UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sábado, 7 de junho de 2025
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Montadoras de veículos no ABC Paulista apontam para mais uma onda de demissões em massa

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Trabalhadores do ABC Paulista enfrentam insegurança crescente com possíveis demissões em massa e paralisações em montadoras como Scania e Volkswagen. Empresas adotam férias coletivas e “stopdays” como medidas pautadas pela busca implacável por aumento dos lucros. Cenário histórico de cortes evidencia a urgência da organização operária contra a exploração capitalista.

Karol Vilela – MLC SP


A Scania, montadora de caminhões localizada no ABC Paulista, anunciou férias coletivas aos trabalhadores a partir do dia 10 de julho. Já na semana do 1º de maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, a empresa implementou o chamado “stopday”, uma parada programada da produção durante 2 dias na semana, devido à queda do mercado e da arrecadação da multimilionária. Essas decisões são um indicativo de uma nova possível demissão em massa dos quase 6 mil funcionários, sendo 3000 diretamente ligados à linha de produção.

“O clima é de tensão” — contou uma trabalhadora da fábrica — “Todos nós percebemos a diferença entre o começo do ano e agora. Tínhamos uma previsão de trabalho no começo e agora no meio do ano não temos mais segurança de nada, não sabemos se vamos manter nossos empregos, se vamos conseguir sustentar nossas casas, colocar comida na mesa”, lamenta.

A empresa alega queda de 28% de produção devido ao agravamento das taxas de juros e baixa demanda, mas seguindo o padrão de outras montadoras, as paradas de produção para o patrão significam segurar os meios de produção e cortar funcionários para continuar explorando o máximo possível. Enquanto os trabalhadores não sabem como vão sustentar suas famílias no mês seguinte, os grandes empresários usam diversos recursos para manter suas fortunas e riquezas protegidas e crescendo. No mundo do trabalho no sistema capitalista, não há perdas para o patrão.

Cenário de alerta para o proletariado

Desde a última grande crise do sistema capitalista em 2008, que assolou a economia mundial e dizimou inúmeros postos de trabalho, temos acompanhado as suas sequelas ano após ano: saída das montadoras de veículos do território brasileiro, demissões em massa, corte de áreas produtivas, paradas “programadas” da produção, terceirizações. Conforme avança a exploração da classe capitalista internacional, o setor operário brasileiro não tem fôlego para recuperação e entra ano e sai ano temos notícias dos processos de cortes de funcionários aos montes.

Em 2022, a Mercedes-Benz anunciou o corte de 3600 funcionários da sua fábrica principal, o que representava 36% do seu quadro total de funcionários. A realocação dos funcionários foi conquistada na luta, mas diversos setores da fábrica foram fechados e alguns terceirizados. Em 2022, a Volkswagen também anunciou o corte de mais de 2300 funcionários da sua fábrica. A General Motors e a Bridgestone também anunciaram cortes de centenas de funcionários.

Em 2021, a Ford anunciou o encerramento das atividades no Brasil justificando uma reestruturação global para melhorar sua rentabilidade. Cerca de 5000 funcionários perderam os seus postos de trabalho o que significou para a empresa bilionária uma economia de 4,1 bilhões de dólares. O stopday, férias coletivas, aposentadoria voluntária são um prelúdio para o encerramento de contratos, como aconteceu nas outras montadoras. Apenas com a organização dos trabalhadores é possível mudar essa realidade.

Chão de fábrica é trincheira de batalha

A Scania, assim como a Volkswagen, é marcada pelo apoio à aparelhos de repressão desde o início da Ditadura Civil-Militar e perseguição aos trabalhadores com a “lista suja de subversivos”. A greve na Scania foi um importante passo no processo de redemocratização do Brasil após o regime militar e, assim como conta a série de reportagens produzidas pelo site Opera Mundi, “Scania e a ditadura militar”, os trabalhadores da Volks e da Scania lutam pelo processo de reparação da Verdade, Memória e Justiça desse período.

Assim como o fim da Ditadura Militar foi fruto da luta do povo, a soberania do setor operário nacional e a garantia dos postos de trabalho só serão garantidos com a dos próprios trabalhadores. Podemos conquistar a redução da jornada de trabalho, o aumento do salário-mínimo, criação de diversos postos de trabalho e a sociedade livre da exploração, a sociedade socialista. A classe operária tem nas mãos as ferramentas da libertação das garras desse sistema apodrecido que só pensa no lucro. Uma grande greve geral é o caminho para a mudança da sociedade, portanto é uma tarefa imediata de todos: organizar a classe trabalhadora para lutar pelos seus direitos e pelo socialismo.

CARTA | Na luta se encontra sentido para vida

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Em carta ao jornal A Verdade, brigadista argumenta: “Enquanto a burguesia defende que o sentido da vida é individual, meritocrático, minha história — e a história dos jovens e trabalhadores em geral — demonstra que a realidade é na direção contrária. Só a luta coletiva pode dar sentido à vida.”

Junior de Sousa | Suzano (SP) 


A periferia de Palmeiras está localizada na cidade de Suzano, no Alto Tietê, estado de São Paulo. É aqui que moro desde o dia em que nasci. Nunca foi fácil crescer por aqui — como não é em nenhuma periferia do nosso país.

A quebrada sempre foi um lugar onde a violência se impõe de todas as formas. Tudo começa com a ausência proposital de acesso à cultura, ao lazer, à saúde, ao saneamento e à educação — uma exclusão planejada pela burguesia. Aqui, a violência policial é regra, e o respeito à dignidade da classe trabalhadora, exceção.

Nesse contexto muito cedo comecei a minha buscar pelo sentido da vida.

Ainda criança, numa noite de domingo chuvosa, vi uma cena que me marcou profundamente. O céu estava escuro. Olhei pelo portão de casa e vi um senhor negro, retinto, de cerca de 50 anos, caminhando com dificuldade e recolhendo papelão em meio ao temporal. Ao ver sua expressão de sofrimento, fechei os olhos e desejei, com todas as forças, que aquela chuva parasse.

