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segunda-feira, 13 de outubro de 2025
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Povo Guarani-Kaiowá é atacado por fazendeiros, policiais e governo no Mato Grosso do Sul

Indígenas Guarani-Kaiowá lutam para retomar suas terras originárias enquanto são atacados por policiais, jagunços de fazendeiros e o governo estadual. 

Douglas Soares | Redação MS


BRASIL – No último dia 21 de setembro, os indígenas Guarani-Kaiowá retomaram a Fazenda Ipuitã, sobreposta à Terra Indígena (TI) Guyraroká, em Caarapó, para impedir pulverização de agrotóxicos e exigir a demarcação da área, que segue travada desde 2011 pelo STF. A prática de pulverizar veneno sobre terras e aldeias é recorrente, denunciada como genocídio continuado, como publicado no texto Povo Guarani-Kaiowá resiste em Douradina (MS) de setembro de 2024 do Jornal A Verdade.

Na segunda-feira (22/9), a PM atacou a retomada. A Funai foi acionada, mas se recusou a enviar servidores, alegando falta de estrutura e risco. Na ausência da Funai, a Tropa de Choque realizou despejo sem ordem judicial, enquanto a Força Nacional nada fez. A Funai vergonhosamente só apareceu após o ataque.

Este foi o primeiro de uma série de ataques. Após o despejo ilegal, a comunidade deu 48 horas para os ruralistas suspenderem a pulverização. Sem resposta, voltou a ocupar a fazenda, sendo recebida a tiros por jagunços. Dois indígenas foram sequestrados e levados à sede da fazenda, sendo libertados após intervenção da comunidade.

Já a retomada Ñundi´a Ry Passo Piraju, na TI Dourados-Amambaipeguá III, em Porto Cambira, também no município de Caarapó, foi atacada a partir de terça (23/9). Sob o pretexto de “combater o tráfico”, o DOF e a Tropa de Choque cercaram a área e dispararam contra os indígenas. Desde então, ataques se alternam entre Guyraroká e Passo Piraju.

Em Guyraroká, destruíram o acampamento, enterraram comida, ferramentas, colchões e até dois cachorros vivos. “Isso pode ser um experimento: primeiro fazem com os animais, depois conosco”, relatou um membro da Comissão de Direitos Humanos ao CIMI (Conselho Indigenista Missionário).

Há quatro feridos, entre eles uma grávida de seis meses que passou mal com bombas de gás vencidas, inclusive sendo uma prática constante da PM-MS, como ocorrido em outras situações. O caso mais grave é de um homem baleado com tiros de borracha à queima-roupa. Ele se recusa a ir ao hospital devido ao histórico de racismo e prisões contra indígenas que buscam atendimento, como destacado pelo CIMI.

Enquanto isso, rádios locais incitam ódio e convidam a população a assistir aos ataques “de camarote”, num espetáculo de violência que lembra a Palestina, onde colonos nazi-sionistas fazem da barbárie um show.

A conciliação do Ministério dos Povos Indígenas não deve ser aceita

Nos dias 25 e 26/9/2025, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) reuniu-se emergencialmente com lideranças Guarani-Kaiowá, entidades indigenistas, órgãos de direitos humanos, Governo do Mato Grosso do Sul e a Secretaria de Justiça do MS. Ficou evidente a falta de preparo do MPI diante da gravidade da situação. Não houve enfrentamento aos crimes da PM-MS e da Secretaria de Segurança, comandada por Antonio Carlos Videira, indicado pelos governos dos ruralistas Reinaldo Azambuja (PSDB) e Eduardo Riedel (PSDB).

Vale destacar que a Polícia Militar não pode atuar de forma autônoma em terras indígenas ou retomadas, pois a retirada de indígenas depende de decisão da Justiça Federal, dado o interesse da União, e jamais para cumprir reintegrações sem mandado. Mas isso pouco importa para a Secretaria de Segurança Pública do MS, que viola tais questões com frequência.

Porém, o maior absurdo estaria por vir durante a própria reunião de quinta (25). Foi que, enquanto ocorria a reunião, helicópteros da PM e do DOF atacavam a TI Guyraroká. Nem durante a “conciliação” os ataques cessaram.

Além disso, o MPI, mesmo destacando a Força Nacional para estas situações, sempre o faz em número insuficiente, e só é destacado maior contingente após dias de graves violações. Na maioria das ocasiões, é uma viatura para duas retomadas. E a Força Nacional tem sua atuação muitas vezes apenas quando é conveniente, sendo seus agentes frequentemente coniventes com os ataques ilegais de jagunços e PM.

Ao fim da reunião, o MPI firmou acordo com o Governo Estadual. Mas como confiar, se enquanto se dialoga a PM continua atacando? Como esperado, no domingo (28), a tropa de choque voltou a agredir a comunidade em Guyraroká.

Segundo fontes anônimas, a solução proposta é oferecer terras próximas a Anaurilândia aos fazendeiros, em permuta. Ou seja, prova de que o crime compensa. O latifundiário ocupa, intoxica e destrói, e depois é recompensado com novas terras. Essa é a “dura” vida dos burgueses e latifundiários brasileiros.

A conciliação com o agronegócio

Caso essa medida de conciliação com o agronegócio ocorra, não será um caso isolado. Ao final de setembro de 2024, Governo Federal, Governo de Mato Grosso do Sul e fazendeiros firmaram, no STF, um acordo de R$ 146 milhões para indenizar “pelas benfeitorias” e pela terra nua os ocupantes da Terra Indígena Nhanderu Marangatu, do povo Guarani e Kaiowá. Só após a assinatura, o Estado restaurou o decreto de homologação suspenso desde 2005 em virtude de uma decisão monocrática do ministro Nelson Jobim. O território, marcado pela luta e violência, incluindo o assassinato de Marçal de Souza (1983) e, em 2024, de Neri Ramos da Silva, executado pela PM-MS em 18 de setembro.

Embora o STF tenha reconhecido em 2023, no julgamento do marco temporal, a indenização por “evento danoso”, condicionou sua aplicação a critérios como análise da boa-fé na ocupação e ausência de esbulho indígena, além de procedimento próprio ainda não regulamentado. No entanto, o acordo de 25 de setembro de 2024 ignorou essas exigências, criando insegurança jurídica e legitimando práticas que desconsideram décadas de violência, destruição ambiental e violações sofridas pelos Guarani e Kaiowá.

