UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

domingo, 20 de abril de 2025
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A história de luta da classe operária de Petrópolis

Classe operária de Petrópolis acumula 150 anos de organização e luta contra a exploração capitalista.

Christian Nunes | Petrópolis (RJ)


LUTAS DO POVO – Muito se fala sobre a cidade Petrópolis, na Região Serrana, como “Cidade Imperial”. As elites locais e empresários na cidade alimentam a narrativa da cidade ter sido construída somente pelos colonos europeus, que ocuparam o território na segunda metade do século 19.

Ao mesmo tempo, quando contam a história, apagam o passado de luta operária da cidade, dos quilombos e dos povos indígenas que estavam centenas de anos antes da chegada da família imperial e dos colonos. Fazem-nos pensar que o povo de Petrópolis é pacato e ordeiro e ainda inventam que este povo teria orgulho de seu passado imperial. Os fatos a seguir demonstram um pouco sobre o verdadeiro passado de luta do povo. A maioria dos fatos estão expostos no livro Pão, Terra e Liberdade na Cidade Imperial, de Paulo Henrique Machado.

Em 1873, um tempo após a família imperial comprar terras em Petrópolis, surgiu a primeira fábrica de tecidos em Petrópolis, e nos anos seguintes, a classe operária crescia na cidade. Alguns fatores motivaram o aparecimento de muitas fábricas nos anos seguintes: A cidade ser próxima do Rio de Janeiro, a existência de um grande potencial hidrelétrico para as fábricas por conta dos rios e haver a situação de desemprego de muitos operários após o término da construção da Estrada União Indústria, o que originou uma mão de obra barata.

Segundo as pesquisas históricas, os operários viviam numa condição muito ruim de trabalho. Boa parte do operariado era composto por mulheres (nas fábricas de tecido), e era comum o uso de mão-de-obra infantil. A mão de obra era diversa, porém predominantemente embranquecida, e incluía muitos imigrantes italianos, além de alemães e outras nacionalidades.

Naquele período, as elites imperiais acreditavam que negros eram menos aptos a assumirem trabalhos nas indústrias, o que era fortemente reforçado pelas ideologias eugenistas, mesmo após a abolição da escravatura. Além de haver muitas indústrias de tecido, na cidade também havia empresas metalúrgicas, gráficas, padarias e outras.

Desde o fim do século 19, eram comuns as greves da classe operária de Petrópolis contra baixos salários, jornadas excessivas, condições precárias de trabalho, além de uma forte repressão a que os trabalhadores estavam submetidos. Na Cia. Petropolitana de Tecidos, já em 1890, uma greve resultou na prisão dos líderes, mas já em 1891 novas greves ocorreram.

Influenciados pela revolução russa de 1917, operários nos anos seguintes organizaram muitas greves e 1918 foi um ano explosivo. Em 1918, uma greve na fábrica Cometa por solidariedade a 14 companheiros demitidos. No mesmo ano, uma nova greve gerou repressão da polícia. Depois, uma revolta que mobilizou 2 mil pessoas, numa ação coordenada (segundo a imprensa local), promovem saques a armazéns, gerando pânico nos proprietários. 

Militância comunista e antifascista 

Os líderes operários, em boa parte anarquistas, se converteram em maioria, em líderes comunistas, com a fundação do PCB (Partido Comunista do Brasil), em 1922. Além disso, o PCB também tinha parte ativa e determinante na construção da ANL (Aliança Nacional Libertadora).

O partido lançou candidatos a vereador na cidade no ano de 1929. Eram Sebastião de Oliveira Mello e Domingos Braz, nomes referendados numa assembleia da UOFT (União dos Operários em Fábricas de Tecidos). A campanha teve forte apoio entre os operários. Porém, o eleitorado no Brasil era restrito aos homens alfabetizados, o que impedia operários analfabetos e mulheres de votarem, impedindo-os de se elegerem.

Em Petrópolis, na década de 1930, os nazistas e integralistas eram fortemente organizados, alcançando vários espaços de influência e propagando a ideologia fascista pela cidade. 

O ano de 1935 foi marcado por fortíssimas tensões e lutas realizadas pela classe trabalhadora com protestos, enfrentamentos e greves. Em maio, ocorreu um comício da ANL, seguido de um segundo comício no dia 12. Fotos da época mostram a ampla participação de negros na ANL e a força da luta antirracista em plena década de 30. Esses atos também eram demonstrações de força contra o fascismo que se apresentava organizado na cidade e contra a exploração capitalista.

No dia 9 de maio, um ato foi organizado pelos comunistas, para denunciar o fascismo. O ato marchou até a sede da Ação Integralista Brasileira (AIB), e os manifestantes pararam em frente para protestar e denunciar o fascismo e o integralismo. As luzes da sede se apagaram e muitos tiros foram disparados contra os membros da ANL, ferindo dezenas de operários e assassinando Leonardo Candú, operário têxtil, membro da ANL, esposo de Antônia Candú e pai de 3 crianças. Nos dias seguintes, uma greve de 9 dias ocorreu, paralisando a cidade, fechando bancos e comércios e tendo adesão de muitas categorias de trabalhadores.

Leonardo Candú segue vivo na memória dos lutadores sociais de Petrópolis. E a tradição do movimento operário deixa como legado até os dias de hoje a existência de inúmeros sindicatos (têxtil, rodoviários, vestuário, metalúrgicos, alimentação, turismo e hotelaria, comerciários, bancários etc.) Que lutam por melhores condições de vida da classe trabalhadora.

A verdade é que o povo petropolitano é historicamente um povo de luta, assim como todo o povo brasileiro, que a cada dia alimenta seu ódio contra as injustiças e de tempos em tempos se revolta, como a própria história recente mostra, quando fecha a rua contra o descaso nas enchentes ou quando faz barricadas nos bairros contra o péssimo serviço de transportes públicos.

Em cada canto da cidade, carrega no sangue as lutas do passado, alimenta seu ódio contra os políticos que só buscam votos por promessas e sonha com um país mais justo, livre das injustiças, da exploração e da corrupção capitalistas.

Ato em Mauá exige moradia popular e cessão de imóvel para a Casa Helenira Preta

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Nesta quarta-feira (22/1), manifestação exigiu que a Prefeitura de Mauá viabilize um projeto de 200 casas populares conquistado pelo MLB e ceda um espaço definitivo para o trabalho do Movimento de Mulheres Olga Benario na cidade

Redação SP


Nesta quarta-feira (22/1), o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e o Movimento de Mulheres Olga Benario realizaram um ato que reuniu dezenas de pessoas no centro de Mauá (SP). A mobilização reivindicou que a prefeitura da cidade entregue os documentos necessários para o início das obras do projeto do Minha Casa Minha Vida Entidades conquistado pelo MLB e faça a cessão do imóvel prometido no ano passado para o movimento de mulheres.

