UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sexta-feira, 22 de novembro de 2024
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Governo de São Paulo segue privatizando

Marcelo Viola | Diretor do Sintaema – SP


BRASIL – Desde o início de seu mandato, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), vem promovendo uma grande ofensiva sobre o patrimônio público do povo paulista, prometendo vender tudo o que fosse possível.

No dia 29 de fevereiro, foi realizado o leilão que privatiza a Linha 7 – Rubi do trem, que abrange o trecho Barra Funda/Jundiaí. No mesmo leilão, também foi concedida a construção do trem intercidades até Campinas, arrematado por R$ 8 bilhões pelo consórcio C2 Mobilidade sobre Trilhos, que uniu os grupos Comporte (dono da Gol Linhas Aéreas) e CRRC (companhia chinesa que fabrica e opera trens).

Assim, fica evidente, mais uma vez, que o compromisso de Tarcísio com as elites nacionais e internacionais supera a expressão da vontade do povo de São Paulo. Em 2023, quase um milhão de paulistas se manifestou no plebiscito popular, com 95% dos participantes se opondo às privatizações, mas o governador só tem olhos para a burguesia.

A experiência com as privatizações anteriores do transporte sobre trilhos no Estado de São Paulo é mais um motivo para que não tivesse continuidade esse projeto, uma vez que as quatro linhas hoje privatizadas são acometidas por falhas diárias, superlotação e descarrilamentos, além de dar prejuízo, que é compensado pelos repasses públicos para as operadoras privadas.

Portanto, o recente leilão é mais um crime de Tarcísio, uma vez que só beneficia o grande capital e ignora a vontade e as necessidades dos trabalhadores.

Agora, a próxima investida do governador fascista, já com data marcada para 10 de abril, é sobre a Empresa Metropolitana de Água e Energia (Emae), empresa estratégica na produção de energia e controle da vazão das represas.

Diante dessa situação, é muito importante mobilizar a classe trabalhadora e construir uma grande greve geral que impeça a continuidade dos leilões e reverta as privatizações que já aconteceram.

Matéria publicada na edição nº 287 do Jornal A Verdade

Polícia de Tarcísio mata mais crianças e adolescentes

Somente no ano passado, foram 38 jovens que perderam suas vidas pelas mãos da Polícia. A maioria dessas mortes é de pessoas negras, e todas elas de moradores da periferia. Diversas entidades de direitos humanos, além dos familiares e amigos, denunciam que várias mortes são casos de execução, ocorridos sem nenhum tipo de confronto ou resistência.

Jorge Ferreira | São Paulo


BRASIL – Não é novidade que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem feito de tudo para privatizar as empresas públicas do estado. Logo nos primeiros meses de seu mandato, ele deixou claro sua obsessão em servir aos super ricos, dando as marteladas finais no leilão que privatizou uma importante rodovia. O êxtase do gerente da burguesia, que quase quebrou o martelo do leilão com sete pancadas, deixava claro o que estaria por vir.

De lá pra cá, são várias as tentativas de entregar o patrimônio público para os bilionários. O projeto de aumentar o lucro dos capitalistas através de empresas que prestam serviços essenciais à população está a todo vapor e passa pela privatização da água, de linhas do trem, metrô, ônibus intermunicipais, balsas, rodovias, parques, escolas e até mesmo presídios.

No entanto, a grande maioria do povo, os trabalhadores, os movimentos sociais e as organizações sindicais, tem demonstrado que não aceitarão essa política de enriquecer ainda mais os patrões à custa da retirada de direitos da classe trabalhadora, piora dos serviços essenciais e aumento das tarifas. É o que ficou provado com a grande resistência que ocorreu na Assembleia Legislativa, em dezembro passado, quando os deputados votaram a privatização da Sabesp.

Perseguição a quem luta

Naquela ocasião, os trabalhadores se fizeram presentes naquela que deveria ser a “casa do povo” para se manifestarem contra a privatização da empresa pública de água. O que vimos lá foi uma tentativa de massacrar aqueles e aquelas que, de maneira legítima, resistiam ao perverso interesse dos ricos de lucrarem com a água. A Polícia Militar transformou o plenário da Assembleia numa verdadeira câmara de gás e, com golpes de cassetete, derramou o sangue dos lutadores sociais, além de prender e torturar quatro manifestantes.

Mas, não bastasse, dois meses após essa brutal e desumana violência, que ficou conhecida como “Batalha da Alesp”, a Polícia Civil, em conjunto com o setor de inteligência da Assembleia Legislativa, produziu um relatório tentando enquadrar os movimentos sociais e o partido Unidade Popular (UP) como “organização criminosa”, crime previsto no Código Penal. Trata-se, na verdade, de um artifício para justificar a quebra do sigilo telefônico dos militantes. Juntaram ao inquérito uma centena de páginas com endereços, filiação sindical e partidária, detalhamento de quem foi candidato em qual eleição e qual cargo disputou, informações sobre quem é próximo de quem, alegações sem nenhuma relação com os fatos investigados.

O absurdo foi tanto que, para justificar o levantamento da ficha criminal de cada um dos manifestantes, os argumentos utilizados foram: “Ligado ao partido UP”; “Ligado ao Sindicato dos Metroviários”; “Ligada à política da cidade de Mauá”; “Ligado a Vivian Mendes”; “Participou de manifestação da Sabesp”, ou até mesmo sem nenhuma justificativa. Por acaso, é crime participar de sindicato, movimento social ou qualquer organização política?

