UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sábado, 7 de junho de 2025
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Trabalhadores não recebem seus salários e paralisam atividades

Trabalhadores das unidades da rede Caetano em Itu, Valinhos e Vinhedo cruzaram os braços no início de março, após acumularem três meses sem depósito do FGTS e enfrentarem o atraso do salário de fevereiro.

Roque Silva Junior | Valinhos – SP


TRABALHADOR UNIDO – No início de março, trabalhadores das redes de supermercado Caetano, das cidades de Itu, Valinhos e Vinhedo, encontravam-se com o salário de fevereiro atrasado e sem depósito do FGTS por três meses. Os funcionários enfrentaram condições de trabalho precárias, prateleiras vazias, com equipamentos sujos e a falta de esperança na boa vontade do patrão.

Insatisfeitos, os trabalhadores cruzaram os braços. A promessa de pagamento era apenas para o dia 20 de março. O sindicato da categoria apareceu, mas, ao invés de ser um instrumento de luta e apoiar a reivindicação dos funcionários por seus direitos trabalhistas, incentivou-os a continuarem o trabalho e a suspenderem a manifestação.

No dia 11, foi realizada uma nova reunião entre o sindicato e a empresa, definindo que as unidades de Valinhos, Vinhedo e Itu seriam fechadas. Além do fechamento, o sindicato reforçou a promessa de pagamento no dia 20 e que a unidade Valinhos Centro ficaria aberta. Ainda foi informado que os funcionários seriam demitidos sem justa causa, com as verbas rescisórias divididas em nove vezes, incluindo o salário e o FGTS atrasados.

Os militantes do núcleo da Unidade Popular (UP) na região foram conversar com os trabalhadores e acabaram sendo expulsos da unidade Centro e Vinhedo, além das ameaças de que a empresa chamaria a Polícia. Quando retornaram à unidade da Vila Santana, continuaram apoiando e conversando com os trabalhadores e aguardavam por uma conversa com o líder sindical. O combate à exploração da classe trabalhadora incomoda tanto que foram confrontados e ameaçados por um dos seguranças. Apesar das tentativas de intimidação, o povo se posicionou ao lado dos militantes e chegaram a questionar o porquê da expulsão.

Os trabalhadores ficaram trabalhando sem salário, sem orientação, foram impedidos de se comunicar com os militantes e deixados de lado. Quando questionaram o sindicato se poderiam ir até o mercado para obterem mais informações a respeito do cumprimento do acordo, a resposta foi que a presença física não acelera nem muda nada. Tal desincentivo vem para impedir que todos vejam o descaso com os funcionários, fazendo com que eles permaneçam reféns da empresa.

O sistema capitalista explora os trabalhadores, forçando-os a permanecerem trabalhando em uma situação em que o mercado está vazio, sem condições de higiene e sem salário.

A única alternativa a fim de exterminar situações como essa é uma organização da classe para lutar por seus direitos. Trabalhador, organize-se e lute!

Matéria publicada na edição impressa nº310 do jornal A Verdade

O agronegócio e as grandes empresas são responsáveis pela piora na alimentação do povo

Em 2023, o agronegócio emitiu cerca de 617 milhões de toneladas de gases do efeito estufa, enquanto empresas como Cargill, Bunge e JBS seguem com práticas de desmatamento e à degradação do solo.

Sam Paz Silveira | Porto Alegre – RS


BRASIL – Você já se perguntou por que os alimentos de hoje parecem não ter o mesmo sabor – nem os mesmos nutrientes – de anos atrás? A resposta não está apenas na natureza ou no tempo, mas sim nas engrenagens de um sistema movido pelo lucro: o capitalismo. Mais especificamente, nas práticas das grandes corporações alimentícias e do agronegócio, que priorizam quantidade e aparência em detrimento da qualidade nutricional dos alimentos. Em 2023, o setor agropecuário brasileiro emitiu aproximadamente 617 milhões de toneladas de CO₂ equivalente (CO₂e), representando um aumento de 3% em relação a 2022 (Observatório do Clima).

Um artigo publicado na National Geographic Brasil, de 2022, aponta que o conteúdo de minerais, vitaminas e outros nutrientes essenciais diminuiu consideravelmente ao longo das últimas décadas. Ou seja, alimentos como frutas, legumes e vegetais estão ficando progressivamente menos nutritivos.

Por trás disso, está a forma como o capitalismo e o agronegócio operam: monoculturas extensivas, uso intensivo de fertilizantes químicos, sementes geneticamente modificadas para resistir a pragas e longas viagens de transporte. Essas práticas, impulsionadas pelas grandes empresas do setor, como Cargill, Bunge e JBS, têm como objetivo principal maximizar a produtividade e os lucros, mesmo que isso custe a saúde do solo – e, consequentemente, a qualidade dos alimentos. Inclusive, a Cargill, uma das maiores fornecedoras de produtos agrícolas do mundo, está implicada no desmatamento da Amazônia, especialmente devido ao cultivo de soja.

A Bunge, também um gigante global no setor agrícola, assim como a Cargill, é criticada por sua relação com o desmatamento na Amazônia e no Cerrado, especialmente no cultivo de soja e milho.

Já a JBS, embora seja mais conhecida pela produção de carne, também é uma das principais compradoras de soja para ração animal (The Guardian e WWF). A empresa é mencionada em estudos sobre desmatamento devido à sua demanda por soja, cultivada em terras que antes eram florestas tropicais. Além disso, a JBS figura no topo das maiores emissoras de gases de efeito estufa no mundo, segundo um levantamento de 2024 da Changing Markets.

Ao escolher variedades de vegetais que duram mais nas prateleiras e têm melhor aparência comercial, em vez de priorizar os nutrientes, as grandes corporações alimentares estão transformando o que comemos em produtos cada vez mais vazios. O solo, explorado sem descanso, já não consegue fornecer os mesmos minerais às plantas. E isso significa que, mesmo comendo as mesmas quantidades (o que também não ocorre visto o aumento no preço dos alimentos), estamos nos nutrindo menos.

Esse empobrecimento alimentar tem consequências graves para a saúde do povo. A falta de nutrientes contribui para o avanço de doenças, como obesidade, diabetes, hipertensão, problemas de imunidade e até distúrbios cognitivos. A grande contradição é que, em pleno século 21, com supermercados abarrotados de produtos, vivemos uma nova forma de fome: a fome de nutrientes.

