UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

terça-feira, 26 de agosto de 2025
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Servidores da educação em greve da rede municipal do Rio ocupam Câmara de Vereadores

Profissionais da educação do Rio estão em greve contra PL que retira direitos. Pressão da categoria e ocupação barrou votação na Câmara dos Vereadores nesta terça.

Redação RJ


TRABALHADORES – Desde o final de outubro a Prefeitura do Rio de Janeiro vem tentando impor um projeto de lei complementar para revogar vários direitos conquistados ao longo dos anos pelos profissionais de educação. O PLC 186 prevê o aumento da carga horária em sala de aula e a diminuição do tempo de planejamento, facilita demissão de servidores em estágio probatório, permite o fracionamento de férias e acaba com a chamada licença especial.

A situação imposta pelo prefeito Eduardo Paes levou a deflagração da greve da rede municipal a partir desta segunda (25).

O profissionais da educação ocuparam a Câmara de Vereadores nesta terça (26) para pressionar os parlamentares a votarem contra a proposta. Com palavras de ordem, eles ocuparam as galerias do Palácio Pedro Ernesto. No fim, por causa da pressão da categoria, os vereadores desistiram de votar a matéria, que ainda continua sem previsão de votar. Para evitar que o PL volte a votação os servidores continuam ocupando plenário durante a noite de hoje (26).

Em meio a luta nacional contra a escala 6×1, onde a classe trabalhadora reivindica uma jornada de trabalho justa, o prefeito Eduardo Paes quer impor uma política de jornadas extenuantes aos professores da rede municipal. Hoje, os profissionais pode dedicar até um terço da sua carga horária ao planejamento de aulas. Caso o projeto seja aprovado, esse tempo será diminuído, o que forçará os trabalhadores a usarem o tempo de folga ou de deslocamento para realizar o planejamento das aulas.

Para piorar a política do prefeito de direita impõe um retrocesso em vários direitos adquiridos, como as férias e a licença especial. O ataque aos servidores em estágio probatório é outra medida para atacar os servidores e fortalecer o poder de subprefeitos e políticos locais, que ficarão empoderados para forçar a demissão de novos servidores.

A posição do prefeito Eduardo Paes, que na eleição disse que defendia os servidores públicos, é de impedir qualquer diálogo e apenas reprimir a categoria.

Grandes manifestações durante novembro

Essa situação levou a categoria a um grande movimento de greve, iniciado com uma assembleia com milhares de trabalhadores no dia 04 de novembro. A mobilização se intensificou no dia 12, quando o sindicato da categoria, o SEPE-RJ, convocou atos para os dias de realização do G20.

No dia 19, outro ato ocorre na Zona Sul do Rio, onde a PM impede os trabalhadores de usarem carros de som e começam vários tensionamentos entre policiais e manifestantes.

A situação se agrava totalmente no último dia 25. Após uma importante assembleia, com mais de 2 mil pessoas, os profissionais de educação se dirigiram à prefeitura do Rio, no Centro, quando se depararam com uma forte repressão policial com bombas e gás lacrimogênio. O ato terminou com um professor detido, que depois foi liberado.

A rede municipal do Rio de Janeiro é a maior rede pública da educação da América Latina, com 660 mil estudantes e dezenas de milhares de profissionais da educação que lutam todos os dias, com o seu trabalho, para garantir o acesso à educação pública de qualidade. O ataque da prefeitura de Eduardo Paes é uma prova do descaso dos políticos de direita e do centrão com os direitos do povo.

Matéria em atualização.

Ato contra a cassação de Glauber Braga reúne movimentos e organizações no Rio

Ato político e cultural em defesa do mandato de Glauber Braga reuniu artistas e movimentos sociais no Circo Voador, ponto tradicional do Rio de Janeiro.

Felipe Annunziata | Redação


BRASIL – Milhares de pessoas se reuniram, na noite desta segunda (26), num ato político em defesa do mandato do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ). Glauber é vítima de perseguição política da parte do presidente da Câmara, o latifundiário Arthur Lira (PP-AL), e de diversos deputados fascistas.

Até agora, o processo de cassação se encontra em andamento no Conselho de Ética da Câmara, onde já foram ouvidas três testemunhas indicadas pelo relator do processo, entre elas o deputado do Movimento Brasil Livre, Kim Kataguiri. Nas oitivas ao contrário do que a bancada fascista queria, ficou provada a inocência de Glauber e o envolvimento do Movimento Brasil Livre com militantes simpáticos ao neonazismo.

Durante o ato no Rio, Glauber lembrou das ligações desse movimento de direito com o nazismo. “Tem muita coisa grave nessa relação que o MBL estabelece com grupos supremacistas brancos e lideranças nazistas, tem muito mais coisas para aparecer. E eles estão tentando fundar um partido político, e quando ficar evidenciada essas relações vai ficar muito difícil conseguir formalizar esse partido. O Brasil não precisa de partido político de gente que acoberte ou tenha relações próximas com nazistas e supremacistas brancos. E se esse processo servir para demonstrar isso, uma tarefa importante já vai ter sido desempenhada.”