Ainda em janeiro, durante as manifestações contra o aumento das tarifas no transporte público, a Tropa de Choque da Polícia de Tarcísio abordou centenas de trabalhadores que circulavam próximos do ato, muitos que sequer sabiam das manifestações. Além das dispersões violentas, a PM prendeu mais de 30 manifestantes, sob a alegação de associação criminosa e atentado contra o Estado Democrático de Direito. Dos presos, a maioria ainda está em liberdade provisória, com o uso de tornozeleira eletrônica.

Mais recentemente, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), entrou com representação criminal devido às ameaças de morte que se intensificaram. O parlamentar, que está em pré-campanha à Prefeitura de São Paulo, disse que optou por acionar a Polícia Federal, e não a Secretaria de Segurança Pública paulista, porque um dos autores das ameaças é integrante das forças policiais comandadas pelo secretário de Segurança Pública Guilherme Derrite, ex-capitão da Rota, Tropa de Choque da PM.

Crescem mortes de crianças por policiais 

“Algo que eu nunca vou me esquecer é que, assim que eu cheguei ao hospital, uma médica veio e me disse: Corre atrás, que o que fizeram com o seu filho foi muito brutal”. É o relato de Maria Silva para a Agência Pública. Ela era tutora de Luiz Gustavo Costa Campos, de 15 anos, morto por policiais militares em agosto de 2023, no Guarujá. O portal de notícias revelou que, desde que Tarcísio assumiu o Governo de São Paulo, o número de crianças e adolescentes mortos por policiais cresceu 58%.

Somente no ano passado, foram 38 jovens que perderam suas vidas pelas mãos da Polícia. A maioria dessas mortes é de pessoas negras, e todas elas de moradores da periferia. Diversas entidades de direitos humanos, além dos familiares e amigos, denunciam que várias mortes são casos de execução, ocorridos sem nenhum tipo de confronto ou resistência.

No litoral do estado, a violência policial nos bairros pobres foi batizada pelo governo como Operação Escudo. No ano passado, a mesma operação matou 28 pessoas na região. Neste ano, em apenas dois meses, já são 38 mortes. A chacina já é considerada a mais letal da Polícia de São Paulo desde a invasão ao Carandiru, em 1992, quando 111 presos foram assassinados. 

Mesmo tendo sido denunciada na ONU, a operação não tem data para acabar, pelo contrário, o governador trocou recentemente 34 postos de comando da PM, que foram ocupados por membros da Rota, a tropa mais letal da Polícia.

Lutar contra as privatizações e o fascismo

A verdade é que a violência contra o povo pobre e as perseguições àqueles e àquelas que lutam fazem parte do mesmo projeto político. Os gerentes da burguesia tentam, a todo custo, aumentar a riqueza dos capitalistas, mesmo que, para isso, tenham que privatizar até mesmo aquilo que é mais essencial para a sobrevivência humana, a água. Enquanto concentram a riqueza e a fartura de um lado, a grande maioria do povo vive debaixo de uma profunda exploração e miséria. Nem as crianças e os adolescentes são poupados pelos parasitas.

A história coloca diante dos povos a missão histórica de derrotar de uma vez por todas o fascismo. Em São Paulo, e no Brasil, ganhar o conjunto da classe trabalhadora para lutar contra as privatizações é também a oportunidade de desenvolver a consciência de que o povo unido pode construir uma sociedade sem violência e sem fome, onde o povo negro, a juventude, as mulheres e todos os trabalhadores possam viver dignamente.

Matéria publicada na edição nº287 do Jornal A Verdade.

MLB: 25 anos de luta pela reforma urbana e o socialismo

Coordenação Nacional do MLB


LUTA POPULAR – “Eu tô na luta é pra vencer, sou de ação, sou do MLB!”. Com essa palavra de ordem, a Coordenação Nacional do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e centenas de militantes reunidos em plenária realizada na cidade do Recife, no último dia 31 de janeiro, convocaram o 6º Congresso Nacional do Movimento. O evento será realizado no Estado de Minas Gerais, palco de inúmeras lutas das famílias do MLB, como as Ocupações Eliana Silva, Paulo Freire, Manoel Aleixo, Carolina Maria de Jesus e Maria do Arraial.

No marco dos seus 25 anos de luta, o MLB convoca seu congresso reafirmando o compromisso com os trabalhadores e o povo pobre, reafirmando a necessidade de construir o socialismo como única forma de acabar com as constantes crises do capitalismo, acabar com tanto sofrimento e garantir uma vida justa.

O Congresso Nacional do MLB será um importante momento para avançar nas lutas, impulsionar as mobilizações e garantir mais e maiores conquistas para as famílias trabalhadoras das periferias brasileiras. No entanto, isso só é possível através de um grande trabalho coletivo, do qual participe cada núcleo e cada família organizada pelo MLB no país.