Pensei naquilo por meses. E concluí: a vida não fazia sentido. Se estar vivo era estar entregue à miséria e ao sofrimento, por que continuar vivendo?

No ano seguinte, encontrei um livro esquecido no fundo da biblioteca da escola — “Batismo de Sangue”, de Frei Betto. Foi minha primeira leitura revolucionária, aos 12 anos.

A obra narra a participação dos frades dominicanos na luta contra a ditadura militar, nos anos 1960 e 70. Eles apoiaram a resistência armada contra a ditadura através da Ação Libertadora Nacional (ALN), liderada por Carlos Marighella.

Terminei o livro e decidi fundar um grêmio estudantil. Queria ser como Marighella — mesmo sem talento para a poesia, nem para as letras. Ali começou a florescer minha consciência de classe. E o dia a dia tratou de fazer essa semente crescer e desabrochar: a vontade de lutar a batalha que é simplesmente existir em um mundo marcado pela exploração.

Ao ler sobre as prisões, torturas e mortes enfrentadas por esses revolucionários, compreendi que o sentido da vida deveria ser muito mais profundo do que eu imaginava. Aqueles camaradas me ensinaram que o sentido da vida podia — e devia — ser coletivo. Sem saber, eu havia descoberto ali um dos princípios da moral comunista. Essa nova moral se baseia na valorização do bem coletivo, na igualdade entre as pessoas, na solidariedade entre os trabalhadores e na rejeição da exploração do ser humano pelo ser humano. Como dizia o comandante Che Guevara, “o indivíduo se desumaniza aos poucos; acaba por se converter em uma engrenagem de uma máquina, perde sua condição de ser humano completo. Isso acontece no capitalismo. No socialismo, por outro lado, é preciso transformar as consciências, criar o homem novo.”

Com tudo isso na cabeça ainda em reflexão, o grêmio nasceu. E nos anos seguintes, vieram muitas lutas: as Jornadas de Junho de 2013; piquete estudantil na porta da escola que estudava, em 2014, pela destituição da direção escolar; as ocupações das escolas em 2015, contra o seu fechamento; a ocupação do Centro Paula Souza, em 2016, contra o roubo da merenda; as mobilizações pelo Fora Temer e contra as reformas trabalhista e da previdência, em 2017, e muitas outras.

Foi também em 2017 que, viajando num vagão da Linha 10–Turquesa (ABC Paulista), conheceria um militante chamado João, da UJR (União da Juventude Rebelião). Ele usava um colete branco com os dizeres: “Unidade Popular – Pelo Socialismo” e certamente contribuiria para os meus próximos passos.

Ao discursar habilmente em menos de três minutos, sendo direto e bolchevique, explicou como o capitalismo era incapaz de atender às necessidades da classe trabalhadora, a urgência de acabar com a exploração, de tomar os meios de produção, e a então necessidade existente de fundar um novo partido de esquerda radical, a Unidade Popular pelo Socialismo (UP). No fim, pediu que quem se interessasse pela legalização do partido assinasse uma ficha. Levantei a mão e assinei.

Por cinco anos, não acompanhei o desenrolar dos fatos.

Em 2022, atravessava o pior momento da minha vida. Enfrentava uma depressão severa, conflitos familiares graves, e estava à beira de desistir de tudo. Foi quando decidi voltar à luta, por meio das jornadas do “Povo na Rua, Fora Bolsonaro” impulsionadas pela UP.

Com muita alegria descobri que o partido cuja fundação eu havia apoiado havia realmente sido fundado. Conheci uma militante chamada Camu, que logo me convidou para um protesto do 7 de setembro na cidade de Mogi das Cruzes. Depois, participei de uma plenária de apresentação e, com muito orgulho, me filiei ao partido que eu mesmo havia ajudado a fundar.

No começo, os núcleos da minha região eram pequenos. Mas o trabalho cresceu em ritmo acelerado. Em poucos meses, assumi a tarefa de coordenador do núcleo na minha cidade — e desde então, inúmeras lutas foram travadas e seguem acontecendo. Os tempos mudam, nossas tarefas também. Logo menos um novo camarada estava em meu lugar.

Junto ao partido organizei e participei de várias ocupações, manifestações, panfletagens, brigadas do Jornal A Verdade, Greves, vi lutas nasceram, se desenvolveram e darem frutos.

Conheci a história de heróis que deram suas vidas pela revolução, e, pude começar a sentir orgulho de compor as mesmas fileiras de Manoel Lisboa de Moura, Amaro Félix, Amaro Luiz, Manoel Aleixo, Emmanuel Bezerra, Selma Bandeirae tantos outros.

Meus camaradas se tornaram minha família. Minha vida se fundiu à luta.

Sou grato por estar do lado certo da história, de lutar pelo poder popular e pelo socialismo.

No final de contas compreendi que nossa vida não tem sentido até que a gente dê um sentido para ela.

A luta cria o sentido para a vida, e, a vida cria o sentido para a luta.

Mesmo após perseguição, trabalhadores da SESÉ conquistam Assembleia

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Após perseguição e demissão de um trabalhador que lutava pelo direito dos terceirizados da Volkswagen, em São Carlos (SP), de serem representados na Comissão de Negociação, operários conquistam uma Assembleia. Isso porque nem o direito de eleger seus representantes vinha sendo permitido, o que só foi possível através da luta. A mobilização na categoria segue firme pela valorização dos terceirizados, contra a demissão injusta e pelo direito de se organizarem.

Redação SP


Após perseguição e demissão de um trabalhador que lutava pelo direito dos terceirizados da Volkswagen, em São Carlos (SP), de serem representados na Comissão de Negociação, operários conquistam uma Assembleia. Isso porque nem o direito de eleger seus representantes vinha sendo permitido, o que só foi possível através da luta. A mobilização na categoria segue firme pela valorização dos terceirizados, contra a demissão injusta e pelo direito de se organizarem.

A Assembleia Geral, que aconteceu nesta segunda-feira (12/5) devido à luta realizada pelos trabalhadores da SESÉ Logística juntos com o Movimento Luta de Classes (MLC), foi feita para eleger a Comissão de Negociação da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) deste ano.