E quem mais sofre com isso são as populações de baixa renda. Os alimentos verdadeiramente nutritivos, muitas vezes cultivados de forma sustentável e sem agrotóxicos, são caros e inacessíveis. Já os produtos ultraprocessados – baratos, calóricos e pobres em valor nutricional – dominam as prateleiras e as dietas da maioria da população.

A verdade é que esse não é um problema individual, de escolhas alimentares erradas. É um problema estrutural, gerado por um sistema de produção controlado por um punhado de grandes empresas que tratam alimentos como mercadorias, e não como parte essencial da saúde humana e do equilíbrio ambiental.

É essencial que repensemos a forma como produzimos e distribuímos alimentos, priorizando uma agricultura que respeite o planeta e as pessoas, evitando o desperdício e o uso predatório dos recursos naturais. Porém, enquanto o lucro for o principal motor da agricultura e da indústria alimentícia, continuaremos vendo nossos alimentos – e nossa saúde – se degradarem. A única forma de garantir a soberania alimentar para todo o povo é acabando com o podre sistema capitalista e construindo uma sociedade nova, o socialismo, em que todos terão acesso à alimentação de qualidade, à saúde e à vida digna.

Matéria publicada na edição impressa nº310 do jornal A Verdade

Demissão de terceirizados na UFAL expõe violação de direitos

Nove trabalhadores terceirizados da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) foram demitidos após denunciarem atrasos salariais e outras irregularidades trabalhistas cometidas pela empresa Percons, responsável por serviços no campus.

Redação AL


TRABALHADOR UNIDO – Em um caso de clara violação de direitos trabalhistas e de transparência, nove funcionários terceirizados da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) foram demitidos após reivindicarem o pagamento de salários atrasados e o cumprimento de obrigações trabalhistas pela empresa Percons, que era responsável pela prestação de serviços na instituição. A situação, que já era grave, ganhou contornos ainda mais dramáticos com a contratação de uma nova empresa, a Terceirize Serviços, que excluiu justamente os trabalhadores que lideraram as mobilizações por seus direitos. Entre eles, está Fábio Monteiro, um funcionário com três décadas de serviço na Biblioteca Central, que, após a demissão, adoeceu gravemente e enfrenta uma crise de saúde física e mental.

Rosilene da Conceição Lima, uma das terceirizadas demitidas, relata que a prática comum na UFAL era a de absorver os funcionários das empresas anteriores quando um novo contrato era firmado. No entanto, em 2024, com a chegada da Terceirize Serviços, dos 93 funcionários da Percons, apenas oito não foram recontratados – justamente aqueles que estavam na linha de frente das reivindicações por salários atrasados, FGTS não recolhido e outros direitos trabalhistas. “Ficou nítido que a gente sofreu uma retaliação. Não tem outra justificativa”, denuncia Rosilene.

Segundo ela, a situação expõe uma falha grave na fiscalização dos gestores de contrato, que permitem práticas como nepotismo e a contratação de terceirizados com vínculos familiares com servidores públicos – algo expressamente proibido por lei. “O nepotismo está aí, claro, à mostra, e isso é inadmissível numa universidade que preza pela democracia”, finaliza.

Descartados

A demissão de Paulo Nascimento, que trabalhava na recepção da Pró-reitoria de Graduação (Prograd), desde 2016, escancara uma prática inadmissível: a perseguição contra trabalhadores que reivindicam seus direitos. No dia 02 de janeiro de 2025, após anos de dedicação à universidade, ele recebeu a notícia de que estava sendo desligado sem qualquer justificativa plausível. Mesmo sem receber em dia, ele e os demais trabalhadores continuaram suas atividades, tirando dinheiro do próprio bolso para transporte e sobrevivência. Mas, ao invés de respostas, vieram as represálias e as demissões.

A revolta é ainda maior porque a legislação garante o direito dos trabalhadores de paralisarem suas atividades em casos de atraso de salários. No entanto, ao invés de serem ouvidos, foram punidos. “Nós prestamos o serviço, a universidade não foi prejudicada, mas fomos descartados como se não tivéssemos valor”, lamenta Paulo. Agora, sem sequer ter acesso imediato ao seguro-desemprego, ele e outros ex-funcionários acionaram a Justiça para tentar garantir o pagamento do que lhes é devido.

Um dos casos mais emblemáticos é o de Fábio Monteiro, que dedicou 32 anos de sua vida à Biblioteca Central da UFAL. Após ser excluído da nova contratação, ele adoeceu gravemente, com picos de diabetes e uma crise severa de erisipela, uma infecção cutânea que o levou a ser hospitalizado por mais de 20 dias. Atualmente, ele está em casa, sem perspectivas de recuperação.

Desvio de função

O advogado Marcos Rolemberg, que representa os demitidos, não poupa críticas à UFAL. Ele afirma que a universidade vem utilizando a terceirização de forma fraudulenta para burlar a necessidade de concursos públicos, contratando pessoas para exercer funções que, por lei, são exclusivas de servidores concursados. “Na carteira de trabalho dessas pessoas consta que elas trabalhavam como recepcionistas, mas, na prática, jamais exerceram essa função. Elas atuavam em serviços burocráticos, recebendo muito menos do que os servidores concursados e sem qualquer segurança jurídica”, denuncia o advogado.

Rolemberg também denuncia a conduta da universidade como “flagrantemente discriminatória e antissindical”, comparando-a à atitude dos “coronéis do início do século 20”, que retaliavam trabalhadores que ousavam reivindicar seus direitos. “Bastou os dirigentes serem cobrados por atraso de salários para retaliarem os trabalhadores com a demissão”, afirma.

Ataque à democracia universitária

O caso dos terceirizados é mais do que uma questão trabalhista, é um ataque aos princípios de democracia e justiça que deveriam ser pilares de uma instituição de ensino superior. A universidade, que deveria ser um espaço de pensamento progressista e de defesa dos direitos humanos, agiu de forma autoritária e discriminatória, punindo aqueles que ousaram lutar por seus direitos.

É urgente que a UFAL e os órgãos competentes investiguem a fundo essas denúncias, punam os responsáveis e garantam que práticas como essas não se repitam. Enquanto isso, trabalhadores como Fábio Monteiro e Rosilene da Conceição Lima seguem lutando não apenas por seus direitos, mas pela dignidade que lhes foi roubada.

Matéria publicada na edição impressa nº310 do jornal A Verdade

Avançar na luta por moradia digna, reforma urbana e socialismo

O aumento do custo de vida atinge em cheio a classe trabalhadora brasileira, enquanto milhões de famílias seguem sem acesso à moradia digna.