É parte fundamental do congresso cada reunião, assembleia e plenária que será realizada nos próximos meses, o estudo da cartilha do MLB, das teses do congresso e do jornal A Verdade em todas as reuniões. Nas ocupações e lutas que já estão sendo organizadas, é necessário garantir o pagamento da contribuição da carteirinha do MLB para nossa autossustentação, assim como realizar as etapas municipais, regionais e estaduais do congresso. Com a força de milhares de famílias, faremos do 6º Congresso do MLB um marco na luta pela reforma urbana e pelo socialismo em nosso país!

25 anos de luta 

Em 2024, o MLB, fundado em 1999, em Pernambuco, completa 25 anos de luta, de resistência e de muitas vitórias. “O MLB sempre teve como característica a combatividade e uma política revolucionária. Por isso, sempre viu na organização das famílias trabalhadoras das periferias e dos bairros populares a maior força do movimento e nas ocupações urbanas sua principal ferramenta de luta. Dessa forma, foi possível desenvolver um trabalho em nível nacional, que já conquistou moradia para mais de 30 mil famílias pobres”, cometa Kleber Santos, da Coordenação Nacional. 

O crescente número de ocupações realizadas pelo MLB em diversos estados evidencia o acerto da linha política e de ação do Movimento, assim como algumas conquistas emblemáticas ocorridas recentemente, como as entregas de dois conjuntos habitacionais em Recife, totalizando mais de 500 unidades.

Comprovando na prática o lema “Quem luta, conquista!”, o MLB ainda conquistou, em 2023, através das ocupações, seis imóveis para a construção de moradias populares pelo programa Minha Casa, Minha Vida, que irão contemplar cerca de mil famílias em várias cidades brasileiras.

Em defesa do socialismo

Apesar de diversos avanços na luta do MLB, os últimos anos não foram fáceis e os próximos também não serão. Pouco mais de um ano após a vitória eleitoral sobre Bolsonaro e sua corja de corruptos e fascistas, a vida do povo brasileiro continua muito difícil, como demonstra o fato de cerca de 21 milhões de pessoas ainda passarem fome e 70 milhões não saberem o que vão comer no dia seguinte.

Para demonstrar o drama vivido pelas famílias trabalhadoras em nosso país, basta olhar para o salário-mínimo de R$1 .412,00. Somente a Cesta Básica Nacional, composta por alimentos e outros produtos suficientes para a sobrevivência de um adulto durante 30 dias, custa, em média R$ 772,98. Soma-se a isso o valor do aluguel, e aí o salário acaba…

Por isso, o MLB esteve na linha de frente da luta para derrotar os fascistas nas últimas eleições presidenciais e para impedir a tentativa de golpe realizada em janeiro de 2023. Seguimos nas ruas, organizando os trabalhadores e construindo a unidade entre os movimentos sociais, para dar continuidade à luta pela prisão de Bolsonaro e de todos os seus cúmplices. 

Enquanto vivermos no capitalismo, a luta dos trabalhadores é a única forma de garantir conquistas reais e combater a exploração dos patrões. Nessa luta, podemos organizar o povo para compreender os motivos de tanta exploração e tomar o poder e construir uma sociedade justa, ou seja, uma sociedade socialista”, afirma Poliana Souza, coordenadora geral do MLB.

Matéria publicada na edição nº 287 do Jornal A Verdade.

O jornal A Verdade e os núcleos do MLB

O jornal A Verdade tem sido uma ferramenta essencial para o trabalho do MLB, auxiliando na formação política das famílias e na divulgação das lutas e vitórias do Movimento contra as injustiças que o sistema capitalista impõe sobre o povo pobre.

Coordenação Nacional do MLB


LUTA POPULAR – Para entender melhor o papel do jornal nos núcleos do Movimento, entrevistamos algumas famílias organizadas no MLB. Dona Nilda, 83 anos de idade, moradora de Diadema (SP), relata: “Eu gosto desse jornal porque tudo o que tá aqui fala do povo. Tá mostrando o sofrimento do povo. Então do que a gente tá precisando? É lutar contra as injustiças desses que tão massacrando o povo. As coisas que tem aqui nesse jornal a gente não vê em lugar nenhum. É notícias do povo pobre. Dá pra ver essa mulher aqui ó (na capa), ela tá lutando pela justiça, ela é corajosa. Quem vai libertar o povo é a verdade! E quem tá seguindo essa verdade? É nós, o povo pobre”.

No mesmo sentido, Layza Silva, de João Pessoa (PB), afirma a importância de ler o jornal nos núcleos: “Lendo o jornal, a pessoa fica sabendo das lutas dos trabalhadores. Os jornais da burguesia nunca esclarecem nem defendem os interesses dos trabalhadores, pelo contrário. O jornal me influenciou a me informar melhor sobre a luta e me organizar mais em busca dos direitos do povo”. Arinalda Vasconcelos, da Ocupação Valdete Guerra, em Natal (RN) concorda: “O jornal faz com que a gente entenda mais e mais. Sempre que tenho um tempinho, leio o jornal. É algo que aprendemos a fazer a cada dia, aprendendo também a como se posicionar nos lugares que somos questionados, sabendo responder as perguntas das pessoas”.

Lúcia Helena, coordenadora do MLB em São Bernardo (SP), também faz um relato importante: “Quando eu comecei a coordenar um núcleo do MLB, existia muito racismo na relação entre as famílias, mesmo todas as pessoas sendo negras. Eu não sabia como resolver esse problema nas reuniões, então decidi que o caminho era ler mais o jornal A Verdade e discutir sempre a exploração sobre o povo negro e trabalhador. Com os meses, a consciência de todos avançou e conseguimos superar aquele racismo que era tão presente. Esse jornal é tudo na minha vida”.

