na atividade.

Também, o evento contou com a participação de vários movimentos sociais, populares, sindicatos, coletivos de juventude, grupos de pesquisa universitários, associações de povos indígenas e representantes do povo palestino reunidos em três mesas que trouxeram profundas reflexões sobre a conjuntura dos povos e da classe trabalhadora em contexto de crise climática e econômica.

Leonardo Péricles, presidente nacional da Unidade Popular, compôs a mesa de abertura e fez uma impactante saudação inicial. Em sua intervenção denunciou que o aço que sai do Brasil é comprado pelo governo fascista de Israel e transformado em armas que assassinam em massa o povo palestino e são comprados por governos para armar a polícia que massacra o nosso povo.

O presidente da UP também ressaltou o debate sobre a defesa do meio ambiente. “É impossível não falar das corporações, dos grandes monopólios e governos capitalistas que são os verdadeiros responsáveis pela destruição da natureza e por colocar em risco toda a humanidade. Essas corporações e empresas que hoje enganam o nosso povo patrocinando a COP30 – como é o caso da Vale, Hydro e JBS.”, afirmou.

Racismo ambiental e Direito à Cidade

Gian Victor, da Coordenação Estadual do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) no Pará, compôs a mesa “E agora, vou morar onde?”, onde fez uma análise histórica da perspectiva do povo negro e trabalhador no Brasil, mostrando a raiz econômica e escravocrata que historicamente jogou o nosso povo para periferia e negou o direito à cidade e consequentemente de vários outros direitos. 

Segundo ele, “na medida em que o povo negro e pobre se encontra nessa situação, é também o principal setor afetado pelas crises climática e ecológicas. É quem verdadeiramente sofre com enchentes, secas, calor extremo e doenças, basta ver a construção da estação de tratamento de esgoto na Vila da Barca [uma das maiores favelas de Belém] que não serve para atender os moradores da região e sim para receber o esgoto das áreas nobres. Um verdadeiro esgoto a céu aberto!”

Projeto da empresa Alemã “Fraport” pode destruir Mata Atlântica em Fortaleza

0

A empresa alemã Fraport, responsável pelo Aeroporto de Fortaleza, planeja construir o projeto “Aeroporto Cidade”, um complexo imobiliário de luxo que pode destruir parte da Mata Atlântica até 2030. O empreendimento, baseado na especulação imobiliária, ameaça expulsar moradores da Serrinha e causar graves impactos ambientais.

Renan Azevedo | Fortaleza (CE)


A Fraport, empresa alemã que faz a gestão dos aeroportos internacionais de Fortaleza e Porto Alegre, pode destruir a Mata Atlântica na capital cearense caso seu projeto “Aeroporto Cidade” siga adiante. A proposta pretende construir no entorno do Aeroporto Internacional Pinto Martins um complexo imobiliário de luxo em até 5 anos. Ou seja, transformará a Mata Atlântica em hotéis e shoppings até 2030. 

Os planos do Aeroporto Cidade não são negociados por baixo dos panos. Ao contrário: estão presentes nos relatórios financeiros da Fraport. No momento, esse projeto está em fase de captação de investidores. Isto significa que interessados em todo o mundo podem investir no projeto e lucrar com esta empreitada.

Este tipo de negócio, no qual os donos do capital internacional decidem lucrar em nosso país, já é bem conhecido na história. É uma nova forma de colonização, por vezes, chamada de neocolonialismo. Significa a dominação de territórios da América Latina, entre outros, para obter consumidores para os negócios europeus. É desta forma que o imperialismo, agora do século XXI, consegue lucrar cada vez mais ao explorar trabalhadores em outros lugares. 

Este projeto do Aeroporto Cidade é mais uma demonstração de como a burguesia domina outras populações. Enquanto a classe trabalhadora não tomar para si seu dever histórico – o dever de libertar a humanidade da exploração –, estes abusos continuarão. Afinal, se nenhum CEO jamais ergueu uma viga ou concreto, por que eles ficam com toda a riqueza? É exatamente isto que acontece no que foi apresentado.

A insanidade dos números

De acordo com o último relatório fiscal da Fraport, a empresa lucrou € 91,5 milhões em 2024 com os dois aeroportos brasileiros. Isso significa que mais de R$ 6 bilhões foram para os bolsos dos investidores estrangeiros. É importante dizer que estes valores já descontaram os prejuízos com as enchentes no RS. Ou seja, é lucro absoluto. Ainda assim, a Fraport anuncia prejuízo, pois os ganhos deste ano são menores do que os do ano passado, mesmo que o saldo seja positivo.