Na ocasião, o Governo Federal cravou como vitória dos povos indígenas, mas não havia nada a se comemorar, com a comunidade Nhanderu Marangatu em luto, sem a devida participação na negociação. E com um precedente perigoso criado para beneficiar quem só levou destruição ao povo Guarani Kaiowá.

Conciliação não é solução

Após os recentes ataques da Polícia Militar do MS contra retomadas e Terras Indígenas, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) segue numa linha conciliatória com o agronegócio e o Governo Estadual, comandado pelo latifundiário fascista Eduardo Riedel.

A criação do MPI foi um grande acerto do Governo Lula, fruto de uma demanda histórica dos povos indígenas, algo impensável em governos fascistas como o de Bolsonaro. No entanto, a postura atual do ministério é insuficiente diante da brutalidade das contradições no campo brasileiro, revelando que a solução real só virá por meio de um processo verdadeiramente revolucionário no Brasil.

Por isso, é necessário que o MPI urgentemente quebre com a sua linha conciliatória, responsabilize o governo do estado e seu secretário de segurança que segue a cartilha das SS. Que avance com urgência na discussão de inconstitucionalidade do Marco Temporal e não coloque na pauta do dia a indenização de perpetradores da violência.

Além disso, essas contradições só reafirmam o que os comunistas sempre avisaram, não é possível servir a interesses antagônicos, ou se está com o povo ou se está com a burguesia. Por isso, saudamos a luta do povo Guarani Kaiowá, que sabe que só o povo organizado em luta podemos transformar nossa realidade. Por isso, afirmamos que só seremos livres e soberanos com um governo revolucionário dos trabalhadores.

Greve geral na Itália em defesa do povo palestino

Confira a nota da Plataforma Comunista – Organização para o Partido Comunista do Proletariado da Itália sobre a greve geral dos trabalhadores italianos em defesa da Palestina e contra o genocídio em Gaza.


INTERNACIONAL – No último dia 22 de setembro, milhares de trabalhadores italianos aderiram à greve geral pelo fim do genocídio do povo palestino e pelo rompimento de todas as relações do país com o Estado terrorista de Israel. 

Com ampla participação de trabalhadores, jovens e mulheres das camadas populares, pelo menos 700 mil pessoas se somaram nas centenas de manifestações que ocorreram do norte a sul da Itália. Entre os participantes, muitos jovens, de todas as idades, até os mais novos, em suas primeiras experiências de luta.

Foram realizadas ações incisivas, como o bloqueio de portos (em Gênova, Livorno e Veneza), de estações ferroviárias (em Milão, Roma e Nápoles), de transportes públicos, bloqueios de rodovias (Turim-Milão, Florença-Bolonha) e estradas (Pisa), de escolas e universidades, desafiando a “lei de segurança” [1]. A máquina da indústria e dos transportes bélicos foi freada, com protestos em frente às sedes do conglomerado industrial bélico italiano Leonardo. Fotos do criminoso primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e de sua cúmplice, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, foram queimadas em diversos protestos. Foi intensa a resposta contra as forças repressivas que buscavam impedir os atos de massa com gás lacrimogêneo, jatos de água e investidas policiais.

O lema da greve foi “Bloqueemos tudo!” e se traduziu em ação concreta em muitas cidades, dentro de um dos maiores protestos realizados na Europa desde o início da agressão sionista em Gaza.

A mobilização ultrapassou as estimativas dos sindicatos de base que haviam convocado a greve. Milhares de ativistas políticos, sociais e estudantis contribuíram de forma espontânea para seu êxito, a ponto de, em algumas cidades, as mobilizações se estenderem até a noite. Em Livorno, os protestos contra o envio de armas a Israel continuam sem cessar.

Nas praças, foi expresso um forte sentimento de solidariedade ao povo palestino e em defesa da Sumud Flotilla. As massas também expressaram sua rejeição à política e à economia de guerra impostas pela OTAN, pela União Europeia e pelos grandes monopólios bélicos, aos cortes nos setores sociais e sanitários e à onipotência do capital financeiro que destrói Gaza e a vida de milhões de trabalhadoras e trabalhadores.

Os derrotados dessa jornada de luta foram, em primeiro lugar, o governo reacionário e filosionista (simpatizante do Sionismo) de Giorgia Meloni, que inicialmente ameaçou tomar medidas contra a greve e agora busca dissimular a participação evidente das massas; em segundo lugar, a falsa oposição burguesa e os dirigentes das confederações sindicais duramente criticados também pelos numerosos trabalhadores filiados que participaram da greve.

O diferencial da greve geral do dia 22 de setembro foi a vasta simpatia popular à causa palestina e a retomada da mobilização de massas na Itália. Com o despertar do movimento popular, emerge a necessidade de conectar estritamente a solidariedade ao povo palestino e a luta pela paz às reivindicações dos trabalhadores explorados em suas necessidades vitais e urgentes: trabalho, grandes aumentos de salários, saúde, direito e liberdade de luta.

Isso é de fundamental importância para favorecer a participação de amplos setores do proletariado, que precisam romper o cerco da ofensiva patronal e da trava imposta pelas burocracias sindicais. Nas fábricas e nos demais locais de trabalho, entre os demitidos, os empregados em lay-off, os precarizados, o descontentamento e a raiva crescem dia a dia e podem se transformar rapidamente em luta aberta contra o regime da exploração e da miséria.

A luta a ser desenvolvida não é “moral” ou “humanitária”, mas de grande significado político. É através da ligação entre a luta do proletariado organizado nas metrópoles capitalistas e a luta pela libertação dos povos e das nações oprimidas pelo imperialismo que se recolocará na mesa a questão da saída revolucionária da profunda crise de um sistema apodrecido desde as bases.

De extrema atualidade é a convergência em uma frente popular de caráter anti-imperialista, antifascista e antisionista, na qual o proletariado exerça a hegemonia, reunindo em torno de si as necessárias alianças de classe.

Uma frente de massas, que saiba dar expressão à solidariedade entre os povos na saída do bloco belicista da OTAN, na recusa do rearmamento, na desmobilização das bases militares estrangeiras, na retirada das tropas italianas do exterior; que lute contra qualquer envolvimento da Itália na guerra em curso na Ucrânia, a qual, sob a pressão dos contrastes entre Estados e monopólios imperialistas, pode lançar os povos no abismo de um conflito ainda mais amplo.