Cerca de 30 mil famílias compõem o déficit habitacional do município, localizado na Região Metropolitana de São Paulo. Além disso, em 2024, Mauá foi a segunda cidade do ABC Paulista com mais denúncias de violência contra as mulheres e a primeira no número de casos de violência contra crianças, em sua maioria casos de violência sexual. Por isso, os movimentos defenderam que a Prefeitura precisa ser mais ágil no encaminhamento dos dois projetos.

Histórico de luta em Mauá

Organizando o povo contra a situação de falta de moradia, o MLB já promoveu duas ocupações na cidade. Uma delas foi a Ocupação Manoel Aleixo, promovida em 2020 em uma escola abandonada no bairro da Vila Bocaina. Por sua vez, a Ocupação Antonio Conselheiro teve início no ano de 2022, em um terreno que não cumpria função social no Jardim Estrela.

Já o Movimento de Mulheres Olga Benario realizou na cidade as ocupações de mulheres Helenira Preta, também na Vila Bocaina em 2017, e Helenira Preta II, em uma escola abandonada no Vila Mercedes. As ocupações foram feitas para denunciar que Mauá é uma das cidades com piores índices de violência contra as mulheres e que há uma falta de políticas específicas para as mulheres no município. Como fruta da luta do movimento, após a primeira ocupação, foi inaugurada a secretaria da mulher de Mauá. As ocupações se tornaram centros de referência para acolher mulheres em situação de violência, além de serem o primeiro espaço especializado no atendimento às mulheres da cidade.

“Na época que eu fui agredida, eu tinha 17 anos, era muito nova e não conhecia o movimento de mulheres. Meus pais não apoiaram que eu fizesse uma denúncia e desde então nada foi feito. Passei um ano sendo agredida. Hoje, depois de conhecer o Movimento de Mulheres Olga Benario e as ocupações do movimento, penso como seria importante ter conhecido esses espaços antes, para ter companheiras que me apoiam e um local de acolhimento”, relata Julia Calchi, que hoje faz parte do movimento.

Por moradia e pela Casa Helenira

Fruto das ocupações realizadas, foi conquistado um projeto para a construção de 200 casas por meio da programa Minha Casa Minha Vida Entidades. Mesmo assim, os movimentos seguiram na luta, realizando atos para que a prefeitura cedesse um terreno na cidade e viabilizasse a construção das casas.

Foi para levar adiante essa mobilização que, na quarta-feira, as famílias do MLB e as mulheres do Movimento de Mulheres Olga Benario se reuniram em caminhada até a Paço Municipal para reivindicar o encaminhamento dos documentos necessários à contratação do projeto das casas. além da inauguração de um espaço definitivo prometido pela gestão para a Casa Helenira Preta.

Em um contexto de arrocho salarial, aumento do custo de vida e teto de gastos para os investimentos sociais, os movimentos defendem que só a luta por uma vida digna e pelo socialismo trará conquistas como o fim da violência contra as mulheres e a construção de moradia popular para todos os que precisam. No capitalismo, os direitos dos trabalhadores seguem sendo cortados, enquanto as fortunas dos grandes ricos continua crescendo.

“É por isso que a gente luta, pra que o ser humano não precise se humilhar! A vida é muito miserável no sistema capitalista. A gente luta pra gente ter uma casa enquanto a gente tá vivo”, defende Selma Almeida, coordenadora do MLB em Mauá.

CARTA | Aos 66 anos da vitória da Revolução Cubana

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Em carta ao jornal A Verdade no mês do aniversário da Revolução Cubana, que triunfou em janeiro de 1959, leitor explica como conhecer esse processo foi decisivo para sua aproximação das ideias revolucionárias. 66 anos após vencer o imperialismo dos EUA, a luta de Fidel, Che e todo o povo de Cuba segue inspiradora

Thiago Augusto Zeferino | Blumenau (SC)


Eu ouvi falar da Revolução Cubana pela primeira vez na escola, através de um trabalho de História no 9° ano do Ensino Fundamental, onde precisávamos estudar a “Guerra Fria” e fazer uma apresentação sobre o tema.

Nessa época, em 2018, o Brasil passava por um crescimento do fascismo e por derrotas da esquerda entre as massas. O que resultou em cada vez mais falarmos sobre a ditadura militar, corrupção e “comunismo”, ou mais apropriadamente, anticomunismo.

Estudar a Revolução Cubana nesse período em que havia tanta mentira e difamação contra figuras revolucionárias e crescia a defesa aberta de ideias fascistas me fez ficar muito confuso. Não fazia sentido. Eu relia várias vezes os trechos e, quanto mais pesquisava, mais me surpreendia. Eu já não compreendia porque alguém era contrário a essa revolução…

Dominação imperialista

Cuba foi um país explorado pelo imperialismo dos EUA (Estados Unidos da América) de 1901 até 1959. Os imperialistas roubaram a independência de Cuba em sua luta contra a Espanha, transformaram Cuba em uma nação capitalista e falsificaram a política do país ao criar uma “democracia” em que apenas os indicados pelos EUA governavam e a oposição era perseguida.

Em 1952, quando o militar Fulgencio Batista promoveu um golpe de Estado fascista em Cuba, financiado e apoiado pelos EUA, toda oposição política se tornou ilegal. A tortura, o assassinato e o sequestro de opositores se tornaram comuns.

A economia de Cuba era completamente controlada pelos imperialistas estadunidenses e dependente de suas decisões. Todos os recursos do país, assim como o lazer, serviam para beneficiar os grandes latifundiários do país e os grandes ricos dos EUA. Por conta disso, a prostituição e o tráfico de drogas eram comuns nas ruas de Havana, a capital, e de outras cidades cubanas. Havia também muito apoio do governo para a criação de cassinos e casas de apostas e jogos de azar.

Enquanto isso, a população de Cuba era em sua maioria analfabeta, vivia nas ruas, sofria com o desemprego e a falta de acesso à saúde. A situação era muito parecida com a do Brasil e de outros países da América Latina: uma realidade de miséria e sofrimento causadas pelas classes dominantes burguesas e latifundiárias.

Surge a bandeira da rebelião

O movimento revolucionário, liderado por figuras como Fidel Castro e Che Guevara, representava um projeto de país completamente contrário àquele que governava Cuba era naquele momento. O assalto ao quartel Moncada, encabeçado por Fidel, representou a coragem do ser humano em se rebelar contra a injustiça. Foi um símbolo de esperança, que causou arrepios de animação e incitou a rebeldia no povo cubano.

A coragem e a determinação de Fidel ao enfrentar a ditadura de Batista e não renunciar a suas ideias mesmo no banco dos réus em seu julgamento, permanecendo firme na defesa da revolução e do povo cubano mesmo com sua vida em jogo, demonstram o que é ser um revolucionário de verdade. Isso me fez perceber que aqueles que criticavam Fidel não tinham nem 10% de sua coragem e nem 1% daquilo que ele tinha como ser humano.