Fruto de muita luta, panfletagens, agitações e organização dos operários, os terceirizados conquistaram esse espaço, que aconteceu na troca entre o 1º e 2º turno da fábrica, para eleger um representante.

Isso representa uma vitória importante para a categoria que, como relatou o jornal A Verdade, se organiza desde o começo de abril contra a implementação de uma escala 6×1 na Volkswagen, além da associação do PLR a metas produtivas.

Trabalhadores organizados realizam panfletagens contra perseguição política. Foto: JAV/SP.
Trabalhadores organizados realizam panfletagens contra perseguição política. Foto: JAV/SP.

Porém, a categoria continua lutando por mais democracia nas Assembleias, contra a perseguição política que aconteceu na fábrica e contra a recente proposta de negociação recebida da SESÉ.

Terceirizados querem mais democracia nas Assembleias

Ronaldo*, operário da fábrica há vários anos, relata um descontentamento com a forma como a eleição aconteceu: “Essa Assembleia só aconteceu por conta da pressão dos trabalhadores e do MLC. Mas tinha que ter acontecido uma eleição com mais candidatos, o Alessandro já tinha se candidatado. Demitiram ele porque a empresa não queria ele como representante.”

Gabi*, que também trabalha na fábrica de motores de São Carlos, conta que faltou transparência na realização da Assembleia: “Queremos uma Assembleia às claras. Queremos que falem pra gente quando as coisas vão acontecer e como vão acontecer. Não queremos representantes que escondam nada da gente!”

De fato, essa Assembleia Geral, mesmo representando uma conquista muito importante dos operários em luta, foi convocada poucos minutos antes da troca de turno, pegando todos de surpresa.

E é claro que isso não beneficia os trabalhadores. Para a Assembleia ser verdadeiramente democrática, precisamos saber de antemão os pontos que serão discutidos, receber a convocação dias antes dela acontecer, e realizá-la em um horário em que estejam presentes todos os turnos.

Proposta da SESÉ para o PLR enfurece operários

Além disso, nesta quarta-feira (14/5), a SESÉ apresentou sua primeira proposta para o PLR deste ano. A amarração do sábado produtivo ao PLR foi barrada pela luta dos operários – mais uma conquista da classe em luta!

Porém, os gananciosos patrões da SESÉ apresentaram vários descontos no salário para o vale-refeição (VR) e o vale-transporte (VT), além de amarrarem o PLR à quantidade de atestados médicos que o trabalhador apresentar.

“Amarrar o PLR à quantidade de atestados médicos é um crime, isso não pode ser feito! O trabalhador não escolhe ficar doente, então por que a SESÉ quer descontar o que é nosso direito por causa disso?”, disse indignado Alessandro, operário da fábrica que sofreu perseguição política por lutar pelos terceirizados.

Outros operários notaram rapidamente que os descontos do VR e VT podem chegar a até 200% para alguns setores. Em média, os descontos representam 80% do valor anterior.

Num país onde a classe trabalhadora, por ganância dos capitalistas, está sofrendo com preços altos dos alimentos, esses descontos no salário representam um ataque à vida desses trabalhadores.

“Nosso ticket é muito baixo, não tem condição. Minha salvação é que minha filha mais nova parou de usar fralda. Antes, eu não sei nem como eu conseguia pagar as contas de aluguel, luz, água, comida e tudo mais. Meu VR ia inteiro pra fralda e leite”, lamenta Gabi.

A luta contra a perseguição política

A readmissão de Alessandro é mais um ponto que os terceirizados estão reivindicando. A Comissão de Negociação pode e deve exigir que esse operário, demitido por lutar pelo seu direito de ser eleito à negociação, seja readmitido.

A SESÉ demitir um trabalhador que estava se organizando para negociar melhores condições para si e seus colegas deixa bem claro o que essa empresa mais teme: a organização dos terceirizados, os trabalhadores se juntarem para exigirem aquilo que mais querem. É, no fundo, uma tentativa de intimidação aos operários.

É o que pensa Ronaldo: “O pessoal está com medo por causa da demissão, que foi proposital, foi um exemplo de perseguição política dentro da fábrica para intimidar os operários. Mas temos que exigir a readmissão do Alessandro. Aí vamos mostrar que não podem intimidar quem luta.”

* Nomes fictícios para proteger os trabalhadores

Movimento de Mulheres Olga Benário convoca seu 3º Encontro Estadual em São Paulo

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A coordenação estadual de São Paulo do Movimento de Mulheres Olga Benário faz sua convocação para o 3º Encontro Estadual nos dias 21 e 22 de junho para organizar e crescer o movimento revolucionário pelas mulheres no Brasil.

Coordenação Estadual do Movimento de Mulheres Olga Benário – São Paulo


MULHERES – A coordenação estadual do Movimento de Mulheres Olga Benário em São Paulo convoca todas as mulheres trabalhadoras, estudantes, mães, jovens, negras, indígenas e PCD a participarem do 3º Encontro Estadual do Movimento de Mulheres Olga Benário, que acontecerá nos dias 21 e 22 de junho, sob as palavras de ordem: mulheres em luta pelo fim da violência, da fome e da escala 6×1! Fora Tarcísio fascista! Pelo poder popular e o Socialismo!

Mulheres trabalham mais e sofrem mais com a exploração

A crise do sistema capitalista tem aprofundado as contradições entre os ricos e a classe trabalhadora, aumentando as desigualdades sociais, concentrando riqueza de um lado e fome, miséria e desemprego de outro. No Brasil, as mulheres são as mais exploradas: com a escala 6×1 e as terceirizações, com os menores salários, com a violência do Estado e do sistema que a cada 4 horas assassina uma mulher no país. São as mulheres negras que têm seus filhos violentados pela polícia todos os dias!

O Brasil é o 5º país do mundo que mais assassina mulheres, a cada 11 minutos uma mulher é estuprada. São apenas 11 Delegacias da Mulher 24h no estado de São Paulo e os serviços de acolhimento estão sendo cada vez mais sucateados.