Além disso, o contrato que autoriza a Fraport a explorar a estrutura aeroportuária de Fortaleza, firmado em 2017, pelo governo Michel Temer, também incluiu os valores que a empresa deveria pagar à União: R$425 milhões em até 30 anos. Portanto, apenas com os ganhos de 2024, a Fraport recuperou treze vezes o valor de seu investimento, enquanto os lucros obtidos entre 2018 e 2023 teriam sido completamente direcionados aos investidores da empresa. A empresa alemã investiu pouquíssimo para ganhar bilhões.

Vendo esses números, fica claro como a privatização só beneficia os mais ricos. O Aeroporto Internacional de Fortaleza foi construído pela INFRAERO, na década de 1970, com investimento público. Em 2017, durante o governo de Michel Temer, a concessão foi leiloada para a Fraport que pagou “troco de bala” pelo complexo – incluindo a Mata Atlântica ao seu redor. 

Desta forma, é possível entender como a Fraport pode lucrar ainda mais com o projeto do Aeroporto Cidade: ela apresenta um projeto faraônico que se fundamenta na especulação imobiliária. Quem paga a conta, como sempre, será a população mais pobre.

Impactos pela especulação imobiliária

A população pode ser afetada de diversas maneiras por conta da especulação imobiliária. Uma delas é pelo aumento dos aluguéis, por conta da inclusão de uma estrutura luxuosa no terreno. Isso pode encarecer o valor da moradia própria ou de aluguel do seu entorno. 

Outro impacto do Aeroporto Cidade se dá sobre o bairro da Serrinha, que fica ao sul do Aeroporto de Fortaleza. A Serrinha tem um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considerado muito baixo. Dentre as razões, está a falta de saneamento básico e de sistemas de coleta de esgoto. Então, como pode um bairro sem estrutura ficar com o aluguel elevado? A explicação é simples: a falta de estrutura de saneamento força a saída dos moradores daquela região; em seguida, os territórios são adquiridos pelos donos do capital, as reformas urbanas público-privadas começam e o terreno é valorizado. O projeto imobiliário de luxo também se torna um projeto para remover trabalhadores de suas residências.

Há também impactos ambientais graves. Parte da Mata Atlântica, a vegetação na área do Aeroporto de Fortaleza, abriga diversos animais silvestres e plantas nativas que só existem naquele ecossistema. Por consequência, sem a Mata Atlântica, os lagos naturais que existem no bairro da Serrinha podem secar, animais silvestres e plantas nativas podem ser extintas e o clima da capital cearense como um todo pode ser afetado.

Para a empresa, não é um bom negócio destruir a Mata Atlântica nativa por completo, embora por outras razões. O discurso liberal, que defende o crescimento do lucro dessa empresa, tentará também defender a construção de prédios luxuosos naquela vegetação. Contudo, a preservação da Mata Atlântica no entorno do Aeroporto Cidade a ser construído pode ser uma estratégia. Essa defesa da preservação se torna conveniente, pois protege a valorização imobiliária. Ela impede a construção de outras edificações próximas, o que garante a exclusividade do espaço. Como diz o ditado, o diabo mora nos detalhes. 

O Estado é o balcão de negócios das empresas

Tudo o que foi explicado até agora está exposto nos projetos da Fraport e em documentação oficial – tanto de Fortaleza, quanto da União. É importante destacar que estas negociações só são possíveis por conta das privatizações do governo Michel Temer.

Em contrapartida, há parlamentares que buscam frear este avanço de alguma forma. Por exemplo, o vereador Gabriel Aguiar (PSOL/Fortaleza) tem um projeto de lei que procura transformar a Mata Atlântica ao redor do aeroporto em uma unidade de conservação. De acordo com o projeto de lei por ele proposto, a ARIE (Área de Relevante Interesse Ecológico) do Aeroporto teria 346 hectares – o que equivale a mais de 300 campos de futebol. Contudo, até o momento da redação deste texto, a Câmara de Vereadores de Fortaleza não fez qualquer menção para discutir a criação da ARIE. Claramente, o desinteresse da maioria dos parlamentares brasileiros é de interesse dos empresários alemães.

Devemos garantir nossa liberdade!