Para avançar por esse caminho, é necessário que os comunistas e os operários de vanguarda se unam na luta por um partido independente do proletariado, capaz de dar orientação revolucionária e internacionalista ao movimento operário e popular. Sem esse partido, a classe operária e as grandes massas se encontrarão política, ideológica e organizativamente desarmadas diante do desenvolvimento das contradições da época e das grandes batalhas que nos aguardam. 

Enquanto isso, os acontecimentos se aceleram e é necessário preparar-se para novas e mais decididas ações de luta de massas. Todos e todas a Roma, para a manifestação nacional de 4 de outubro! Avante na luta para salvar Gaza, por uma Palestina livre e independente, para derrubar o governo Meloni! 

23 de setembro de 2025.

Plataforma Comunista – Organização para o Partido Comunista do Proletariado da Itália

Nota:

[1] Lei imposta recentemente pelo governo Meloni, contendo medidas fascistas e racistas destinadas a limitar as liberdades democráticas dos trabalhadores e a intensificar a repressão contra o movimento de oposição social e política.

80 famílias ameaçadas de despejo em prédio com dívida de R$ 5,6 milhões no DF

Com dívida milionária e após 15 anos de abandono, um prédio em Taguatinga virou lar para 80 famílias organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Mas, mesmo depois de reconhecer o interesse social da ocupação, a Justiça do DF voltou atrás e autorizou a reintegração de posse, aprofundando a insegurança habitacional em uma região marcada pelo déficit de moradias.

Redação DF


LUTA POPULAR – O Juiz da Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do Distrito Federal, Carlos Maroja, decretou nesta quinta-feira (26) a reintegração de posse do imóvel ocupado pela Ocupação Expedito Xavier, no Setor Hoteleiro de Taguatinga Sul. A decisão, contraria despacho anterior do próprio juiz dias antes, que havia reconhecido o interesse social da ocupação e marcado audiência de conciliação para o próximo dia 10 de outubro.

A ocupação, que renasceu no dia 7 de setembro pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), abriga cerca de 80 famílias. O prédio estava abandonado havia mais de 15 anos e pertence a um proprietário que acumula dívidas superiores a R$ 5,6 milhões, valor maior do que o próprio imóvel. Desde a chegada das famílias, que reconhecem a ocupação como lar, o espaço passou a abrigar atividades comunitárias, culturais, esportivas e educativas, além de uma creche e uma cozinha coletiva.

Contradição judicial

Na decisão publicada no início da semana, o juiz havia negado o pedido de reintegração de posse, considerando que o imóvel não cumpria sua função social e que a ocupação se mostrava legítima. Entretanto, o novo despacho afirma que o prédio estaria em reforma e que a permanência das famílias representaria “risco à vida e à integridade física de pessoas”, determinando a retirada imediata.

Para a advogada da ocupação, Laura Ingrid, a decisão ignora a realidade: “O prédio permaneceu abandonado por 15 anos, sem qualquer função social. Foi somente com a chegada das famílias que o espaço ganhou vida comunitária, com atividades culturais, educativas e de solidariedade”.

A realidade das famílias

Juliana, de 74 anos, resume a luta: “Só Deus sabe o que eu sofri. Nunca morei numa casa minha, desde que saí da casa do meu pai. Sempre trabalhei, sempre lutei, mas nunca consegui ter um teto próprio”.

Para Ellica Ramona, coordenadora do MLB, os números revelam a urgência da mobilização: “No Brasil existem 18 milhões de imóveis abandonados e 8 milhões de famílias sem teto. A Ocupação Expedito Xavier nasceu para enfrentar essa realidade. Já temos creche, cozinha coletiva e mutirões constantes para recuperar um imóvel que estava abandonado há mais de 15 anos”.

Famílias seguirão resistindo

Apesar da decisão judicial, as famílias organizadas prometem resistir. Um ato público em apoio à ocupação está marcado para o dia 27 de setembro, às 15h, no próprio local. Durante o fim de semana, estão previstas oficinas, rodas de conversa, exposições e atividades culturais.

A ocupação segue aberta à comunidade e recebe doações de alimentos, roupas, materiais de limpeza e serviços voluntários. As contribuições podem ser entregues no endereço – Setor Hoteleiro Taguatinga Sul, a 900 metros da Praça do Relógio, ao lado da Escola Único – ou via Pix: ocupacaoexpedito@gmail.com.

Trabalhadores sofrem com a péssima situação do transporte intermunicipal em Pernambuco.

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Se a situação do transporte coletivo na região metropolitana já é terrível, no interior do estado a situação é ainda pior: passagens caras, estradas ruins, insegurança e rotas que dificultam a vida da classe trabalhadora ainda mais.  

Isabella Morais e Clóvis Maia | Redação Pernambuco


BRASIL- Dentro do sistema capitalista tudo vira mercadoria e visa apenas o lucro de uma minoria. Quando o tal do lucro é ameaçado, vemos medidas ainda mais mesquinhas sendo tomadas para manter esse individualismo. É assim que podemos resumir bem a situação do transporte intermunicipal em Pernambuco e nas grandes cidades do país.  Mesmo com milhares de trabalhadores precisando fazer uso do transporte intermunicipal na zona da mata, agreste e Sertão Pernambucano, seja para estudar, trabalhar ou mesmo para fazer um lazer cultural, temos visto uma outra realidade.

Empresas responsáveis pelo transporte para o interior estão defasando o serviço, o que deixou 80 cidades do interior com linhas de ônibus suspensas, horários reduzidos, frotas diminuídas, mais de 2 mil trabalhadores desempregados e paisagens mais caras. Tudo isso porque o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Passageiros de Pernambuco (SERPE), está pressionando o governo estadual para obter subsídios, isenções e garantias de manutenção de seus lucros com dinheiro público, enquanto oferecem um serviço de péssima qualidade para os usuários, que pagam pelo prejuízo.

O transporte intermunicipal é operado por sete empresas (Progresso, 1002, Borborema, Rodotur, Astrotur, Coletivos, Joalina e Logo Transporte) que transportam 1,3 milhão de passageiros por mês, segundo informações do próprio sindicato. Mas na verdade, o que se tem em jogo é a manutenção de um velho monopólio, onde famílias tradicionais locais repartem entre si a região para continuarem mantendo seus lucros.

