companheiras do Movimento Olga Benario. Só a luta garante direitos e conquistas. Foto: JAV-PR
Inaugurada no dia 25 de julho, Dia das Mulheres Negras, Latino-Americanas e Caribenhas, a atividade faz parte de uma campanha nacional de homenagem e memória a Gabriela Mariel, trabalhadora negra e militante do Movimento Olga, que foi vítima de feminicídio.
Redação PR
MULHERES- O Movimento de Mulheres Olga Benario realizou uma nova ocupação na capital paranaense, fundando a Casa de Referência da Mulher Enedina Marques. Localizada no Centro de Curitiba, na Rua Padre Antônio, 33, o objetivo do movimento é construir um centro de referência para atender mulheres em situação de violência.
A ocupação foi organizada em um espaço abandonado há quase 10 anos e que não cumpria função social, e é a 30ª casa construída pelo movimento no país. Inaugurada no dia 25 de julho, Dia das Mulheres Negras, Latino-Americanas e Caribenhas, a atividade faz parte de uma campanha nacional de homenagem e memória a Gabriela Mariel, trabalhadora negra e militante do Movimento Olga, que foi vítima de feminicídio.
Após a primeira ocupação do movimento na capital, a quantidade de mulheres em situação de violência atendidas de forma voluntária mais do que dobrou, e os registros de violência só aumentam: o estado do Paraná, segundo dados do Laboratório de Estudos de Feminicídio da UEL (Lesfem), é o segundo estado em número de feminicídios no país.
Essa realidade de opressão não é combatida de forma eficaz através de políticas públicas. Segundo Emily Kaiser, coordenadora nacional do movimento, “os serviços existentes ficam disponíveis apenas em horário comercial, em alguns dias menos. A Delegacia de Curitiba, única no estado com atendimento 24 horas, funciona com serviços reduzidos, a depender do horário em que a vítima for. O atendimento da CMB (Casa da Mulher Brasileira) se restringe aos residentes da cidade de Curitiba, e só existe acolhimento em risco de morte iminente.”
A forma como se organiza a sociedade, através da propriedade privada e com bases racistas e escravocratas, não permite que milhões de mulheres negras possam viver uma vida com dignidade. Mais de 60% das famílias monoparentais e em situação de fome no Brasil são chefiadas por mulheres negras. Em 2023, quase 70% dos casos de feminicídios registrados no país e mais de 50% dos casos de estupros foram contra mulheres pretas e pardas. “A luta das mulheres negras é fundamental para fazer enfrentamento à exploração e à opressão capitalistas, que segue, em pleno século XXI, tratando as mulheres negras e afro-latinas como a carne mais barata do mercado…”, relata Indira Xavier, coordenadora nacional do Movimento de Mulheres Olga Benario.
A homenageada, Enedina Marques, nasceu na cidade de Curitiba em 1913. Filha de uma família de lavradores do interior do estado, passou a sua infância trabalhando em casa de família com sua mãe, empregada doméstica. Foi alfabetizada e matriculada em uma escola particular pelo delegado que contratava os serviços de sua mãe, e rapidamente se destacou pela inteligência.
Em 1940, ingressou no curso de Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná e teve de enfrentar diversos obstáculos: registros históricos comprovam inúmeras perseguições a Enedina por parte de docentes, com reprovações arbitrárias e violências racistas dentro da sala de aula. Apesar das dificuldades, a aptidão para a produção científica e a disposição de lutar por um futuro diferente garantiu que fosse consagrada como a primeira mulher negra a se formar como engenheira no Brasil, em 1946.
Estudo na sede da UP-PE homenageou Fanon e Lumumba no mês do centenário desses dois importantes militantes da causa negra. Foto: Guilherme Miguel, FNR-PE.
A Frente Negra Revolucionária (FNR) em Pernambuco promoveu dia 20 de julho, no dia do centenário de Frantz Fanon, um estudo em sua homenagem, e debateu a atualidade do pensamento e da obra do revolucionário martinicano.
Clóvis Maia – Redação Pernambuco
LUTAS E HERÓIS DO POVO- Dia 20 de julho de 2025, o médico, psiquiatra, filósofo e revolucionário martinicano Frantz Fanon completaria cem anos. Para homenagear esse dia, a Frente Negra Revolucionária em Pernambuco realizou um estudo aberto do artigo “A morte de Lumumba: podíamos ter feito de outro modo?”, artigo publicado na revista Afrique Action, em fevereiro de 1961, um mês após o líder congolês ser assassinado a mando do imperialismo belga com apoio dos EUA.
O estudo foi uma dupla homenagem a esses dois revolucionários, já que Lumumba também teve seu centenário no dia dois de julho desse ano, e continuou a programação de atividades da FNR no estado. No artigo, Fanon tece uma crítica ao processo de golpe sofrido pelos congoleses com o assassinato de Lumumba, mas também aos organismos internacionais e aos agentes do imperialismo.
Quase como se estivesse falando do Brasil de 2025, Fanon denuncia como “senadores e deputados congoleses iam para os EUA” ou “líderes sindicalistas eram convidados para irem a Nova York” para traírem seu país. A crítica feita nesse artigo à ONU é uma prova da postura militante de Fanon e que serve para explicar, por exemplo, a inércia das agências mundiais no caso da Palestina. Segundo ele, “a ONU nunca foi capaz de resolver um único problema posto pelos homens pelo colonialismo, e sempre que interveio foi para ir em socorro da dominação colonialista do país opressor (…) a ONU é a carta jurídica que os interesses imperialistas utilizam quando a carta da força bruta não deu resultado”.
Um militante combativo
Frantz Fanon nasceu em 20 de julho de 1925 na Martinica, uma ilha no Caribe colonizada pela França. Tendo estudado medicina e se especializado em psiquiatria, militou na Frente de Libertação Nacional da Argélia, também colônia francesa, tendo sido expulso do país por sua militância. Infelizmente, ele é diagnosticado com leucemia, que interrompe sua contribuição aos coletivos de libertação nacional de diversos países africanos em que ele esteve. Fanon faleceu em seis de dezembro de 1961, com apenas 36 anos. Suas obras escritas tornaram-se referência mundial na luta anticolonial e antirracista.
O legado revolucionário da obra de Fanon
“Pele negra, máscaras brancas”, de 1952, foi apresentada na academia como sua tese de doutorado, porém foi rejeitada pelo seu “conteúdo”. Aqui, ele denuncia como a linguagem é usada para dominação e a violência, além dos males psíquicos trazidos nesse processo. A metáfora das máscaras, que temos que colocar em determinadas ocasiões, numa forma de adequação imposta pela cultura do colonizador, bem como suas normas e valores, tornou-se um manual de luta contra a imposição imperialista, pensamento esse que ele vai aprofundar em “Os condenados da terra” (1961), demonstrando como a violência da colonização é também uma violência psicológica e o racismo uma ferramenta de controle social, a ser combatido por meio da organização coletiva.