No entanto, numa manobra regimental, o relator Paulo Magalhães (PSD-BA) barrou quatro testemunhas indicadas por Glauber. Todas elas foram indicadas por também serem em algum grau vítimas de perseguição política de Arthur Lira. O objetivo é evitar que o deputado socialista consiga demonstrar a perseguição política da qual é vítima.

Ato reuniu partidos, movimentos sociais e população em defesa do mandato do parlamentar socialista. Foto: Equipe Mandato Glauber.

Ato contou com diversos partidos políticos e movimentos sociais

Revezando com diversas atrações culturais, o ato no Circo Voador, reuniu lideranças de partidos políticos e movimentos sociais. Entre eles, esteve presente no evento o presidente nacional da Unidade Popular Leonardo Péricles, que reforçou a mobilização do partido em solidariedade ao parlamentar.

“Estamos num país onde a maioria dos parlamentares está envolvida em casos de corrupção, em orçamento secreto e sabemos que querem cassar o mandato do Glauber porque querem que os verdadeiros criminosos fiquem impunes. Por falar em impunidade, estamos num momento chave do Brasil, onde esses generais golpistas tramaram um golpe com o ex-presidente da república e colaboração de muitos parlamentares que não apareceram com o nome para responder a processo e irem para a cadeia.”, afirmou Léo Péricles.

A exigência de punição para Bolsonaro e os generais fascista foi também outro ponto forte da manifestação. Desde o surgimento das novas notícias sobre os planos golpistas da quadrilha de Bolsonaro, tem aumentado a pressão dos movimentos populares pela prisão de Bolsonaro e dos militares golpistas.

Agora, o processo contra Glauber deve ter um novo passo nesta quarta (27), quando outra testemunhas de defesa serão ouvidas. A expectativa é que até o início de dezembro o relator apresente seu voto no Conselho de Ética.

Combate ao câncer de mama deve ser campanha por mais investimentos em saúde

Apesar da importância da conscientização em torno do combate ao câncer de mama, a falta de investimento na saúde pública compromete o diagnóstico e o tratamento, deixando milhares de mulheres desassistidas, como mostram relatos de dificuldades no SUS e na gestão de saúde como no Distrito Federal.

Movimento de Mulheres Olga Benario


MULHERES – O mês de outubro é conhecido também pela campanha de combate ao câncer de mama, chamada de Outubro Rosa. A campanha visa a promover o debate sobre esta doença, realização de exames de prevenção, adoção de hábitos saudáveis e também divulgação de informações sobre o câncer de colo do útero.

Um a cada três casos de câncer pode ser curado se for descoberto logo no início, e a melhor forma de rastreamento do câncer de mama é a mamografia, que é recomendada nos exames de rotina para mulheres de 50 a 69 anos a cada dois anos.

Luiza Wollf, de Florianópolis (SC) relata a descoberta do câncer de mama em sua família: “Minha mãe já tinha mais de 50 anos e foi fazer o exame de rotina. Acharam um nódulo, e ela fez uma biópsia pra ver se era cancerígeno. A gente fica com muito medo”.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é o tipo mais comum, depois do câncer de pele. Em 2023, estima-se que foram descobertos mais de 73 mil novos casos e, em 2021, foi responsável pela morte de 18 mil pessoas no Brasil. 

Mas somente instituir o mês de campanha contra o câncer de mama não resolve! São necessários mais investimentos em saúde. Porém, com o novo Arcabouço Fiscal, que impõe um teto de gastos para o orçamento do país, o Ministério da Saúde teve o congelamento de R$ 4,4 bilhões só neste ano. Enquanto isso, quase metade do orçamento vai para pagar juros e dividendos da dívida pública, que, apesar de pagarmos cerca de R$ 2 trilhões anualmente, nunca diminui.

A falta de investimento em saúde é sentida na pele das mulheres, conforme continua Luiza a respeito do tratamento de sua mãe: “Demorou uns dois meses pra ela conseguir fazer os exames. O resto do tratamento teve que pagar porque foi durante a pandemia. Não deu para fazer o tratamento pelo SUS”.

Outro relato é de Raissa Studart, moradora do Distrito Federal, onde foram realizados grandes atos denunciando o caos na saúde pública, fruto do desmonte praticado por essa política de corte de verbas na saúde. “No Distrito Federal vivemos um verdadeiro caos na saúde, fruto de uma política implementada no governo do milionário Ibaneis Rocha, que privatiza o sistema de saúde e corta investimentos. Para se ter uma ideia, hoje temos uma fila de espera 932.821 pessoas para se fazer um simples exame. A espera é de, em média, dois anos, independente do diagnóstico. Os postos de saúde estão sempre cheios, as ambulâncias não dão conta das emergências e faltam 25 mil profissionais de saúde na rede. A gente passa horas na fila e não temos garantia alguma de atendimento emergencial, mesmo a saúde sendo um dever do estado. O IGES-DF é um instituto privado contratado para gerir a saúde e a qualidade do serviço só piorou desde então, simplesmente não funciona”.