Renan Carvalho | Rio de Janeiro – RJ


BRASIL – O custo de vida da classe trabalhadora cresce cada dia mais em nosso país. A carestia dos alimentos, aluguéis, passagens de ônibus e tudo que é necessário para se viver, atinge milhões de famílias. Para piorar, quase 60 milhões de brasileiros estão endividados, segundo dados do Serasa, pagando juros altíssimos a bancos e financeiras que só roubam o dinheiro e o sonho das pessoas.

No meio desse cenário, encontra-se a luta por moradia digna. O Governo Federal, apesar de algumas melhoras no programa “Minha Casa, Minha Vida” (como o número de moradias por empreendimento; obrigatoriedade de equipamentos públicos no entorno; entre outros) manteve a questão central, que é a transferência de dinheiro público para as mãos das empreiteiras, aquecendo o mercado imobiliário e deixando ainda mais ricos os empresários do ramo da construção civil.

Durante os primeiros anos do programa, a falta de moradia digna atingia mais de cinco milhões de famílias. Mais de cinco milhões de moradias foram construídas até 2016 e, em 2017, o déficit de habitação do país, segundo a Fundação João Pinheiro, chegava a quase oito milhões de famílias. Ou seja, esse programa é incapaz de resolver a situação da moradia no país, pois, no sistema capitalista, diariamente surgem novas famílias desamparadas.

A situação do atual programa demonstra a fragilidade e a falta de condições políticas desse Governo para avançar em pautas populares. A maior fatia de recursos do programa é para construções que visam ao financiamento das classes média e média alta, as chamadas faixas 2 e 3. As construções de moradias para o povo pobre seguem com a menor parte do programa.

Para a modalidade “Minha Casa, Minha Vida – Entidades”, que poderia apresentar melhoras no programa, a partir da parceria com movimentos sociais que lutam por moradia, são destinados menos de 3% dos recursos, mostrando que o principal foco do programa é realmente transferir dinheiro público para empreiteiras e aumentar a carta de imóveis do setor imobiliário.

No Rio de Janeiro, desde 2022, 110 famílias que realizaram a Ocupação Luiz Gama receberam a promessa da construção de dois habitacionais na região central e adjacências. No entanto, burocracias e problemas políticos, tanto do Governo Federal quanto do Estadual, têm dificultado que as famílias recebam o benefício. Mesmo assim, as famílias em luta conseguem arrancar avanços importantes para garantia desse direito. Já foram realizados atos em secretarias, órgãos públicos e ruas para pressionar pela contratação das empresas e o início das construções.

Organizar o povo para lutar é dever de todo militante que luta por teto e por uma sociedade mais justa. Por isso, precisamos cada vez mais estar nos bairros pobres, vilas e favelas para convocar nosso povo para lutar, pois só numa sociedade onde o poder político esteja nas mãos da classe trabalhadora é que vamos conseguir resolver todos esses problemas, ou seja, numa sociedade socialista.

Matéria publicada na edição impressa nº310 do jornal A Verdade

No Brasil, população em situação de rua aumentou 14 vezes desde 2013

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Em três meses, mais de 7 mil pessoas passaram a viver nas ruas no Brasil, que já soma 335 mil sem moradia. Em São Paulo, cidade mais rica do país, a população em situação de rua chegou a 96 mil. O avanço da miséria expõe a falta de políticas públicas e o agravamento das contradições do capitalismo.

Jesse Lisboa | Redação


BRASIL – A cada dia, mais brasileiros dormem nas calçadas, debaixo de marquises ou em barracos improvisados. Desde 2013, o número de pessoas em situação de rua cresceu 14 vezes. Esse aumento não é por acaso, mas explicita as contradições do sistema capitalista. Em São Paulo, capital mais rica do país, concentra 96.220 pessoas em situação de rua. A cidade que movimenta bilhões por ano também é palco de sofrimento para milhares que não têm sequer onde morar.

Em março de 2025, o Brasil tinha 335.151 pessoas vivendo nas ruas, segundo dados do Cadastro Único. O número é maior do que o registrado em dezembro de 2024, quando eram 327.925. Em apenas três meses, mais de 7 mil pessoas passaram a viver nessa condição.

É importante lembrar que esse fenômeno já foi descrito por Karl Marx em 1867, na sua obra, O Capital, em que chamou de Lei Geral da Acumulação Capitalista: “Ela condiciona uma acumulação de pobreza correspondente à acumulação de capital. A acumulação de riqueza num polo é, portanto, simultaneamente, acumulação de miséria, tormento de trabalho, escravatura, ignorância, brutalidade e degradação moral no polo oposto, isto é, do lado da classe que produz o seu próprio produto como capital”.

O aumento de pessoas em situação de rua tem nome e causa: o desemprego, a alta nos preços e a falta de moradia acessível. O modelo econômico, que prioriza o lucro acima da vida, deixa milhões de pessoas sem acesso a direitos básicos, como casa, comida e trabalho. O que sobra é exclusão.

Em vez de cuidar das pessoas, algumas prefeituras tentam esconder o problema. Em 2023, em Porto Alegre, por exemplo, a prefeitura preferiu “limpar” a cidade retirando os moradores de rua à força, em vez de oferecer apoio de verdade. Essa é a chamada “higienização social”: esconder os pobres como se fossem sujeira. É uma contradição absurda. O Brasil é um país cheio de riquezas. Mesmo assim, cresce o número de pessoas que vivem nas ruas. Por quê? Porque a riqueza está concentrada nas mãos de poucos, enquanto a maioria luta para sobreviver.

O crescimento da população em situação de rua também está relacionado com o fim das políticas de moradia nos últimos anos. Durante o governo do fascista Jair Bolsonaro, que sempre atacou os direitos do povo, praticamente nada foi feito para garantir casa para quem mais precisa.

Entre 2019 e 2021, Bolsonaro não contratou nenhuma nova obra de moradia popular. Só em 2022, e já pressionado pelas eleições, anunciou a construção de apenas 2.450 casas. Um número vergonhoso para um país onde mais de 8 milhões de famílias não têm onde morar.

A pergunta que fica é: por que milhões de trabalhadores que produzem a partir de seu trabalho as riquezas do país são pobres e correm o risco de ir para as ruas?