Quando eu li o que ocorreu após a vitória da revolução, em um processo lindo de união de todo um povo contra a injustiça, me convenci mais ainda de sua defesa. Em poucos anos, a luta do povo cubano acabou com o analfabetismo, a miséria, a carestia, a prostituição, o tráfico de drogas e tirou o povo das ruas para dar moradia a eles. Uma conhecida frase de Fidel após a revolução demonstra o êxito do povo cubano em mudar a sua nação: “Esta noite, milhões de crianças dormirão na rua, mas nenhuma delas é cubana”.

O exemplo de Che Guevara

O fato definitivo que me fez ter certeza de que defenderia a Revolução Cubana foi estudar e conhecer a história de Che Guevara e de sua dedicação de vida, corpo e alma à luta contra a injustiça. Sua atuação não parou em Cuba. Ela perseverou nos países africanos, onde os povos lutavam contra o colonialismo, e nos demais países da América Latina, onde os povos se mobilizavam contra o imperialismo dos EUA e as injustiças cometidas pela burguesia e pelos latifundiários.

Che havia conseguido em Cuba um espaço para viver bem com sua família, além de conquistado o respeito de todo o mundo por sua luta. Mesmo assim, ele deixou a ilha, mais uma vez abnegando de seus confortos, para apoiar a luta dos povos de outras nações oprimidas. Até hoje, o governo cubano envia milhares de médicos para nações de todo o mundo, ajudando os povos e reafirmando toda demonstração de humanidade que existe na revolução.

Demorei mais alguns anos para entender o que tanto me encantava na Revolução Cubana. E era simplesmente a construção de uma sociedade socialista, desenvolvida pelo incansável povo cubano, que eu também gostaria que existisse no Brasil e em toda a América Latina. Pois se, existisse, eu não veria mais o tráfico de drogas atingindo a juventude e nem a guerra às drogas do Estado burguês que assassina centenas de jovens todos os meses; não veria mais pessoas desistindo dos estudos ou indo para o desemprego; e também não veria mais a miséria da fome e da pobreza atingindo as pessoas.

Nessa sociedade, eu poderia dormir tranquilo sem pensar nas dificuldades financeiras e nos perigos da violência a pessoas próximas. Poderia passar meus dias sabendo que a sociedade socialista, na qual viveríamos, é construída todos os dias com o mesmo amor e dedicação que Che e Fidel ofereceram à humanidade. O mesmo amor e dedicação que o povo cubano continua hoje a oferecer.

Defender a Revolução Cubana

Cuba é o primeiro país das Américas em que o povo erradicou analfabetismo e impôs uma derrota estratégica ao imperialismo estadunidense. Como alguém pode ser contra figuras revolucionárias como Che e Fidel, que defenderam o fim do analfabetismo e da exploração? Que não apenas defenderam essas ideias, mas pegaram em armas, deram suas vidas e enfrentaram até o fim a injustiça e a opressão para defender que haja saúde, educação, moradia e dignidade para o povo?

Neste 66º aniversário da Revolução Cubana, não podemos aceitar que se negligencie ou diminua seu papel histórico, e é preciso combater as mentiras do revisionismo e do imperialismo. A vitória do povo de Cuba é a prova de que todo povo explorado pode enfrentar e vencer o imperialismo, o fascismo e as classes dominantes. Assim como os cubanos venceram, nós também venceremos!

Reféns palestinos começam a ser libertados após início do cessar-fogo em Gaza

Mesmo com as tentativas de Israel de sabotar o acordo de cessar-fogo, palestinos reféns em prisões israelenses começam a ser libertados enquanto a população de Gaza tenta voltar para casas destruídas.

Felipe Annunziata | Redação


INTERNACIONAL – “Nossos sentimentos estão com nossas famílias em Gaza. Apesar da tortura e do abuso, nossa preocupação na prisão era que a guerra em Gaza parasse. Nossa mensagem e gratidão vão para eles. Nunca esqueceremos o que eles fizeram por nós até o fim dos tempos.”

Este depoimento é da palestina Baraa Foqaha, refém política libertada por Israel neste domingo, como resultado do acordo de cessar-fogo em Gaza. De acordo com a imprensa internacional, 90 palestinos foram libertados em troca de 3 prisioneiras israelenses detidas pela resistência palestina neste domingo (19/1). Todas as 90 pessoas são mulheres ou menores de idade mantidos em cativeiro por Israel.

A afirmação de Foqaha prova o caráter histórico da luta palestina pela sua libertação e como esse acordo de cessar-fogo foi uma conquista da resistência palestina.

De acordo com Youssef, de 22 anos, e morador de Beit Lahia, na cidade de Gaza, “a primeira sensação que tive quando cheguei a Beit Lahia foi choque e pânico com o horror e os escombros. É como se um terremoto Richter nove tivesse atingido minha cidade… Não há ruas, lojas, parques, mercados, hospitais ou municípios. Não há nada além de escombros e alguns cadáveres ao redor e abaixo deles”.

No entanto, o caráter temporário do acordo não pode ser ignorado. Com a primeira troca de prisioneiros realizada, teve início a primeira fase do cessar-fogo, que tem previsão de durar seis semanas. A ideia é terminar o período com a troca de 33 prisioneiros israelenses por cerca de mil reféns palestinos. Portanto, o acordo atual garante um pouco de paz para a população de Gaza até o início de março, quando acontecerão novas negociações.

Já em Gaza, mais sinais do genocídio ficam à mostra, conforme a população começa a retornar para suas cidades e bairros. O cenário de destruição total agora é contabilizado pelos palestinos.

Luta dos povos do mundo segue necessária

Essa situação se torna ainda mais instável com a tomada de posse do fascista Donald Trump na presidência dos EUA. Por enquanto, os Estados Unidos deram aval à paralisação dos ataques de Israel a Gaza pois Trump ainda está estabelecendo as bases do seu novo mandato. Não está garantido que esta posição se manterá no fim do mês que vem.

Por outro lado, o primeiro-ministro fascista israelense Benjamin Netanyahu continua sabotando o cessar-fogo. Apenas nesta terça (21/1), Israel invadiu novamente o campo de refugiados palestinos de Jenin, na Cisjordânia, deixando 9 mortos e mais de 40 feridos, entre as vítimas se encontram crianças e profissionais de saúde.

Outro fato que coloca em xeque o acordo foi a renúncia de três ministros do gabinete de Netanyahu, ligados a um partido fascista religioso israelense. Entre os que se demitiram está Itamar Ben-Gvir ministro da segurança nacional, responsável por financiar e armar colonos israelenses na Cisjordânia.

O cenário mostra que o acordo entre as forças sionistas e a resistência anticolonial palestina ainda é frágil, apesar de ser uma vitória da luta palestina. Por isso, se torna fundamental a manutenção da mobilização internacional contra o genocídio e pelo fim da ocupação israelense com o estabelecimento completo do Estado da Palestina.