No estado de São Paulo, o governador fascista Tarcísio de Freitas desmonta os serviços públicos, quer terceirizar e privatizar serviços essenciais, acabando com a estabilidade das trabalhadoras e humilhando os que precisam do SUS, da educação e do transporte públicos, e da assistência social, como aconteceu com Lourivaldo Ferreira Silva Nepomuceno, 35 anos, esmagado na linha privatizada do metrô.

3º Encontro Estadual e encontros regionais

Por isso, o Movimento de Mulheres Olga Benário tem travado importantes batalhas contra o fascismo, organizando ocupações, manifestações, abaixo-assinados, cursos e núcleos para vencer a política de morte e construir o poder popular.

Em sua convocatória, afirma: “Com esta realidade, está posto que precisamos aumentar ainda mais nossa influência entre as mulheres trabalhadoras, fazer nosso movimento ser amplamente conhecido, ser porta-voz e instrumento de luta das mulheres da nossa classe”.

Ainda acrescenta: “Isso significa que precisamos desenvolver nossa organização, consolidar nossos núcleos, coordenações de núcleos e coordenação estadual e desenvolver nossos planejamentos e lutas sistematicamente! Não podemos mais nos contentar com os núcleos que existem, nem com a realidade que vivemos”.

Neste contexto e no ano que antecede os 15 anos do movimento, convoca seu 3º Encontro Estadual, com a tarefa de eleger uma nova coordenação estadual e aprofundar o debate sobre a forma de organização para fazer frente a essa conjuntura e a necessidade da construção diária, sistemática e contínua de seus núcleos de base e das lutas das mulheres.

A construção material e política dos encontros

O papel dos núcleos e suas coordenações nas regiões é muito importante para a totalidade do trabalho no estado, pois é através deles que o Movimento se ampliou para mais regiões do estado, chegando no litoral e em mais cidades do interior. Por isso, também serão organizados encontros regionais para ampliar a divulgação do movimento e poder construir encontros massivos nos bairros onde tem atuação.

A convocatória finaliza afirmando quais as tarefas de cada militante e núcleo do movimento na construção do encontro: “é papel de cada núcleo construir o Encontro Estadual, iniciando através da mobilização para os encontros regionais em que devemos divulgar amplamente com panfletagem, lambes e cartazes, convidar apoiadores para contribuírem com nossos debates, e levantar recursos de forma criativa”, como por exemplo, “apresentando o encontro para apoiadores, fazendo rifas, brechós, venda de materiais e outras atividades de finanças”. Por fim, o Movimento lança o desafio e a meta de cada núcleo do movimento arrecadar R$ 100 para garantir a estrutura do encontro estadual.

Assim, a construção do encontro já se iniciou por meio dos debates que o movimento tem realizado em cada um de seus núcleos, e que vai se desenvolver ainda mais com mais mulheres organizadas no movimento. A construção dos encontros é uma oportunidade para avançar a consciência de mais mulheres sobre a importância e a necessidade de um movimento de mulheres revolucionário, que luta em defesa das nossas pautas, mas principalmente pelo socialismo!

Mulheres organizadas no 2° Encontro Estadual do Olga, em 2021 (Foto: Thais Gasparini)

Calendário

Encontro Estadual: 21 e 22/06 
Encontros Regionais:
18/05 – Guarulhos, Vale do Parnaíba e Alto Tietê | Baixada | Ribeirão Preto
24/05 – ABC (SA, Mauá, SCS, RGS)
25/05 – ABC (SBC e Diadema) | São Paulo | São Carlos | Jundiaí
31/05 – Campinas
01/06 – Sorocaba

VIVA O MOVIMENTO DE MULHERES OLGA BENÁRIO! PELA VIDA DAS MULHERES E PELO SOCIALISMO!

Greve na Enfermagem de Recife denuncia “reajuste” de R$ 1,00

O Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Pernambuco (Seepe) decretou greve da categoria na cidade do Recife no último dia 08 de maio. A categoria realizou uma grande assembleia dia 05 e decidiu iniciar a mobilização após a Prefeitura propor um reajuste de 1,5% no salário e um vergonhoso aumento de R$ 1,00 (um real!) no vale-alimentação. Diversas categorias estão em greve na capital pernambucana, que, apesar de ser governada por um partido que leva o nome de “socialista” (PSB), está em situação crítica para os recifenses, que sofrem com um projeto privatista e antipopular. O jornal A Verdade acompanha as mobilizações e entrevistou Ludmila Outtes, presidente do sindicato. Clóvis Maia, Redação PE

A Verdade – Qual a pauta da greve e o que motivou essa mobilização aqui na capital?

Ludmila Outtes – A nossa data-base é em janeiro. Desde então, tentamos negociar com o prefeito João Campos, mas com muita dificuldade. A última proposta da Prefeitura de Recife, dada em abril, foi um reajuste de 1,5% e um aumento de um real no vale-alimentação, enquanto ele deu 33% de aumento para os secretários de sua gestão. Um absurdo!

Enfermeiros e enfermeiras aprovaram greve após a Prefeitura desmarcar a mesa de negociação no último dia 30 de abril, sem justificativa nenhuma. Realizamos uma assembleia histórica, com a presença de 220 enfermeiros do município e a greve se iniciou com grande adesão. 100% dos enfermeiros dos postos de saúde estão em greve, e as policlínicas de maternidade estão funcionando com 70%, por força da lei. Vamos seguir em greve até a Prefeitura retomar as negociações.

Várias categorias de servidores municipais de Recife estão em greve, como os professores. Qual é sua avaliação sobre essa conjuntura local?

Isso mostra a insatisfação da população, porque o servidor também faz parte da população do município. Mostra a precarização, que faz parte, inclusive, do projeto político dessa gestão de João Campos, que é privatizar. Então ele sucateia todo o serviço público, passando pela desvalorização dos servidores, para depois justificar privatizar tudo, como já fez com as creches, como está fazendo com os parques.