No Programa da Revolução Socialista Brasileira do PCR, diz: “A causa da pobreza e do desemprego no Brasil está no fato de as fábricas, terras, máquinas, prédios, transportes, etc. serem propriedade privada de um pequeno número de ricos. […] Dito de outro modo, o povo trabalha em benefício dos ricos, sob um contrato, em troca de um salário”.

Para mudarmos essa realidade, é necessário entender que o desenvolvimento do capitalismo só agrava a pobreza e a miséria. Mesmo com promessas de políticas públicas, a desigualdade só aumenta. Isso porque, enquanto o sistema capitalista continuar existindo no Brasil, os ricos continuarão ficando mais ricos e os pobres sendo jogados à margem. Ontem e hoje, a única saída real para mudar esse cenário é a revolução socialista, que pode abrir caminho para um país justo, onde todos tenham casa, trabalho e dignidade.

Primeiro de Maio contra a escravidão da escala 6×1

Com participação massiva da Unidade Popular e do Movimento Luta de Classes em uma série de cidades, as manifestações de Primeiro de Maio deste ano tiveram o fim da escala 6×1 como principal bandeira

Felipe Annunziata, Guilherme Arruda e Jesse Lisboa | Redação


Neste Primeiro de Maio, os atos do Dia Internacional do Trabalhador por todo o país reuniram milhares de pessoas em centenas de cidades. Neste ano, as manifestações tiveram como principal bandeira o fim da escala 6×1, símbolo da exploração da classe operária brasileira.

No ato realizado em São Paulo, o presidente nacional da Unidade Popular, Léo Péricles, destacou o papel histórico do Primeiro de Maio para os operários, desde os mártires de Chicago nos EUA (como já explicou o jornal A Verdade, foi em sua homenagem que a data se tornou uma jornada internacional de luta dos trabalhadores) até o Brasil. O dirigente da UP lembrou que, em 1954, a classe trabalhadora do país foi capaz de obrigar o Governo Federal a aumentar em 100% o salário mínimo. O decreto do aumento, antecedido por uma onda de lutas que teve como ponto alto a greve geral de 1953, foi publicado em 1º de maio de 1954. Nos dias de hoje, o partido convoca o povo a se mobilizar por um novo aumento de 100% no salário mínimo – além de pautas como o fim da escala 6×1, a redução do preço dos alimentos e a punição dos fascistas e golpistas.

No mesmo sentido, o metroviário Ricardo Senese afirmou em sua fala que só por meio da luta organizada é que os trabalhadores conseguirão impor novas vitórias históricas. “Para nós, essa data deve servir para aprofundar a nossa combatividade e levantar bem alto as nossas bandeiras e o nosso jornal. Para que fique bem claro aqui na frente da Fiesp e dos patrões: essa escala 6×1 vai cair, porque a classe trabalhadora está preparando uma greve geral nesse país”, convocou o dirigente do Movimento Luta de Classes (MLC).

No último período, multiplicaram-se os protestos em shoppings exigindo o fim da escala 6×1 e convocando os trabalhadores a se organizarem para pôr fim a essa jornada de escravidão. Em 2024, a paralisação de 9 dias dos trabalhadores da Pepsico, que conquistou mais dois sábados de folga nas fábricas da empresa, demonstrou que isso é possível.

É o que contou Roberval Pedrosa, diretor do STILASP, sindicato que teve papel destacado na condução da greve: “Antigamente, a jornada de trabalho era de 14 horas, mas a luta do pessoal lá de trás acabou com isso. Nos nossos dias, precisamos unir os partidos, sindicatos, federações e movimentos populares pelo fim da escala 6×1, porque os patrões estão muito bem organizados. Só assim é que nós vamos fazer história. Nós estamos em uma situação propícia para mudar a vida dos trabalhadores e acabar com essa escala”.

Atos unificados

No Rio, o ato foi unificado entre os sindicatos, partidos de esquerda e movimentos sociais na Praça da Cinelândia, no centro da capital. Organizações como a Unidade Popular e o movimento VAT se fizeram presentes com centenas de militantes. A luta contra a escala 6×1 e contra a exploração também ficou marcada pela presença de trabalhadores de aplicativo, de além das categorias afetadas pela jornada exaustiva de trabalho.

No ato, algumas categorias em greve, como o setor da cultura do serviço público federal estavam bem representadas através da mobilização do Sindisep-RJ. Também chamou a atenção a presença do deputado federal Glauber Braga (PSOL – RJ), vítima de perseguição política por parte de deputados do Centrão e do fascismo na Câmara Federal.

Em Recife, a Unidade Popular pelo Socialismo (UP) e o Movimento Luta de Classes (MLC), junto a centenas de trabalhadoras e trabalhadores das mais diversas categorias que constroem e mantém funcionando diariamente a capital pernambucana, se reuniram em Água Fria, na Zona Norte da cidade, para reivindicar um 1º de maio de lutas e o fim da escala 6×1.

Erguendo cartazes e as bandeiras que representam a luta contra a exploração e o fascismo, os trabalhadores recifenses denunciaram o avanço das políticas neoliberais – ora adotadas por governos de direita, ora por governos social-democratas –, exigiram o fim da escala 6×1, a redução dos preços no alimento, o aumento de 100% de salário mínimo, dentre outras reivindicações.

“O ato foi de extrema importância porque temos visto uma tentativa de retirar o simbolismo das datas históricas da classe trabalhadora, desvirtuando seu significado e menosprezando seu papel. Aconteceu esse ano com o 8 de março que quase sumiu engolido pelo Carnaval e parte dos movimentos sociais jogando pra fazer o ato em outra data. E agora também tivemos atos das centrais no dia 30 de abril. Precisamos erguer alto a bandeira do 1° de maio como dia de luta e não de descanso. E o ato de hoje mostrou isso: o quanto a classe trabalhadora está disposta a ir pro enfrentamento em busca de seus direitos. O apoio massivo ao fim da escala 6×1 aponta o caminho que temos que seguir, que é organizar os trabalhadores sob essa bandeira e arrancar mais vitórias da burguesia”, destaca Ludmila Outtes, presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Pernambuco.

Unificação das lutas no Brasil e no mundo

Nos atos de todo o país, houve relatos das mais recentes lutas dos trabalhadores por condições mais dignas. Em São Paulo, falaram representantes dos servidores públicos da capital paulista, do funcionalismo do município de Santo André e também dos operários da Silgan Dispensing – todos esses, no último período, fizeram importantes greves e mobilizações contra os patrões e governos neoliberais. Em João Pessoa, na Paraíba, houve pronunciamentos de lideranças dos trabalhadores da limpeza urbana, que fizeram uma paralisação de 24 horas no dia 23 de abril, levantando a bandeira do fim da escala 6×1.