Além de comprar e ler o jornal, as famílias do MLB também são convidadas a participar das brigadas e levar nossa política para mais pessoas. “Quando cheguei no MLB, conheci logo o jornal! De início, eu não gostei porque não entendia como era sair para vender. Mas os companheiros me ensinaram e hoje gosto de ir para a brigada e vendo muitos jornais. Gosto de apresentar nosso jornal, conversar sobre ele, porque é uma coisa muito importante. É importante abrir a mente da população dos bairros porque os ricos mentem muito e no jornal A Verdade ensinamos as pessoas a lutarem contra a exploração dos patrões”, afirma Maria Aparecida, de Maceió (AL).

Já Dona Maria, 73 anos, de Diadema (SP), relata: “Eu entrei para o MLB logo fazendo a brigada do jornal. Foi uma vizinha minha que me chamou pra ir lá na estação vender jornal. Fui e gostei muito. Mudou muito as coisas pra mim, porque agora eu quero aprender a ler e a escrever. Tô aprendendo a ler com o jornal, os meninos do MLB me ajudam”.

E Milson Lopes, do MLB em Belém (PA), deixa um recado final a todas as famílias: “Quero agradecer por participar dessa família do MLB e pedir aos companheiros que acompanhem mais o jornal, para que a gente tenha conhecimento das lutas, das batalhas que temos vencido no nosso país. Hoje temos a oportunidade de ter conhecimento através do jornal A Verdade que se faz presente nas nossas reuniões”. Dona Carmen, de Porto Alegre (RS), completa: “As verdades têm que ser faladas. Não tem dinheiro que pague a nossa opinião. Todos precisam comprar e ler o nosso jornal”.

Matéria publicada na edição nº 287 do Jornal A Verdade.

A precarização do trabalho no setor de Tecnologia da Informação

O Núcleo de Tecnologia do Movimento Luta de Classes (MLC) da Região Metropolitana de Campinas realizou, em fevereiro, um curso de formação e apresentação do Movimento. A pauta principal foi a necessidade de mobilizar os trabalhadores do setor de Tecnologia da Informação (TI) para combater, de forma organizada, a crescente precarização da categoria.

Alice Wakai e Gabriel Romão | Movimento Luta de Classes


BRASIL – Este curso representou o começo de uma jornada de lutas, que contarão com novas atividades ainda neste primeiro semestre, assim como um planejamento de panfletagens e brigadas do jornal A Verdade em empresas do setor.

Os participantes puderam discutir a conjuntura político-econômica que gera todas as contradições que vivemos hoje, apontando como saída a construção do socialismo. As demissões em massa são consequência das crises cíclicas do capitalismo e o desemprego (exército de reserva) é um mecanismo de rebaixamento de salários. Entre aqueles que mais sofrem com todos esses problemas, estão as mulheres, que seguem como as que mais são demitidas e desvalorizadas no mercado.

Ao analisarmos o mercado de trabalho de TI, observamos demissões em massa, redução salarial, terceirização e PJotização. Além disso, são impostas jornadas exaustivas, disfarçadas por uma falsa “flexibilidade”.

Diante desses ataques, fica claro que os trabalhadores de tecnologia precisam resgatar e ocupar seus sindicatos, que, como dizia Marx, são escolas do socialismo. O MLC tem construído, junto aos trabalhadores de tecnologia, núcleos por todo o país. Um dos papéis principais do MLC na organização da categoria é defender suas reivindicações e a importância da sindicalização, além de formar novos dirigentes sindicais.

A cada dia que passa, vemos as graves consequências do uso da tecnologia nas mãos dos capitalistas, que apenas visam a aumentar seus lucros. Para que as tecnologias que criamos possam servir ao povo e proporcionar melhorias nas próprias condições de trabalho, precisamos nos organizar. Construamos essa luta por meio do movimento classista e revolucionário MLC! Procure o MLC em sua cidade ou estado e junte-se a nós. Pelo poder popular e pelo socialismo!

Matéria publicada na edição nº 287 do Jornal A Verdade.

UERJ cria Comissão da Verdade e Justiça

No marco dos 60 anos do golpe militar fascista, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) dá um importante passo na luta por memória, verdade e justiça: o Conselho Universitário aprovou, em fevereiro, a criação de uma Comissão da Verdade com o objetivo de se debruçar sobre os casos de alunos da instituição que foram perseguidos, presos, torturados e mortos durante o regime. 

Isis Mustafa | Diretora da UNE


BRASIL – Em 1968, o estudante de Medicina Luiz Paulo da Cruz Nunes foi assassinado por policiais quando participava de um protesto em frente à Universidade da Guanabara (atual UERJ). Ele tinha apenas 21 anos. Essa e outras histórias serão objeto de trabalho da Comissão da Verdade. 

A UERJ também decidiu que a Comissão estude a revogação de uma resolução de 1974, que homenageou o ditador Emílio Garrastazu Médici com o título de Doutor Honoris Causa. Em 2015, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) já havia decidido revogar a homenagem a Médici por recomendação da Comissão da Memória e Verdade da instituição.