Governo do estado não tem proposta de melhoria para o transporte intermunicipal

 De família ligada a empresas de transporte, a governadora Raquel Lyra (PSD), entregou ao Progressistas (PP), de nomes como Ciro Nogueira, a direção do Departamento Estadual de Transito (DETRAN), o mesmo partido que, coincidentemente, tinha indicado também a presidência da Companhia Brasileira de Trens Urbanos do Recife (CBTU-Recife), ambos cargos indicados por Eduardo da Fonte, figura conhecida da extrema-direita pernambucana. Enquanto isso a classe trabalhadora tem que pagar passagens caras, em ônibus sucateados e de péssimas qualidades e sem segurança.

Empresas como a Progresso, por exemplo, é uma das mais denunciadas no Procon em Pernambuco, e cobram passagens que custam R$240, em média, de Recife para Petrolina, ou R$130 para Serra Talhada, outro polo educacional no estado, que possui grande média de passageiros que estudam ou trabalham na cidade e região. Enquanto a governadora segue sucateando o transporte coletivo na região metropolitana- sem melhoria nos serviços e ainda subsidiando empresários com milhões dos cofres públicos-  e tenta privatizar o metrô com apoio do governo Lula, temos que pagar o prejuízo de um transporte intermunicipal também sucateado. É sempre assim no capitalismo: socializam o prejuízo e privatizam o lucro. Por isso, quando os movimentos que compõem a Unidade Popular defendem tarifa zero, auditoria nos contratos dessas empresas e passe livre para estudantes e desempregados tentam esconder de todo jeito essas propostas. Na cara dura, os mesmos parlamentares e empresários que defendem a PEC da bandidagem ou são financiados com dinheiro público apresentam que a única solução é privatizar tudo. Querem, de toda forma, negar ao povo o acesso a essas informações e conhecimento.

Mas não é nada justo continuarmos sofrendo com um transporte de péssima qualidade para enriquecer um punhado de empresários e seus lacaios. Enquanto isso, usando a desculpa de que o transporte alternativo tem atrapalhado o serviço, os empresários oferecem um serviço sucateado, chantageando o poder público para obter mais lucros, igualando as mesmas benesses do já precarizado transporte coletivo da região metropolitana, que está longe de ser público, ao contrário, no capitalismo, só aumenta a possibilidade de adoecimento para a classe trabalhadora e mais lucros para uma elite, que ironicamente, simplesmente não usa o serviço que eles mesmos oferecem.

Estudantes da UnB relatam precarização falta de aulas por ausência de vigilantes

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Cortes no orçamento, terceirização e sucateamento dos serviços impactam diretamente a vida acadêmica da UnB, que registra falta de aulas por conta de não haver vigilantes.

Pedro Gheventer | Brasília 


EDUCAÇÃO – Na noite do dia 3 de setembro, estudantes do Departamento de Música da Universidade de Brasília (UnB) foram surpreendidos ao encontrar as salas de aula e o auditório trancados. Por mais de uma hora, alunos e professores permaneceram do lado de fora, aguardando a chegada de um vigilante noturno que pudesse destrancar os espaços. A demora resultou no cancelamento de diversas aulas. 

“A gente precisa vir para universidade tarde da noite para a aula, mas quando chegamos a sala está trancada. Ninguém vem dar satisfação sobre o que aconteceu, nenhum aviso é dado, nem os professores são avisados. É muito ruim essa situação de precarização”, relatou um estudante que preferiu não se identificar.

O episódio não é isolado, mas reflete um processo mais amplo e crescente de sucateamento da educação pública no Brasil. Nos últimos anos, cortes sucessivos no orçamento federal têm impactado diretamente a UnB, que hoje opera com serviços terceirizados em diversas áreas, incluindo segurança. Sem número suficiente de trabalhadores para atender a todas as demandas, falhas como a de quarta-feira tendem a ser mais frequentes.

Outro estudante, que também pediu para não ser identificado, reforça que a situação evidencia um problema mais profundo: as péssimas condições de trabalho dos funcionários terceirizados.

“Essa questão da precarização tem muito a ver com a situação do trabalhador. Provavelmente aconteceu alguma coisa séria com o vigilante, mas a gente não tem como saber. O trabalhador terceirizado não está nas mesmas condições que um servidor público, e isso acaba impactando diretamente no funcionamento da universidade”, afirma.

Para além da defesa do acesso à universidade, dentro de um cenário em que as políticas federais de fomento ao ensino superior privilegiam os principais grupos universitários privados, é urgente abrir o debate sobre as condições de trabalho de quem garante o funcionamento do espaço da universidade pública. Trabalhadores terceirizados enfrentam remuneração insuficiente, menos direitos trabalhistas e maior rotatividade, o que gera instabilidade para toda a comunidade acadêmica.

Em uma sociedade que privilegia o lucro de poucos em detrimento do direito de muitos, o resultado é um cotidiano marcado por insegurança, atrasos e salas trancadas — uma metáfora cruel para os obstáculos que os estudantes enfrentam.

Estudar é um direito, não um privilégio. A luta por uma universidade pública, gratuita, democrática e de qualidade depende da organização coletiva dos estudantes, professores e trabalhadores.

Técnicos da UnB lutam contra possível perda salarial

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Servidores técnicos da UnB temem perder até 26,05% de seus salários com a possível absorção da Unidade de Referência Padrão (URP), apesar de decisão anterior do STF favorável à manutenção do pagamento. A incerteza levou à greve, já em curso há quase seis meses, e intensificou críticas ao governo federal.

Hugo Costa e Marcus Carneiro | Brasília


TRABALHADOR UNIDO – As famílias de mais de 6 mil servidores técnicos administrativos da Fundação Universidade de Brasília (FUB) estão apreensivas pelo futuro de suas casas. Após reviravoltas jurídicas e pressões de órgãos externos, elas correm o iminente risco de ver desaparecer parcela que corresponde a até 26,05% de suas rendas. Isso ocorreria com a absorção da URP, que integra os salários de trabalhadores ativos e aposentados da UnB desde 1991. 

A absorção é defendida pela Advocacia Geral da União (AGU), amparada em entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU). A sinalização é a de que a URP, já congelada desde 2019 com valores de 2016, pode ser absorvida até ser zerada a partir de reajustes da categoria, que está entre as mais mal remuneradas do governo federal. O temor é que até mesmo o reajuste de 9% recebido este ano seja incluído na conta. 