A unificação das lutas dos trabalhadores deve inclusive ultrapassar as fronteiras dos países, como demonstra o trabalho dos núcleos internacionais da Unidade Popular, destacado na manifestação em São Paulo, ocorrida na Avenida Paulista. “Em vários países, estamos sendo procurados por brasileiros que trabalham de forma precária. Realizamos recentemente também um encontro com os trabalhadores turcos que moram na Alemanha, mostrando que a língua não é barreira para a solidariedade dos trabalhadores”, explicou Felipe Araújo, membro de um dos núcleos organizados fora do país, lembrando o caráter internacionalista do Primeiro de Maio.

O núcleo internacional da Unidade Popular participou dos atos do Primeiro de Maio no exterior. Em diversas cidades da Europa, a militância da UP levantou as bandeiras das lutas por direitos dos imigrantes e também a necessidade da unidade internacional da classe trabalhadora contra os ataques da burguesia imperialista.

Primeiro de Maio é dia de luta

Em várias partes do mundo, a classe trabalhadora enfrentou os aparelhos de repressão da burguesia para se manifestar neste dia. A defesa dos direitos históricos dos trabalhadores, como a redução da jornada de trabalho, o aumento dos salários e a defesa dos direitos dos povos estiveram na ordem do dia neste Primeiro de Maio.

No Brasil, entretanto, o setor do imobilismo no movimento sindical continuou a insistir na realização de atos sem conteúdo político ou de defesa dos direitos dos trabalhadores – como em São Paulo, onde o ato das centrais sindicais teve como eixo o sorteio de carros. As centrais mostraram mais uma vez sua dificuldade de se mobilizar.

A realidade é que o Primeiro de Maio no Brasil não pode ter um caráter apenas de festa, mas deve ser um dia de luta. O enfrentamento que a UP, MLC e vários outros movimentos sociais e de trabalhadores promoveram nesses últimos dias contra a escala 6×1 mostra que o nosso Primeiro de Maio deve e pode ser sim um dia de luta contra os patrões e os desmandos dos governos.

Em cada cidade, em cada categoria de trabalhadores, em cada local de trabalho, há pessoas exploradas querendo se organizar e se mobilizar para lutar pelos seus direitos. Os atos do Primeiro de Maio que contaram com a participação e organização da Unidade Popular, do Movimento Luta de Classes e de outros setores combativos provam isso. Agora, a luta contra a escala 6×1 e o aumento do salário mínimo continua em todo o país.

*Em São Paulo (SP), Edio Mattos colaborou com a reportagem.

Inês Etienne Romeu: a mulher que desafiou e sobreviveu à Casa da Morte

“A vida e a morte de Inês Etienne Romeu seguem sendo um lembrete de que a democracia se constrói com memória, justiça e luta coletiva. Sua voz sobrevive em cada mulher que se organiza, em cada denúncia contra a opressão e em cada gesto de solidariedade. Enquanto a sua história for lembrada, a ditadura não será esquecida e jamais se repetirá.”

Chantal Campello | Cabo Frio (RJ)


Inês Etienne Romeu nasceu em Pouso Alegre, Minas Gerais, em 18 de dezembro de 1942. Desde jovem envolveu-se na luta política contra as injustiças sociais que marcavam o Brasil nos anos 1960. Militante da Organização Revolucionária Marxista Política Operária (Polop), Inês fazia parte de um movimento que buscava construir uma alternativa socialista ao modelo autoritário. Com a instauração da ditadura militar em 1964, ela passou a viver na clandestinidade, dedicando-se à organização da resistência armada.

Em 1971, foi presa no Rio de Janeiro pelos agentes do Centro de Informações do Exército (CIE). Seu destino foi a chamada “Casa da Morte”, um centro clandestino de tortura mantido em Petrópolis no Rio de Janeiro, onde os lutadores populares da ditadura eram levados para serem “convencidos” a base das piores torturas, a colaborar com os órgãos de repressão. Dos cerca de 20 militantes levados para esse local, Inês foi a única que saiu com vida.

‘’Eu não podia chorar. Nem me mexer. Não podia ter medo. Só sobrevivia quem conseguisse suportar o inferno calada, fria, como pedra”, disse em seu depoimento à Comissão Nacional da Verdade, décadas depois.’’

Durante os meses em que esteve presa, foi submetida a intensas sessões de tortura física, estupros, choques elétricos e isolamento extremo. Em seu relato à Comissão Nacional da Verdade, Inês afirmou: ‘’Eles queriam que eu me tornasse uma agente infiltrada, que traísse meus companheiros. Disseram que se eu não cooperasse, minha família sofreria. Eu escutei o choro de outras mulheres sendo violentadas. O terror era contínuo.’’

Mesmo após ser forçada a escrever relatórios e simular colaboração, Inês encontrou forças para resistir internamente e, ao sair da Casa da Morte, retomou sua luta política, denunciando os crimes que presenciou. Foi libertada somente em 1979, com a Lei da Anistia.

No livro ‘Memórias de uma Guerra Suja’, escrito pelos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, publicado em 1979, ela detalhou não apenas sua própria experiência, mas também o funcionamento do aparato repressivo da ditadura. Sua denúncia pública foi uma das primeiras a revelar a existência de centros clandestinos de extermínio mantidos fora da legalidade até então negada pelo regime militar.

“Na Casa da Morte, a gente não tinha nome, só número. Eu era um número. Não sabíamos se era dia ou noite. Tudo era feito para nos destruir por dentro”, dizia Inês em entrevista.

A vida de Inês foi marcada por perseguições, ameaças e vigilância mesmo após a redemocratização. Ela vivia sob constante medo. Faleceu em 27 de abril de 2015, aos 72 anos, em Niterói, Rio de Janeiro. A causa oficial foi insuficiência cardíaca, mas familiares e militantes da área de direitos humanos sempre levantaram dúvidas sobre as circunstâncias da morte. Meses antes de falecer, Inês chegou a relatar que suspeitava estar sendo envenenada.

Seu testemunho foi fundamental para os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (2011–2014), que investigou os crimes cometidos pela ditadura militar. Nos depoimentos, ela nomeou agentes da repressão, descreveu métodos de tortura e apontou a responsabilidade do Estado nos desaparecimentos forçados.