Existe também a expectativa de se privatizar postos de saúde aqui no município. A proposta está engavetada, mas, a qualquer momento, podem tirar da gaveta. Então é um projeto, e os servidores estão dispostos a não aceitar isso. Queremos valorização, queremos melhoria nas condições de trabalho, mais estrutura nas unidades de saúde e todas as categorias estão nesse mesmo clima.

 

 

Trabalhadores rodoviários de Teresina (PI) organizam greve por melhores salários

Motoristas e cobradores de ônibus iniciam greve em Teresina. Trabalhadores denunciam carga horária excessiva e baixos salários 

Celine Oliver Albuquerque | Teresina (PI)


TRABALHADOR UNIDO — Na manhã da sexta-feira (09), os motoristas e cobradores do transporte coletivo de Teresina deram início a uma paralisação, tendo os ônibus permanecido paralisados durante as primeiras horas do dia. Tendo sido anunciada na terça-feira (13), após assembleia geral, os rodoviários reivindicam um reajuste salarial de 15%, que não é atendido há três anos, além de R$900 em vale-alimentação e R$150,00 para auxílio saúde.

Durante o sábado e domingo, os ônibus circularam normalmente segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Rodoviário do Estado do Piauí (Sintetro-PI) por conta do dia das mães e após diálogo com a Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (STRANS), que afirmou que intermediaria um diálogo entre os trabalhadores rodoviários e os empresários dos consórcios.

Não foi, porém, formalizada qualquer proposta para a melhoria das condições dos trabalhadores. Sendo assim, na segunda-feira (12), iniciou-se uma greve que paralisará totalmente o transporte coletivo da capital por tempo indeterminado.

Transporte sucateado e falta de direitos trabalhistas

A mídia burguesa ressalta o prejuízo que isso causará aos usuários do transporte coletivo da capital, porém, não reconhecem a necessidade e a validade das reivindicações desses trabalhadores, visto inclusive os abusos sofridos por esses trabalhadores por parte das empresas, fora o que já é “normal” para o sistema capitalista. “Existem algumas empresas, que quando tem um acidente, elas estão cobrando a peça do trabalhador, tem trabalhador pagando 7 mil, 8 mil reais e ela coloca a peça de volta, a peça sendo velha.” como denuncia Antônio Cardoso, presidente do Sintetro-PI.

Denuncia ainda como funciona a justiça burguesa, que privilegia o empresário e põe em desvantagem o trabalhador “a justiça aqui no nosso país ela é muito boa, ela é muito boa quando é pra punir o trabalhador, pra punir a classe menos favorecida, mas absolver o rico é bem rapidinho comenta a respeito da decisão da desembargadora Liana Ferraz de multar diariamente o sindicato em 50 mil reais, enquanto a justiça ignora diversas denúncias de irregularidades por parte das empresas responsáveis pelo transporte coletivo da cidade.

É essencial perceber que a crise do transporte coletivo de Teresina se deve não por conta dos trabalhadores que cobram seus direitos, mas sim é fruto do domínio de empresas privadas sobre um serviço que deveria ser público. A não manutenção dos veículos, a frota insuficiente, além do descumprimento dos direitos e ameaças aos trabalhadores são resultado da privatização do transporte. Para garantir um transporte coletivo com qualidade, é necessário que esse se faça verdadeiramente transporte público, evidenciando-se mais uma vez a necessidade da estatização desse serviço.

202 anos da Revolta das Carrancas

Em 13/05/1833, Ventura Mina liderou a Revolta das Carrancas (MG), organizando uma grande ofensiva às fazendas escravocratas da família Junqueira. A rebelião, duramente reprimida pela Guarda Nacional, simboliza a luta antiescravagista, hoje lembrada pela Unidade Popular e a Frente Negra Revolucionária, que denunciam o racismo inerente ao capitalismo e constroem o socialismo.

André Molinari | Redação SP


No ano de 1833 uma enriquecida família portuguesa de escravocratas acumulava uma vasta extensão de propriedades nas intermediações dos atuais municípios de Carrancas, São João del Rei, Cruzília, Luminárias e São Tomé das Letras, no sul do estado de Minas Gerais. Essa era a família dos Junqueira.

O deputado Gabriel Francisco Junqueira, o Barão de Alfenas, detinha nessas intermediações uma fazenda que, em 1839, matinha 103 negros e negras escravizados para cuidar da plantação e do gado, na Fazenda Campo Alegre – chegaram a ter 163. Na freguesia de Carrancas existia, na época, cerca de 2,5 mil negros escravizados, cerca de 62% de toda a população da região.

A família dos Junqueira, atualmente, é uma das famílias mais tradicionais da região de Ribeirão Preto (São Paulo), onde também instalaram fazendas com trabalho escravo, contribuíram com a Ditadura Militar e hoje membros da família são até sócios do NuBank.

Julião Congo, um dos negros escravizados pela família Junqueira relatou os maus-tratos que sofria: “Respondeu que seu senhor o tratava de mandrião, não estava contente com o seu serviço, dava-lhe pancadas, ainda mesmo quando estava doente”.

Falando sobre as violências a que os escravizados eram submetidos, Clóvis Moura, relata em Cem Anos de Abolição do Escravismo no Brasil:

“Essa massa escrava distribuída nacionalmente era submetida a todos os tipos de torturas físicas e morais quando se rebelavam ou por simples capricho do seu senhor: máscaras de ferro, tronco, gargalheira, libambo, além de açoites públicos no pelourinho. Suas famílias, por sua vez, eram fragmentadas ao serem os seus membros vendidos para senhores diferentes.

A mulher negra-escrava era aquela que mais sofria. Transformada em objeto de trabalho era, também, objeto de uso sexual do senhor, nascendo dessas relações um enorme número de filhos bastardos, mas escravos […]. Por outro, esse princípio proporcionava imensa mortalidade infantil, não só pelas condições em que eram criados nas senzalas, mas também porque o senhor achava mais econômico comprar outro escravo quando ele morria ou ficava incapacitado para o trabalho. […]

O escravo, no entanto, não aceitava passivamente tal estado de coisas. Revoltava-se constantemente contra o cativeiro a que estava submetido. O rosário de lutas do negro escravizado contra o estatuto que o oprimia enche todo o período no qual perdurou o sistema escravista de produção.”