A luta contra o imperialismo estadunidense e europeu, financiadores do colonialismo de Israel, atingiu uma nova fase que exige de todos os povos explorados do mundo uma mobilização permanente para garantir a vitória completa da Palestina.

 

Comitê Memória, Verdade e Justiça (PE) realiza cine debate sobre filme Zé

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O Comitê Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco junto ao Centro Cultural Manoel Lisboa e entidades estudantis realizaram um cine debate com o filme Zé, que conta a história do líder estudantil José Carlos da Mata Machado, assassinado sob tortura pela ditadura militar em 1973.

Jesse Lisboa | Redação Pernambuco


CULTURA – Na sexta-feira, 17 de janeiro, o Comitê Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco promoveu um cine debate no Centro Cultural Manoel Lisboa, em Recife. O evento contou com a participação de 40 pessoas, com a presença de lideranças estudantis, como diretores da UEP, da UESPE, da UNE, do SEEPE, professores e estudantes. A exibição do filme (2023), dirigido por Rafael Conde, narra a história do líder estudantil José Carlos da Mata Machado. Morto sob tortura pela ditadura militar em 1973, Zé Machado tornou-se um símbolo da luta pela democracia e do movimento estudantil no Brasil.

A obra é resultado de uma pesquisa iniciada por Samarone Lima em seu trabalho de conclusão de curso em jornalismo, que culminou no livro sobre a vida de José Carlos da Mata Machado. O filme resgata a trajetória de José Carlos, filho de um professor universitário, jovem de classe média e militante da Ação Popular Marxista Leninista (APML). Ele se destacou pela coragem para enfrentar o regime militar, vivendo a maior parte de sua vida adulta na clandestinidade. A narrativa apresenta aspectos pessoais e políticos do líder estudantil, revelando o impacto de sua militância nos que o cercavam.

Após a exibição, o debate foi conduzido por Edival Nunes Cajá, presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa, Amparo Araújo, do Comitê Memória, Verdade e Justiça, e o professor Carlos Macdowell. Estava presente também Marcelo Santa Cruz, ex-preso político e irmão de Fernando Santa Cruz, militante do movimento estudantil, desaparecido durante a ditadura militar. Entre os pontos discutidos, destacou-se o destino daqueles que conviveram com Zé, como seus pais e sua esposa, Madalena, que também viveu sob a vigilância e perseguição do regime

Durante o debate, Augusto Costa, militante da UJR, comentou sobre algumas questões locais da cidade do Recife, exemplificando que “é um absurdo que entre as duas maiores universidades de Recife (UFPE e UFRPE) exista um busto em homenagem ao fascista Castello Branco, um dos responsáveis por iniciar um dos períodos mais nefastos da história brasileira. É uma necessidade nos organizarmos, em cada universidade, em cada escola, em cada sindicato, em cada bairro e jogar de vez cada um desses facínoras para a lata de lixo da história. Não mais permitiremos que haja uma escola ou rua que carregue o nome daqueles que perseguiram, sequestraram, torturaram e assassinaram os melhores filhos do povo brasileiro.”

“Carregamos o legado de Rubens Paiva, de Zé, de Manoel Lisboa de Moura, que mesmo sob terríveis torturas por cerca de 19 dias, não deu uma informação sequer ao seus algozes, carregamos a honra de levar a frente a luta daqueles mártires que lutaram por uma sociedade mais justa, sem exploração, sem miséria, sem fome.”, complementa.

Amparo Araújo expôs alguns pontos da história de Zé, como o irmão da Madalena, Gilberto Prata Soares, que colaborou com o exército fascista entre 1973 e 1982, acompanhando os passos de José Carlos até seu assassinato pela repressão da ditadura militar. Ela conta que Gilberto deu depoimentos públicos relatando sua colaboração com a ditadura.

População pernambucana diz não à privatização da Compesa

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Em audiências públicas convocadas às pressas e com a intenção de preparar o caminho para o governo de Raquel Lyra (PSDB) realizar a privatização da Compesa, a Unidade Popular em Pernambuco mandou o recado: “se for privatizar, vai ter luta!”

Clóvis Maia | Redação Pernambuco


BRASIL – Desde que tomou posse no cargo de governadora do estado de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB) vem falando na privatização a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa), empresa estatal criada em 1971 e que cuida do abastecimento de água e coleta de esgoto em todo o estado de Pernambuco. A empresa já foi eleita como o melhor serviço de abastecimento de água do país em diversas ocasiões e também é uma das mais lucrativas. 

Socializando o prejuízo, privatizando o lucro

A Compesa já opera hoje com uma Parceria Público Privada (PPP) na Região Metropolitana do Recife. A BRK, empresa canadense que atua em 13 estados do Brasil e uma das maiores empresas de saneamento básico atuando no país hoje seria um modelo a ser seguido para todo o estado. O problema é que o serviço de captação e tratamento de água continuaria sob a responsabilidade do poder público, coincidentemente o serviço mais pesado, enquanto o setor privado recolheria os lucros. Pior: vergonhosamente esse modelo de concessão pública duraria por 35 anos e foi proposto e incentivado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Nacional (BNDES). Ou seja, é a mesma política privatista do governo Bolsonaro, continuado pelo governo Lula. 

A proposta do governo do estado é organizar 5 audiências públicas nas regiões do estado, onde por meio de uma apresentação técnica e burocrática a população é avisada sobre o projeto de privatização da Compesa. Ou seja, tudo uma grande maquiagem para fingir que escutou a população, maiores atingidos se o plano for concretizado. 

A militância da Unidade Popular fez a denúncia

Durante as audiências do Recife (15/01) e Caruaru (16/01) a militância da Unidade Popular presente fez a denúncia desse golpe promovido em acordo entre o governo do estado e os empresários. No Recife, Raimundo Malheiros, presidente do Diretório Municipal da UP, ressaltou a incompetência dos governos, segundo ele “os pernambucanos não passaram uma procuração para governante nenhum privatizar um patrimônio público tão importante quanto a Compesa. Não vamos aceitar sermos roubados. Esse é o termo popular. Isso é uma apropriação indevida do patrimônio público por parte do setor privado. E como vimos em outros estados, a privatização não dá certo”. 

Já em Caruaru a audiência ocorreu dia 16 deste mês no auditório da Secretaria de Educação Municipal, e contou com uma boa participação da militância da Unidade Popular. Falando em nome do Diretório Municipal de Caruaru, Iany Moraes, presidenta da UP, reafirmou que “Essa é uma luta de todo trabalhador pernambucano e especialmente do povo pobre. O que vemos com a privatização é o sucateamento dos serviços, demissão em massa e o aumento dos preços. Querem privatizar os lucros e socializar os prejuízos”.

