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quinta-feira, 28 de março de 2024

Levante no Equador impõe derrota ao Presidente Moreno

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Após dez dias de constantes lutas, manifestações, greves e combates com a polícia e exército, os trabalhadores equatorianos saem na vantagem e faz governo querer negociar.

Thales Caramante e Alexandre Ferreira


Foto: JRE/En Marcha

QUITO – Após decretos neoliberais do presidente do Equador, Lenín Moreno, a população rapidamente respondeu com intensas mobilizações, com isso governo teve que recuar para tentar assegurar seu governo e recuperar uma estabilidade política no país.

Moreno, que até então se negava a negociar a qualquer custo, sinalizou neste sábado (12), através dos prefeitos de municípios equatorianos que poderia rever o decreto de 03 de outubro que retira o subsídio estatal aos combustíveis. Por outro lado, Moreno ainda não se pronunciou abertamente. Em meio a isso, apenas o secretário de estado norte americano, Michael Pompeo, se posicionou por meio de nota em defesa do governo antipopular e repressivo de Moreno, costumeiramente.

A Frente Unitária dos Trabalhadores acertadamente negou, através de nota, qualquer diálogo com o governo até que fosse revisto o decreto 883 e o estado de exceção aplicado no mesmo dia. Isso representa uma vitória importante para os trabalhadores e os povos indígenas que corajosamente se insurgiram contra a política de austeridade proposta pelo FMI em fevereiro desse ano ao Equador.

Em declaração enviada ao Jornal A Verdade, Enver Aguirre presidente da Juventude Revolucionária do Equador (JRE) avalia este posicionamento do Governo como “expressão dos duros golpes que a mobilização do povo fez ao governo. Há 10 dias de mobilização nos quais demonstraram grande descontentamento e rejeição de medidas econômicas. Ganhando dimensões em todo Equador, Moreno foi forçado a deixar o palácio presidencial, fazendo alianças com todas expressões da direita e reprimindo brutalmente o povo com as forças armadas. Convocar o diálogo e a revisão do decreto é a expressão do avanço do povo e do retrocesso do governo para aplicar suas medidas neoliberais.”

Mobilizações Demonstram Força e Determinação

Por diversas vezes o povo equatoriano mostrou sua incrível abnegação de luta, enfrentando sem medo a polícia e o exército, com disciplina militar revolucionária e com uma série de métodos criativos. Sendo esse processo atual uma reafirmação dessa tradição histórica de enfrentamentos abertos.

Foto: Semanário En Marcha

Entre as ações ousadas do povo equatoriano, destaca-se a ocupação da Assembleia Nacional, trancamento massivo de avenidas e ruas, greve geral, apreensão, aprisionamento de militares e chefes de polícia. Tal protesto ganha dimensões de um levante popular. Vários setores sociais e forças políticas estão em luta, com um protagonismo principal dos indígenas e uma intensa participação dos trabalhadores, da juventude estudantil, moradores dos bairros, campesinos pobres, mulheres e professores.

A transferência do governo da capital de Quito para a província de Quayaquil demonstra debilidade em relação a crescente adesão da população.

https://www.facebook.com/ecuavisa/videos/616077072255093/
Povo equatoriano em combate contra a polícia momentos antes de ocupar a Assembléia Nacional.

Repressão Cresce, mas o Povo Resiste

A repressão cresce, segundo o levantamento atualizado pela Defensoria Pública do Equador já são milhares de feridos e várias mortes cometidas pelo Governo.

7 mortos em enfrentamentos com a polícia e o exército;
• 112 pessoas feridas;
• 1200 pessoas presas em delegacias e bases militares, destes 264 são crianças ou adolescentes e 504 são jovens;
• 4 ataques a universidades, 3 ataques a hospitais e 2 ataques a Casa de Cultura.

Além disso, foram flagrados franco-atiradores pelas ruas de Quito alvejando manifestantes, tortura e chacinas policiais nos subúrbios da cidade.

Manifestante é atingido por um franco-atirador durante uma manifestação.

Mesmo com esse saldo preocupante, apesar da repressão brutal, o vice-presidente da JRE, Ricardo Naranjo afirmou em vídeo que o povo “segue resistindo”,“o país todo está parado, em todos os lugares se desenvolvem paralisações e ocupações” e que “os bairros seguem se levantando”.

https://www.facebook.com/116516588422707/videos/611402512731147/
Ricardo Naranjo , vice-presidente da JRE encaminha uma mensagem sobre o décimo dia de luta nacional contra o decreto neoliberal de Lenín Moreno.

A luta no país se acirra cada vez mais, em alguns momentos, a classe operária equatoriana conquista até mesmo alguns membros do exército, onde eles entram em conflito aberto com a polícia. Mostrando um desgaste cada vez maior do governo, mesmo em suas principais instituições de repressão.

Enquanto os diálogos não avançam, os trabalhadores e povos indígenas continuaram nas ruas, ocupando prefeituras e espaços públicos até que o governo Moreno recue e retire imediatamente as medidas antipopulares.

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