Homenagem à resistência: Casa de Referência Inês Etienne Romeu, em Cabo Frio

Reconhecendo sua trajetória de coragem e enfrentamento, o Movimento de Mulheres Olga Benario ocupou em 2024 um imóvel público, na cidade de Cabo Frio (RJ), um espaço voltado ao acolhimento de mulheres em situação de violência, vulnerabilidade e violação de direitos. A casa recebeu o nome de Inês Etienne Romeu, a homenagem carrega um forte simbolismo as mulheres que sempre lutaram.

Em nome de Inês, milhares de mulheres encontram forças para denunciar violências, buscar justiça e construir autonomia. A escolha do nome reforça a importância de manter viva a memória daqueles que enfrentaram a repressão de frente, e, sobretudo, das mulheres que ousaram lutar mesmo sob as piores condições.

A vida e a morte de Inês Etienne Romeu seguem sendo um lembrete de que a democracia se constrói com memória, justiça e luta coletiva. Sua voz sobrevive em cada mulher que se organiza, em cada denúncia contra a opressão e em cada gesto de solidariedade. Enquanto a sua história for lembrada, a ditadura não será esquecida e jamais se repetirá.

Estudantes convocam ENET 2025 e jornada de lutas em defesa do ensino público e técnico

Nos dias 5 e 6 de abril, aconteceu em Niterói (RJ) a plenária nacional de Grêmios da FENET. O encontro, que reuniu entidades de todo o país, definiu uma nova agenda de lutas na educação e convocou o próximo Encontro Nacional de Estudantes em Ensino Técnico: o ENET 2025.

Julia Cachos | Coordenadora-Geral da FENET


Diante dos desmontes da educação arquitetados por diversos governos, dezenas de grêmios se reuniram no Rio de Janeiro, nos dias 5 e 6 de abril na Plenária Nacional de Grêmios organizada pela FENET. Nessa atividade, os estudantes de todo o Brasil usaram de sua indignação para organizar o próximo calendário de lutas.

Durante a programação, iniciou-se o dia 5 com o debate sobre a dívida pública, que é responsável por drenar o orçamento público que poderia ser investido nas nossas escolas, no término das obras em andamento e na expansão da rede técnica. Enquanto o orçamento da educação continua refém do arcabouço fiscal, nossos Institutos Federais sobrevivem com emendas parlamentares, fazendo com que não saibamos o futuro de nossas instituições.

“A verdade é que a precarização do nosso ensino tem um único objetivo: abrir as portas para a privatização de nossas escolas. Como já acontece na rede estadual técnica de vários estados, onde, para fugir das salas caindo aos pedaços do ensino público, a juventude passa a estudar em escolas técnicas pagas que prestam um serviço de péssima qualidade, sabendo disso, os estudantes reafirmaram seu compromisso com a luta em defesa da educação pública e de qualidade”, afirmou Nicole Viana, coordenadora-geral da FENET.

Nos últimos meses os estudantes mostraram sua combatividade e espírito de luta através dos dias nacionais de luta da FENET, da construção da Plenária Nacional de Grêmios, dos atos contra a militarização das escolas, em defesa do orçamento público para a educação, mobilizações pelo passe livre e pelos grêmios livres.

Dessa forma, os estudantes reafirmaram que é fundamental mobilizar a juventude na defesa de seus direitos, deixando claro que só com a luta podemos combater o avanço do fascismo no Brasil e defender a educação pública gratuita e de qualidade.
Assim, imbuídos da vontade de lutar e conquistar, os estudantes convocaram, durante a Plenária Final um novo dia nacional de lutas pela assistência estudantil nas escolas técnicas e pelos bandejões nos IFs de todo o país.

O encontro foi encerrado com um chamado a todos os estudantes técnicos do Brasil: o Encontro Nacional dos Estudantes em Ensino Técnico da FENET, o ENET, acontecerá dos dias 18 a 21 de setembro no estado da Bahia e será decisivo para defendermos a educação pública gratuita e de qualidade, defender a democracia brasileira e o fim do pagamento da dívida pública.

A FENET convoca o conjunto dos grêmios e estudantes em Ensino técnico a organizarem a sua bancada rumo ao ENET, o maior encontro de escolas técnicas do Brasil!

Nota da CIPOML sobre o 1º de Maio

Fortalecer a unidade da classe trabalhadora e dos povos! Lutar para acabar com o regime de exploração!

No contexto de um mundo caracterizado pela intensificação das contradições interimperialistas e pelo ascenso da luta da classe operária e dos povos contra a dominação da burguesia e do imperialismo, os trabalhadores de todo o planeta se preparam para o 1º de Maio, dia em que o proletariado internacional luta por suas reivindicações e direitos, para alcançar sua emancipação social.

O imperialismo estadunidense deu os primeiros tiros em uma nova guerra comercial, que causará graves consequências negativas para o crescimento da economia mundial. Há um consenso de opiniões de que a política tarifária aplicada por Donald Trump provocará um processo recessivo; organismos internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, realizaram atualizações para baixo em suas previsões de crescimento da economia global neste ano de 2025. O mundo se escandalizou — e com razão — com a queda das bolsas de valores nos EUA, Europa, Ásia e América Latina nos dias seguintes a 2 de abril, data em que Trump anunciou as novas tarifas; grandes monopólios internacionais “perderam” milhões de dólares devido à queda de suas ações, valores que foram recuperados posteriormente. Porém, o mais grave é que, em tempos de recessão e crise econômica, são os trabalhadores os mais afetados pelo fechamento de empresas, pela eliminação de empregos, pelo aumento da inflação e pela deterioração do poder de compra dos salários, pelo corte e reorientação dos orçamentos estatais. Buscam-se mecanismos para intensificar a exploração dos trabalhadores e maximizar os lucros da burguesia, que também recebe incentivos e tem seus impostos reduzidos. Em suma, é o povo que carrega os impactos da crise. Essa é a lógica do capitalismo.

A política internacional do líder do imperialismo estadunidense busca recuperar o terreno perdido nos últimos anos como potência hegemônica. É por isso que ele fez da China seu alvo principal, por ser a única potência capitalista-imperialista que atualmente tenta desafiar essa hegemonia, e o faz com sucesso. A retórica ameaçadora de Trump contra aqueles que se “rebelam” contra sua política tarifária agora também é utilizada por Xi Jinping contra países que assinam acordos comerciais com os EUA que prejudicam a China.