Portanto, a luta pelo fim do câncer de mama é a luta por mais investimentos em saúde e pela suspensão imediata do pagamento da dívida pública! Pelo fim da contratação de Organizações de Saúde para gerir postinhos, por mais contratação de profissionais de saúde, pela garantia do piso salarial de profissionais da enfermagem e outras medidas que assegurem que as Unidades de Saúde e os Hospitais Clínicos possam atuar, de verdade, no combate ao câncer de mama e outras doenças.

Chegou o planner do Olga para 2025

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Movimento de Mulheres Olga Benario


O Movimento de Mulheres Olga Benario está lançando, pelo terceiro ano consecutivo, seu planner para vendas. O material, que sempre homenageia as mulheres de luta que dão nome às Ocupações do Olga, traz novas heroínas da América Latina e do Caribe em 2025. Temos, por exemplo, a liderança indígena venezuelana Ana Soto, que organizou um exército popular na luta contra a colonização espanhola em seu território; a haitiana Suzanne Sanité Bélair, que participou ativamente da luta contra a escravidão de seu povo. Além de ser também um produto útil para quem precisa organizar seus compromissos e não quer perder ou esquecer as atividades da semana, e principalmente a luta!

Nessa edição, o planner vem em dois formatos: 1. Mensal, mais compacto, custando R$ 40,00 e 2. Mensal + Semanal, para quem prefere ter mais espaço para anotações dia a dia, no valor de R$ 60,00. A arte completa do planner pode ser visualizada em nossas redes digitais. 

A pré-venda já começou e se encontra na bio do Instagram @movimentoolga ou com as coordenadoras do Movimento em cada estado. O prazo para a entrega é ainda em novembro deste ano.

Lembramos que a iniciativa se trata de uma importante tarefa para a autossustentação de nosso Movimento nacionalmente. A luta pela vida das mulheres e o combate ao fascismo requerem uma intervenção potente e consequente de cada uma de nós, e a construção material dessa luta se dá também num trabalho de finanças sistemático e coletivo. Portanto, é fundamental que cada estado tome essa tarefa como sua e apresente o planner 2025 para suas apoiadoras, familiares e pela militância em geral para que todos possam adquiri-lo.

Sindlimp-PB elege nova diretoria na maior eleição de sua história

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Movimento Luta de Classes PB


Ao longo da última gestão, a diretoria do Sindlimp-PB obteve importantes vitórias econômicas e políticas, frente a organização dos trabalhadores e trabalhadoras da limpeza urbana na Paraíba. Foram importantes e exitosas campanhas salariais, com reajustes bem acima da inflação, ampliação do vale-combustível, e a recente e histórica conquista do pagamento da insalubridade de 40% para toda categoria. Além disso, o Sindlimp-PB ampliou sua base de municípios no estado, somou a representação dos motoristas e obteve um grande crescimento no número de sócios, que permitiu ampliar a estrutura da entidade, com a aquisição de uma sede própria. Uma série de conquistas, que foram reconhecidas na eleição da diretoria, realizada no último dia 22 de novembro.

Com urnas espalhadas por todo estado, envolvendo toda a base de filiados, a diretoria do Sindlimp-PB foi eleita com o voto de mais de 1.000 trabalhadores. Ao todo, a Chapa 1 “Unidade de Luta para garantir as conquistas” obteve 1.027 votos, num resultado que representa também o tamanho dos desafios da diretoria para o próximo período.

Para Radamés Cândido, reeleito presidente para o próximo mandato, “a nossa votação hoje ultrapassou a votação de quatro anos atrás, em que dobramos a votação, associação e a atividade do sindicato na categoria. Isso é um marco que temos que registrar, motivado pela diretoria que assumiu a proposta de ser classista, de ser organizada no Movimento Luta de Classes”.

Vitória da categoria, Vitória da luta dos trabalhadores!

 

As tarefas dos revolucionários após as Eleições 2024

Milhões de brasileiros participaram do segundo turno das eleições municipais, realizado em 27 de outubro, para escolher novos prefeitos em 51 cidades do país. O pleito foi marcado por alta abstenção e desigualdade no financiamento de campanhas.

Leonardo Péricles | Presidente da UP


BRASIL – No último dia 27 de outubro, ocorreu o segundo turno das eleições municipais. Milhões de brasileiros foram às urnas para escolher quem seriam os novos prefeitos em 51 cidades do país. O PL, partido do ex-capitão fascista, perdeu em sete das nove capitais que disputou. A esquerda institucional, ao priorizar alianças com o Centrão e a extrema-direita, elegeu apenas Evandro Leitão (PT), em Fortaleza, enquanto sofreu derrotas em São Paulo, Porto Alegre, Natal e Cuiabá.