No caso da UFRJ, foram identificados 26 estudantes e professores vítimas da ditadura a partir dos trabalhos da Comissão. Dentre eles, Stuart Angel, estudante do Instituto de Economia, que foi sequestrado, torturado e assassinado pelos agentes da repressão aos 25 anos, em 1971.

Preservar a memória para fazer justiça

Outras instituições seguem o mesmo caminho, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Universidade Estadual de Campinas, que também revogaram os títulos honoríficos concedidos a ditadores. 

Essa medida está em consonância com as recomendações do relatório final da Comissão Nacional da Verdade, que indica uma série de ações necessárias para preservar a memória e reconhecer a responsabilidade do Estado com os crimes cometidos durante o regime militar.

Outro passo importante foi a condecoração de Amelinha Teles com o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de São Paulo, em outubro de 2023. Amelinha foi presa e torturada pelos órgãos de repressão da ditadura, em 1972, por lutar contra o Estado fascista.

As Comissões de Memória e Verdade nas universidades são essenciais para preservar a história dos estudantes, funcionários e professores que lutaram incansavelmente por democracia e justiça em nosso país, contra as barbáries do regime. A partir desse trabalho, podemos homenagear os verdadeiros heróis e heroínas do povo brasileiro, aqueles que jamais podem ser esquecidos. 

Portanto, é fundamental organizarmos junto às entidades estudantis e representações nos Conselhos Universitários das universidades medidas concretas para instaurar as comissões onde ainda não existem, revogar condecorações a figuras da ditadura (títulos, nomes de prédios, auditórios, etc.) e homenagear os lutadores sociais. No mês de março, a militância da UJR e do Movimento Correnteza deve se colocar na vanguarda dessa tarefa nas universidades brasileiras.

Matéria publicada na edição nº 287 do Jornal A Verdade.

Governo brasileiro denuncia genocídio em Gaza

Heron Barroso | Redação


BRASIL – O mundo segue assistindo, com pavor, a carnificina promovida pelo Estado fascista de Israel contra a população palestina, especialmente contra mulheres e crianças. Até o fechamento desta edição, mais de 30 mil civis já morreram na Faixa de Gaza, o que representa 1,3% dos cerca de 2,3 milhões de habitantes da região. Em termos de comparação, esse percentual é o equivalente a 2,7 milhões de brasileiros.

Apesar disso, os governos imperialistas não fazem nada de sério para impedir essa matança. Ao contrário, limitam-se a palavras vazias e hipócritas, ao mesmo tempo que continuam fornecendo armas e dinheiro para Israel e vetando na ONU todas as resoluções que exigem um cessar-fogo imediato.

Nesse sentido, é preciso reconhecer que o governo brasileiro tem cumprido um importante papel de denunciar internacionalmente o genocídio contra o povo palestino em Gaza. Foi o que fez o ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida, em seu discurso na abertura do Conselho de Direitos Humanos da ONU, no último dia 26 de fevereiro, quando afirmou que o governo de Benjamin Netanyahu promove uma “punição coletiva” contra o povo palestino.

“Reitero nosso repúdio à flagrante desproporcionalidade do uso da força por parte do Governo de Israel, uma espécie de punição coletiva, que já ceifou a vida de mais de 30 mil palestinos – a maioria deles, mulheres e crianças –, forçadamente deslocou mais de 80% da população de Gaza, e deixou milhares de civis sem acesso à energia elétrica, água potável, alimentos e assistência humanitária básica”, afirmou o ministro.

A declaração de Almeida ocorreu dias depois de o Governo Netanyahu declarar o presidente Lula persona non grata por comparar o massacre em Gaza ao Holocausto ocorrido na Segunda Guerra Mundial. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse, corretamente, Lula.

O presidente brasileiro também criticou os governos dos países ricos que se comportam como cúmplices desse genocídio. “Quando eu vejo o mundo rico anunciar que está parando de dar a contribuição para a questão humanitária aos palestinos, eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente? Qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que na Faixa de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio?”, questionou.

Bastou isso para os grandes meios de comunicação da burguesia iniciarem uma campanha contra as declarações de Lula e exigirem dele um pedido público de desculpas. A resposta foi firme. “Da mesma forma que eu disse, quando estava preso, que não trocava minha liberdade pela minha dignidade, eu digo: não troco minha dignidade pela falsidade. O que o Governo de Israel está fazendo não é guerra, é genocídio”, reforçou o presidente.

Como mais uma prova de que se trata de um extermínio em massa, no último dia 29 de fevereiro, forças israelenses metralharam milhares de palestinos famintos que buscavam mantimentos enviados por ar, resultando em 112 mortos e ao menos 760 feridos, no episódio que está sendo chamando de “Massacre da Farinha”.

Diante de tudo isso, o governo brasileiro, além de denunciar essa crueldade que o governo sionista de Israel promove contra o bravo povo palestino, precisa aumentar, por todos os meios, seu auxílio político e material à população de Gaza, começando por romper relações diplomáticas com Israel, anular todos os acordos comerciais e militares existentes e exigir dos demais países que façam o mesmo. É urgente pôr um fim a essa injusta e desumana ação militar!

Matéria publicada na edição nº287 do Jornal A Verdade.