Fanon não titubeava ao defender que apenas uma revolução poderia pôr fim ao colonialismo. Para ele, o reforço da dignidade do povo negro, a autoestima e a identidade cultural eram importantes no processo de busca e reafirmação do sujeito em sua identidade, mas que o processo de tomada do poder, de forma organizada para uma transformação radical da sociedade, era algo que não se podia abrir mão. Fanon foi rebelde, revolucionário e, consequentemente, até o fim de sua vida. Sigamos o seu exemplo, como ele assinalou em seu artigo sobre Lumumba, para seguirmos “essa tendência perigosa para o imperialismo”, que é também sermos revolucionários.
Prefeitura mobilizou mais de 400 policiais em uma megaoperação que tem intimidado moradores no Loteamento Santa Terezinha em Porto Alegre.
Claudiane Lopes| Redação RS
Na manhã de sexta-feira (11) foi iniciada uma operação policial no Loteamento Santa Terezinha, antiga Vila dos Papeleiros, contando com 400 policiais, militares e civis, cavalaria, força tática e helicóptero, sob o pretexto de “combater e asfixiar o tráfico e outros crimes no local”.
A justificativa inicial seria cumprir 17 mandados de prisão por crimes de furto de cabos e tráfico de drogas, mas no mesmo dia, o tenente-coronel da Brigada Militar (polícia militar do RS), Hermes Völker, deu entrevista à mídia afirmando que “Essa é uma operação que se torna permanente, não sairemos mais do local. Permanecerá nossa base móvel, viatura da Força Tática, motos fazendo patrulhamento.”
De fato, a luta contra os crimes que roubam as vidas do povo trabalhador de diversas formas é uma luta legítima e popular. Mas o que os moradores do local têm relatado e vivenciado, passa muito dos limites de segurança pública e revela, mais uma vez, o uso do braço armado do Estado para intimidar a classe trabalhadora.
No início desta semana, por exemplo, circulou nas redes digitais um vídeo da prefeitura de Sebastião Melo “recolhendo”, por meio de equipamentos do DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Urbana), materiais de trabalho dos catadores que vivem no loteamento. Os ataques aos trabalhadores mais precarizados da cidade, os catadores e recicladores, não são novidade – Melo investiu milhões em lixeiras anti-catadores pela cidade recentemente.
Além disso, as escolas da região buscaram contato com as famílias pela ausência dos estudantes nas salas de aula. Ao entrar em contato, as denúncias dos estudantes e familiares são de que não conseguem sair de casa, pois quando precisam sair, sofrem vários tipos de abordagens e há o receio de que as casas sejam destruídas – assim como os materiais dos catadores estão sendo recolhidos.
As crianças e adolescentes não vão para a escola por medo do que pode estar acontecendo. O pai de uma criança da região próxima ao loteamento, que frequenta escolinha na região, relatou ao Jornal A Verdade que, no caminho para levar o filho à escola, tentou perguntar aos servidores da EPTC o que estava acontecendo, mas foi tratado com truculência e grosseria. Ao chegar na escola infantil, a turma que normalmente está cheia, não tinha mais que 5 crianças. As outras foram impedidas de sair de casa.
Não há dúvidas que o tráfico, sempre foi financiado e sustentado pela grande burguesia, e o crime organizado, se colocam como inimigos do povo trabalhador. Mas não há dúvidas, não há nada que justifique a busca de 17 foragidos pela presença de um contingente tão grande policial, a ponto de colocar medo em toda a população e impedir que saiam de casa.
Nesse sentido, é fundamental lembrar que o loteamento Santa Terezinha, a Vila dos Papeleiros, está situado em uma região de grande interesse de construtoras e do mercado imobiliário, o 4° Distrito. A região vem sofrendo um forte processo de gentrificação nos últimos anos, por meio da instalação de bares e empresas, com moradores, inclusive, deixando o bairro que viviam há anos pela elevação dos preços dos aluguéis.
Também é fundamental lembrar que essa mesma polícia, a Brigada Militar, esteve em 2024, em um dia de muito frio e muita chuva, realizando o despejo da Ocupação Sarah Domingues, construída principalmente por famílias que perderam tudo nas enchentes.
Enquanto comunistas e comprometidos com a libertação da classe trabalhadora, não podemos aceitar que do povo seja tirado seu direito de morar com dignidade, suas ferramentas de trabalho, sua chance de estudar.
Precisamos estar atentos e denunciar as violências cometidas contra os moradores do loteamento Santa Terezinha, e jamais aceitar que o que estão vivenciando seja tratado como menos do que violência. Precisamos organizar os trabalhadores deste e outros bairros, para poderem ter cada vez mais uma atuação mais forte, lutar contra as violências da Polícia Militar, de Eduardo Leite e de Sebastião Melo. Para poderem seguir o exemplo de lugares como a Ocupação Eliana Silva, em Belo Horizonte, onde a própria população organizada impede o crime e o tráfico no seu interior.
Atlas dos Conflitos no Campo Brasileiro publicado pela Comissão Pastoral da Terra registra cerca de 51 mil disputas por terra e água, além de casos de trabalho escravo, entre 1985 e 2023; Publicação é lançada em evento que marca o aniversário de 50 anos da organização ligada à Igreja Católica
Paula Bianchi| Repórter Brasil
Lançado nesta segunda-feira (21), o Atlas dos Conflitos no Campo Brasileiro revela o peso da Amazônia na geografia da violência agrária no país. Entre 1985 e 2023, a região concentrou quase metade (44%) dos 50.950 casos, segundo dados compilados pela CPT (Comissão Pastoral do Campo), responsável pela publicação. Desse total, 84% referem-se a disputas por terra, 8,9% a casos de trabalho escravo, e 7,1% a conflitos por água.
O documento foi lançado durante o 5º Congresso Nacional da entidade, realizado em São Luís (MA), em comemoração aos 50 anos de existência da pastoral ligada à Igreja Católica. Considerada a principal referência na produção de dados sobre conflitos por terra no país, a CPT é uma das mais importantes organizações em defesa da reforma agrária e da justiça social no campo.