Iany também questionou o formato das audiências. Segundo ela, “não tem como discutir um tema tão importante como esse em apenas uma audiência pública por região. Além disso, apresentam uns termos técnicos, de difícil compreensão e uma apresentação maçante, com uma clara intenção de dificultar a participação do povo. Esse é um traço do governo Raquel Lyra, uma gestão voltada para os empresários e que não gosta do povo”. 

Terão ainda 3 audiências públicas no Sertão (Petrolina, Salgueiro e Serra Talhada) que também contará com a participação da Unidade Popular nas denúncias desse projeto, além da mobilização que vem sendo feita contra esse plano perverso de transformar água em mercadoria.

Prefeitura de Lauro de Freitas deixa servidores públicos sem salário

Prefeita de Lauro de Freitas (BA) alega que não há recursos para pagar salários de dezembro, mas levantamento solicitado por entidades sindicais já apurou que há verba suficiente em caixa. Trabalhadores se preparam para entrar em greve caso os salários não sejam pagos nesta semana

Vitória Louise | MLC Bahia


A prefeitura de Lauro de Freitas, município baiano da Região Metropolitana de Salvador, deixou os servidores municipais sem o pagamento de salário no mês de dezembro. A atual prefeita Débora Régis (União Brasil) alega que a antiga gestão, encabeçada por Moema Gramacho (PT), não deixou recursos suficientes em caixa para a realização dos pagamentos, mas os trabalhadores estão se mobilizando para que o Poder Municipal não se ampare em desculpas e cumpra com sua responsabilidade. Um levantamento das entidades sindicais indica que a Prefeitura tem verbas para remunerar os trabalhadores.

No município de Lauro de Freitas, não há um calendário de pagamento para os servidores públicos municipais, apenas uma referência na data de recebimento do salário retroativo que remete ao 5º dia útil do mês. Passado o período da transição de governos, os servidores que se referenciam nessa data esperavam receber no dia 8/1 o salário retroativo do mês de dezembro. No entanto, foram surpreendidos com o anúncio da atual prefeita Debora Régis de que não havia recursos em caixa para realizar os pagamentos.

Desde o dia dessa declaração, diversos sindicatos dos servidores públicos municipais foram à luta para mobilizar a categoria, organizando manifestações pelos salários ao longo da semana que envolveram desde passeatas no centro da cidade até a ocupação do Centro Administrativo de Lauro de Freitas.

Para Renata Pinheiro, professora de História e Cultura Afro-brasileira que atua na rede municipal de Lauro de Freitas, a situação é revoltante. “O tempo todo, a gestão tenta fugir da sua responsabilidade. A declaração inicial era que eles não tinham responsabilidade em fazer a quitação do pagamento da gestão anterior, o que é um equívoco gigantesco, porque quem assume toda a gestão assume todas as responsabilidades”, ela afirmou ao jornal A Verdade.

Professores desrespeitados e perseguidos

À atual prefeita, cabe cumprir a responsabilidade de pagar a folha dos servidores. Apesar disso, até o momento, todos os servidores de todas as categorias se encontram sem receber o seu salário de dezembro. No caso dos professores e docentes do município, além do não pagamento do salário de dezembro, os trabalhadores ficaram sem receber as férias coletivas referentes a janeiro.

A prefeita não quis dialogar com as categorias e alegou calamidade fiscal. No caso dos servidores públicos da educação, o município poderia ainda contar com os recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação) para remunerar os profissionais. Mas, por opção de punir os professores, a atual gestão opta por não utilizar esse recurso para o pagamento da folha salarial.

No momento, a prefeitura de Lauro de Freitas se destaca por ser a única prefeitura da Bahia que se recusa a pagar o salário de seus funcionários concursados, revelando assim a falta de responsabilidade com o seu quadro de servidores. A situação de muitos deles é delicada, a exemplo da servidora Geisa Silva, professora da rede municipal efetiva há 13 anos, que está há mais de 17 dias sem receber o salário e sem férias, enfrentando uma situação de vulnerabilidade social. Geisa tem um filho com autismo em nível III que vive fortes crises, que levam à necessidade de utilizar fármacos que não podem ser comprados sem o salário.

“Aqui não existe marginal e nem bandido. Nós somos trabalhadores, servidores. Nós estamos aqui reivindicando o nosso salário e as nossas férias, que são direito nossos. Está na legislação, qualquer trabalhador, independente de qual tipo de contrato ele tenha, ele tem o direito de receber a sua remuneração, então ninguém tá aqui fazendo baderna, estamos reivindicando aquilo que é nosso! Eu tô numa situação que eu não tenho uma margarina na minha geladeira, mas eu tenho um salário para receber”, denuncia Geisa.

Além de todo o vexame a que a Prefeitura está submetendo os servidores públicos, vereadores da mesma ala política da atual gestão foram à manifestação dos professores para perseguir e tentar desmoralizar os lutadores sociais. Gabriel Bandarra, um vereador do PL, ameaçou agredir o professor do município Mateus Costa, que é militante da Unidade Popular e do Movimento Luta de Classes (MLC). Em tom de provocação de briga, o vereador esbanjou desrespeitos contra Mateus e todos os trabalhadores que estavam presentes exigindo seus direitos, mas acabou expulso da manifestação.

Lutar até conquistar

Servidores de Lauro de Freitas (BA) lutam por seus salários. Foto: JAV/BA
Servidores de Lauro de Freitas (BA) lutam por seus salários. Foto: JAV/BA

Os sindicatos dos servidores públicos municipais de Lauro de Freitas realizaram vários levantamentos de dados a fim de conferir os recursos da Prefeitura, além de pedir judicialmente a fiscalização das contas públicas. Averiguou-se que há recurso em caixa para se efetivar o pagamento da folha.

Para José Gonçalves, professor da rede municipal, o não pagamento dos salários é uma opção política. “Ocorre que já existe um montante no caixa da prefeitura para pagar a folha. Infelizmente a prioridade dessa atual gestão é seguir a cartilha de ACM Neto e União Brasil, um modelo de gestão que não tem na figura do servidor público uma figura importante.”

Para Irundi Andrade, diretor do sindicato ASPROLF (Associação de Professores de Lauro de Freitas), a alegação da atual prefeita é algo secundário e o principal é garantir os pagamentos: “Estamos ocupando o CALF (Centro Administrativo de Lauro de Freitas) por conta do atraso do salário do mês de dezembro de 2024 até o dia de hoje, 17 de janeiro de 2025. A prefeita que assumiu o mandato se nega a pagar o salário dos servidores alegando que a gestora passada não deixou o recurso. Que ela se entenda com a prefeita passada na Justiça e com as leis vigentes.”

“Para nós servidores, o que nos importa é o dinheiro na nossa conta. Já demonstramos que existem recursos suficientes para pagar a folha de dezembro de todos os servidores, e ainda assim esse governo opressor que odeia servidor público continua resistindo em fazer aquilo que é devido, que é pagar o salário dos servidores”, ele complementa.