As tensões crescem no cenário internacional, e o risco de que a guerra comercial desemboque em confrontos de outra natureza, incluindo no âmbito militar, estão presentes. O interesse de Trump em encerrar o capítulo da guerra na Ucrânia não é motivado por nenhum interesse em promover a paz. A inclinação militarista de Trump e da elite governante da Casa Branca é evidente nas ameaças de enviar tropas ao Canal do Panamá para obter seu controle, no anúncio da tomada da Groenlândia, no apoio econômico e militar ao regime sionista israelense, que assassina o povo palestino e nos bombardeios lançados no Iêmen, para citar alguns casos.

Atualmente, testemunhamos o crescimento de forças políticas da direita conservadora, reacionárias, fascista e pró-fascista. A presença de Trump na presidência dos EUA incentiva esses setores no cenário internacional. Mas eles não são os únicos inimigos dos trabalhadores e dos povos; a burguesia internacional também tem outros instrumentos de engação: a social-democracia, o progressismo e o oportunismo. Devemos confrontar ambos os lados, como condição indispensável para avançar na organização de nossas forças com independência de classe.

A Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (CIPOML), convoca os trabalhadores do mundo, a juventude e as mulheres dos setores populares, os povos e nacionalidades oprimidos a trabalhar para fortalecer a unidade dos explorados e oprimidos, a fortalecer suas organizações sociais e políticas para enfrentar a burguesia e o imperialismo, para elevar a luta por suas reivindicações e direitos particulares e a direcionar nossas batalhas para o triunfo da revolução social do proletariado e a construção do socialismo e do comunismo.

Viva o 1º de Maio, dia internacional da unidade, da solidariedade e da luta da classe trabalhadora!

Solidariedade ao povo palestino, que enfrenta o Estado de Israel sionista genocida!

Com o marxismo-leninismo, pela revolução e pelo socialismo!

1º de maio de 2025

Partido Comunista Revolucionários (PCR)
Conferência Internacional de Partidos e Organizações Marxistas-Leninistas (CIPOML)

Surge no centro de Curitiba a Casa de Referência da Mulher Rose Nunes Vive

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Com políticas públicas insuficientes por parte do Estado para proteger as mulheres do Paraná, o segundo estado em números de feminicídio, mulheres criam Casa de Referência no Centro de Curitiba. A ocupação foi organizada em um espaço abandonado há quase 15 anos e que não cumpria função social, e é a 29ª casa construída pelo Movimento de Mulheres Olga Benario no país.

Redação PR


O Movimento de Mulheres Olga Benario realizou uma nova ocupação na capital paranaense, fundando a Casa de Referência da Mulher Rose Nunes Vive. Localizada no Centro de Curitiba, o objetivo do movimento é construir um centro de referência para atender mulheres em situação de violência.

A ocupação foi organizada em um espaço abandonado há quase 15 anos e que não cumpria função social, e é a 29ª casa construída pelo movimento no país. Inaugurada no dia 30 de abril, a atividade faz parte da agenda de lutas do movimento na campanha do Abril Vermelho, em memória às mulheres assassinadas pela ditadura militar fascista, que completa 61 anos de sua consolidação em 2025.

Após a primeira ocupação do movimento na capital, a quantidade de mulheres em situação de violência atendidas de forma voluntária mais do que dobrou, e os registros de violência só aumentam: o estado do Paraná, segundo dados do Laboratório de Estudos de Feminicídio da UEL (Lesfem), é o segundo estado em números de feminicídios no país.

Essa realidade de opressão não é combatida de forma eficaz através de políticas públicas. Segundo Emily Kaiser, coordenadora nacional do movimento, “os serviços existentes ficam disponíveis apenas em horário comercial, em alguns dias menos. A Delegacia de Curitiba, única no estado com atendimento 24 horas, funciona com serviços reduzidos, a depender do horário em que a vítima for. O atendimento da CMB (Casa da Mulher Brasileira) se restringe aos residentes da cidade de Curitiba, e só existe acolhimento em risco de morte iminente.”

Às vésperas do Dia Internacional dos Trabalhadores, a luta das mulheres por condições dignas de vida e trabalho ganha novo fôlego com a inauguração da Casa de Referência da Mulher Rose Nunes Vive, no Centro de Curitiba. A ação do Movimento de Mulheres Olga Benario reafirma que o 1º de maio não é apenas um feriado, mas um dia de resistência, de organização popular e de denúncia contra as violências que recaem especialmente sobre as mulheres da classe trabalhadora.

O aumento da miséria e do preço dos alimentos, altas taxas de desemprego e a intensificação da implementação da criminosa escala 6×1 são violências cometidas pelo estado, que somadas às rotinas de jornadas triplas e quádruplas da maioria das mulheres, as empurra para uma vida de privações, inclusive do direito de lutar por uma sociedade verdadeiramente justa.

Roseli Celeste Nunes da Silva – ou Rose, como era conhecida – foi uma dirigente do Movimento Sem Terra (MST). Defensora do direito das mulheres, trabalhadora da agricultura e mãe de três filhos, Rose organizou a ocupação da Fazenda Annoni, consolidada por mais de 7 mil famílias sem terra no norte do Rio Grande do Sul, a maior ocupação da história do estado.

Originária de Rondinha, um pequeno município gaúcho, se organizou e se tornou uma militante pela vida dura que viveu desde cedo: “Ela dizia que na cidade passava fome e que na luta pela terra, ao menos, teria onde plantar alimentos para sobreviver. Na hora de fazer a segurança ela sempre estava lá, nunca arredava o pé do acampamento. Sempre sorrindo, era positiva e para frente, nada a puxava para trás. Rose defendia os direitos das mulheres, falava que não podíamos nos acomodar e que tínhamos que lutar ao lado dos homens” relata Juraci Lima, assentada do MST que conheceu a revolucionária.

O Movimento de Mulheres Olga Benario atua nacionalmente organizando as mulheres no enfrentamento à violência e pela construção do socialismo. O Brasil é o 5º país que mais assassina mulheres no mundo, por isso o movimento realiza ocupações e o acolhimento às vítimas de violência através de uma rede de profissionais voluntárias, como advogadas, psicólogas, assistentes sociais, etc., com o objetivo de apresentar uma alternativa à realidade de violência e miséria que hoje as mulheres se encontram.

A Ocupação Rose Nunes nasce para denunciar a insuficiência das políticas públicas de enfrentamento à violência de gênero, atender as vítimas e organizar as mulheres por um mundo novo livre de opressão!