E foi o que aconteceu, quando um escravo da família Junqueira decidiu, no dia 13 de maio de 1833 que era hora de tomar a história em suas próprias mãos.

Ventura Mina

Ventura Mina, o rei negro, era um escravizado da etnia Mina, da cultura Fanti-Axânti oriunda de Gana. Em 1931 os escravizados da região de Carrancas já tinham começado a preparar um levante, mas que não foi levado a cabo.

Ao longo dos anos seguintes, Ventura Mina organizou uma rede de armamentos, materiais com escravizados tropeiros – Roque e Jerônimo, da fazenda da Prata – e conversava com vários escravizados das fazendas do entorno. Ventura entrou em contato com tropeiros garantiu com eles carregamentos de armas e informações da vida política do Império. Nos autos do processo-crime da insurreição, foi registrado com base no testemunho de seus companheiros que: “Ventura além de ter um gênio fogoso e ardente era empreendedor, ativo, laborioso, tinha uma grande influência sobre os réus e estranhos de quem era amado, respeitado e obedecido”.

José Mina, companheiro de luta de Ventura, afirmou que Ventura passou dois anos preparando uma insurreição. Que começou a articular e planejar isso no instante que chegou nas intermediações, comprado pela família Junqueira no Rio de Janeiro. Na véspera da revolta, Ventura foi até a senzala da fazenda Bela Cruz, também da família Junqueira, onde junto com Joaquim Mina decidiram que no dia seguinte deveriam lançar toda a organização numa revolta contra os seus senhores.

A Revolta das Carrancas

Na manhã do dia 13 de maio de 1833, exatos 55 anos antes da incompleta abolição da escravatura no Brasil, Ventura Mina liderou mais de 30 negros num levante contra a família escravocrata dos Junqueira. O plano era de justiçar todo o senhorio da região e expropriar as propriedades.

Para isso, primeiramente seriam invadidas as fazendas Campo Alegre, Bela Cruz, Jardim, Campo Belo, Campo Formoso e Carneiros. Depois voltariam reunidos para tomar as fazendas Santo Inácio, Favacho, Traituba e Penhas. A partir daí os escravos se dividiriam em duas porções dos quais uma seguiria para o Espírito Santo a extinguirem a família dos Andrades e outra para Carrancas a extinguirem às famílias dos Machados e mais fazendeiros desse lado.

Os escravos usaram instrumentos de trabalho – paus, foices e machados – e mesmo armas de fogo para dar cabo da rebelião. Primeiro derrubaram Gabriel Franscisco Junqueira, filho do dono da fazenda Campo Alegre, não atacaram a sede da propriedade, porque estava fortemente protegida com capitães-do-mato. Rumaram para a sede da fazenda Bela Cruz e lá justiçaram todos os escravocratas e cúmplices que encontraram. Depois decidiram partir para travar combate na fazenda Bom Jardim.

João Cândido Junqueira, escravocrata dono da fazenda Bom Jardim, já tinha tomado consciência do ocorrido nas terras de Campo Alegre e Bela Cruz, organizando a fazenda para repelir a rebelião. Neste confronto, Ventura Mina foi gravemente ferido, e pela resistência dos escravocratas foi preciso bater em retirada. Em seguida, as autoridades locais, proprietários e a Guarda Nacional se uniram para liquidar toda a revolta. Nestes últimos confrontos, Ventura Mina, João Inácio, Firmino, Matias e Antonio Cigano foram mortos.

Temendo uma onda de sucessivas revoltas, os vilarejos da região convocaram homens armados para impedir os levantes. Foram colocados no centro da vila de Rezende, uma vila próxima, uma força de quarenta soldados, parte da cavalaria e parte da infantaria, devidamente munida de pólvora e bala, para derrubar qualquer escravizado revoltoso.

Resistência que permanece

As sucessivas ondas de resistência da história do Brasil demonstram que os trabalhadores pobres e explorados, humilhados pelos ricaços, nunca se contentaram com sua situação de dor e opressão. Seja nas confederações e levantes indígenas, revoltas e quilombos negros, levantes camponeses, greves operárias, manifestações democráticas e muitos outros exemplos de luta. Cotidianamente se levantam as “vítimas da fome e os famélicos da terra” para dizer: basta!

Neste 13 de maio, dia da incompleta abolição da escravatura no Brasil serão organizados diversas manifestações e atividades pela Unidade Popular e pela Frente Negra Revolucionária – Manoel Aleixo (FNR) para denunciar a violência de estado que cai sobre a população negra desde o início do capitalismo. Violência esta que só poderá ter fim quando todos os trabalhadores e trabalhadoras, assim como Ventura Mina, tomarem seus destinos em suas mãos e confrontarem seus senhores, tomar aquilo que é nosso por direito e neste histórico ato de justiça, construir uma sociedade sem amos, construir o socialismo.

Ocupação do DOPS-MG completa mais de 40 dias na luta por espaço de memória

Ocupação do DOPS-MG completa 42 dias sob risco de despejo por parte do governo estadual. Movimentos e partidos organizaram centro de memória em antigo local de tortura da Ditadura Militar Fascista.

Felipe Annunziata | Redação


BRASIL – Num espaço em que se vê as marcas de um dos piores períodos da História do Brasil, militantes de organizações de esquerda organizaram um Memorial dos Direitos Humanos. No local, que já recebeu mais de 300 pessoas em visitas guiadas, é possível ver antigas celas e salas de tortura organizadas para reprimir militantes socialistas e a população pobre, negra e trabalhadora em geral.

De acordo com um estudo realizado pela UFMG, dezenas de pessoas foram torturadas e mortas dentro das dependências do antigo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), localizado na Avenida Afonso Pena, em pleno centro de Belo Horizonte. Durante a Ditadura funcionou no espaço também o DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) de Minas Gerais.