Evento em São Luís (MA) marca os 50 anos da Comissão Pastoral da Terra (CPT), entidade ligada à Igreja Católica e referência em conflitos agrários no país (Foto: João Palhares/Articulação Agro é Fogo)
Segundo o Atlas, a Amazônia passou, desde 2008, a responder por mais da metade dos conflitos registrados anualmente. Em 2016, esse índice chegou a 57%. “A Amazônia é a região, por sua vez, para onde se expandiram nos últimos anos o agronegócio e a mineração, em muitos casos avançando sobre terras públicas e devolutas [áreas ainda sem destinação] com base na grilagem de terras e invasões, promovendo processos de expropriação de indígenas, quilombolas e camponeses”, explica um trecho do publicação.
Todos os dez municípios mais conflituosos do país ficam na chamada “Amazônia Legal” — sete deles no Pará, com destaque para Marabá (548 conflitos), São Félix do Xingu (394) e Altamira (288). Completam a lista Rio Branco, Porto Velho e Macapá.
Dos 5.570 municípios brasileiros, 2.969 (53,3%) registraram ao menos uma disputa por terra desde 1985, segundo a CPT. A maioria dos casos (60,9%) corresponde a reações contra ocupações ou posses. Já os atos dos movimentos sociais representam 22% do total: 8.944 ocupações (17,6%) e 1.152 acampamentos (2,3%).
A Amazônia também se destaca em relação ao número de assassinatos. Das 2.008 mortes por violência no campo registradas entre 1985 e 2023, 66,8% ocorreram nessa região, seguido de Nordeste (16,9%) e Centro-Sul (16,3%).
Cruzes em homenagem aos mortos do massacre de Eldorado dos Carajás, no sul do Pará (Foto: Fernando Martinho/Repórter Brasil)
O Pará foi o estado com maior número de casos de assassinatos (612), tentativas de assassinato (420) e ameaças de morte (1.597). Quando se trata dos massacres (entendidos pela CPT quando há o assassinato de três ou mais pessoas em uma mesma ocasião), 50 episódios deixaram 259 pessoas mortas no Bioma Amazônia entre 1985 e 2022. O Pará é o estado não só com o maior número de ocorrências deste tipo (26), mas também de vítimas (125 pessoas).
Mais da metade dos conflitos vitimando indígenas aconteceu nos últimos cinco anos
Ao longo das quase quatro décadas cobertas pelo Atlas, os indígenas são a terceira categoria que mais sofreu ações de violência contra ocupação e posse, especialmente na Amazônia e no Centro-Sul, atrás apenas dos sem-terra e posseiros. Quase a totalidade dos conflitos é por terra (92%), enquanto os conflitos por água representam 8% — a maior parte envolve mineradoras e garimpeiros.
Entre 1985 e 2023, foram registrados 4.559 ocorrências de conflitos envolvendo povos indígenas. Mais da metade (2.501) aconteceu nos últimos cinco anos da série histórica.
“A análise destes dados nos mostra um crescimento dos conflitos e violências envolvendo os Povos Indígenas em todas as regiões do Brasil, com destaque para a Amazônia brasileira, em especial a partir de 2019”, explica a professora Roberta Aruzzo, professora de Geografia da UFRRJ e vice-coordenadora do Grupo de Pesquisa Geografias e Povos Indígenas (GeoPovos-UFRRJ), que coordenou a análise dos dados.
No recorte entre 2004 a 2023, a maior concentração de assassinatos ocorreu na Amazônia, com 71 casos (52%), seguida do Centro-Sul com 39 (28%) e do Nordeste com 25 (18%), totalizando 135 mortes de indígenas registradas pela CPT.
Falta de titulação de territórios quilombolas expõe comunidades
O Atlas também identifica uma escalada na violência contra a população quilombola. Entre 2000, quando a CPT passa a trabalhar com a categoria quilombola, e 2023 foram registradas 430 ameaças de morte contra essa população. Antes de 2000 os quilombolas estavam incluídos em outras categorias, como a de posseiros, por exemplo.
Os povos quilombolas estiveram envolvidos em 3.017 conflitos no campo nestes 24 anos. As ações dos movimentos quilombolas incluíram a formação de dois acampamentos e a realização de 74 ocupações e 216 manifestações neste período.
O território maranhense é o que concentra mais localidades quilombolas no país (2.025 áreas), assim como os conflitos nestas localidades (977 registros), seguido da Bahia, com 1.814 localidades e 339 conflitos. Minas Gerais aparece em terceiro lugar em localidades (979) e em conflitos (212).
“O Censo [do IBGE] ainda revela que apenas 4,3% dessa população reside em territórios já titulados no processo de regularização fundiária, o que demonstra a vulnerabilidade territorial e a imperativa r-existência quilombola”, diz a publicação.
Cerrado vê acirramento de conflitos devido a ‘neoextrativismo’
Os dados do Atlas também apontam para um acirramento dos conflitos no Cerrado nos últimos 20 anos da série histórica, em função do que a publicação chama de “neoextrativismo”.
“Nessa trajetória, o período entre 2008 e 2015 é especialmente relevante. Está marcado pela emergência e crescente consolidação no Cerrado do processo que o pensamento social crítico na América Latina consagrou como “neoextrativismo”, entendido como a ênfase em estratégias de desenvolvimento centradas na exportação de commodities, aprofundando a dependência e os conflitos territoriais nas fronteiras agrominerais”, explica Diana Aguiar, colaboradora da Campanha Nacional em Defesa do Cerrado e coordenadora da pesquisa temática sobre o bioma.
Sobre o Atlas
O Atlas foi elaborado em conjunto pelo Grupo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Geografia Agrária da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e pelo Laboratório de Estudos sobre Movimentos Sociais e Territorialidades da UFF (Universidade Federal Fluminense), com a contribuição de pesquisadores de diversas universidades do país em parceria com a CPT. O trabalho teve como base o registro contínuo de dados realizado pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduino (Cedoc), criado em 1985.
Casa Inês Etienne Romeu, que atende mulheres em situação de violência em Cabo Frio, na Região dos Lagos do RJ, foi despejada com violência a mando do prefeito Dr. Serginho (PL).
Redação RJ
MULHERES – Após mais de um ano e meio prestando serviços gratuitos a mulheres em situação de violência, a ocupação Casa Inês Etienne Romeu foi brutalmente despejada por forças da Polícia Militar a mando do prefeito fascista Dr. Serginho (PL). O espaço era organizado pelo Movimento de Mulheres Olga Benario e oferecia atendimento jurídico, psicológico e acolhimento para as mulheres em uma das cidades com mais violência contra a mulher no Rio de Janeiro.