Um dos dados mais importantes deste segundo turno foi a quantidade de eleitores que optou por votar em branco, anular o voto ou não comparecer às urnas. Dos cerca 34 milhões de eleitores, mais 10 milhões não votaram – 29,26% do total. Esse percentual é próximo ao registrado no segundo turno de 2020 (29,53%), realizado em plena pandemia de Covid-19.

Em quatro capitais (São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Goiânia), o número de eleitores que se abstiveram ou votaram em branco/nulo superou a votação dos candidatos eleitos. Na capital paulista, o “não voto” chegou a 3,6 milhões de eleitores, superando os votos obtidos por Ricardo Nunes (MDB).

Mas o que levou um terço dos eleitores a não escolher nenhum dos candidatos para governar algumas das principais cidades do país?

Intervenção do capital

No segundo turno, os partidos financiados por grandes fortunas mobilizaram bilhões através do fundo partidário, do fundo eleitoral, de emendas parlamentares e doações para custear suas campanhas caríssimas. Essa eleição foi a que mais escancarou a intervenção do capital sobre o processo eleitoral desde a Ditadura Militar.

O caso de Sebastião Melo (MDB), reeleito prefeito de Porto Alegre, ilustra bem essa situação: ele recebeu o maior número de doações individuais no país, com 508 doadores registrados no 1º turno, enquanto sua adversária no segundo turno, Maria do Rosário (PT), obteve oito doações.

Dentre os principais financiadores da campanha de Melo, que negligenciou investimentos em prevenção de enchentes deixando mais de meio milhão de pessoas desalojadas, estão bilionários da construção civil, setor diretamente beneficiado pela especulação imobiliária. Elie Horn, fundador da Cyrela, uma das maiores construtoras do Brasil, doou R$ 64 mil, e Claudio Nudelman Goldsztein, outro sócio da Cyrela, contribuiu com R$ 30 mil.

Já em Belo Horizonte, o candidato reeleito, Fuad Noman (PSD), recebeu R$ 500 mil de Rubens Menin, bilionário dono de negócios como MRV, Banco Inter e CNN Brasil. Somando os recursos arrecadados para os dois turnos, Fuad e seu adversário, Bruno Engler (PL), atingiram uma impressionante cifra de mais de R$ 44 milhões: Fuad com R$ 21,7 milhões e Engler com R$ 22,5 milhões.

Para ilustrar a disparidade estrutural dessas eleições, basta observar a distribuição do Fundo Especial de Financiamento de Campanha: enquanto o PL, com candidatos em 14 capitais, recebeu R$ 886 milhões, a Unidade Popular (UP) – partido jovem, em sua terceira eleição – lançou candidaturas em 11 capitais e recebeu 260 vezes menos recursos.

Além disso, os maiores partidos contam, através dos seus parlamentares, com milhões em emendas no Congresso Nacional e com os recursos advindos das articulações dos seus mandatos. Deste modo, contam com um poder financeiro imenso, que fortalece quem já tem maior poder. 

A desigualdade no processo eleitoral se reflete na distribuição da propaganda de TV e rádio e na cobertura da mídia. Em São Paulo, o candidato eleito, Ricardo Nunes, teve o dobro do tempo de TV e rádio de todos os outros candidatos somados. A grande imprensa também convidou Pablo Marçal (PRTB) para os debates, mesmo sem seu partido ter representação no Congresso Nacional, evidenciando como emissoras ligadas a bilionários garantem espaço para ideias de extrema-direita. Por outro lado, as candidaturas da Unidade Popular foram excluídas dos debates, apesar de a legislação permitir sua participação, e não tiveram nenhum segundo de tempo de TV e rádio.

A burguesia mantém seu domínio sobre o processo eleitoral, investindo milhões para eleger representantes que defendam seus interesses. Ao mesmo tempo, a desigualdade no acesso à mídia impede que os eleitores conheçam propostas alternativas, perpetuando a sensação de que “não há alternativa” e aumentando a abstenção nas eleições.

Falta de resposta dos governos

O que se viu no último período, com reflexos nas eleições, foi uma completa incapacidade de vários governos de propor soluções para os problemas concretos do povo. Nem mesmo para os problemas mais latentes, como a fome, o desemprego e a falta de moradia, existe alguma perspectiva.

Segundo o IBGE, a taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,4% no trimestre encerrado em setembro. No entanto, a Reforma Trabalhista, de Michel Temer (MDB) levou ao aumento da informalidade e das terceirizações, reduzindo direitos trabalhistas. Considerando os 39 milhões de trabalhadores informais e os 8,6 milhões de desempregados formais, a taxa real de desemprego alcança 43,7%. Isso indica que quase metade da população economicamente ativa, estimada em 108,8 milhões, está em empregos precários ou desempregada.

A fome atinge atualmente 8,4 milhões de brasileiros, enquanto a desigualdade social persiste como um dos maiores desafios no país. O acesso à moradia é um dos aspectos em que essa disparidade se torna mais evidente. Ainda de acordo com o IBGE, aproximadamente 6,5 milhões de domicílios encontram-se em condições precárias. O déficit habitacional – considerando tanto a falta quanto a inadequação de moradias – ultrapassa 30 milhões de residências, afetando mais de 83 milhões de pessoas em todo o Brasil.