Assim, na tarde dessa sexta-feira (17/1), a prefeita anunciou a proposta de realizar o pagamento do mês de dezembro em seis parcelas. A categoria recusou a proposta  por considerá-la indecente e decidiu, em assembleia geral, manter a paralisação dos serviços públicos. Caso não haja o pagamento até segunda-feira, uma greve dos servidores municipais será deflagrada na data do dia 20/1.

Enquanto os servidores públicos seguem sem receber, a prefeita de Lauro de Freitas conta com o terceiro maior salário de prefeitura do Brasil. Para o MLC, que está participando ativamente da mobilização dos servidores, apenas com a luta e a organização sindical é que os direitos dos trabalhadores serão garantidos.

Correnteza participa do 11º Encontro de Mulheres Estudantes da UNE

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Atuação do Movimento Correnteza e do Movimento de Mulheres Olga Benario no  Encontro de Mulheres Estudantes da UNE pautou a permanência das mulheres na universidade, a garantia dos seus direitos e o combate à violência de gênero nas instituições de ensino superior.

Maria Eduarda | Recife (PE)


A abertura do 11º Encontro de Mulheres Estudantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) foi realizada no dia 29 de novembro, na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa). Dany Oliveira, diretora Executiva da UNE, representou o Movimento Correnteza na mesa. Já Kivia Moreira, estudante da UFRN e membro da Coordenação Nacional do Movimento Olga Benario, afirmou que “a nossa luta fundamental é contra o fascismo, varrer de vez das universidades todo professor nazista, todo estudante assediador, de qualquer universidade”.

No segundo dia, o evento foi marcado por um ato em defesa da vida das mulheres, denunciando a PEC 164 (“PEC do Estupro”), que criminaliza o aborto no Brasil, incluindo os casos permitidos pela Legislação Brasileira, não dando liberdade de escolha às mulheres em relação ao seu próprio corpo. O ato exigiu também a prisão de Bolsonaro e dos generais golpistas e o fim da escala 6×1, que afeta muito mais as mulheres trabalhadoras, obrigadas a triplas jornadas de trabalho, dentro e fora de casa.

“A sociedade que me obriga a parir é a mesma sociedade que não me dá condições de trabalhar, estudar e cuidar dos meus filhos. A escala 6×1 consome pelo menos dez horas do dia de uma trabalhadora. Se ela for estudante, significa dormir, no máximo, seis horas por dia”, denunciou Eunice Brasil, diretora de Mulheres da UNE pelo Movimento Correnteza.

Além disso, também houve diversos grupos de debate, pautando principalmente a permanência das mulheres na universidade e a garantia dos seus direitos, como a segurança dentro dos campi, ampliação das políticas de assistência estudantil e o combate à violência de gênero nas instituições de ensino superior.

“Com cortes na educação, não há melhorias e melhor acolhimento das mulheres na universidade, assim como a jornada de trabalho 6×1 não nos permite trabalhar, estudar e cuidar de nossas famílias, nem de nós mesmas. A luta deve ser conjunta com as pautas dos trabalhadores, até porque nós somos trabalhadoras também”, afirmou Sued Carvalho, presidente da Unidade Popular no Ceará e convidada para um dos grupos.

O Movimento de Mulheres Olga Benario realizou uma plenária de apresentação, colocando a importância da organização das mulheres da classe trabalhadora contra os mecanismos de ataque do sistema capitalista, destacando que a luta de emancipação feminina deve sempre pautar a luta de classes.

Na plenária também foi apresentado o projeto da “Sala Lilás”, na USP, assim como as casas de referência que o Movimento organiza em vários estados para acolhimento de mulheres vítimas de violência. “A gente tem conseguido pautar o que fizemos na USP, a Sala Lilás, pois é importante os estudantes se organizarem quando faltam espaços nas universidades e criar seus próprios mecanismos de acolhimento e de denúncia sobre os casos de assédio”, destacou Beatriz Firmino, diretora da UNE.

Grupos de debate

Os grupos de debate continuaram com temas sobre a descolonização da educação; a desmilitarização dos territórios; a luta contra o assédio nas universidades.

“Infelizmente, hoje, a universidade não é um espaço que apoia as mulheres. São vários ataques que sofremos constantemente. Por exemplo, quando uma estudante foi assassinada dentro da universidade, numa calourada, a Reitoria culpabilizou o movimento estudantil, se isentando da responsabilidade. Para o agressor ser expulso da instituição, tivemos que nos mobilizar”, relata Jéssica Nathalia, presidente da União dos Estudantes de Pernambuco (UEP).

Às companheiras que tombaram

Também foram homenageadas as companheiras que tiveram suas vidas ceifadas pelo sistema capitalista. Companheiras que lutaram até o último suspiro pela construção de uma sociedade socialista.

Sarah Domingues, presente!
Vênus Evangeline, presente!
Amêli, presente!
Janaína Bezerra, presente!
Raquel Rocha, presente!
Agora e sempre!

Matéria publicada na edição nº 304 do Jornal A Verdade

Aumento da tarifa de ônibus: não ficaremos de mãos ao alto!

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As mobilizações contra o aumento da tarifa de ônibus em diversos estados do país já está acontecendo, com ampla jornada de lutas em Belo Horizonte, Florianópolis e São Paulo. Unificar essa luta nacionalmente é tarefa dos movimentos sociais em defesa da classe trabalhadora.

Igor Baltar | Recife – PE


BRASIL – Que o transporte que deveria ser público, mas está entregue nas mãos das grandes empresas do transporte é caro, lotado e ruim já sabemos, mas como resolver este problema?

Há anos, diversos movimentos sociais junto com o povo lutam e vão às ruas em defesa de um transporte público, gratuito e de qualidade e contra as privatizações que precarizam o conforto, a segurança, colocando tarifas abusivas para a classe trabalhadora, sem nenhuma perspectiva de melhoria concreta do serviço.

Um dos casos mais conhecidos dessa luta são, a Revolta das Catracas (2004), acontecido em Florianópolis e as jornadas de junho de 2013, que começou contra o aumento da tarifa de ônibus de R$0,20 centavos na passagem em São Paulo e logo em seguida tomou cidades do Brasil inteiro. 

Aumentar o valor de tarifa dos transportes que deveriam ser públicos, mas na prática, continuam geridos por empresas privadas e só fazem pesar ainda mais o bolso do trabalhador, é roubo e não deve ficar impune. É necessário aprender com as lutas do passado e seguir em mobilizações intensivas para barrar os aumentos em todas as cidades que decretaram. Precisamos ousar mais, pautar o passe livre e cobrar a estatização e reestatização daqueles que foram privatizados.

E a tarifa zero? Quem ganhou?

Com a correlação de forças dadas em um governo liberal e conciliatório, onde a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco, a esquerda institucional, base principal do governo, reduz cada vez mais suas pautas e discurso. Vemos que tanto a direita como a extrema-direita aprenderam o jogo das massas. Com o avanço da extrema-direita no país e o recuo da direita tradicional, algumas coisas mudaram, a exemplo do discurso, onde vemos agora candidatos de direita defendendo a tarifa zero, para benefício dos seus.