Segundo o Instituto de Segurança Pública do RJ, apenas nos primeiros meses de 2025 houve um crescimento de 66,7% nos casos de violência sexual contra as mulheres na Região dos Lagos. A ação da prefeitura e da polícia, portanto, tem um impacto importante na piora desta situação.
“Cadê o prefeito para vir aqui na frente e gravar um vídeo e dizer que é inimigo da vida das mulheres? Onde está o prefeito de Cabo Frio, que diz que se importa com a vida das mulheres?”, afirmou Pétala Corman, uma das coordenadoras da ocupação alguns momentos antes do despejo violento.
Passeata após o despejo
Depois do despejo violento, as mulheres e movimentos sociais de Cabo Frio, que se encontravam em solidariedade desde a primeiras horas da manhã de hoje (24/07), realizaram uma passeata até a sede da prefeitura cabofriense.
Lá, a manifestação exigiu uma resposta imediata do prefeito fascista para atender a demanda das mulheres em situação de violência. As manifestantes deixaram os pertences da Casa Inês Etienne como forma de demonstrar o absurdo que foi a desocupação desse espaço de acolhimento.
Campinas registrou 13 feminicídios em 7 meses (2025), expondo a conivência da prefeitura com a escalada da violência de gênero. O despejo da Ocupação Maria Lúcia Petit Vive! e a precarização de serviços como a Casa da Mulher Campineira demonstram o descaso do Estado.
Lais Siqueira e Patty Kawaguchi | Redação SP
MULHERES – Treze casos de feminicídio já foram registrados nos primeiros sete meses de 2025, na região metropolitana de Campinas. Entre as vítimas, destaca-se Cristiane Laurito, servidora pública de Campinas, assassinada junto com seu bebê de dois meses pelo próprio companheiro, no município de Limeira, dia 6 de junho. No mês seguinte, Thamires Cristina Fumo, de 29 anos, além da adolescente Nicolly Fernanda Pogente, de 15 anos, foram morta em Hortolândia.
Paralelamente aos feminicídios, também cresce a violência praticada por agentes do Estado: em 21 de junho, um vídeo foi divulgado mostrando uma mãe sendo agredida com tapas por um policial militar em Valinhos — episódio que não é isolado.
Em 2024, ao menos outros dois casos de agressões cometidas por policiais militares contra mulheres foram registrados na região. Esses episódios escancaram a ausência de proteção efetiva e a atuação violenta de um Estado burguês que, ao invés de garantir segurança, perpetua o ciclo de violência.
Entre 2015 e 2024, menos de dez anos, o Brasil registrou 41.309 mortes violentas de mulheres. Só em 2024, foram registrados 1.450 feminicídios — o equivalente a quatro mulheres assassinadas por dia, de acordo com o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher, publicado pelo Ministério das Mulheres.
No interior a situação é ainda pior, como mostra pesquisa do DataFolha e Fórum Brasileiro de Segurança Pública: em 2022, 48% dos casos de violência foram sofridos em cidades no interior do país. Além de ser quase metade, esse dado se agrava quando associado ao fato de que as Secretarias de Políticas para as Mulheres estão presentes em apenas 18,3% dos municípios e somado à ausência ou oferecimento de poucos serviços voltados para o atendimento especializado para mulheres no interior, como Delegacia de Defesa da Mulher, casa de passagem, entre outros.
Campinas, como evidenciado, segue essa tendência nacional e apresenta dados igualmente preocupantes. Segundo o boletim mais recente do SISNOV (Sistema de Notificação de Violência em Campinas), de 2019 a 2023, foram registradas 5.041 notificações de violência na cidade e um recorde de estupros em 2024, com um aumento de 10% em relação a ano anterior.
Destaca-se ainda a subnotificação dos casos e a defasagem na divulgação dos dados — os mais recentes são de 2023, o que impede um diagnóstico atualizado da realidade municipal. Diante desse cenário, se faz urgente ampliar políticas públicas de enfrentamento à violência de gênero e fortalecer uma rede eficaz de acolhimento, proteção e garantia de direitos das mulheres.
A primeira Ocupação do Movimento de Mulheres Olga Benario no interior
Reunião de mulheres para organizar lutas na ocupação Maria Lúcia Petit Vive! (Foto: Reprodução)
Desde 2022, os núcleos do Movimento de Mulheres Olga Benariona cidade de Campinas realizaram as Patrulhas do Olga nos serviços como UPA, UBS, CRAS, CREAS, DDM, hospitais e demais equipamentos que compunham a rede de proteção a mulher da cidade, como o CEAMO (Centro de Apoio à Mulher) e o CAISM (Hospital da Mulher).
Por meio das conversas com as trabalhadoras desses equipamentos, em sua maioria mulheres, foram levantadas suas condições de trabalho: serviços com quadro de funcionários insuficiente, gerando filas para agendamento em equipamentos que deveriam ser porta aberta, sobrecarregando as trabalhadoras.
Foi perceptível também a insuficiência de serviços distribuídos pelo extenso território de Campinas que, segundo o censo de 2022, conta com uma população de 596.034 mulheres, sem contar o total da região metropolitana, que é composta por 19 outras cidades.
Além disso, tanto os horários de funcionamento dos equipamentos quanto sua localidade dificultam o acesso das mulheres trabalhadoras, visto que em sua maioria atendem em horário comercial e estão no centro da cidade e não nas periferias.
Em abril de 2023, as mulheres campineiras organizadas no Movimento Olga Benario ocuparam um imóvel abandonado há quase uma década e construíram nele a Ocupação de Mulheres Maria Lúcia Petit Vive!, primeira ocupação do movimento realizada em uma cidade do interior.
A ocupação resistiu a constantes ataques de fascistas, dos vereadores da extrema direita da cidade e do próprio sistema burguês. O proprietário do imóvel que nunca tinha dado importância para ele, lembrou que o tinha e entrou na justiça para promover o despejo.
Enquanto isso, as mulheres do Movimento Olga Benario, que é financiado pelo próprio povo, deram função social e vida ao espaço, utilizando-o para o acolhimento das vítimas de violência sem necessidade de apresentar boletim de ocorrência e principalmente para oferecer perspectiva de vida e transformação para as mulheres trabalhadoras, por meio de cursos, formações, rodas de conversa, atividades artísticas e culturais, contando com o apoio da população e parceria de diversos movimentos sociais da região.
A ocupação também cumpriu um papel fundamental de denúncia da falta de políticas públicas para as mulheres, que sempre foi uma pauta esquecida. A partir das lutas do Movimento Olga Benario e pressão popular, a prefeitura construiu a Casa da Mulher Campineira, local que unificou o CEAMO e outros serviços como Defensoria Pública.