Ou seja, eleição após eleição, os problemas estruturais da população seguem sem soluções concretas.

A esquerda está derrotada?

A esquerda social-democrata sofreu uma derrota significativa nas eleições. Com a direita dominando quase 90% das prefeituras, o cenário pode parecer desalentador. No entanto, é essencial ampliar a perspectiva e entender que as eleições são apenas uma parte da luta política na sociedade. A luta de classes também se manifesta nas ruas, greves e mobilizações sociais.

Experiências internacionais mostram que o povo muitas vezes vence fora das urnas e, quando vence nelas, faz porque organiza a luta. Na França, por exemplo, greves e manifestações reverteram a vantagem do grupo da fascista Marine Le Pen e elegeram um programa popular.

Na América Latina, uma greve geral paralisou a Argentina em protesto contra políticas neoliberais. Na Colômbia, a população se mobilizou para impedir um golpe. No México, uma vitória eleitoral fortaleceu o avanço das forças populares na região.

No Brasil, a greve de 100 dias no setor federal da educação resultou em conquistas importantes, e a mobilização de mulheres conseguiu impedir a votação do Projeto de Lei 1904/24, demonstrando a força da pressão popular. Esses eventos evidenciam que a organização e a mobilização nas ruas são as alternativas necessárias para a esquerda enfrentar o atual cenário.

Nós, da esquerda revolucionária, não podemos competir em recursos financeiros com as classes ricas, que sempre terão mais dinheiro. Precisamos de recursos, mas eles devem vir do seio do povo, das classes trabalhadoras.

A mobilização da classe trabalhadora, das mulheres, da juventude é uma poderosa força material se estiver orientada por uma política revolucionária. O crescimento da UP, nos últimos anos, tem demonstrado isso e é preciso trabalhar ainda mais para fazer frente ao crescimento da direita e da extrema-direita no Brasil.

É fundamental construirmos uma alternativa radical ao fascismo e às forças conservadoras tradicionais. Apresentar um programa popular com soluções concretas para a crise que o povo enfrenta e que aponte para o socialismo como único futuro para a classe trabalhadora.

Entre nossas propostas, estão a criação de frentes emergenciais de trabalho para combater o desemprego e a falta de moradia; a revogação das Reformas Trabalhista e Previdenciária; a redução da jornada de trabalho; a estatização do transporte coletivo; a suspensão do pagamento da dívida pública, com auditoria; a reversão das privatizações de todos os setores estratégicos da economia, como energia, água, bancos, transportes, mineração e siderurgia.

A implementação desse programa requer uma ampla mobilização social rumo à revolução socialista. Precisamos fortalecer as manifestações, greves e ocupações, aprofundar nossos estudos sobre a realidade brasileira à luz do marxismo-leninismo e incorporar amplas parcelas do povo nas organizações de luta e na Unidade Popular.

Essas são nossas tarefas no momento, camaradas!

Polícia Militar expulsa 50 famílias Akroá-Gamella da aldeia Barra do Correntinho, em Bom Jesus (PI)

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Celine Oliver Albuquerque | Teresina (PI)


BRASIL – Na manhã da quarta-feira, dia 13 de novembro, cerca de 50 famílias do povo Akroá–Gamella sofreram uma ação de despejo por parte da Polícia Militar na aldeia Barra do Correntinho, localizada no Município de Bom Jesus, Piauí. A ação, determinada pela Justiça Estadual, é referente à reintegração de posse do território por parte da empresa Agropecuária Bomboi LTDA. As famílias que viviam na região há mais de 20 anos foram obrigadas a deixar para trás suas moradias, além de áreas de produção agrícola e o cemitério da aldeia.

 

Perseguição e omissão da justiça

Em setembro deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou uma ação civil pública contra a União e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas, que exigia a conclusão da demarcação do território Akroá-Gamella, que reivindicam, pelo menos, três áreas no estado do Piauí. A ação está, desde 2018, paralisada, uma vez que a Funai não formou o grupo técnico para o andamento dos estudos sobre a reintegração. Na ação, o MPF solicitou que a Justiça determinasse a retomada desses estudos e a formação de um grupo de trabalho em até 45 dias, caso contrário, a pena seria de multa diária. Segundo lideranças do povo, a área foi retomada há, pelo menos, 20 anos. Desde essa reivindicação, a comunidade Akroá-Gamella denuncia frequentes intimidações feitas por fazendeiros, que promovem a grilagem de terras, pulverização de agrotóxicos e bloqueio de acesso a áreas que deveriam ser de uso comum. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), nem a FUNAI, nem o MPF foram acionados pelas autoridades para a condução da reintegração.