É sempre impressionante ver como estas formas de dominação da burguesia se repetem na história. Quando Engels escreveu “A situação da classe trabalhadora na Inglaterra”, em 1845, ele tinha a perspectiva de que seria superado o cenário que ele testemunhava: cidades abarrotadas de pessoas, trabalhadores morando em casas de péssima qualidade, sem saneamento básico e cheios de doenças.

Aquele cenário da cidade de Manchester no século 19 é muito parecido com o que vemos nas cidades brasileiras no século 21. Nos dois casos, a classe trabalhadora é escanteada para que os donos do capital possam enriquecer. A diferença é que, em nossos dias atuais, estes processos se tornaram mais rápidos e com muitas garantias legais para a burguesia. Uma empresa europeia explorando os trabalhadores na América latina é uma história que se repete há mais de 500 anos.

Infelizmente, enquanto a burguesia for a classe dominante, o Estado sempre protegerá seus interesses. Isto ficou evidente com o processo de privatização dos aeroportos de Fortaleza e Porto Alegre por Temer, e continua evidente quando os vereadores de Fortaleza não impedem a destruição da Mata Atlântica para atender a projeto da Fraport. O capitalismo é um sistema que busca um lucro infinito: sem finalidades e sem fim para acabar. Mesmo que custe a humanidade, os donos do capital querem apenas ganhar mais. Esta é uma sociedade que não é para fazer sentido, mas para fazer lucros. Portanto, superar o capitalismo não se trata mais de justiça social, mas sim de um compromisso com a humanidade.

No Ceará, TikTok aprofunda o imperialismo e transforma o Estado em ‘zona de sacrifício’, com a instalação de Data Center

0

A instalação do colossal Data Center da ByteDance/TikTok em Caucaia, Ceará, não é o progresso que a propaganda dos governos e da burguesia tenta vender. Enquanto a população de Caucaia sofre com a falta de saneamento básico e água encanada, o data center planeja consumir diariamente a energia equivalente a 2,2 milhões de brasileiros.

João Victor Temoteo e Vitória Barbosa | CE


LUTA POPULAR – A instalação do colossal Data Center da ByteDance/TikTok em Caucaia, Ceará, não é o progresso que a propaganda dos governos e da burguesia tenta vender. Pelo contrário, o projeto é a face mais moderna e cruel do imperialismo, um estudo de caso de como o Brasil está sendo rebaixado à condição de “plantação digital”, um território pilhado para fornecer recursos baratos a uma potência estrangeira. A análise dos fatos revela um novo ciclo de dependência e exploração, onde o recurso extraído não é mais o pau-brasil ou o ouro, mas a própria soberania nacional, nossa energia e nossos dados.

Enquanto a população de Caucaia sofre com a falta de saneamento básico e água encanada, o data center planeja consumir diariamente a energia equivalente a 2,2 milhões de brasileiros. Trata-se de um enclave digital, uma zona de alta tecnologia orientada para o exterior que, na prática, funciona para aprofundar a divisão internacional do trabalho e a nossa subordinação.

“Colonialismo Verde”: A Pilhagem da Energia Limpa do Povo

A história do Brasil é marcada por ciclos de exploração que enriqueceram metrópoles estrangeiras e nos deixaram um legado de dependência. O que vemos hoje é um novo ciclo extrativista: o dos dados. O chamado “colonialismo de dados” é a forma moderna de colonização, onde Big Techs se apropriam de informações em escala global. Nesse esquema, o Brasil cumpre o papel histórico de fornecer a matéria-prima: nossa terra, nossa água e, principalmente, nossa energia.

A narrativa de que o data center usará “100% de energia renovável” esconde uma lógica perversa. Pressionadas a limpar sua imagem, as gigantes de tecnologia exploram a matriz energética limpa do Brasil para “lavar” (greenwash) suas operações massivas de Inteligência Artificial. O que acontece é um “colonialismo verde”: o Brasil se torna o local ideal para terceirizar a pegada ambiental dessas empresas. Nossas vantagens naturais são usadas para subsidiar o avanço tecnológico chinês, enquanto os custos sociais e ambientais – como os conflitos por terra e a poluição sonora das turbinas eólicas – são pagos pelas nossas comunidades. Na prática, o recurso extraído é a própria “sustentabilidade” da nossa matriz energética.