Embora o serviço tenha insuficiências, como o movimento continua denunciando a partir das Patrulhas do Olga, foi uma vitória das mulheres trabalhadoras garantir um espaço com estrutura para o acolhimento.
No sistema capitalista o lucro está acima da vida das mulheres
Ato na prefeitura de Campinas após a reintegração de posse da Ocupação Maria Lúcia Petit Vive! (Foto: Reprodução)
Mesmo a Ocupação Maria Lúcia Petit Vive! atendendo centenas de mulheres, organizando mais dezenas em luta pela libertação da classe trabalhadora, a justiça burguesa, cujo principal interesse é o lucro, provou mais uma vez que não está a serviço do povo e que seu projeto político para as mulheres trabalhadoras do interior de São Paulo é a morte, a violência e a miséria.
A reintegração de posse foi autorizada em fevereiro de 2025, devolvendo o imóvel ao abandono. Até hoje, o proprietário nada fez além de apagar com tinta branca as paredes antes cobertas por artes de grafiteiras e colocar uma faixa de “Aluga-se”.
Desde 2023, a prefeitura prometeu ceder um imóvel para que a Rede Maria Lúcia Petit pudesse realizar os atendimentos das mulheres com melhor estrutura, visto o inegável trabalho do Movimento para as mulheres de Campinas. Porém, até hoje, após dois anos, o prefeito Dário Saadi (Republicanos) e seu vice, Wandão Almeida (PSB), não cumpriram a promessa.
É importante evidenciar que a cessão do imóvel só havia sido prometida após manifestações das mulheres, que ocuparam mais de uma vez o paço municipal. Sob palavras de ordem, agitações e denúncias a prefeitura foi obrigada a receber o movimento para iniciar as negociações.
Porém, enquanto o processo de reintegração de posse avançava, a prefeitura passou a recusar novas conversas. Chegou até mesmo ao ponto de fechar as portas do paço municipal para as mulheres, que tinham uma reunião agendada, impedindo assim a população de entrar no que deveria ser a casa do povo.
Enquanto isso, o número de feminicídios bate recordes na região e os serviços continuam sendo precarizados e terceirizados para as OSCs realizarem aquilo que é papel do Estado, priorizando o lucro. Não foi realizada contratação de mais profissionais para atender as mulheres. Na inauguração da Casa da Mulher Campineira, em julho de 2024, havia a promessa de ter uma Delegacia de Defesa da Mulher no local, mas depois de um ano nada aconteceu.
A realidade é uma: não faltam imóveis para a prefeitura, muito pelo contrário! Existem mais de mil imóveis públicos em estado de total abandono, e que poderiam cumprir a função de atender mulheres e diversas outras necessidades sociais, como habitação, restaurante popular, creches, lavanderias coletivas dentre tantas outras funções que seriam designadas se de fato a cidade fosse governada pelos trabalhadores e trabalhadoras. Também não falta dinheiro: a prefeitura tem um orçamento de R$ 11 bilhões, que não é investido nas reais necessidades da população.
Ou seja, é nítido que a vida das mulheres não é uma prioridade para esse sistema, mas sim a promoção da especulação imobiliária e a geração de lucro para a elite empresarial.
Mulheres organizadas lutam pela construção de uma sociedade sem opressão
Mesmo após o despejo da ocupação, o Movimento Olga Benario continua construindo a luta pelo fim da violência. A rede Maria Lúcia Petit não deixou de realizar o acolhimento de mulheres, as Patrulhas do Olga também foram retomadas e os núcleos do movimento continuam se reunindo com mais e mais mulheres que têm realizado diversas atividades em bairros da cidade onde as políticas públicas não chegam, mas o Movimento chega.
A cada panfletagem e atividade do Olga Benario mais mulheres se somam a esse movimento revolucionário. A única política pública possível para mudar a realidade de diversas mulheres, mães, estudantes, trabalhadoras, é a construção de uma sociedade em que a classe trabalhadora poderá usufruir de toda a riqueza que constrói, quando teremos cozinhas e lavanderias coletivas, em que o cuidado das crianças seja coletivo, em que nosso povo não passe fome enquanto os mercados jogam toneladas de comida fora apenas para uma minoria conseguir lucrar. Por isso, devemos nos organizar para construir essa sociedade sem exploração que é a sociedade socialista.
Curitibana negra, de uma família de empregadas domésticas, se consagrou como a primeira mulher negra a se formar como engenheira no Brasil.
Gabriela Torres | Redação Paraná
MULHERES – Enedina Marques nasceu na cidade de Curitiba em 1913. Filha de uma família de lavradores do interior do estado, passou a sua infância trabalhando em casa de família com sua mãe, empregada doméstica. Foi alfabetizada e matriculada em uma escola particular pelo delegado que contratava os serviços de sua mãe, e rapidamente se destacou pela inteligência.
Em 1940, ingressou no curso de Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná, e teve de enfrentar diversos obstáculos: registros históricos comprovam inúmeras perseguições à Enedina por parte de docentes, com reprovações arbitrárias e violências racistas dentro da sala de aula. Apesar das dificuldades, a aptidão para a produção científica e a disposição de lutar por um futuro diferente garantiu que fosse consagrada como a primeira mulher negra a se formar como engenheira no Brasil, em 1946.
Engenheira do povo
Em uma área de atuação considerada elitizada, Enedina se destacou e trabalhou como auxiliar na Secretaria de Estado de Viação e Obras públicas do Paraná, em 1947. Trabalhando com equipes majoritariamente brancas e masculinas, não se intimidava: costumava sair em campo de macacão e revólver na cintura, exigindo ser respeitada no seu posto. Assinou dezenas de obras que impactaram a vida dos trabalhadores paranaenses, como o Plano Hidrelétrico da Usina Capivari-Cachoeira, a maior central hidrelétrica subterrânea do sul, que aproveita os rios Capivari, Cachoeira e Iguaçu para abastecer áreas mais pobres do estado. Além disso, foi a responsável pelas obras da Casa do Estudante Universitário de Curitiba (CEU) e o Colégio Estadual do Paraná, uma das principais escolas públicas da capital curitibana.