Rose Nunes vive!

Mulheres de São Paulo e estudantes da USP lutam por justiça para Bruna Oliveira

Mulheres trabalhadoras e estudantes da USP organizam lutas para exigir justiça por Bruna Oliveira, vítima de feminicídio na zona leste de São Paulo, e cobram governo de Tarcísio de Freitas e prefeitura de Ricardo Nunes.

Movimento de Mulheres Olga Benario SP


Bruna Oliveira da Silva, de 28 anos, era formada em Lazer e Turismo e iniciava seus estudos de mestrado em Mudança Social e Participação Política na Escola de Artes Ciências e Humanidades da USP. Era uma mulher engajada na luta dos movimentos sociais e pesquisava sobre como o futebol de várzea é expressão do lazer entre homens em situação de rua na periferia. Tinha um filho de 7 anos, uma família que a amava, namorado, amigas, amigos e colegas que para sempre sentirão sua falta e que hoje lutam por justiça.

No dia 13 de abril de 2025, um domingo, Bruna voltava para casa de metrô e desceu na estação Itaquera, na zona leste paulistana. Estava com pouca bateria no celular, perdeu o ônibus que a deixaria em casa e, por conta disso, iria solicitar um veículo por aplicativo. Pediu para a família um pix para pagar pelo transporte, mas nunca mais respondeu às mensagens. Seu corpo foi encontrado quatro dias depois, com marcas de violência, após enormes pressões da família e amigos pela investigação do caso.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o principal suspeito do crime era Esteliano José Madureira, de 43 anos. Ele esteve foragido e foi encontrado morto no dia 24 de abril, com o seu corpo encontrado na Avenida Morumbi, na Zona Oeste da capital paulista.

Governo estadual e Prefeitura lavam as mãos

Esse caso, longe de ser uma exceção, evidencia a realidade de insegurança das mulheres trabalhadoras e estudantes na cidade de São Paulo. O local em que ocorreu o corpo de Bruna foi encontrado é central no deslocamento da região leste do município e torna-se um ambiente de risco para mulheres que utilizam o transporte público pela região. Entretanto, medidas não são tomadas pelo governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e nem pela prefeitura de Ricardo Nunes (MDB), que, pelo contrário, reduziram a verba destinada ao combate à violência contra a mulher.

Conforme mostrou a reportagem publicada na Folha de São Paulo na última semana, o terreno que abriga o estacionamento em que aconteceu o crime pertence à Prefeitura. O espaço foi concedido à Secretaria Municipal da Saúde para a construção do complexo Paulistão Saúde, mas, até então, nada foi construído no local.

A política de segurança pública do Governo de Estado e da Prefeitura de São Paulo não está ao lado das mulheres. Sob a gestão de Tarcísio de Freitas foi possível constatar o aumento da violência policial, sobretudo contra a juventude negra e periférica. Por outro lado, o governo estadual congelou as verbas voltadas ao combate à violência contra a mulher. Em 2024, dos R$ 26 milhões previstos no orçamento para ações de enfrentamento a este tipo de violência, apenas R$ 900 mil foram liberados para execução durante todo o ano. Ao mesmo tempo, segundo dados da própria Secretaria de Segurança Pública da gestão de Tarcísio de Freitas, os crimes de feminicídio e estupro bateram recorde em 2024, chegando a 247 e 14.579 casos, respectivamente.

Estudantes da USP lutam contra violência de gênero

Também não é um caso isolado das estudantes da EACH. Com apenas 20 anos de existência, o instituto da USP coleciona casos de violência contra a mulher. Em 2018, Nelly Venite era estudante do curso de obstetrícia e foi vítima de feminicídio cometido pelo seu namorado. Juno Ferrari era estudante do curso de Marketing e foi também assassinada, em 2022, vítima de transfobia.

Em 2024, as estudantes da USP foram repetidamente vítimas de violência de gênero na universidade. Apenas no Conjunto Residencial da USP (CRUSP), foram denunciados quatro casos de violência sexual cometidos dentro da moradia estudantil. Foi denunciado também um caso de tentativa de estupro na Praça do Relógio, espaço central e de grande circulação do campus Butantã. Esses casos evidenciam a falta de preocupação com medidas de segurança para as estudantes. A Praça do Relógio não possui iluminação adequada e traz uma enorme insegurança para as mulheres que frequentam o espaço. Mesmo após cobrança insistente do DCE Livre da USP e do Movimento de Mulheres Olga Benário, não foram instalados mais postes de luz no local.

Em resposta à inação da universidade frente aos diversos casos de violência, o Movimento de Mulheres Olga Benario reivindicou um centro de referência para mulheres na universidade e realizou uma ocupação com esse fim. A Sala Lilás Janaina Bezerra Vive serviu como local de acolhimento para as vítimas, mas também de espaço de poder popular, permitindo a organização política das mulheres em prol de lutar contra esse sistema que as oprime.

A Sala Lilás foi nomeada em homenagem à estudante de Jornalismo da UFPI que também foi vítima de feminicídio, cometido por um estudante da universidade durante a calourada, dentro do campus. O centro de referência foi despejado pela USP dias antes do início das aulas de 2025, sem que uma alternativa de medidas contra a insegurança das mulheres na universidade fosse oferecida, deixando, assim, as estudantes, professoras e funcionárias sem acolhimento.

Bruna Oliveira presente!

Frente a todo esse contexto de violência, as estudantes, professoras e funcionárias se organizam e cobram da universidade ações efetivas. A USP, e especialmente a EACH, devem se posicionar com firmeza junto ao poder público, exigindo medidas efetivas que promovam a segurança no entorno em que Bruna foi vítima desse brutal crime.

O DCE Livre da USP, por meio de militantes do Movimento de Mulheres Olga Benario, inicia uma campanha pela diplomação como mestra da Bruna Oliveira. Também, pela nomeação da sala de amamentação da EACH, em processo de reforma conquistado pelo movimento estudantil, em homenagem da estudante, que deixa seu filho.

Na última semana, as estudantes e professoras da pós-graduação organizaram uma reunião para debater a continuidade da luta por justiça e contra a violência a que as mulheres estão sujeitas. Com isso, foi realizado um ato em memória de Bruna e por justiça. A manifestação aconteceu na estação Itaquera e contou com a presença da mãe da estudante, além de familiares e amigos, que receberam a solidariedade das mulheres trabalhadoras.