“Na minha renda, uma possível perda da URP representa corte em alimentação e saúde”, lamenta o assistente em administração Magno Assis, servidor há 32 anos e símbolo da promoção de arte e da cultura na universidade. Para o técnico de laboratório Filipe Barbalho, o não recebimento “significa a perda do planejamento e da possibilidade de ter uma reserva para emergências”. Em atividade na UnB há um ano e meio, ele almeja contar pela primeira vez com o percentual e desafogar as contas da casa em que é o principal provedor financeiro.  

O que afeta ainda mais os ânimos dos técnicos é a sensação de injustiça e insegurança jurídica. Em 2024, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, de forma unânime, pela continuidade do pagamento dos 26,05%. Também sem votos contrários, o colegiado rejeitou embargos apresentados pela AGU. A categoria comemorou a decisão, que transitou em julgado, e ansiava pela retomada do pagamento integral. Há quatro meses, entretanto, uma decisão do ministro Gilmar Mendes, relator do processo, admitiu a possibilidade de absorções e vetou a inclusão da rubrica aos contracheques de admitidos após setembro de 2023. 

O entendimento foi expresso em resposta a requerimento do Sindicato dos Trabalhadores da FUB (Sintfub), que demandava a integralidade do pagamento dos 26,05% a servidores ativos e inativos e pensionistas. “Causa surpresa um mandado de segurança que foi deferido nos termos dos pedidos, tenha uma decisão limitando os efeitos ao trânsito em julgado”, avaliou a assessoria jurídica do sindicato, que já apresentou novo recurso ao STF.  

Em meio às idas e vindas processuais, a categoria tem se mobilizado para conseguir dialogar com as partes em busca de um desfecho que assegure a manutenção da renda. Em 18 de agosto, despacho de Gilmar Mendes apontou para a possibilidade da busca de uma solução mediada pelo Núcleo de Solução Consensual de Conflitos (Nusol) do STF. As partes têm 30 dias para se manifestar sobre o interesse no processo conciliatório.   

Greve: a UnB não pode passar fome

As angústias dessas incertezas culminaram numa greve que une servidores e impacta o cotidiano da UnB há quase seis meses. “As mobilizações e greves de técnicos na UnB são exemplos para as demais categorias. Obviamente, me refiro às que acompanhei e participei, mas as greves de técnicos sempre foram muito fortes, nasceram do anseio da base e contam com grande adesão da categoria”, afirma a bióloga Carla Vizotto, uma das vozes mais ativas no comando do atual movimento paredista. 

Vizotto percebe desgastes no prolongamento da luta e critica os desdobramentos do que avalia como quebra de princípios de segurança jurídica e de confiança legítima. “A situação se aproxima do surreal, em que após ‘ganhar’ a causa, os técnicos da UnB ficaram em condição pior do que aquela em que estavam quando o processo ainda não havia sido julgado”, diz a servidora, que integra o corpo técnico da universidade há 17 anos. Ela reconhece o envolvimento da administração superior da UnB na busca por soluções para a causa, com “atuação institucional, dentro dos seus limites”. 

“Aprofundando nas relações de confiança, os técnicos veem enfraquecido o vínculo com o governo eleito com maioria de votos da categoria. Todas essas repercussões agravam ainda mais o cenário político na UnB e no DF, que sofre com pressões e ataques constantes do golpismo da extrema direita. Todas essas quebras de confiança dificultam a árdua missão de reconstrução de gestões democráticas e socialmente referenciadas nos próximos pleitos eleitorais”, analisa.

Nas assembleias semanais e nas dezenas de atos promovidos pelos técnicos, as críticas ao governo federal têm sido crescentemente notadas. Magno Assis emprega arte ao movimento e liderou manifestações com instalações e caminhadas performáticas com dizeres como “a UnB não pode passar fome”. Ele diz ainda acreditar no desfecho digno para essa história, mas lamenta a postura do governo federal, representado pela AGU. “O mais difícil é essa intransigência desse governo, que se diz ser do trabalhador e teve o apoio da educação. Parece que não é o mesmo governo que a gente elegeu”.

“Sala do Futuro” é a nova maneira do governo de São Paulo precarizar a educação

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O governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e seu secretário da educação, Ricardo Feder, impõe às escolas a plataformização das escolas através da “Sala do Futuro” enquanto milhares de jovens sofrem com a falta de professor e de estrutura.

Igor Teles | São Paulo


EDUCAÇÃO – Durante a pandemia do COVID-19, os estudantes secundaristas (principalmente ensino médio), sofreram com o Centro de Mídias São Paulo (CMSP), devido a diversos problemas como travamentos constantes das aulas e vídeos, atividades que não ensinavam e que excluíam os alunos que não tinham internet em casa ou que trabalhavam.

Agora, no ano de 2025, esses mesmos estudantes se deparam com a plataforma digital “Sala do Futuro”; que é descrita pelos seus próprios responsáveis, a Secretaria de Educação de SP (SEDUC), como: “o novo App completo para organizar o dia a dia dos alunos, professores e responsáveis na rede estadual de escolas de São Paulo”.

Uma clara iniciativa do governo estadual e da SEDUC de impor a iniciativa privada às salas de aula e avançar ainda mais em seu projeto privatista.

Feder quer transformar educação em mercadoria

Todo esse processo mais agressivo de plataformização começou quando  o governador Tarcísio nomeou Renato Feder, que não possui formação específica para dar aula, como Secretário da Educação do estado.

Feder já foi CEO (entre 2003 à 2018) da empresa Multilaser que fabrica eletroeletrônicos. Muitos tablets concedidos para os alunos da rede estadual são dessa mesma empresa que o atual Secretário da Educação já possuiu um cargo alto.

Apenas ano passado, quando se tornou obrigatório para professores aplicarem em sala de aula essas plataformas (como o Khan Academy, por exemplo), a SEDUC investiu quase 500 milhões de reais em plataformas digitais ignorando que, enquanto isso, nas escolas da rede estadual faltam de professores e estrutura adequada.

De acordo com uma nota técnica do Grupo Escola Pública e Democracia (Gepud) e a Rede Escola Pública e Universidade (REPU), após avaliar o desempenho dos estudantes no SARESP (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar de São Paulo), foi possível perceber que os aplicativos não melhoraram o desempenho dos alunos.