Em um país onde a violência contra as mulheres negras é parte da política de Estado, o exemplo de Enedina Marques segue vivo, comprovando que o potencial das mulheres da classe trabalhadora com oportunidades e condições de se desenvolver profissional, acadêmica e espiritualmente é ilimitado. Porém, a forma como se organiza a sociedade, através da propriedade privada e com bases racistas e escravocratas, não permitem que milhões de mulheres pretas possam viver uma vida com dignidade. Mais de 60% das famílias monoparentais e em situação de fome no Brasil são chefiadas por mulheres negras. Em 2023, quase 70% dos casos de feminicídios registrados no país e mais de 50% dos casos de estupros foram contra mulheres pretas e pardas. “A luta das mulheres negras é fundamental para fazer enfrentamento à exploração e à opressão capitalistas, que segue, em pleno século XXI tratando as mulheres negras e afro-latinas como a carne mais barata do mercado…”, relata Indira Xavier, coordenadora nacional do Movimento de Mulheres Olga Benario.
Polícia Militar assassina jovem em comunidade natalense. O caso é o segundo registrado apenas neste ano na cidade de Natal, gerando revolta na população
Redação RN
BRASIL – Nesta sexta (18), no início da tarde, a polícia militar (PM) fez uma operação no bairro de Mãe Luiza, uma das comunidades mais antigas da cidade de Natal (RN). Resultado dessa operação foi a morte de dois jovens, o que gerou revolta na população.
As polícias militares são a verdadeira expressão de como o Estado brasileiro trata o povo em nosso país. Instituição mantida com o único objetivo de oprimir o povo, em particular os mais pobres. Não há reforma, gestão ou mudança que acabe com essa realidade: a PM é uma máquina de matar pobre! Isso acontece porque é comandada pela “elite” bilionária, e assim realiza operações que impõem medo e terror à população periférica.
Instrumento da ditadura militar, as PMs serviram para ampliar a rede de perseguição, tortura, estupros, assassinatos, e ocultação de cadáveres. O modus operandi segue o mesmo e o inimigo é o povo pobre e preto.
Caso Adsom
O resultado que se ostentou nas coberturas de imprensa sobre a operação trouxe um revólver .38, e cerca de 10 zip Locks com substâncias análogas a drogas, que segundo a polícia foi apreendida na comunidade. Apesar da cobertura realizada por moradores que filmaram o ocorrido do morador rendido, desarmado ser fuzilado, a imprensa no estado do Rio Grande do Norte ignorou o material e adotou apenas as alegações da PM.
Segundo a PM, houve uma operação com trocas de tiros e que resultou na apreensão já citada de drogas e armamento. Porém, material em vídeo gravado por popular deixa nítido que se trata de uma alegação mentirosa. Importante lembrar que em 2019 foram apreendidas 39 Kg de cocaína, transportada em avião da Força Aérea Brasileira que transportava Bolsonaro, durante uma viagem. Sem mortes, nem se quer prisão durante o momento. O posicionamento histórico de falta de verdade da corporação coloca em jogo até mesmo os materiais ditos apreendidos na comunidade, se realmente houve alguma apreensão se quer, apenas com o objetivo de justificar as mortes e o terror das famílias.
O governo do estado de Fátima Bezerra (PT), ostenta estatísticas em segurança pública, reproduzindo a lógica de que a solução para segurança pública passa por ter um aparato repressivo cada vez maior. Mas o que cresce é a violência contra o povo pobre. O que os trabalhadores e seus filhos precisam é de emprego, educação, moradia, esporte e cultura. A elevação do nível de vida dos trabalhadores é a melhor arma para desmantelar a violência urbana. Enquanto os trabalhadores da educação não recebem seus retroativos, a PM segue utilizando armamentos novos, caríssimos, mas sem câmera nos fardamentos e agem contra a população trabalhadora.
Repressão da polícia é consequência da luta de classes
Vale lembrar que a mesma polícia também matou Giovanne Gabriel em 2019, dois jovens trabalhadores no Beira Rio em 2024 e Bárbara no Passo da Pátria já esse ano, e agora mais 2 em mãe Luiza, além disso dezenas de outros casos que não foram filmados ou tidos como públicos, como sabemos, contando com a colaboração da imprensa para esconder esses.
Ainda denunciado em perfil organizado por família e amigos nas redes digitais para denunciar o caso, trás áudio dos policiais zombando dos jovens ao serem assassinados, e traz relatos de moradores que levaram balas perdidas mas nunca chegaram a denunciar por medo ou silenciamento. Além disso, ainda nesse último caso a polícia chegou a arrombar a casa de um morador e utilizar para se esconder, a fim de assustar o morador que passar pelo local e realizar a abordagem, que levou a morte de Adsom.
Os bairros periféricos, em particular, costeiros como: Mãe Luiza, Passo da Pátria, Praia do Meio e Redinha, são localizados em locais de interesses imobiliários. Após o último plano diretor, está autorizado a construção de prédios arranha céus, dessa forma é interesse que a zona se desvalorize, seja facilmente vendida ao setor para que realizem a construção, a falta de estrutura e a crescente violência, contribuem para isso.
Justiça por Adsom e por todos os nossos!
Cada operação e morte como essas, representam uma perda irreparável, afetando o psicológico de moradores, familiares e amigos, causando um impacto incontável. Apenas denunciar, apesar de importante, não é o suficiente, é necessário construir uma luta permanente para a solução do problema, a polícia tem em suas bases o racismo, e reformar apenas não solucionará.
Para que se acabem essas mortes, a raiz do problema está a quem elas representam, como dito: a polícia representando o estado, e o estado é comandado pela “elite” bilionária, que representam menos de 1% da população, mas se mantém as famílias desde império. A solução para por um fim a isso é com quem ela não obedeça e sirva aos bilionários, mas sim aos trabalhadores, para isso, nós trabalhadores, moradores de bairros pobres, negros, indígenas e toda a população, devemos nos unir, construir um outro sistema no país.
Construir o socialismo, onde interesses como os citados no texto não possam existir, e haja punição exemplar aos policiais assassinos de hoje, e da ditadura empresarial militar. Nesse ano surgiu a Frente Negra Revolucionária (FNR) em todo o país, com o objetivo de organizar o povo preto pela luta de sua libertação, apontamos que somente após a organização e a luta, mudaremos essa realidade difícil e cruel.
Greve geral na Índia se espalhou por todo o país para exigir aumento salarial, redução da jornada de trabalho e denunciar as políticas neoliberais e antipopulares do governo Indiano.
Wildally Souza | São Paulo (SP)
Desde o último dia 9 de julho, milhares de trabalhadores da Índia constróem uma greve geral contra as políticas neoliberais do primeiro-ministro Narendra Modi, que promove privatização das empresas estatais, o desmantelamento do sistema de previdência social e a imposição de um novo regime de trabalho que visa eliminar os direitos de proteção no trabalho, o direito à negociação coletiva e à greve.