O caso não é isolado. Desde os anos 60, há registros de os Akroá-Gamella terem seus territórios e existências ameaçados por fazendeiros e políticos locais, sendo muitas vezes expulsos de suas terras, como no recente acontecimento. O braço armado do estado remove à força uma população de sua terra, obrigando-a a deixar para trás suas formas de sustento, seus lares e suas memórias, em defesa do direito à terra a uma empresa privada, trazendo como retorno apenas o aumento da riqueza de um grande burguês. Essa ação é exemplo de como os interesses do capital são a prioridade para o Estado Brasileiro, que massacra, expulsa e hostiliza as populações originárias desde a invasão do território pelos europeus.

Essa é a essência do capitalismo, a dizimação de grande parte da
população em prol do lucro incessante para poucos. O avanço do capital ameaça as populações originárias e a classe trabalhadora de todo o mundo. A solução para acabar com o genocídio indígena é a construção de uma outra sociedade, a sociedade socialista, onde será possível de fato viver em paz e com direitos, não somente escritos no papel, mas postos em prática.

MLB conquista reforma do Edifício Nações Unidas em João Pessoa (PB)

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Redação PB


 

No dia em que marca o aniversário da Ocupação João Pedro Teixeira, realizada pelo MLB a 2 anos e 7 meses atrás no centro da cidade de João Pessoa, 39 famílias dão mais um importante passo rumo à moradia digna: a reforma do prédio, aguardada ansiosamente a anos, finalmente é uma realidade! O Edifício Nações Unidas será Moradia Popular!

Após meses, entre lutas e negociações junto da Secretaria de Habitação e das famílias organizadas no MLB, mais uma etapa da luta pela reforma urbana se inicia com a mudança das últimas famílias que ocuparam o prédio e o início da reforma, que tem como objetivo revitalizar o prédio e transformá-lo em moradia popular. “Uma coisa muito importante que mostra que o povo unido conquista uma moradia digna” , diz Larissa, militante do MLB e moradora da Ocupação.

Quem luta, conquista

Cerca de 3 meses atrás o projeto havia sido apresentado para as famílias, que junto de uma parceria com o Projeto de Extensão “Ocupar é habitar”, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), puderam intermediar o diálogo e as negociações junto da Prefeitura, como ressaltou a Arquiteta Glauciene: “É bem importante essa parceria entre a Universidade, o Movimento e a Prefeitura, porque a gente mostrou como vai ficar o projeto dentro das diretrizes do Projeto Minha Casa Minha Vida e a importância que é trazer moradia pro centro histórico”. Alvinho, Coordenador da Ocupação na ocasião, também relata a emoção dessa importante conquista: “Uma mudança de vida, para mim que passei mais de 5 anos morando na rua, poder conquistar nosso apartamento na luta é uma vitória muito grande”.

O mesmo entusiasmo acompanhou a manhã da “desocupação”, com muita emoção e companheirismo, as famílias celebraram a vitória coletiva após anos de muita luta. “Uma emoção muito grande! A gente tá saindo com a certeza da vitória, da nossa luta, resistência, organização. Passei 21 anos inscrita, mas só quando ocupei é que consegui minha moradia.” relata Joseane, Coordenadora da Ocupação. Não há melhor presente para celebrar o aniversário da ocupação, a luta do povo pobre pela reforma urbana e pelo socialismo segue viva no coração da Paraíba!

Viva o MLB!

Nasce a Ocupação Sala Lilás Janaína Bezerra Vive na USP

Localizada no Campus Butantã, a Ocupação “Sala Lilás Janaína Bezerra Vive” denuncia a falta de políticas efetivas da reitoria para enfrentar o crescente problema da violência de gênero na USP

Redação SP


Nesta segunda (25/11), nasceu na Universidade de São Paulo (USP) a Ocupação Sala Lilás Janaína Bezerra Vive. O novo espaço se estabelece como como um centro de referência para mulheres, que denuncia a necessidade de acolhimento e atendimento de vítimas de violência de gênero na universidade e as organiza para lutar por seus direitos.

Localizado na Travessa do Labirinto, nº 396, no campus Butantã da USP, a ocupação foi promovida em um local abandonado pela reitoria e que se encontra sem finalidade há anos na universidade.

“A Sala é um espaço para organizar mulheres em nossa universidade, buscando escancarar a falta de medidas efetivas para as vítimas de violência no campus por parte da instituição. Realizaremos atividades de formação, como reuniões, oficinas, e saraus para fortalecer estudantes, mães e trabalhadoras na luta por justiça e também pelo poder popular e o socialismo no Brasil”, explica Naomi, militante do Movimento de Mulheres Olga Benario.

Além de organizar a ocupação da Sala, o movimento já dirige dezenas de casas de mulheres por todo o país. Outras duas ocupações foram promovidas neste mesmo fim de semana que se conclui com o Dia Internacional Pela Eliminação da Violência, em São Caetano do Sul e Suzano.

Como denunciam os núcleos do movimento Olga Benario, o ambiente universitário ainda carece de medidas efetivas para a prevenção e o combate à violência de gênero e contra as mulheres nos campi da USP. Casos recentes na moradia universitária e na Praça do Relógio, que chegaram à mídia, levaram a uma onda de insatisfação de estudantes e trabalhadoras com a reitoria, já que os órgãos responsáveis não acolheram as vítimas e não as ajudaram a encaminhar sua denúncia.