“A análise aponta a falta de transparência da Seduc-SP sobre o funcionamento e os conteúdos das ferramentas digitais”, aponta a nota técnica. Além de tirar a autonomia do professor, essas plataformas também possuem a mesma lógica das redes digitais em geral: coleta de dados.

Os estudantes não se rendem

As entidades estudantis do estado de SP, principalmente as dirigidas pelo Movimento Rebele-se, estão construindo jornadas de luta, passando nas escolas e em salas de aula. Os estudantes não só reprovam essas plataformas como querem que o orçamento da educação básica seja direcionado para a contratação de mais professores e a melhoria da estrutura escolar.

Enquanto o fascista e neoliberal Tarcísio de Freitas continua vendendo a educação e perpetuando sua política de sucateamento do serviço público em benefício dos grandes empresários, nós vamos continuar mobilizando os estudantes para ocuparem as ruas e exigir que a educação seja um direito e não mercadoria.

O único caminho possível aos estudantes de São Paulo e de todo o país que também têm suas escolas precarizadas é a luta. Cada estudante, secundarista, universitário, pais, mães e membros da comunidade escolar devem ir às ruas pelo direito de uma educação pública, emancipadora e de qualidade. Afinal, a verdadeira sala do futuro deve ser feita a partir das mãos dos estudantes e professores.

MLB realiza protesto no Recife (PE) contra despejo da ocupação Gregório Bezerra

A cidade do Recife amanheceu com um grande protesto na Avenida Recife das famílias organizadas pelo MLB e da ocupação Gregório Bezerra, que foram ameaçadas de despejo após o INSS pedir reintegração de posse do imóvel, que há mais de 10 anos estava abandonado e sem serventia alguma.

Clóvis Maia | Redação Pernambuco


LUTA POPULAR- Na manhã dessa quinta feira, 25 de setembro, as famílias da ocupação Gregório Bezerra, no Recife, realizaram junto ao Movimento de Luta nos Bairros, Vila e Favelas (MBL), um protesto para denunciar o pedido de reintegração de posse, movido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O pedido, aceito pela justiça de forma arbitrária, sem se quer ouvir o movimento, acusa as famílias mas não leva em consideração que o imóvel ocupado pelo MLB está abandonado há mais de 10 anos e sem cumprir função social alguma.

Diante da ameaça, as famílias da ocupação decidiram fechar a Avenida Recife e lembrar para as autoridades que o despejo não é a solução para os milhares de recifenses que simplesmente não tem onde morar. Segundo Natália Lúcia, que preside a Central de Movimentos Populares (CMP) em Pernambuco e é da coordenação nacional do MLB: “São mais de 200 famílias organizadas pelo MLB que estão lutando pelo direito de morar dignamente. O que estamos reivindicando é a doação do imóvel para construção de moradias. Essa ameaça de reintegração de posse é um absurdo. Temos uma audiência marcada para o dia 30, agora, onde iremos mostrar como estava o espaço antes, completamente abandonado, e hoje transformamos ele num espaço livre da fome. As famílias organizaram uma creche, uma cozinha coletiva, espaço de lazer e de vivencia, e estamos organizando eventos culturais de formação, educação e cultura para essas famílias. A ocupação é um exemplo real de que é possível transformar a cidade; basta colocar o povo pra decidir seu futuro.”

Em menos de 1 mês a ocupação fez mais pela sociedade recifense que o INSS nos últimos 10 anos em que o prédio do instituto esteve abandonado. Foto: Jesse Lisboa (JAV-PE) 

Déficit habitacional em Recife

O Nordeste é a segunda região com o maior déficit habitacional do Brasil, ou seja, famílias que não tem acesso a moradia adequada ou que vivem em condições precárias, pagando alugueis caros, morando em locais insalubres, sem água encanada, tratamento de esgoto ou perto de encostas e morros. Segundo dados da Pnad Contínua, de 2022, apontavam mais de 70 mil habitações com esse tipo de dificuldade. Governado pelo PSB, a capital do Recife não tem prioridade alguma quando se fala em moradia. O direito à moradia, que é assegurado pela constituição de 1988 e deveria ser garantido pelo estado está longe de ser uma realidade nesse sistema desigual e injusto.

Reforçando a disposição das famílias da ocupação, Natália reforça: “queria reforçar o convite a toda a população a se somar na solidariedade e conhecer a ocupação, que desde do dia 07 de setembro organizam a ocupação Gregório Bezerra por Palestina Livre que fica na Avenida Tapajós, 70, no bairro de Areias, Recife. Seguiremos o exemplo de Gregório Bezerra, que enfrentou toda forma de repressão e do povo palestino, que luta até hoje em defesa de suas terras e de sua história.”

Foto: Jesse Lisboa (JAV-PE)

Trabalhadores da CELESC em greve por salários e respeito

Trabalhadores das Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC) deflagraram greve em todo o estado em defesa dos seus direitos. Greve uniu sindicatos de várias categorias da empresa.

Redação SC


TRABALHADOR UNIDO – No dia 22 de setembro, trabalhadores da Celesc de toda Santa Catarina iniciaram mais uma greve. Dois dos pontos centrais das reivindicações são a isonomia de direitos e a estabilidade da estrutura sindical. A proposta do anuênio (reajuste anual do salário) de 1% para os novos trabalhadores, que já são mais da metade, foi negada pela diretoria, que não quis debater uma proposta concreta e equilibrada. Após cinco longas rodadas de negociação, a proposta final se manteve sem ganhos reais nem reajustes dos direitos sociais. 

Frente à intransigência da presidência indicada pelo governador Jorginho Mello (PL), o amplo conjunto de trabalhadores eletricitários, representados pela Intersindical dos Eletricitários de Santa Catarina (Intercel), entidade que reúne os sindicatos locais dos trabalhadores do setor, recusou a proposta rebaixada e aprova a deflagração da greve.

A Celesc é uma empresa estatal e patrimônio do povo catarinense, que se orgulha de possuir eficiência na prestação de serviço e possuir a segunda fatura de energia mais barata do país inteiro. Isto resulta do fato de ser uma empresa pública e que valoriza seus funcionários. Mas, desde 2016 os novos quadros vêm sofrendo cortes de direitos sistematicamente, até que a situação se tornou insuportável.