Até setembro de 2024, 136 cidades brasileiras já contavam com modelos de tarifa zero, segundo a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). Em 116 delas, esse modelo atinge todo o sistema de transporte e todos os dias, já nas outras 20, em dias específicos. 

Na última eleição, PL, MDB, PSD e PP também tiveram menções a gratuidades em seus programas.

Na virada dos anos 2024 para 2025, diversas cidades anunciaram novos aumentos como São Paulo, Florianópolis, Recife, Rio de Janeiro, Belo Horizontes e outras mais. Em alguns locais, o preço das passagens já chega aos R$6,90.

Em resposta a isso, Belo Horizonte, Florianópolis e São Paulo já foram às ruas mobilizados para barrar seus aumentos e prometem uma jornada de lutas até conseguirem êxito em suas pautas.

Com isso, aprendemos que somente mobilizada e unida na luta a esquerda conseguirá expandir e defender suas pautas. Através das mídias independentes, panfletaços e atos combativos, deixando bem claro a todos os usuários do transporte que tarifa zero e o passe livre com transportes de qualidade não é utopia e deve ser pautado como sempre foi pela esquerda, até que tenhamos a vitória e provemos quem se encontra ao lado dos menos favorecidos.

Trabalhadores da PepsiCo fazem greve pelo fim da escala 6×1

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A recente greve dos trabalhadores da PepsiCo foi um importante marco na jornada de luta contra a escala 6×1.

Redação SP


A luta pelo fim da escala 6×1 tem se provado um ponto de virada no debate político a respeito da jornada de trabalho no Brasil. Justamente por expor o estado cruel de exploração ao qual milhões de brasileiros estão submetidos, a pauta tem dado um novo fôlego para a luta histórica da classe trabalhadora no país.

A recente greve dos trabalhadores da PepsiCo foi um importante marco nessa jornada. Encerrada no dia 02 de dezembro, a greve contou com enorme adesão da categoria, forte solidariedade por parte de partidos, movimentos sociais e outros sindicatos (embora a CUT, a Força Sindical e a CTB não tenham sido favoráveis à greve), além de grande repercussão midiática. Trabalhadores de todo o Brasil se identificaram com a luta dos bravos operários e operárias da PepsiCo e viram neles a sua própria imagem enquanto irmãos de classe.

A burguesia, é claro, defendeu com afinco o “direito” de explorar os trabalhadores que, com coragem, cruzaram os braços nas unidades de Itaquera e Sorocaba (SP). Vouchers de R$ 200,00 para serem utilizados em aplicativos foram oferecidos a quem estivesse disposto a cumprir o papel de fura-greve e diversas matérias foram plantadas na mídia comercial para descaracterizar a legitimidade da greve. Mesmo assim, os trabalhadores foram até o fim.

A proposta aprovada ao fim da greve não foi favorável aos trabalhadores, como noticiamos em matéria publicada no site do jornal A Verdade no dia 30/11. Entretanto, há de se frisar o que foi positivo nesse processo: a primeira greve operária pelo fim da escala 6×1 parou duas fábricas de uma empresa multinacional. Este salto qualitativo não pode ser ignorado, afinal, cada trabalhador se deu conta de que o fim da exploração não vai se dar por meio de acordos de gabinete, de uma conciliação entre patrão e empregado mediada pelo Estado burguês. Tal conquista deve ser arrancada das mãos da burguesia pela classe trabalhadora organizada.

Nesse sentido, torna-se cada vez mais importante não perder as rédeas da mobilização. Da luta de hoje, deve-se tirar os planos para as lutas futuras. Aprender com os exemplos que os companheiros grevistas nos deram e estar ao lado deles todos os dias. Em cada panfletagem e em cada brigada em porta de fábrica, o exemplo dos trabalhadores da PepsiCo deve ser lembrado e deve-se apresentar a Unidade Popular e o seu programa, que reivindica a redução da jornada de trabalho para seis horas diárias a todos os trabalhadores. É preciso trabalhar para que mais greves se espalhem pelo Brasil, com o objetivo político de fortalecer o proletariado na luta pelos seus direitos.

Apoio popular

Pesquisa publicada pela Folha de São Paulo revelou que 70% da população brasileira apoia o fim da escala 6×1. Não para por aí: 65,8% dos entrevistados demonstram ter consciência de que os patrões se opõem à PEC porque o modelo vigente permite maior exploração do trabalhador, resultando em grandes margens de lucro, e 77% entendem que a produtividade do trabalhador aumentaria com mais tempo de descanso. Além disso, o apoio ao fim da jornada chega a ser até 10% maior entre as mulheres (86%) do que entre os homens (76%).

Matéria publicada na edição nº 304 do Jornal A Verdade

Qual o papel das Forças Armadas na conspiração para dar um golpe fascista no Brasil?

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Ao longo da História, as Forças Armadas realizaram vários golpes militares para reprimir os trabalhadores e manter o poder nas mãos da burguesia. Segundo o inquérito da PF, os comandantes das Forças Armadas se reuniram 14 vezes para discutir o golpe com Bolsonaro após a derrota nas eleições.

Heron Barroso | Redação


Após a publicação do inquérito da Polícia Federal (PF) sobre a conspiração fascista para dar um golpe de Estado e impor uma nova ditadura militar no Brasil, os meios de comunicação da burguesia imediatamente passaram a defender a tese de que a democracia brasileira foi salva pelo Alto Comando das Forças Armadas, que se recusou a participar da trama bolsonarista.

Para eles, os milhões de brasileiros que foram às ruas pedir a saída de Bolsonaro da Presidência, a falta de apoio da imensa maioria da população, o isolamento do ex-capitão dentro e fora do país e a resistência dos movimentos sociais não tiveram nenhuma importância.

Nos jornais, TVs e internet, centenas de manchetes e colunas saudaram a “firmeza” com que os militares supostamente impediram o golpe. O ministro da Defesa José Múcio chegou a afirmar que o golpismo nas Forças Armadas é um caso isolado e não representa a maioria da instituição. “Eu desejo que tudo seja esclarecido para tirar de cima das Forças Armadas a névoa da suspeição”, disse.

Porém, não se trata de suspeição, sr. ministro, mas de fatos. Nada menos que 25 das 37 pessoas indiciadas pela PF são militares, muitos ainda na ativa, entre eles o ex-ministro da Defesa, o ex-comandante da Marinha e outros quatro generais. Como é possível não enxergar aí o envolvimento da cúpula das Forças Armadas na tentativa de golpe?

