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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Dinheiro de drogas são usados pelos EUA para financiar o terrorismo

e6f797a6aec2cbacf1483b3ff34ab0dbA contemporânea “guerra contra as drogas” tem início com uma declaração de 1971, de Richard Nixon, à época presidente dos EUA, na qual ele expõe que o “inimigo número um dos Estados Unidos é o abuso de drogas”. Uma afirmação como essa transparece algo como uma “luta implacável” contra os narcóticos, seus fabricantes e distribuidores, ainda mais vindo de uma superpotência militar. Porém, passados 45 anos, quem venceu essa longa guerra?

Num primeiro momento, podemos colocar o seguinte: o tráfico e o consumo de drogas aumentaram, ininterruptamente, nas últimas décadas, em especial da cocaína e heroína, logo os traficantes venceram essa guerra. Errado. Os traficantes são catalogados e manipulados de acordo com os interesses do governo dos EUA, não à toa, dois países que possuem bases militares e agências da DEA (Administração de Combate às Drogas) e da CIA, como Colômbia e Afeganistão, são os maiores exportadores, respectivamente, de cocaína e heroína no mundo, bem próximos do “controle” estadunidense.

A DEA foi criada em 1973, como órgão ligado ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, e é, junto à CIA, únicas agências civis encarregadas de investigações no exterior. Atualmente, o México assumiu o posto de país com os maiores cartéis do mundo, responsáveis por 80% da produção de metanfetamina, além da distribuição da maior parte de cocaína, heroína, ecstasy e maconha em direção aos EUA. Em 1994, o governo do México, junto ao Canadá e os Estados Unidos, fundaram o NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio), no qual o povo mexicano viu toda sua soberania ir embora, recebendo em troca o passe-livre à atuação terrorista dos narcotraficantes, colados à fronteira com o vizinho ianque. Atualmente, o maior cartel de drogas do mundo fica no estado de Sinaloa, distante pouco mais de 900 quilômetros da fronteira com os EUA.

A Colômbia, dos anos 1970 até hoje, mudou sua constituição para autorizar a extradição de guerrilheiros e narcotraficantes aos EUA, além de permitir a instalação de inúmeras agências da DEA e da CIA, junto a bases militares estadunidenses, em seu território. Pablo Escobar, maior narcotraficante da historia e líder do cartel de Medellín (à época listado como detentor de um patrimônio estimado em mais de US$ 30 bilhões), em seus primeiros anos de atuação, ofereceu importantes serviços ao império, perseguindo e assassinando guerrilheiros colombianos e nicaraguenses, junto a um complexo esquema de corrupção de altos funcionários do governo estadunidense e colombiano. Porém, com a crescente aparição pública de Escobar, junto ao seu comportamento instável, os EUA decidiram descartá-lo, não sem antes colocar outro em seu lugar, isto é, manter o gigantesco esquema de envio de drogas às cidades dos Estados Unidos.

A CIA (Agência Central de Inteligência), historicamente, tem usado dinheiro ilícito, do tráfico de armas e drogas, para financiar grupos terroristas por todo o mundo. Foi assim com o grupo “Contras”, na Nicarágua, na década de 1980, paramilitares responsáveis pelo assassinato de mais de 20 mil camponeses, cujo objetivo era derrubar o nascente governo sandinista revolucionário do país, além do famoso “suporte” ao grupo de Osama Bin Laden no Afeganistão, na mesma década, mandando armas e dinheiro aos terroristas sauditas e afegãos na guerra contra o governo do Afeganistão e o exército antiterrorista soviético. Dessa forma, com tantos aliados narcotraficantes, é possível identificarmos uma profunda relação que mantém vivo um mercado que movimenta mais de US$ 800 bilhões por ano, dinheiro que, para circular, depende de uma gigantesca logística.

Essa circulação, quase trilionária, de recursos provenientes da produção e comércio de drogas ilícitas, pode ser facilmente detectada por qualquer governo que tenha uma estrutura mínima de inteligência e forças policiais comprometidas no combate às drogas, trocando informações com outros países, localizando, investigando e indiciando os donos desse dinheiro sujo, guardado em grandes bancos, sob a ciência dos banqueiros. Basta confiscar o dinheiro, que os cartéis cairão, a despeito de muita violência, um por um. Contudo, não é isso que o império almeja. Os serviços e o dinheiro dos narcotraficantes são importantes, pois servem de suporte às suas ações, além de serem fundamentais à política de alienação constante da juventude e lavagem de dinheiro próprios da políca de rapina das potências contra países atacados militarmente, como Iraque e Líbia.

As drogas são parte de uma superestrutura que anda lado a lado com a repressão policial, a cultura da impunidade e a mercantilização do ser humano, tendo como base infraestrutural a obtenção de mais lucros ao poder financeiro e econômico. O combate aos tráficos, em especial de armas, humano e de drogas, é um pilar à construção de uma nova sociedade, pois, enquanto vivermos reféns de narcotraficantes e de seus aliados nos altos escalões políticos e financeiros, mais jovens morrerão e mães terão que enterrar seus filhos. Numa sociedade em que o lucro será distribuído entre todo o povo, não haverá espaço à alienação nem à impunidade, e quem ousar oferecer produtos que levem a morte da juventude será punido, pois não haverá cúmplices nos demais escalões de poder, pois dinheiro sujo será expropriado e investido em bens sociais e campanhas antidrogas.

Matheus Nascimento, estudante da UFPA e militante da UJR

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