Além de se somar aos questionamentos, o Movimento de Mulheres Olga Benario apresentou um projeto de espaço para enfrentar o problema: a Sala Lilás Janaína Bezerra Vive, que teria o objetivo oferecer orientação e acolhimento às vítimas de violência na universidade. Apesar disso, como já noticiou o jornal A Verdade, a reitoria da USP não aprovou a proposta, e a universidade seguiu sem uma ferramenta efetiva para enfrentar a violência de gênero.

Homenageada com o nome da ocupação da Sala Lilás, Janaína Bezerra foi uma estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI) que foi vítima de feminicídio aos 22 anos no campus da faculdade onde estudava. A mobilização por justiça para Janaína, que resultou na condenação do assassino, se tornou um símbolo da luta em defesa da vida das mulheres na universidade. A nova Ocupação pretende levar adiante sua memória garantindo que estudantes, trabalhadoras e todas que fazem parte da comunidade uspiana sejam acolhidas quando mais precisam.

As organizadoras da ocupação reivindicam que a Universidade de São Paulo aceite a vigência de medidas protetivas, estabeleça o protocolo de acolhimento e encaminhamento de vítimas construído pelos movimentos feministas da universidade e que tenha um Centro de Referência capaz de dar seguimento às inúmeras denúncias recebidas diariamente.

Despejo da Casa Laudelina promove a violência contra as mulheres

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Coordenadora do Movimento de Mulheres Olga Benario denuncia que a ação conjunta do prefeito Ricardo Nunes e do governador Tarcísio de Freitas, que querem despejar a Casa Laudelina de Campos Melo, deixará uma região de São Paulo sem um centro de referência para mulheres e aprofundará o problema da violência de gênero

Julia Soares e Sara Melissa* | São Paulo (SP)


Em pleno mês de novembro, marcado pela luta internacional pelo fim da violência contra as mulheres, a Casa de Referência para Mulheres Laudelina de Campos Melo enfrenta um despejo brutal. O imóvel – abandonado por mais de 30 anos e carregado de dívidas – foi arrematado em um leilão que privilegia a especulação imobiliária. Essa é mais uma expressão da violência estrutural contra as mulheres trabalhadoras e pobres e da política fascista de Nunes e Tarcísio.

A Casa Laudelina, organizada pelo Movimento de Mulheres Olga Benario, não é apenas um teto: é um espaço de organização e luta coletiva das mulheres – um exemplo vivo do feminismo marxista em ação que se inspira na trajetória de Laudelina de Campos Melo, mulher negra e comunista pioneira na organização das trabalhadoras domésticas.

Desde sua fundação, em janeiro de 2021, a Casa já recebeu mais de 10 mil mulheres em suas diversas atividades. Para aquelas que foram vítimas de violência, ofereceu atendimento jurídico, psicológico, social e político. Por meio de oficinas de capacitação e debates formativos, promoveu a autonomia e a consciência de classe de mulheres que enfrentam o machismo, o racismo e a exploração capitalista em suas formas mais cruéis.

Ao contrário das políticas liberais que tratam a violência de gênero como um problema isolado e individual, o movimento entende que a violência contra a mulher é uma expressão do sistema capitalista, que explora a força de trabalho feminina enquanto aprofunda as desigualdades e mantém milhões de mulheres na pobreza e no isolamento.

O despejo da Casa Laudelina expõe a aliança entre o Estado e os interesses privados dos grandes ricos. A Prefeitura de São Paulo, sob a gestão de Ricardo Nunes, cortou verbas de serviços essenciais para as mulheres e desmontou políticas públicas de abrigamento, assistência social e atendimento a mulheres vítimas de violência. É a mesma lógica que terceiriza creches, sucateia escolas, desmantela a saúde pública e privatiza todos os serviços: o lucro vale mais que a vida das trabalhadoras.

Esta violência institucional se soma à escalada do feminicídio e ao aumento das desigualdades no Brasil e no estado de São Paulo que registrou entre janeiro e abril deste ano 88 casos de feminicídio. Na capital paulista houve um aumento de 40% – com 18 mulheres assassinadas, segundo a SSP/SP.

No país onde uma mulher é assassinada a cada seis horas, reintegrar uma casa de referência para vítimas de violência não é apenas negligência – é cumplicidade com o sistema que mata mulheres diariamente. É o Estado capitalista reafirmando sua função: proteger os interesses das elites enquanto abandona a classe trabalhadora à própria sorte.

O movimento de mulheres já realizou três atos na subprefeitura da região, na Mooca, apresentando o trabalho desempenhado na casa e levando alguns dos relatos das mulheres que tiveram suas vidas salvas através da luta coletiva.

Foi esse o caso de Maria (nome fictício): uma mulher imigrante que estava em situação de trabalho escravo em uma oficina de costura clandestina e era constantemente abusada sexualmente pelo patrão. Através dos atendimentos na Casa, ela pôde se libertar e se organizar no MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas), conquistando sua moradia e emprego e passando a viver com dignidade.