O ‘Bharat Bandh’ (‘India Fechada, em tradução livre’) foi convocado pelas maiores centrais sindicais do país, incluindo o Central de Sindicatos da Índia (CITU), a Federação Nacional de Sindicatos da Índia (INTUC) e a Federação Sindical de Toda a Índia (AITUC). Logo nas primeiras horas, mais de 5 milhões de pessoas já tinham aderido à greve. Hoje pela manhã, a mídia indiana falou num total de quase 260 milhões de pessoas.
Os trabalhadores denunciam que as políticas reacionárias do governo BBharatiya Janata Party (BJP), encabeçadas por Modi, intensificaram os desemprego, e aumentam os preços das commodities e por consequência, geram queda dos salários.
Greve teve adesão em todo país
De acordo com o site de notícias indiano Newsclick, trabalhadores de todos os setores da economia, desde bancos, empresas de telecomunicações, tecnologia da informação, etc., apoiaram a greve. A paralisação foi muito importante na indústria automobilística e nos principais cinturões industriais do país, na mineração de carvão, nos trabalhadores mais mal pagos e nos trabalhadores agrícolas onde a força de trabalho é majoritariamente feminina. Os trabalhadores do banco também se juntaram em massa, especialmente os do Banco da Índia, que o governo planeja privatizar ainda em 2025.
Mais de 35 milhões de motoristas de ônibus e caminhões apoiaram a paralisação e o transporte público nos principais centros urbanos ficou paralisado.
Houve protestos, bloqueios de estradas e rodovias, ferrovias paradas e manifestações em 482 distritos do país, onde centenas de milhares de pessoas compareceram. Estudantes de 60 universidades também se juntaram à greve.
Entre os trabalhadores do setor público da maioria dos departamentos do país, teve uma especial aderência à greve, desafiando as ameaças da presidência e dos governos locais e prefeituras que anunciaram medidas disciplinares, demissões e descontos salariais contra os que participassem da greve. Faixas como “viva a greve” e “greve é direito. Pague pelas suas ameaças” foram estendidas em prédios públicos.
A agência “Press Trust of India” também informou que no estado de Odisha, no leste da Índia, trabalhadores pararam o trânsito em algumas áreas, enquanto no estado de Kerala, no sul, as lojas, escritórios e escolas permaneceram fechadas, e as estradas pareciam desertas.
À um jornal local, A. Soudararajan, um líder sindical de Tamil Nadu, no sul da Índia, disse que a polícia já deteve pelo menos 30.000 trabalhadores que protestavam na última sexta-feira (12).
Apesar dos boletins quase que de hora em hora das centrais sindicais da Índia, a mídia burguesa internacional não notícia a greve dos trabalhadores da Índia e silenciam essa poderosa demonstração de força dos explorados.
Até mesmo filiais das grandes mídias na Índia se recusam a noticiar a mobilização grevista e quando pouco falam, dizem ser temporária e “fruto de descontentamento dos sindicatos”, mesmo com 250 milhões de pessoas nas ruas. A mídia brasileira, por sua vez, também nada falou.
A greve é a saída
Os trabalhadores dizem que só sairão das ruas quando as 17 reivindicações do fórum sindical grevista forem atendidas. Entre as reivindicações, estão a supressão dos contratos de trabalho temporários, o aumento de salário mínimo para 26.000 rúpias, a instalação da jornada de trabalho de até oito horas e melhoras no sistema de planos de aposentadorias e benefícios no país e os direitos básicos para os mais de 73 milhões de desempregados existentes no país, mais de 8% da força total de trabalho – número de desemprego mais alto em 50 anos. Os grupos de agricultores também querem que o governo aumente o preço mínimo de compra para exportação de trigo e arroz.
A única maneira de defender os direitos trabalhistas e derrotar os governos reacionários e neoliberais na Índia, no Brasil e em todo mundo é pela mobilização da classe trabalhadora, dos jovens e dos oprimidos. A greve é um direito legítimo dos trabalhadores. Os operários da Índia dão hoje exemplo do que deve ser feito pelos nossos direitos!
Romper com a política reformista e conciliadora e adotar um programa internacionalista para acabar com o sistema capitalista e o imperialismo é dever de todos os trabalhadores. Os operários em todo o mundo estão cansados de tanta exploração e retiradas de direitos, mas demonstram a cada nova greve e manifestação, que é possível vencer os exploradores e construir o poder popular.
Maior força de oposição ao imobilismo na União Nacional dos Estudantes (UNE), o Movimento Correnteza expressou a sua força com as intervenções durante todo o congresso e teve um crescimento de 40% no número de delegados.
Alexandre Ferreira e Guilherme Goya | Goiânia (GO)
Neste domingo (20), último dia de congresso, foi realizada a plenária final, onde as chapas candidatas à direção da entidade defenderam seus programas. A chapa de oposição, liderada pelo Movimento Correnteza, lançou Thais Rachel à presidência. Ela é estudante de Ciências Contábeis na UFRJ e, na última gestão da UNE, foi primeira vice-presidente da entidade.
O Movimento Correnteza foi a força que mais cresceu desde o último congresso. De 2023 para este ano, cresceu mais de 40% o número de delegados no congresso. Tendo uma grande representatividade de mais de 1200 estudantes de todas as regiões do país, de 23 estados e do Distrito Federal, a delegação contou com diretores dos principais Diretórios Centrais dos Estudantes do País e diversos estudantes de entidades de base.
Na defesa das teses, a oposição apresentou as propostas para a próxima gestão e apontou a necessidade da entidade sair do atual imobilismo que se encontra. Propondo que a UNE convoque uma jornada de lutas pelo fim de políticas como o arcabouço fiscal e o pagamento da dívida pública, que vem sufocando o orçamento das universidades públicas. O Movimento Correnteza defendeu mais permanência estudantil nas universidades, bandejões gratuitos, passe livre no transporte público para os estudantes, ampliação da lei de cotas e aumento geral das bolsas para um salário mínimo.
Segundo Thais Rachel, as últimas gestões da União Nacional dos Estudantes não têm honrado o histórico de luta da entidade, que enfrentou bravamente a ditadura militar. Prova disso é o distanciamento da UNE do dia a dia dos estudantes e a baixa mobilização para as lutas em defesa dos universitários. A partir da atuação de sua direção imobilista (PCdoB/PT), a entidade abaixa a cabeça para políticas econômicas do governo federal, como o arcabouço fiscal.
Thais também denuncia que a democracia interna da entidade tem se fragilizado. Esse setor tem adotado práticas antidemocráticas para garantir uma maioria artificial nos congressos e fóruns da UNE. Em várias universidades, os estudantes foram proibidos de inscrever chapas, e os grupos do imobilismo censuram a oposição, além de cometerem fraudes nas eleições EaD e impedirem o debate de ideias que sempre marcou o movimento estudantil.