Caucaia, a “Zona de Sacrifício” do Capital Estrangeiro

O impacto do projeto transforma Caucaia em uma “zona de sacrifício”, onde o bem-estar da comunidade é esmagado pelos interesses do capital global. A realidade do município, longe de ser um polo tecnológico, é de carência estrutural. Dados oficiais mostram que apenas 39,63% do esgoto é coletado e quase 10% das famílias não têm acesso a água encanada. Em uma região semiárida com histórico de secas, a apropriação de recursos hídricos e energéticos por uma corporação estrangeira configura um profundo conflito de classe.

A promessa de empregos, pilar da propaganda oficial, é uma ilusão. Acenam com

15.000 vagas temporárias e precárias na construção civil, mas admitem que, na fase de operação, restarão apenas 500 postos permanentes e altamente especializados, para os quais a classe trabalhadora local não está preparada. Este modelo reforça a estratificação social e, com um investimento de R$55 bilhões, irá gerar uma violenta especulação imobiliária, elevando o custo de vida e expulsando os mais pobres de suas casas.

O Estado a Serviço dos Patrões Estrangeiros

Essa exploração só é possível com a participação ativa do Estado brasileiro, que age como um “comprador”, um gerente dos interesses do capital global em vez de defender a nação. Uma complexa arquitetura de leis foi montada para entregar nossa riqueza de bandeja.

  • Nível Federal: A Medida Provisória nº 1.307/2025 e o programa Redata permitem que o data center opere em uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE), com isenções massivas de impostos.
  • Nível Estadual: A Lei N°17.755/2021 autorizou o Governo do Ceará a doar terras públicas para o polo industrial que abrigará o projeto.
  • Nível Municipal: A Lei 3391/2021 de Caucaia estabeleceu programas de incentivos fiscais para atrair justamente este tipo de empresa.

Para piorar, a licença ambiental foi manipulada para evitar o debate democrático. Apesar do impacto monumental, o projeto foi classificado como de “baixo impacto ambiental”, manobra política que permitiu à empresa apresentar apenas um relatório simplificado, contornando a necessidade de estudos mais rigorosos e, crucialmente, de audiências públicas , silenciando as comunidades afetadas.

A Unidade Popular se Levanta!

Mas o povo trabalhador não aceita a exploração, calado. A vanguarda desta luta é o povo indígena Anacé, cujo território ancestral é diretamente ameaçado. Denunciando a violação do seu direito à consulta prévia, garantido pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) , as lideranças afirmam que “em nenhum momento, o povo Anacé foi consultado”. Sua resistência se materializou em marchas e na corajosa ocupação da sede da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), exigindo a suspensão do licenciamento. A essa luta se somam organizações políticas classistas.

O partido Unidade Popular Pelo Socialismo (UP), que possui um histórico de trabalho de base na região, se opõe frontalmente ao projeto, enxergando-o como parte da ofensiva imperialista. O programa da UP, que defende a nacionalização dos setores estratégicos, oferece um contraponto direto ao modelo imperialista da ByteDance. forma-se uma coalizão de resistência em defesa do território e da soberania nacional. A luta em Caucaia é uma batalha pelo direito de decidir o próprio futuro. É um chamado para que o Brasil deixe de ser uma passiva plantação digital e se torne arquiteto de uma sociedade socialista soberana!

Operação resgata 14 trabalhadores em situação análoga à escravidão no Sertão de Pernambuco

0

14 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão nas cidades de Exu e Parnamirim, no Sertão de Pernambuco.

Jesse Lisboa | Redação


BRASIL – Mais um caso de trabalho análogo à escravidão foi revelado em Pernambuco. 14 trabalhadores foram resgatados de condições análogas à escravidão nas cidades de Exu e Parnamirim, no Sertão do estado. A operação, realizada pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) entre o final de outubro e o início de novembro, expôs a face mais cruel do capitalismo extrativista na região.

Os trabalhadores foram encontrados em frentes de extração de pedras de paralelepípedo. A fiscalização inspecionou oito locais de trabalho e constatou, em seis deles, um cenário de absoluta degradação humana e ausência total de direitos trabalhistas.

A operação resgatou ao todo 20 trabalhadores na região (incluindo ações no Piauí e Ceará), incluindo um adolescente de 15 anos que era explorado no serviço de quebra de pedras em Exu.

Alojamentos precários

As condições impostas pelos patrões aos trabalhadores eram sub-humanas. Os homens viviam amontoados em barracos de lona e madeira, erguidos diretamente sobre o chão batido. Não havia acesso a banheiros, água potável ou chuveiros. A água consumida era armazenada em tambores reaproveitados, contaminada por insetos e sujeira.