Frente a esses relatos, os representantes da prefeitura de Nunes lavam suas mãos e dizem que nada podem fazer para garantir um espaço na região central da cidade em que haja a continuidade desse trabalho. Assim, a região continuará sem nenhuma Casa de Referência para Mulheres.

Neste 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, a luta pela Casa Laudelina ganha ainda mais força e urgência. Reivindicamos que o Estado cumpra sua função social e destine um imóvel para garantir a continuidade desse trabalho vital.

Mas sabemos que a solução não virá de cima: é na organização das mulheres trabalhadoras, na resistência e na luta coletiva pela sociedade socialista que construiremos um futuro em que a vida seja prioridade e as mulheres possam romper de vez com a violência.

Casa Laudelina fica! A luta é pela vida das mulheres e contra a exploração!

*Julia Soares e Sara Melissa são coordenadoras do Movimento de Mulheres Olga Benario

Ocupação de Mulheres Anatália de Souza completa um ano e conquista imóvel

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A Ocupação de Mulheres Anatália de Souza, organizada pelo Movimento Olga Benario, completa um ano neste mês em Natal (RN).

Movimento Olga Benario (RN)


MULHERES – “Ocupar, resistir, organizar”. Essa é a palavra de ordem do Movimento de Mulheres Olga Benario, que realiza ocupações em todo o Brasil para denunciar a violência de gênero e a especulação imobiliária de prédios abandonados pelo país. 

Diante de um cenário de precarização sobre a vida das mulheres, falta de políticas públicas e com o aumento constante da violência, o Movimento realizou, em Natal (RN), no dia 25 de novembro de 2023 (Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher), a Ocupação de Mulheres Anatália de Souza Melo Alves.

A Ocupação aconteceu no prédio da antiga Faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, abandonado há dez anos. Desde o início, foram muitos os embates travados, pois a Reitoria, além de não querer dialogar, ainda solicitou a reintegração imediata do prédio, mesmo dizendo que não tinha interesse em manter o imóvel que “só onerava a instituição”.

Assim, em paralelo aos atendimentos realizados, o movimento organizou uma frente de apoio à Ocupação Anatália, dentro e fora da UFRN, onde as militantes do Movimento foram às salas de aula denunciar a arbitrariedade da Reitoria com a iminência do despejo, além do abandono de anos do prédio, movimento este que contou com apoio de centenas de estudantes e servidores.

Diante da repercussão na cidade, o Movimento foi convidado para denunciar a reintegração na Câmara Municipal de Natal e na Assembleia Legislativa do Estado, aumentando, assim, a rede de apoio.

Uma audiência de mediação foi chamada, a fim de resolver a questão de maneira que atendesse a demanda das mulheres. Nesta ocasião, Kivia Moreira, coordenadora estadual do Olga e da Ocupação, fez um discurso emocionado e persuasivo, defendendo as mulheres e a importância da Ocupação, expondo os dados da violência contra mulheres em Natal e no Estado.

Foi conquistado um espaço provisório para o funcionamento, assim como um terreno cedido pela Superintendência do Patrimônio da União (SPU) para construção do local definitivo, além do compromisso de emenda parlamentar para construção do prédio. Neste dia, as mulheres que corriam o risco de serem despejadas, violentadas mais uma vez, arrancaram uma grande vitória para a luta e resistência das mulheres. 

Porém, o espaço temporário cedido pelo Governo para que a ocupação seguisse desenvolvendo suas atividades era insalubre – faltava energia, água, segurança. Tamanho descaso colocou o Movimento na condição de continuar a luta e ocupar, dessa vez o Governo do Estado, para reivindicar duas demandas fundamentais: a realocação do prédio e a cessão do imóvel para o espaço definitivo ser construído. A luta foi vitoriosa.

Lutamos para existir

Hoje, após um ano de resistência e vários reveses desde a decisão judicial que assegurou a permanência da Ocupação, realizamos dezenas de acolhimentos e diversas atividades e lutas contra a violência, bem como diversas atividades lúdicas, políticas e culturais para as mulheres na cidade.

Por isso, a Ocupação Anatália de Souza se tornou símbolo de luta e resistência das mulheres na cidade. Em visita ao espaço para produção de documentário sobre prédios antigos, Brenda (nome fictício), estudante de Artes Visuais, afirmou que nunca tinha parado para pensar que ocupar também é revitalizar a cidade. “O espaço é referência às mulheres na cidade e consegue mostrar às pessoas que é possível revitalizar os prédios abandonados”, afirma. 

A Ocupação de Mulheres Anatália de Souza comemora um ano de luta e de resistência das mulheres no Estado, honrando o nome de Anatália, militante comunista torturada pela Ditadura Militar fascista de 1964, e todas as mulheres que sofreram de feminicídio, que viveram ou vivem a violência todos os dias no estado do Rio Grande do Norte e no país. Ocupar, resistir e organizar!