800 mil pacientes esperam mais de 550 dias por exames no DF

A população da capital do país vive um verdadeiro caos na saúde pública. É comum presenciar Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) superlotadas, algumas só atendendo casos de urgência, fazendo com que pacientes doentes precisem bater de porta em porta nas UPAs para acharem alguma vaga.

Alexandre Ferreira | Redação


BRASIL – Para se ter uma ideia desta situação dramática, segundo o Mapa Social da Saúde, a fila de espera de pacientes para realizar exames e consultas é de 867.176 pessoas, que esperam, em média, 557 dias, ou seja, mais de um ano e meio. Nos casos de maior prioridade, o tempo é de 463 dias.

Para piorar, quando o paciente, após a consulta e exames, tem necessidade de realizar alguma operação, o tempo de espera médio é de 498 dias e hoje a fila de espera conta com 38.980 pacientes. Mesmo em casos de prioridade 1, o tempo de espera não muda muito, ficando em 463 dias.

Esse drama foi vivido por Ivone Mineiro, mãe de três filhos, 48 anos, moradora da Região Administrativa de Sobradinho. Ivone vem tratando o hipertireoidismo desde 2020, quando, em janeiro de 2023, descobriu dois nódulos no pescoço. Após um exame, foi constatado que era maligno, ou seja, que estava com câncer. Entrou na fila de espera no dia 23 de maio de 2023. “Foi dito que, por meu caso ser urgente, em menos de um mês, faria a operação. Só que esperei mais de cinco meses e nenhum retorno”, relata Ivone.

A cada dia de espera por uma operação bate um desespero, desabafa Ivone. “Fiquei muito ansiosa, com medo da doença se espalhar. Foram muito ruins esses meses de espera. No final, estava batendo até um desespero, achando que não ia conseguir mais fazer”.

Apesar da urgência, haviam 800 pessoas na sua frente. Foi necessário entrar com uma ação judicial, por meio da Defensoria Pública do Distrito Federal, para conseguir ser operada. Dada a gravidade e a urgência, uma juíza expediu uma decisão liminar exigindo que o Governo do Distrito Federal (GDF) realizasse a operação no prazo de 15 dias. Mesmo assim, demorou mais três meses para Ivone ser operada, conseguindo, enfim, no último dia 11 de janeiro.

É um absurdo que as famílias tenham que passar por esta humilhação e desespero para serem operadas ou até mesmo fazerem uma simples consulta e exames. Quantas pessoas morrem por falta de atendimento no Distrito Federal? No caso de Ivone, se não tivesse entrado na Justiça, ainda teriam centenas de pessoas na sua frente, podendo o câncer evoluir para uma situação irreversível.

Faltam mais de 11 mil profissionais da saúde 

O Distrito Federal tem um grande déficit de trabalhadores da saúde, superando a marca de 11 mil. Faltam mais de 4.800 médicos, 1.600 enfermeiros e 5.000 técnicos de enfermagem. Mesmo com esta situação dramática, o milionário governador Ibaneis Rocha resiste a realizar concursos e convocações dos aprovados para reduzir com este déficit.

Aumentar o investimento na saúde pública e, junto com isso, acabar com todo o processo de terceirização e privatização na saúde é necessário.

Matéria publicada na edição nº287 do Jornal A Verdade.

O massacre dos indígenas em Rondônia

Em julho de 2023, completaram-se 60 anos do massacre ocorrido inicialmente em uma aldeia localizada no Paralelo 11 Sul – o 11º abaixo da linha do Equador, um dos mais perversos episódios na história da região amazônica brasileira, objeto de investigação parlamentar e judicial, porém sem que nenhum dos principais responsáveis fosse punido.

Alexandre Hudson | Rondônia


BRASIL – O massacre no Paralelo 11 resultou na morte de aproximadamente 3.500 indígenas pertencentes ao grupo conhecido como Cinta Larga, na década de 1960, ocorrido na área situada entre o norte do Estado de Mato Grosso e porção sul de Rondônia.

De acordo com a plataforma socioambiental Indígenas no Brasil, o termo “Cinta Larga” foi uma designação genérica criada pelos não-indígenas e adotada pela Funai devido ao costume dos grupos de usar uma larga cinta de entrecasca de árvore em volta da cintura.

Os grupos dos Cinta Larga viviam e permanecem no sudoeste da Amazônia brasileira. Com uma população bem mais numerosa há décadas, segundo informantes e fontes escritas, cada agrupamento era formado por aldeias mais ou menos próximas. Atualmente, vivem nas terras indígenas Roosevelt, Serra Morena, Aripuanã e Parque Aripuanã, todas homologadas, somando um total de 2,7 milhões de hectares.

Um grupo de assassinos, organizado para exterminar os indígenas da área, partiu da sede da empresa Arruda & Junqueira, em julho de 1963. Esses pistoleiros percorreram a mata durante meses, sendo abastecidos com munição e alimentos lançados por aviões. Durante os ataques, muitos indígenas, incluindo mulheres e crianças, foram brutalmente assassinados. Alguns desses atos foram registrados em fotografias, como o caso de uma mulher indígena pendurada pelos tornozelos e posteriormente partida ao meio.

Conforme apontou a Comissão Nacional da Verdade (CNV), as agressões contra as comunidades indígenas eram frequentes na década de 1960, visando à exploração de minérios e madeira. Os invasores realizavam deslocamentos forçados e assassinatos para permitir a exploração dessas áreas.