Solidariedade de classe

A proposta dos sindicatos é que todos contribuam com um pouco para que seja garantido o aumento salarial para aqueles que ingressaram na empresa depois de 2016. Cristiano Passos, militante do MLC e dirigente sindical do Sinergia (que representa os eletricitários da região de Florianópolis), relata: “o anuênio, que acrescenta ao salário do trabalhador 1% a cada ano, faz uma diferença tremenda na valorização e incentivo do funcionário. Mas à medida que o tempo foi passando, esse direito foi desaparecendo dos acordos coletivos. Hoje estamos em busca dessa conquista, pois 52% da empresa é desses empregados mais novos e que não têm esse direito.”

Ele ainda acrescenta: “Isso vem com base em muita luta: o sindicato fez uma proposta que diminuísse o reajuste em 0,25% de todos os trabalhadores para poder cobrir o anuênio dos mais novos. Eu que entrei em 2004 só fui receber o anuênio quando os trabalhadores em 2007 abriram mão de 0,33% de seus reajustes para poder cobrir o anuênio da minha geração. Agora é justíssimo demonstrar essa solidariedade também aos novos trabalhadores, por esse mesmo motivo”.

Enquanto a diretoria procura separar as categorias e colocar uns contra outros, trabalhadores conscientes agem com solidariedade e união, sem deixar ninguém para trás. 

As mais atingidas pela falta de isonomia são as mulheres, que trabalham em jornadas duplas ou triplas, lutando diariamente para garantir o sustento para si e seus filhos. Caroline, dirigente do Sinergia, afirma que a greve está sendo bem forte: “tem muitas mulheres paralisadas no estado inteiro. A gente sabe que essa falta de isonomia afeta muito elas. Tem muitas mães solo que são trabalhadoras na Celesc e elas precisam sustentar suas casas, suas famílias e dependem muito desses benefícios e do salário”.

Elaine, funcionária da Celesc desde 2014, que entrou na empresa em uma jornada de 20 horas semanais para cuidar da filha que sofre de asma crônica, afirma que a falta de sensibilidade dos diretores é reflexo da desigualdade salarial dentro da empresa.: “Desde que entrei, percebo que os diretores nunca deram o devido valor a nós, celesquianos. Sempre querem nos tirar os direitos já conquistados.” Ela acrescentou que o salário recebido não contempla as necessidades básicas:  “tinha um ditado popular, ‘a preço de banana’, mas hoje nem a banana é barata, tudo é caro. Frutas, verduras, hortifruti, carne. Isso acaba refletindo no que tu consegue pagar com o teu salário.” 

A atendente comercial ainda apresentou os desgastes que sofre no cargo. “O atendimento comercial é um trabalho predominantemente feminino. Eu sou mãe solo, sustento uma casa sozinha, e conheço a dificuldade daquelas que entraram na Celesc com um salário mais baixo.. Além disso, o novo sistema comercial que foi implementado gerou muitos erros: teve um dia que atendi a 180 clientes em 4 horas, muitos gritando. Ouvimos muitos relatos de agressões físicas e verbais, e vivemos isso tudo sem receber o reconhecimento que merecemos. Tem muitas famílias como eu que tem a sua saúde mental prejudicada por aguentar tudo isso. A isonomia de direitos é o mínimo,” relata Elaine.

Movimento grevista cresce

Um fato que surpreendeu foi que, somando-se à categoria majoritária da Celesc, no Dia Nacional do Técnico Industrial (23 de setembro), trabalhadores representados pelos sindicatos de técnicos industriais (Sintec), junto a sindicatos dos engenheiros (Senge), economistas (Sindecon) e químicos (Sindiquímica) anunciaram o início de sua participação na greve a partir do dia 25. Essa participação é inédita no passado recente.

“O Sintec é o segundo sindicato com mais trabalhadores na Celesc. Portanto, sua participação nessa greve é um elemento que agrega muita força ao movimento. Nós do MLC concorremos às eleições para direção do Sintec em 2024, com a primeira chapa de oposição de sua história. Fizemos uma votação muito expressiva nesta primeira participação. Hoje, avaliamos que não é coincidência esta nova movimentação de união sindical. Estamos contentes que nós técnicos finalmente podemos apresentar nossa solidariedade com a categoria majoritária, após anos de negociações paralelas, que segregam trabalhadores da empresa dos chamados ‘diferenciados’”, informa Jaime, da coordenação estadual do MLC. O referido movimento de oposição surgiu em meio a um profundo descontentamento da categoria, e sua proposta era de reorganizar os trabalhadores desacreditados da luta e voltar a crescer sua presença e força coletiva.

Organização é a chave

No presente movimento grevista os trabalhadores possuem a consciência de seus direitos, sabem apresentar suas reivindicações e escolhem bons momentos para desencadear as greves. Mas justamente para a vitória de todas as greves é necessário compreender que o estado capitalista é um instrumento de opressão contra os trabalhadores e se agrava quando nas mãos do fascismo.

Portanto, se organizar para enfrentar o fascismo, pois somente a organização das massas trabalhadoras é capaz de construir o poder verdadeiramente democrático. Esta é a única via que tornará possível garantir reestatizações, aumento na qualidade de vida, e trazer as riquezas socialmente produzidas para as mãos da classe trabalhadora.

Pressão popular na rua faz Senado rejeitar PEC da Impunidade

Senado rejeita PEC da Impunidade, aprovada pelos deputados para impedir investigações e processos judiciais contra parlamentares criminosos. Parlamento ainda não rejeitou proposta de anistia aos golpistas.

Felipe Annunziata | Redação


BRASIL – A Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal rejeitou por unanimidade a PEC da Impunidade. A rejeição dos senadores acontece uma semana depois dos deputados terem aprovado a proposta e também a urgência do projeto de anistia aos golpistas.

A PEC da Impunidade previa que deputados, senadores e presidentes de partido só poderiam ser processados e julgados com autorização do Parlamento. Na prática, era uma forma de impedir que políticos corruptos fossem processados e condenados na justiça.

Esta regra já vigorou no Brasil entre 1988 e 2001. Neste período a Câmara de Deputados recusou mais de 200 processos de corrupção contra deputados e aceitou apenas um, o que mostra qual o verdadeiro objetivo dos parlamentares.