Ameaça de despejo

O espaço, no entanto, corre o risco de sofrer um despejo por parte do governador fascista Romeu Zema (NOVO-MG). O governo de extrema-direita é um negacionista dos crimes da Ditadura Militar e tem tentando fazer um esforço para impedir a criação do Memorial e apagar os vestígios de tortura no local.

No prédio de arquitetura modernista é possível ver celas de presos, espaços para solitárias e salas de torturas, além de um canil onde eram criados cães treinados para atacar prisioneiros políticos.

Durante a ocupação, muitos ex-presos políticos tem participado da luta pela criação do Memorial. A proposta das organizações políticas é transformar o prédio, abandonado há 8 anos, num espaço de memória e verdade dos crimes da Ditadura Militar Fascista (1964-1985), conforme uma proposta organizada por um grupo de trabalho da Universidade Federal de Minas Gerais.

Ato se solidariza com vítima da privatização do transporte em São Paulo

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Nesta terça-feira (6/5), Lourivaldo Ferreira Silva, de 35 anos, morreu na linha 5-Lilás do metrô de São Paulo enquanto se dirigia para o trabalho. Ele era pai de 3 filhos, trabalhador da escala 6×1 e foi mais uma vítima da privatização do transporte público na capital paulista. Ato de solidariedade repudiou a precarização do transporte e convocou para uma aula pública na estação Capão Redondo no sábado (10/5), às 10h.

Redação SP


Nesta terça-feira (6/5) as privatizações ceifaram mais uma vida no Capão Redondo, em São Paulo. Lourivaldo Ferreira Silva, de 35 anos, trabalhador da escala 6×1 e pai de 3 filhos, foi morto pela negligência da ViaMobilidade, empresa privada que assumiu a gestão de linhas de trem em 2018, enquanto se dirigia ao trabalho.

No dia seguinte, manifestantes e movimentos sociais, entre eles o Movimento Luta de Classes (MLC), se reuniram na estação do Campo Limpo, onde a catástrofe ocorreu, para denunciar que as privatizações significam morte para nosso povo. O ato exigiu justiça para Lourivaldo e sua família, e uma atitude imediata tanto da empresa quanto do Governo Estadual. O jornal A Verdade entrevistou alguns dos presentes na manifestação.

Madu, moradora do Campo Limpo, relatou que estava presente na mesma porta em que a ViaMobilidade tirou a vida deste trabalhador. “A gente que é aqui da periferia, que utiliza a Linha 5, sabemos o quão sucateada tá a linha que atende a gente. E a situação só tá piorando, infelizmente. As vidas de nós, pobres, que estão sendo pagas pro lucro deles.”

“Quem é cidadão e morador aqui do Capão e do Campo Limpo não tem como não se indignar com uma situação como essa, né? O que aconteceu ontem com um rapaz jovem, de 35 anos de idade, que tem família, que é um trabalhador, é um crime. Não pode passar impune”, complementou Nilton, professor da rede municipal.

Noêmia, que estava passando pela estação quando viu a manifestação e decidiu participar, compartilhou seu sentimento conosco: “Revolta. Muita revolta. Porque a gente trabalha, a gente paga e a gente acaba morrendo. É uma coisa que a gente está pagando e acaba perdendo a vida.”

Manifestante estendem faixa em denúncia ás privatizações. JAV/SP
Manifestante estendem faixa em denúncia às privatizações. Foto: JAV/SP

Privatizações: lucro para os ricos, morte para o povo

Um dos pontos principais da manifestação foi a denúncia das privatizações, que servem para um punhado de milionários enriquecerem cada vez mais sucateando serviços essenciais para os trabalhadores.

“Representa justamente o que a privatização faz.  Sempre a vida de um pobre que vai estar ali para eles poderem lucrar.  E infelizmente vai ser a nossa vida que vai pagar. É isso. E é uma impunidade que infelizmente por questões de dinheiro eles acabam calando. E se não fosse a pressão que a gente está fazendo seria só mais um caso isolado”, diz Madu.

“Aconteceu o que aconteceu por negligência, não foi por falta de aviso. Eles acham que está tudo bem, que o transporte tá cada vez melhor. Quem usa o transporte fornecido pela ViaMobilidade sabe que isso é mentira, tá cada vez pior. Os trens estão cada vez mais lotados, falta funcionário e segurança na plataforma”, afirmou Robert, militante do Movimento Luta de Classes presente no ato de denúncia da privatização.

Para ampliar a mobilização e derrubar e denunciar ainda mais as condições do transporte, foi convocada uma aula pública sobre os impactos da privatização dos trens para esse sábado (10/05). A aula ocorrerá às 10h na estação do Capão Redondo.

“Nada que essa empresa possa fazer vai trazer de volta o companheiro que morreu ontem. É uma vida de um trabalhador que foi vítima da precarização do transporte”, sintetiza Robert.

A Rede JAV/SP colaborou com a coleta de depoimentos e os registros desta matéria.

Casos de assédio revoltam estudantes da UFRN

“Apesar dos casos alarmantes de violência contra a mulher, a Reitoria da UFRN tem feito medidas tímidas em relação às situações de assédio, como uma nota vaga nas redes digitais, afirmando realizar “medidas cabíveis” e reuniões com as superintendências.”

Kivia Moreira | Natal (RN)


Desde o início do período letivo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), houve diversos relatos de importunação sexual dentro dos ônibus circulares da universidade, de um único homem que utiliza da superlotação dos ônibus para assediar as estudantes. De acordo com a Delegacia Especializada da Mulher (Deam), de Natal, há pelo menos 20 boletins de ocorrência denunciando o mesmo agressor.

Infelizmente, não houve somente casos de assédio, mas também de sequestro dentro do campus. No dia 09 de abril, a estudante Ana (nome fictício) relatou ao Movimento de Mulheres Olga Benario que estava saindo da aula às 22h00, a caminho de seu carro no estacionamento do Centro de Biociências, quando, na porta do veículo, um homem armado a abordou, obrigando-a a entrar no carro, deitar-se no banco de trás e desligar a localização do seu telefone. A estudante foi deixada no matagal do bairro Ponte Negra, em Natal, sem seus pertences.