 Além dos confrontos diretos com o uso de armas de fogo pelos invasores, mas também incluiu distribuição de alimentos envenenados, disseminação intencional de doenças, como varíola, tuberculose e gripe, bem como crimes sexuais. Registros também mencionam ataques com dinamites lançadas de aviões sobre as aldeias.

O massacre em massa dos Cinta Larga, embora perpetrado por pistoleiros, contou com o apoio de funcionários do regime militar, incluindo o diretor do Serviço de Proteção aos Índios (SPI) e um major da Aeronáutica, Luis Vinhas Neves. Ou seja, agentes do Estado em conluio com capitalistas.

O golpe fascista de 1964 intensificou as contradições do SPI. Uma das razões para o golpe foi a criação de mecanismos institucionais favoráveis à rápida acumulação de capital, como as concessões de terras indígenas para terceiros realizadas pela ditadura. Para os povos indígenas, isso significou uma intensificação da expropriação de suas terras, mais doenças, mais massacres e genocídios.

O relatório do procurador Figueiredo

A busca por Memória, Verdade e Justiça que precedeu a criação da Comissão Nacional da Verdade em geral não abordou adequadamente a situação dos povos indígenas: estes grupos originários não eram reconhecidos como vítimas da ditadura, ficaram à margem das discussões sobre políticas de reparação e, por fim, foram novamente excluídos do processo de construção de uma memória coletiva na sociedade brasileira. No entanto, esse cenário começou a mudar durante o período de atuação da Comissão Nacional da Verdade (CNV) entre 2012 e 2014.

Foi durante o funcionamento da CNV, em 2012, que veio à tona o “Relatório Figueiredo”, elaborado pelo procurador Jader de Figueiredo Correia. Este documento, produzido por uma Comissão de Inquérito estabelecida em 1967 para investigar os crimes cometidos pelos agentes do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), foi considerado como “escândalo do século” na época de sua divulgação, em 1968, devido à gravidade das denúncias de massacres, torturas e outros abusos contra os povos indígenas.

O relatório tem sete mil páginas e está sob a custódia do Museu do Índio/Funai no Rio de Janeiro, disponível online. Ele documenta casos de tortura, assassinatos, exploração sexual e diversas formas de violência praticadas por latifundiários brasileiros, funcionários do SPI e militares durante as décadas de 1940, 1950 e 1960.

Embora o relatório final da CNV tenha reconhecido as violações dos direitos dos povos tradicionais, incluindo a recomendação, datada de 2014, para que a União pedisse desculpas publicamente pelos erros cometidos, essa medida mínima ainda não foi cumprida pelo Estado brasileiro.

O trabalho da CNV, apesar de breve e insuficiente, trouxe à tona as marcas da violência da ditadura militar sobre os povos indígenas, revelando que o Estado brasileiro foi responsável pela morte de pelo menos 8.350 indígenas, incluindo as vítimas do genocídio no Paralelo 11. É fundamental continuar a luta popular para que as recomendações da CNV sejam efetivadas e que os assassinos e torturadores respondam por seus crimes.

Matéria publicada na edição nº 287 do Jornal A Verdade.

MLC na luta pelos direitos das mulheres trabalhadoras

Camila Félix | MLC – Sergipe


TRABALHADORAS – Somos muitas, mas ainda somos poucas! Essa frase é muito significativa quando pensamos nas mulheres ocupando os espaços de poder. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), de 2021, o número de mulheres no Brasil é superior ao de homens, totalizando 51,1% de mulheres.

Somos a maioria da população, mas ainda temos dificuldade de adentrar e permanecer nos sindicatos, nas direções dos campi e das reitorias das instituições de ensino, nos Governos Estaduais, nas Câmaras, na Presidência do país, etc. Isso ainda acontece em pleno século 21 e, portanto, o que nos resta é a luta para mudar essa realidade.

Movimento sindical

Fruto de muito trabalho do Movimento Luta de Classes (MLC) na base, o Sinasefe – Seção IFBA/CMS avançou e muito! Tivemos a maior delegação de mulheres no 2º Encontro de Mulheres do Sinasefe em Brasília (novembro de 2019) e no 3º Encontro de Mulheres em Fortaleza (agosto de 2022).

Em 2020, foi criado o 1º Edital de Mulheres do Sinsefe – Seção IFBA/CMS, com a aprovação de cinco projetos voltados a atividades culturais e esportivas. Essa ação é uma realidade na Seção e hoje está em sua terceira edição, com o total de 40 projetos já contemplados. Essas ações, bem como o Julho das Pretas, editais Novembro Negro a e participação em encontros nacionais, como o Encontro de Negras, Negos, Indígenas e Quilombolas – Enniq, têm aproximado as mulheres sindicalistas, mostrando-as que é possível ocupar esse espaço tão masculinizado.

Outra pauta defendida pelo MLC é a garantia para que filhas e filhos de sindicalizados participem das ações sindicais, com o lema “Formação política? Que tal começar com o Sinasefinho?”. Essa proposta trouxe reflexões sobre a dificuldade da participação das mulheres que têm filhas e filhos e a importância da rede de apoio para que a mulher possa atuar no movimento sindical.