Movimento Correnteza é a maior força de oposição ao imobilismo na UNE (Foto: Estefani Maciel/JAV)
Correnteza defende papel da UNE como ferramenta de luta dos estudantes
Ao fim do congresso, a candidata da oposição fez um balanço de que o Movimento Correnteza cumpriu um papel importante, honrando a vida e a luta de Welfesom, Leandro e Ana Letícia, militantes da organização que morreram a caminho de Goiânia (GO), em um trágico acidente.
“A gente consolidou metas muito importantes do nosso trabalho. Hoje, estamos encerrando aqui com a sensação de dever cumprido. Com certeza, fomos a bancada mais combativa e mais animada, apesar de toda a dor que vivemos com a perda dos nossos companheiros Welfesom, Leandro e Ana, que foram mortos a caminho daqui em um trágico acidente. Mesmo assim, a gente manteve a energia e a disposição, sabendo que seria o desejo dos companheiros que a gente honrasse o que eles viriam fazer aqui, que era lutar em defesa da educação, em defesa de uma UNE que se livrasse do imobilismo e que a gente pudesse usar a UNE como uma ferramenta da luta dos estudantes”, declarou.
Na avaliação de Thais Rachel, a tarefa do movimento após o congresso é voltar para as suas entidades e núcleos nas universidades, com o objetivo de aprofundar o acúmulo vivido em Goiânia.
“Agora, o nosso compromisso é voltar para as nossas bases, levar muito do que a gente debateu na nossa bancada de volta para os nossos Centros Acadêmicos e nossos DCEs, para a gente continuar tocando muita luta em todo o Brasil”, afirmou Thais.
O Congresso também foi um espaço importante de propaganda do marxismo-leninismo para o conjunto dos estudantes. Foi realizado uma grande brigada do Jornal A Verdade, na qual foram vendidos cerca de 2000 jornais e mais de 500 livros marxistas das Edições Manoel Lisboa, demonstrando o interesse da juventude em aprofundar seu conhecimento por uma teoria revolucionária.
Oposição cresce
Os estudantes, após a defesa das chapas, se deslocaram para a votação nas urnas durante a tarde. A chapa de oposição fez 1147 votos no total, sendo que cerca de 700 votos vieram de delegados do Movimento Correnteza, um crescimento de 40% em relação ao último congresso. Além do Movimento Correnteza, participaram da chapa de oposição o PCBR, Juntos, PCB, PSTU, JCA, CST, Ecoar, Coletivo Movimento A Rua é Nóis, Ocupe.
O resultado consolida o Correnteza como a terceira maior força política dentro da União Nacional dos Estudantes e confirma o movimento como o principal dentro das universidades federais brasileiras.
Durante o 60° Congresso da UNE, estudantes de oposição defenderam a necessidade de eleger uma diretoria da UNE compromissada com a luta e com independência dos governos, cobrando o fim de políticas como o arcabouço fiscal.
Guilherme Goya | Goiânia (GO)
Desde a última quarta-feira (16), o 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (CONUNE) recebe cerca de 14 mil estudantes em Goiânia (GO). Depois de dias de debates e defesa de seus programas para a próxima gestão da entidade, os estudantes de oposição reafirmam a necessidade de construir uma UNE comprometida com as lutas da juventude brasileira.
Esta posição tem sido expressa nas falas de diversos delegados, que foram eleitos nas suas universidades nos últimos meses. A diretora de universidades públicas da UNE pelo Movimento Correnteza e também do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Beatriz Firmino, defendeu a luta contra o arcabouço fiscal do governo federal, que sufoca o orçamento das instituições públicas em todo o país.
“A gente sempre coloca nas nossas denúncias como a UNE tem deixado de lado as lutas de rua, a mobilização dos estudantes em uma entidade que há tantas décadas é responsável por tocar grandes lutas a nível nacional. Como temos colocado aqui, principalmente a luta pelo fim do arcabouço fiscal, que limita o nosso orçamento em detrimento de pagar juros para os banqueiros. Enquanto isso, as nossas universidades estão sucateadas e cada vez mais correndo risco de fechar as portas”, disse a estudante.
Uma das lideranças nacionais do movimento, Beatriz destacou a participação do Correnteza no 60º Congresso da UNE. Segundo ela, as intervenções políticas da oposição durante as mesas de debate e as defesas de suas teses tem conquistado as mentes de muitos estudantes em todo o evento.
“A nossa intervenção no congresso está sendo muito boa, até visualmente se expressa que somos a segunda maior bancada, a maior força de oposição do congresso. E tem sido bem importante, porque nós também acabamos ganhando os estudantes que vêm com os imobilistas, que muitas vezes vêm para o congresso sem saber do que se trata o CONUNE e se convertem para a nossa linha quando conhecem o que é de verdade o movimento estudantil e o que nós propomos para retomar a UNE para os estudantes”, afirmou.
A defesa de uma entidade que esteja comprometida com a luta tem sido expressa de norte a sul do Brasil. Muitos estudantes alinhados com o programa da oposição conheceram o movimento estudantil durante os meses que antecederam o congresso, e cresceram a disputa política contra o imobilismo de setores que hoje dirigem a União Nacional dos Estudantes, como as juventudes ligadas ao PT e ao PCdoB.
Na avaliação de Felipe Fontana, estudante da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Movimento Correnteza tem se destacado nas atividades do congresso, pautando a necessidade de eleger uma direção que rompa os caminhos do imobilismo.
“Tenho achado que o Movimento Correnteza é o que mais tem politizado o congresso e, sobretudo, é o que tem feito mais críticas justas ao governo federal, sem esquerdismo e nem tem sido pelego, como o campo do imobilismo”, disse o estudante.
Felipe é estudante de História e conheceu o movimento estudantil através de um colega. Desde então, passou a se organizar nas lutas de sua universidade.
“Eu conheci o Movimento Correnteza através de um colega meu. Então, tenho atuado no Correnteza desde que conheci ele, me organizando tanto para a eleição do CONUNE como nas lutas na universidade. Acho que o Correnteza é o que tem feito as melhores intervenções e desenvolvido a melhor política dentro do movimento estudantil”, falou.
Neste domingo (20), último dia de congresso, os estudantes votam para eleger a nova diretoria da UNE, que estará na gestão da entidade nos próximos dois anos. Maior força de oposição à direção imobilista na entidade, o Movimento Correnteza lançou Thais Rachel como candidata à presidenta.
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