Queremos estudar sem medo

Apesar dos casos alarmantes de violência contra a mulher, a Reitoria tem feito medidas tímidas em relação às situações de assédio, como uma nota vaga nas redes digitais, afirmando realizar “medidas cabíveis” e reuniões com as superintendências.

Nesse sentido, cansados de esperar ações efetivas, os estudantes da UFRN realizaram medidas de auto-organização para proteger as mulheres, como aulas de autodefesa e a instalação de uma ouvidoria feminista, além de patrulhas de segurança às alunas e grupos de aviso de situações de importunação sexual.

Também foram realizadas manifestações exigindo respostas efetivas e rápidas, organizadas principalmente pelo Movimento de Mulheres Olga Benario e Movimento Correnteza. “Vamos ocupar toda a universidade para exigir que acabem os assédios”, afirma Milenne Barbosa, do Movimento Correnteza. Os movimentos exigiram uma reunião aberta com a Reitoria da universidade, mas, até o momento, não houve retorno.

Aulas de autodefesa

O Movimento Olga Benario realizou, no último dia 14 de abril, a primeira aula de defesa pessoal para dezenas de mulheres estudantes da UFRN em resposta aos diversos casos de assédio sexual. A primeira aula contou com a participação de cerca de 50 estudantes. O grupo de interessadas chega a ter mais de 300 participantes.

“Como praticante de jiu-jitsu e judô, sinto que é essencial trazer mais meninas para o nosso meio, ocupado majoritariamente por homens. Senti que as meninas estavam muito engajadas em aprender, pois o medo é real. Esperamos continuar com as aulas e seguimos pedindo um campus mais seguro para nós mulheres”, afirma Helena Pires, estudante de Ciências Biológicas e uma das instrutoras.

“As aulas de autodefesa se tornam muito necessárias no contexto que as meninas estão passando. A mulher precisa ter consciência que pode se defender, pois, ultimamente, é mais comum vermos alguém parar para filmar e depois postar a agressão do que tentar ajudar a vítima”, complementa o instrutor Danilo Bezerra.

A organização das mulheres por uma nova sociedade

As mobilizações das estudantes mostraram também que apenas medidas específicas para prender um assediador, não irão acabar com a violência contra a mulher. A raiz dos assédios vem da propriedade privada dos meios de produção, pelo sistema capitalista, que é podre e que lucra em cima da opressão e da exploração das mulheres.

Por isso, somente com a organização das mulheres para transformar a realidade é possível construir uma nova sociedade sem exploração às mulheres, uma universidade inclusiva para todos e livre dos assédios, uma sociedade socialista.

Matéria publicada na edição impressa nº 312 do jornal A Verdade

Ocupação Laudelina de Campos Melo resiste a ataques fascistas e tentativa ilegal de demolição

“A ocupação das mulheres trabalhadoras Laudelina de Campos Melo segue resistindo contra as ameaças e organizando mais mulheres pelo fim da violência e pelo socialismo. Milhares de mulheres tiveram suas vidas transformadas pelo trabalho ali realizado.”

Nicole Ramos | Movimento Olga Benario SP


No dia 24 de abril, militantes do Movimento de Mulheres Olga Benario sofreram ataques e ameaças, além da tentativa ilegal de demolição do imóvel da Ocupação de Mulheres Laudelina de Campos Melo, localizada no bairro do Canindé, no Centro de São Paulo.

Houve destruição do telhado, roubo de itens, corte de luz e a tentativa de demolir o prédio inteiro. Este ataque demonstra o aumento da violência contra as mulheres trabalhadoras na cidade, além da expulsão do povo pobre do Centro, promovida pelo governo de Tarcísio de Freitas e pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Mesmo sendo referência para as mulheres do bairro, a Prefeitura colocou a leilão o terreno da ocupação em 2024. O Movimento realizou diversos atos e mobilizações, saindo vitorioso com a decisão do Tribunal de Justiça do Estado São Paulo de suspender a reintegração de posse.

Casa Laudelina

A Ocupação foi realizada em janeiro de 2021, denunciando o aumento da violência contra as mulheres trabalhadoras na pandemia de Covid-19, frente ao fechamento dos serviços públicos nos momentos em que as mulheres mais precisavam. Honrando o nome de Laudelina, uma mulher negra, comunista e que foi a primeira a lutar pelos direitos das empregadas domésticas. Resistindo há mais de quatro anos, a ocupação realizou mais de 10 mil atendimentos às mulheres vítimas de violência de toda a capital paulista, além de organizar várias mulheres politicamente na luta por uma nova sociedade.

“Helena* começou a participar das oficinas de artesanato e escrita, além das reuniões do Movimento de Mulheres Olga Benario. Ela, que era analfabeta funcional, começou a ler na ocupação. E, ao descrever a Casa, disse que o lugar promoveu nela uma verdadeira reforma”. afirma Mariani Ferreira, coordenadora da Ocupação.

A ocupação das mulheres trabalhadoras Laudelina de Campos Melo segue resistindo contra as ameaças e organizando mais mulheres pelo fim da violência e pelo socialismo. Milhares de mulheres transformaram suas vidas pelo trabalho realizado, como relata, de forma dramática, Maria*, que tem medida protetiva e é uma das atendidas. “A Casa Laudelina salva minha vida todos os dias. Se eu não venho para cá, fico dopada na cama do abrigo cheia de remédios sofrendo com a depressão das violências que passei”.

Elaine*, uma das atendidas que está em um dos abrigos do Canindé, relata que a Ocupação Laudelina salvou a sua vida ao lhe proporcionar um ambiente seguro de acolhimento e aprendizado. “Participando das reuniões do Olga, aprendi como o sistema oprime as mulheres e como o socialismo é a saída. Por isso, organizei outros moradores do abrigo e funcionários num abaixo-assinado que conquistou a mudança de toda a alimentação do lugar”, afirma.

*Nomes fictícios para proteger a identidade das mulheres atendidas

Matéria publicada na edição impressa nº 312 do jornal A Verdade