Acreditamos que uma sociedade justa se faz com igualdade de condições, onde possamos ser cuidadores e atores nas resoluções e decisões sindicais. Que a inclusão das filhas e filhos possa significar uma experiência para que, no futuro, eles se tornem atores nas conquistas sindicais e que tenham vivência para tomarem decisões quando adultos, conquistando sindicatos fortes, justos e solidários. A formação política precisa começar cedo, mas, para isso, precisamos de estrutura física, pedagógica e política, e um espaço de convívio que remeta à importante dos pais em estarem participando das decisões sindicais.

Como sindicato da área de Educação, precisamos promover espaços seguros e de formação também para os pequenos, onde a criança possa aprender brincando e, assim, se tornar um ser crítico, conhecedor dos seus direitos. E, para que mães e pais participem ativamente das lutas sindicais é preciso garantir uma estrutura que permita o bem-estar e segurança de seus filhos durante a atividade sindical (congressos, encontros, reuniões, etc.).

Neste mês de março, em que comemoramos o Dia Internacional da Mulher, torna-se oportuna a reflexão sobre o papel da mulher trabalhadora e as condições para que ela queira entrar e permanecer na luta. Assim, somando forças na construção de uma nova sociedade, justa e socialista!

Queremos um sindicato sem agressões, opressões, tentativas de boicote, desqualificações e desrespeito às mulheres em assembleias, nas redes digitais, nas ligações para as funcionárias, enfim, em qualquer espaço! Vamos avançar na luta de classes e conquistar uma sociedade justa e igualitária! Abaixo a misoginia!

Matéria publicada na edição nº 287 do Jornal A Verdade.

A Braskem, a terceirização e a vida do trabalhador

No dia 22 de junho de 2023, um acidente na planta da Braskem, no Polo Petroquímico de Capuava (Mauá-SP), deixou dois mortos e quatro feridos, todos trabalhadores da Tenenge, empresa prestadora de serviços terceirizados à Braskem, ambas controladas pela família Odebrecht.

Ananda Villanova | São Paulo


BRASIL – Durante uma manutenção autorizada pela Braskem, o tanque, que deveria estar livre de químicos para a manutenção, explodiu, jogando o trabalhador – que imediatamente veio a óbito – de cima do tanque ao chão. Um trabalhador nordestino, que veio para São Paulo com a promessa de uma vida melhor para ele, sua esposa e seu filho recém-nascido, de apenas três dias de vida no momento do acidente. Também faleceu outro trabalhador, inicialmente hospitalizado.

Um funcionário, traumatizado, relata um verdadeiro filme de terror: “Tivemos que esperar o resgate praticamente do lado do tanque que explodiu, um dos trabalhadores que foi atingido ficou esperando com a gente, com a roupa e o corpo todo queimado e em carne viva, e a gente sem saber se teria mais explosões porque desligaram os rádios e deixaram a gente incomunicável”.

Maria Silva (nome fictício) conta que recentemente os trabalhadores de um setor foram intoxicados ao serem expostos, por um longo período, a uma grande quantidade de benzeno, um químico cancerígeno que pode causar desde desmaios até coma e morte.

Segundo a denúncia, esse e outros casos de intoxicações e descasos da empresa com os trabalhadores são constantes e, segundo Maria, a empresa responde aos trabalhadores que eles devem esperar que os químicos saiam do corpo com o tempo.

No Polo Industrial da Braskem em Camaçari, na Bahia, no dia 31 de outubro de 2023, mais um trabalhador ficou ferido e precisou de atendimento médico por conta de um incêndio, provocado, segundo a própria empresa, por vazamento de eteno em um de seus tanques.

A Braskem está presente em diversos locais do Brasil. Seu endereço muda, mas o descaso com a vida da população e dos trabalhadores não, como mostrou reportagem especial do jornal A Verdade em sua edição nº 285.

Saúde do trabalhador

No Brasil, segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, são registrados anualmente mais de 500 mil acidentes de trabalho no país. Em 2020, foram registrados 446.881 acidentes, com 1.866 mortes nessas ocorrências; em 2022, foram 612.920, com 2.538 mortes, um aumento de 37%.

A Reforma Trabalhista, que aumentou exorbitantemente a terceirização e retirou direitos do povo pobre e trabalhador, segue facilitando cada vez mais a precarização das condições de trabalho. Um dossiê elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revela que, em comparação com os trabalhadores efetivos, os terceirizados cumprem jornadas maiores e sofrem mais acidentes de trabalho, especialmente os que resultam em mortes.

Isso demonstra que, ao contrário do que tentaram vender para a população durante a aprovação da Reforma, a terceirização não traz nada de bom para o trabalhador, pois só serve para o patrão aumentar seus lucros.

Os casos citados são exemplos disso, já que a família Odebrecht comanda a Braskem e a Tenenge, mas utiliza da terceirização para pagar menos aos trabalhadores, ao invés de os empregar pela “empresa principal” e garantir todos os direitos trabalhistas devidos.

Por tudo isso, é indiscutível que essa Reforma Trabalhista é cruel, fascista e precisa ser revogada urgentemente. A única maneira para conseguirmos é organizando os trabalhadores para lutar por nossos direitos e por uma vida digna com trabalho seguro.

Matéria publicada na edição nº 287 do Jornal A Verdade.