Além da miséria nos alojamentos, o risco de morte era diário. Os fiscais encontraram o uso de explosivos artesanais para a quebra das pedras, feitos com pólvora, salitre e carvão. Estes eram acionados por fios ligados a baterias de automóveis, uma prática primitiva que coloca os trabalhadores sob risco constante de mutilação e morte.

Obras públicas abastecidas com trabalho escravo

A exploração não se limitava às pedreiras. A operação descobriu que parte significativa da produção abastecia obras contratadas por prefeituras de Pernambuco.

Os patrões foram notificados a regularizar os vínculos e pagar as verbas rescisórias. Segundo o MTE, apenas R$ 80 mil já foram pagos. Os trabalhadores resgatados terão direito a três parcelas do seguro-desemprego especial e foram encaminhados à assistência social. O Governo do Estado de Pernambuco ainda não se manifestou sobre o caso desumano no qual os trabalhadores viveram. Nem mesmo foram expostas quais empresas estão por trás desse crime.

Reforma Trabalhista é culpada

A aprovação da Lei 13.467/2017, a qual prevê a possibilidade da supressão de direitos trabalhistas, abriu portas para as empresas explorarem cada vez mais os trabalhadores, com carga horária de trabalho excessivas, salários baixíssimos, precariedade na estrutura do trabalho. Tudo isso com respaldo da lei, um verdadeiro absurdo.

O número de denúncias de trabalho análogo à escravidão aumentou consistentemente desde 2021, com 1.915 em 2021, 2.119 em 2022 e 3.422 em 2023. Anteriormente, o maior registro anual era de 1.743 denúncias em 2013.

Outro dado relevante é a taxa de informalidade, que está em torno de 39%. Consideram-se informais trabalhadores domésticos ou privados sem carteira assinada, trabalhadores auxiliares, por conta própria e empregadores sem CNPJ. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), realizada pelo IBGE, em 2021, revelaram que 60% dos informais vivem de “bicos”, com renda mensal abaixo de um salário-mínimo.

Se, para os trabalhadores, as mudanças no mundo do trabalho trouxeram aumento da informalidade e retirada de direitos, para a burguesia, o cenário foi outro. A concentração de riquezas vem se tornando cada vez maior. Hoje, existem no Brasil 266 mil pessoas com patrimônio maior que US$ 1 milhão. E, de acordo com o Global Wealth Report 2022, o Brasil terá 572 mil milionários, em 2027. O número vai mais que dobrar em cinco anos.

Cabe à classe trabalhadora tomar os sindicatos e trazer o movimento sindical para a luta. O crescimento da miséria no nosso país está diretamente ligado à piora nas relações de trabalho, no crescimento da informalidade e na alta taxa de desemprego. A força dos trabalhadores está no seu papel na produção e na sua capacidade de, coletivamente, construir lutas e impor derrotas aos patrões. Precisamos lutar de forma imediata pela revogação da Reforma Trabalhista!

O projeto da burguesia: superexploração e miséria

Para a classe trabalhadora, o resultado das contrarreformas é a precarização absoluta. Hoje, quase 40 milhões de trabalhadores estão na informalidade. Isso é um projeto político que joga milhões na miséria. São trabalhadores domésticos sem carteira, diaristas, autônomos e entregadores de aplicativo, todos desprovidos de direitos. Como revela a PNAD (IBGE) de 2021, 60% desses informais são forçados a viver de “bicos”, com uma renda mensal que sequer alcança um salário-mínimo.

Enquanto o trabalhador é esmagado pela informalidade e pela retirada de direitos, a burguesia e seus parasitas nadam em dinheiro. A concentração de riquezas é a outra face da moeda da miséria: no Brasil, já existem 266 mil milionários (em dólares). E a previsão dos relatórios do próprio capital, como o Global Wealth Report 2022, é que esse número salte para 572 mil até 2027. Ou seja, a superexploração do povo vai mais que dobrar o número de milionários em apenas cinco anos.

Retomar os sindicatos para derrotar a burguesia

Diante dessa ofensiva do capital, cabe à classe trabalhadora construir a resistência. O aumento da miséria, da informalidade e do desemprego é resultado direto das políticas dos grandes ricos. A união da classe trabalhadora e a luta concreta pelo fim das privatizações, pela reestatização dos serviços, pela revogação da reforma trabalhista e pelo fim da terceirização. A tarefa fundamental é, portanto, atuar e organizar a luta da nossa classe a partir das associações, sindicatos e centrais sindicais.