Essas mesmas Forças Armadas realizaram, ao longo da História, vários golpes militares para reprimir os trabalhadores, manter o poder nas mãos da burguesia e impedir o avanço da revolução socialista em nosso país. Jamais devemos esquecer que foi nos quartéis do Exército, Marinha e Aeronáutica que foram torturados e assassinados centenas de revolucionários, verdadeiros patriotas e democratas, como Manoel Lisboa, Emmanuel Bezerra, Sônia Angel e José Carlos da Matta Machado, entre outros.

Mas, ao que parece, o ministro da Defesa e algumas personalidades e organizações que se dizem de esquerda se esqueceram. Por isso, nunca é demais relembrar alguns casos de participação direta das Forças Armadas em golpes e conspirações e qual sua verdadeira função numa sociedade capitalista.

A lista é grande

Em 1899, o Exército “proclamou” a República e nomeou dois generais seguidos como presidentes: Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Em 1930, esse mesmo Exército empossa Getúlio Vargas na Presidência e cria o chamado “Estado Novo”, em 1937. Poucos anos depois, em 1945, as Forças Armadas depõem Vargas e “elegem” como presidente o general Eurico Gaspar Dutra. Em 1961, após a renúncia de Jânio Quadros, os militares tentam impedir a posse do vice, João Goulart, que assume, mas é golpeado em 1964 e se exila. De 1964 a 1985, cinco generais são nomeados presidentes do Brasil, durante uma ditadura que assassinou mais de 10 mil pessoas e perseguiu, prendeu, sequestrou, torturou outros milhares.

Mesmo após o fim do regime militar, as Forças Armadas continuaram reprimindo os trabalhadores. Em 1988, no governo Sarney, o Exército interveio para acabar com a greve dos trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) por melhores salários e por redução da jornada de trabalho. Foram assassinados três operários e centenas ficaram feridos, no que ficou conhecido como “Massacre de Volta Redonda”.

Em 1995, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o Exército reprimiu uma greve na Petrobras, ocupando quatro refinarias, prendendo vários dirigentes sindicais e confiscando o dinheiro dos sindicatos.

Agora que refrescamos a memória do sr. José Múcio e de todos que, como ele, ainda creem no mito do espírito democrático de nossas Forças Armadas, vejamos qual foi o papel dos militares na conspiração para dar o mais novo golpe fascista no Brasil.

O Alto Comando no golpe

Na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro afirmou que seu chefe se reuniu várias vezes com membros do Alto Comando das Forças Armadas para tratar da “minuta do golpe”. Um deles foi o general Estevam Theophilo, então chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, que se colocou à disposição da quartelada. “No final da reunião, foi repassado ao colaborador que o general Theophilo disse que se o presidente Jair Bolsonaro assinasse o decreto, as Forças Armadas iriam cumprir”, afirma trecho da delação de Cid.

Ainda segundo o inquérito da PF, os comandantes das Forças Armadas se reuniram 14 vezes para discutir o golpe com Bolsonaro após a derrota nas eleições. Em quatro desses encontros, estiveram os comandantes das três forças juntos. Em cinco ocasiões, dois compareceram e, em outras cinco, somente um deles estava. Freire Gomes, comandante do Exército, foi o mais assíduo: esteve reunido com Bolsonaro 12 vezes.

Ou seja, desde o início, membros da cúpula das Forças Armadas não apenas sabiam, como estavam participando ativamente da conspiração para matar o presidente eleito e seu vice, sequestrar um ministro do Supremo Tribunal Federal e anular o resultado das eleições, mas nada fizeram. Só admitiram conhecimento do plano terrorista depois que a coisa deu errado e perceberam que poderiam acabar na cadeia.

O próprio general Freire Gomes confessou, em depoimento à PF, que “participou de reuniões no Palácio da Alvorada após o segundo turno e que Bolsonaro apresentou hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e estado de sítio”.

O ex-comandante do Exército jura que tentou convencer Bolsonaro a não ir adiante e que chegou a avisar ao então presidente que, se ele atentasse contra o regime democrático, seria obrigado a prendê-lo.

Ora essa! E por que não prendeu?

A resposta é simples: não prendeu porque a cúpula das Forças Armadas não tem um tantinho assim de honra e dignidade; estão mais preocupados em manter seus privilégios e mordomias. Para esses generais, a democracia é desnecessária, a liberdade do povo atrapalha seus interesses e melhor seria que a ditadura de 1964 nunca tivesse acabado. É por isso que, todos os anos, eles fazem questão de comemorar o aniversário do golpe nos quartéis e nos clubes militares.

Um governo sério teria expulsado todos esses comandantes das Forças Armadas e pedido sua prisão por conspirarem contra a Pátria. Mas os defensores do mito de que o Exército é leal à democracia insistem em não ver mais que uma “névoa de suspeição” em tudo isso…

É preciso muita ingenuidade (ou será mau caráter?) para acreditar que justamente os militares indicados por Bolsonaro para chefiar as Forças Armadas tenham impedido a execução do plano golpista. Ou será que esses senhores também esqueceram que, por quatro anos, Bolsonaro e seus generais atuaram para enfraquecer a democracia no país, atacaram as eleições e ameaçaram diversas vezes acabar com as liberdades democráticas?

Quando, finalmente, o ex-capitão foi derrotado nas eleições de 2022, esses mesmos comandantes permitiram que milhares de fascistas montassem acampamentos em frente aos quartéis. Chegaram mesmo a assinar uma nota pública chamando os acampamentos de “manifestações populares”. Agora está claro que esses acampamentos foram parte fundamental do plano e que, sem eles, dificilmente o 08 de janeiro teria ocorrido.

A quem servem as Forças Armadas?

Mais que uma ingenuidade, a recusa em considerar as Forças Armadas como instrumento fundamental de repressão e dominação da burguesia sobre os trabalhadores e o povo é uma das principais causas do atraso da revolução em nosso país. Os governos do PT, aliás, não mediram esforços em aumentar as verbas e comprar armamentos para tornar o Exército e as polícias ainda mais poderosos e modernos.

A verdade é que, numa sociedade capitalista, como a brasileira, o Exército está a serviço da burguesia, defende os interesses dessa classe e está sempre a postos para defender os interesses e as riquezas dos grandes capitalistas.

Por isso, os comunistas revolucionários, para não se deixarem ser pegos de surpresa, devem ter sempre em mente as palavras do camarada Manoel Lisboa, em seu artigo O Exército burguês pode e deve ser destruído:

“Este exército da burguesia não é amado pelo povo brasileiro. Para destruirmos este exército, temos que formar o nosso próprio exército, o exército do proletariado. Este, sim, será um exército realmente popular, porque será formado por pessoas do povo, por pedreiros, carpinteiros, torneiros, soldadores, serventes, tecelões, estudantes, sapateiros, camponeses, comerciários, etc. Será um Exército Popular e Revolucionário porque defende os verdadeiros interesses do povo e luta por uma sociedade melhor, uma sociedade mais perfeita e mais justa, luta por uma sociedade socialista”.

Matéria publicada na edição nº 304 do Jornal A Verdade