Povo na rua derrubou PEC da Impunidade

O resultado de hoje é a primeira vitória das mobilizações populares deste domingo, 21 de setembro, em que mais de 600 mil pessoas foram às ruas contra a PEC e também o projeto de anistia aos golpistas.

Mesmo o parlamento sendo controlado por políticos de direita do chamado “Centrão” e com um bloco fascista grande, foi obrigado a rejeitar a proposta. Mais uma vez, fica provado que o povo organizado e em luta pode conquistar as pautas mais importantes para os trabalhadores.

Agora, a luta continua para enterrar também o PL da Anistia aos golpistas e também para garantir que as propostas que interessam de verdade à classe trabalhadora sejam aprovadas. É o caso do fim da escala 6×1 sem redução de salário, o aumento geral do salário mínimo e nacionalização dos recursos estratégicos, como as terras raras, que o Centrão e os fascistas querem entregar ao imperialismo estadunidense a preço de banana.

MLB realiza ocupação em cidade operária na RMBH

MLB ocupa prédio em Contagem no 7 de Setembro: 150 famílias erguem a Ocupação Braz Teixeira da Cruz – Palestina Livre, em luta por moradia.

Redação


No dia 7 de setembro, 150 famílias organizadas no Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocuparam um imóvel abandonado na cidade de Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A ocupação recebeu o nome “Ocupação Braz Teixeira da Cruz: Palestina Livre!”, como parte da campanha nacional “Não há independência, nem soberania, sem direito à moradia”, que realizou 20 novas ocupações em 17 estados no Dia da Independência do Brasil.

Em defesa de um povo livre, do Brasil à Palestina!

A jornada de lutas também denuncia o genocídio do povo palestino, em que mais de 70 mil pessoas foram assassinadas pelo regime sionista israelense. O povo palestino viu 80% das edificações da Faixa de Gaza serem destruídas e hoje sofre com mais de 90% de déficit habitacional.

A raiz dessas injustiças está no próprio sistema econômico que rege o Brasil: o capitalismo, que concentra riquezas nas mãos de poucos e deixa ao povo apenas migalhas, quando muito um salário de fome. Será justo aceitar que, enquanto burgueses e latifundiários acumulam terras improdutivas, milhões sigam sem ter onde morar?

A resposta do MLB é firme: a mudança nasce da luta coletiva, ousada e combativa. Nosso lema é claro: enquanto morar for um privilégio, ocupar é um dever!

A luta pela moradia em Minas Gerais

“A verdadeira independência só existirá quando houver justiça social, moradia digna e fim dos privilégios da terra ociosa. Segundo a Fundação João Pinheiro, apenas na Região Metropolitana de BH, o déficit habitacional atinge mais de 115 mil famílias. Por isso, organizamos a população sem teto na luta para conquistar uma moradia digna, só assim para fazer cumprir o dispositivo constitucional da função social dos imóveis. Esse prédio que ocupamos hoje está abandonado há pelo menos 7 anos, servindo apenas para especulação imobiliária”, declarou Adriel Cássio, coordenador do MLB.

Em Minas, a crise habitacional tem um responsável: Romeu Zema. O governador demonstra não apenas incapacidade, mas desinteresse em enfrentar o problema. Enquanto milhares de famílias sobrevivem em condições indignas, o Estado abandona políticas públicas, sufoca espaços de negociação e desmonta estruturas que deveriam garantir o direito à moradia.

A luta pela moradia é a luta pela vida!

O prédio estava há anos abandonado, tomado pela poeira, insetos e animais. “Quem tem dinheiro para deixar um prédio inteiro vazio enquanto o povo não tem teto?”, questionou Edinho, coordenador do MLB.

Com a ocupação, o espaço ganhou vida: as salas foram limpas, uma cozinha começou a funcionar e as crianças foram direcionadas para uma creche, além da auto-organização para garantir a segurança da nova moradia.

Desde os primeiros dias, foram realizadas plenárias para apresentar a luta pelo socialismo às famílias, apontando uma alternativa a esse sistema que só oferece exploração ao povo. Também houve distribuição do Jornal A Verdade, que refletia o espírito da luta afirmando que “moradia é um direito básico do povo brasileiro”. Em edições anteriores, muitas famílias conheceram exemplos de escolas populares, compreendendo que a luta do MLB também significa acesso à educação, lazer e cultura.

Adriely Ferreira, coordenadora da Ocupação Braz Teixeira da Cruz, disse que “participar do MLB nesse momento é uma sensação de poder”. Ketlyn Naiara, uma das moradoras, afirmou: “É uma coisa muito organizada, estou adorando. Tô lutando por um direito que é nosso, todo mundo que tá aqui tá lutando por um direito que é nosso, para ter uma moradia digna e dar conforto para nossos filhos”.

Depois de adquirir duas edições do Jornal, Dona Vandinha contou: “É a primeira vez que eu participo. Gostei, o pessoal do MLB que é de outras ocupações veio ajudar a gente, agradeço eles muito. Se tiver outra chance, vou ajudar mais as outras pessoas que precisam de moradia, com muita força, garra e luta”.

Bráz Teixeira da Cruz, presente!

A ocupação homenageia Bráz Teixeira da Cruz – Palestina Livre!, lutador histórico do povo brasileiro, falecido em 2021, vítima da Covid-19 e do descaso do governo fascista de Jair Bolsonaro e seus generais com a vida da classe trabalhadora.

Bráz Teixeira da Cruz nasceu em Itaúna, em 1939. Homem negro, pai de sete filhos, avô de mais de 20 netos, foi um revolucionário que acreditava em um mundo sem exploração. Vindo de uma infância pobre, estudou em Belo Horizonte e, ainda jovem, entrou em contato com as lutas sociais. Aos 20 anos, já organizava atos internacionalistas em defesa da Revolução Cubana e ingressou no PCB. Combativo, atuou no movimento estudantil, nas manifestações antifascistas e na luta pelo passe estudantil. Em 2010, ingressou nas fileiras do Partido Comunista Revolucionário.

É daqueles que Bertolt Brecht chamava de imprescindíveis. Seu nome permanece vivo como símbolo de convicção na vitória do socialismo e de um mundo livre da exploração capitalista. Mais que memória, é exemplo de disciplina, combatividade e abnegação para seus camaradas. Bráz dedicou suas melhores energias à luta, e é um dos heróis do nosso povo!