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terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Até amanhã, camaradas

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O livro Até amanhã, camaradas, escrito por Álvaro Cunhal, então Secretário-Geral do Partido Comunista Português (PCP), e assinado sob o codinome de Manuel Tiago para driblar a Ditadura Salazar (1933-1974), retrata a luta travada pelo partido durante esse período de extrema clandestinidade e duríssima repressão política.

Na região metropolitana de Lisboa, um grupo de destemidos camaradas enraíza o partido entre a classe operária, as mulheres, a juventude e o campesinato. Transformam a indignação dos trabalhadores com as altas jornadas e péssimas condições de trabalho em luta econômica e política contra os patrões e a ditadura. Com uma sistemática agitação e propaganda, defendem entre as massas populares o socialismo como alternativa real para pôr fim à exploração e à miséria.

A obra é, na verdade, uma síntese dos principais ensinamentos leninistas sobre a organização dos revolucionários. É um livro de cabeceira para todos aqueles que pretendem realizar uma revolução e implantar o socialismo em seu país.

O romance trata de maneira sutil e objetiva, por exemplo, das condições para ser militante comunista formuladas por Lênin, a saber: 1 – Concordar com o programa e os estatutos do partido; 2 – Participar regularmente de algum coletivo do partido; 3 – Pagar em dia sua contribuição financeira; 4 – Divulgar a imprensa comunista; 5 – Estar de acordo com os princípios do centralismo democrático e da crítica e autocrítica.

É apaixonante também a maneira como o autor consegue retratar a complexidade de uma organização proletária composta por seres humanos. O desenvolvimento desigual de suas consciências, as paixões que envolvem cada um, a abnegação de todos os militantes desde os organismos dirigentes até as células de base do partido.

Ao descrever o trabalho do secretariado responsável por todo o trabalho nessa região e que tem a tarefa de dirigir mais 200 militantes, novamente são apresentados ensinamentos muito profundos e valiosíssimos sobre as tarefas de uma direção comunista. A abnegação e o modo prático como o secretariado consegue ligar, desenvolver, ampliar e dirigir todas as lutas dos mais diferentes setores é simplesmente um manual a ser estudado e praticado por todos os organismos de direção de uma organização revolucionária.

A atuação desses militantes, que, mais tarde, organizariam a Revolução dos Cravos, em 1974, leva-nos a uma intensa reflexão sobre a necessidade de proletarização do partido. E nos faz perceber que são imensas as possibilidades de operários e camponeses, mesmo aqueles com pouca escolaridade, serem promovidos para as tarefas de direção do partido. Que os trabalhadores mais humildes podem e devem cumprir tantas tarefas quanto as cumpridas por um jovem universitário que decide entregar sua vida ao partido. Que aqueles que trabalham oito ou dez horas por dia são, até mesmo por este motivo, bastante capazes de organizar e assistir células e mais células locais ou de empresa, mesmo que, para isso, tenham que utilizar a madrugada ou o seu precioso domingo. Que são estes, ao fim e ao cabo, que devem, no momento, certo ser profissionalizados e levados aos secretariados estaduais e municipais do partido.

O trabalho entre as mulheres operárias também é algo bastante presente no livro, bem como a capacidade de o partido incorporar cada vez mais mulheres nas tarefas de direção, elegendo cada vez mais companheiras para as tarefas de assistência de trabalhos inteiros e para as tarefas de organização de setores vastos femininos. Também se destaca durante todo o romance a disposição ideológica e física das companheiras durante as prisões, as torturas e o enfrentamento aos fascistas.

As ações da Ditadura Salazar no sentido de exterminar o partido são outro ponto alto da obra. Os fascistas achavam que, ao prender, torturar e assassinar os principais dirigentes do partido, poderiam eliminar sua influência sobre as massas. Assim, subestimavam a força e a capacidade de regeneração de uma organização de tipo leninista. Em Até amanhã, camaradas fica bem demonstrada a invencibilidade de um verdadeiro partido comunista apoiado pela classe operária, seja qual for a conjuntura ou sistema de repressão política. Quanto mais atacam o partido, mas ele se fortalece, recruta novos militantes, forja novos quadros de direção, aumenta seu potencial financeiro, divulga mais a imprensa comunista e dirige maiores greves e lutas do povo pobre e trabalhador.

Enfim, a todos os camaradas que desejam obter os ensinamentos e a inspiração necessária para darmos continuidade à construção de uma poderosa organização revolucionária em nosso país, fica aí essa indicação de livro.

Queóps Damasceno, Porto Alegre

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